Nessa época, ele era um lindo jovem,
Com seus cabelos escuros de noite nublada,
Olhos negros, como se o mistério os tivesse,
Pele de luar com traçados de estrelas,
Até mesmo o enrolar do cabelo,
Parecia moldado pelo vento,
Porte alto, singelo e inteligente,
Lábios carnudos e assombreados,
Tudo nele tinha algo de altivo e alegre,
Mesmo o sorriso que escondia parecia contente,
Olhar interrogador de quem sabe o que faz,
Jeito transparente de quem nada esconde,
Seu rosto firme parecia um convite,
Mesmo o tom calmo da face não era distante,
Havia algo de doçura germânica em seu porte,
Que penetrou minha fisionomia e fez mais,
Eu que jurei jamais amar, apaixonei-me,
A completa ausência de compaixão por mim mesma,
Fez-me derreter sem conseguir me conter,
Amei-o naquela hora e por toda a vida,
Ele estava em pé não muito distante,
Eu estagnei onde estava a contemplar,
Parecia não entender ou acreditar no que via,
Ocorria um pulsar acelerado e repentino,
Meu coração ironizava algo de grave,
Não entendo se amar faz perder a mente,
Mas, eu não tinha muita ideia do que fazer,
Queria-o era pouco,
Necessitava estar perto,
Uma volta ou duas na chave,
E estaríamos em local privado: eu e ele,
Mas, então, o que eu poderia dizer?
Com maneiras reservadas busquei aproximação,
Temia ser denunciada por acelerada pulsação,
Mas, insisti: busquei palavras, entonação,
Tentei afastar a rouquidão que sentia me tomar,
Havia um ar gélido no ambiente,
Eu queria evitar fazer parte da polidez,
Como tinha lábios convidativos e um sorriso a postos,
Ele parecia fazer parte da decoração,
Ou algo que ultrapassa o seu redor,
Tudo o mais ficava esquecido e distante,
Se perfeição fosse matéria, seria-o!
Em singular momento seus contrastes
Deixavam a decoração desvalida,
Era como se não houvessem paredes,
A luz que chegava através da janela,
Desfazia todo o redor: o desconcertante!
Se a luz escondia-se através da janela,
Que faria eu para aproximar-me?
Se faltava à noite palavras e movimentos,
Como eu conseguiria sair de onde estava?
Ele fazia o estilo: perfeito onde quer que estivesse,
Eu a que cedia aos seus encantos,
Que mais faria, não me distanciava de opiniões alheias,
Por onde andava, ele era notado,
Daria um passo adiante pelo seu sorriso,
Apenas pela chance de vê-lo se formar
E ganhar o rosto másculo e seus movimentos,
Isso fez-me andar, e após, dar outro passo,
Eu tinha um andar pequeno,
Mas um impulsionar grande:
Parecia o perfeito inacessível,
Não mantinha o olhar fixo em ninguém,
O perfeito homem lindo disponível...
Um passo, um estender de cumprimento,
O sorriso a contornar a boca,
E emoldurar o rosto em carinho incontido,
Com a fala quase que ensaiada,
Direcionada: - “vossa excelência é casado ou condolências”?