Muitos corações partidos recordam a graça,
De acompanhar aquele por quem
Se é apaixonada,
Decorar cada passo,
Cada olhar que se dá,
Roçar a mão sem querer,
Buscar o encontro porque se gosta,
Como as revoluções, por vezes,
Geram revolta,
Amar é um ponto sem meios de apagar,
Existe o direito de revolta sobre ele,
Mas, não paira o direito de esquecer,
É para sempre aquele que busca o bem-querer,
Sincero é o olhar do que entende,
Errado.
Pois a revolta não pertence ao povo,
Pertence ao rei,
E no amor a voz de comando pertence ao coração,
Ali não importa outra coisa senão a paixão,
A razão decai para outro momento,
O de escolher sempre pelo reencontro,
Toda revolução é tida por normal,
Até mesmo o vendaval que mexe por dentro,
Que testa as colunas erguidas numa vida,
Reforça pontos fortes e derruba os fracos,
Apenas por buscar o melhor por quem se ama,
Contém, ela em (sim), legitimidade,
Legítimo é o amor que oficializa,
Fala porque gosta,
Conta porque lembra,
Se alegra porque o vive!
Contudo, fatos revolucionários por vezes desonram,
Confesso não ter me sentido bem
Naquele instante em que você perdeu o caderno
E eu desviei por não saber como juntá-lo,
Mesmo tendo ficado com o cheiro do seu perfume,
Tendo buscado tocá-lo através do pé,
Recordo bem ter marcado seu calçado,
Isso foi quase sem querer,
Logo após perdi meus livros,
Não restou alternativa senão me agachar,
Você não pensou duas vezes para me ajudar,
Com isso, perdeu uma folha sua,
Ela era importante e eu, também,
Mais tarde recuperei me custou um tapa,
Você já não estava ao meu lado,
Porque eu corri na sua frente,
Mas, recordei antes de lembrar cada olhar,
Decorar bem certo a sua face,
Com a folha em mãos esperei ao pé da calçada,
O rapaz que me bateu percebeu,
De um salto encontrou-me,
Extraiu das minhas mãos e a amassou,
Dela nada ou pouco restou,
Palavras não são como atos,
Ela apagam-se e com ela seu conteúdo,
Fiquei triste e estarrecida,
Me escondi atrás do alicerce entre a sala e a calçada,
Assim que você pôs o primeiro pé na escada,
Eu fiquei ao seu alcance,
Não resisti e me joguei de encontro ao seu rosto,
Toquei-o com o final dos meus lábios,
Quase um beijo meu,
Quase um sorriso seu,
Você tocou o alicerce e alcançou meu corpo,
Roçou com os dedos a minha blusa
Logo na altura do final da coluna,
Seria estranho mas recebi uma espécie de ajuda,
Talvez, pois ali ficou a marca dos seus dedos,
Amarrotada a camisa,
E dor pelos dedos que me empurraram ao seu encontro,
Quase um beijo,
Quase um sorriso,
- Te devolvi, falei;
Sorri com lágrimas no olhar,
-É ele, você disse;
Com o olhar molhado por algo,
É, me vi dizer:
- Hoje, a lembrar eu diria que foi outra pessoa,
Mas é ele sim, e permanece até hoje,
E você: é ainda aquela?
Recordo que você disse: era.
Fora a aparência e sem comparações,
Vocês dois juntos, mas não eram parecidos...
Lembro de ter pensado alto comigo,
Porém, mesmo hoje sobre isso,
Ainda não tenho o que dizer,
Mas, o cheiro, que estranho...
O perfume me refiro... entende?
Não digo que foi ciúmes,
Mas, estivesse ao meu alcance,
Jamais a teria permitido a aproximação,
O cheiro, a roupa, o físico do porte
Nem o raspão agora pareceu ao acaso.
Hoje convivo com a saudade,
Me recosto à parede,
Suspiro ante a lembrança:
É, ela existe porque é preciso que exista.
Sussurro alto para mim mesma,
Logo após, abaixo a cabeça;
-Sozinha e você?
Uma voz que não está parece que responde...