sábado, 5 de dezembro de 2020

Banco da Praça

 

Ela sente-se cansada de passar por ele sem ser notada,

Já tentou sentar-se ao seu lado lendo uma revista,

Tentou descobrir o número do seu telefone

Em um ímpeto de ousadia chegou a fazer uma ligação anônima,

 

Descobriu que ele gostava de poemas

E pôs seu coração nas palavras que lhe escrevia,

As quais ele nem ao menos chegou a lê-las,

Usando o que sobrou de suas forças

 

Traçou algumas linhas em um papel em branco

Que achou jogado sobre aquele mesmo banco

Em que todos os dias passavam algumas horas,

E o dobrou deixando-o naquele mesmo lugar,

 

Tentou definir todo o amor que sentia por ele

Em algumas poucas palavras,

As quais ela nunca ousaria confidenciar

A ninguém mais que não fosse ele,

 

Apenas disse coisas que ele nunca havia dado ouvidos,

Algo sobre o quanto ele ficava lindo

Quando o sol tocava seu rosto pela manhã,

Sobre o quanto os seus olhos brilhavam

 

O quanto os seus lábios ficavam lindos

Quando se curvavam em um sorriso,

O quanto sua voz macia e aveludada

Parecia conquistar cada alma a sua volta,

 

Transmitindo uma espécie de força

Que ela nunca havia conhecido antes,

O quanto seu corpo era esculturalmente perfeito,

Seus braços fortes pareciam feitos para um abraço,

 

O tipo de abraço em que você implora para não ser solta,

O abraço que une dois corações em uma mesma sintonia,

O abraço em que você implora de joelhos para que dure

Muito mais que uma vida, por pelo menos até que o para sempre

 

Possa ser sentido na ponta dos seus dedos ao deslizarem

Sobre seus corpos, através de uma carícia ousada,

Que faz o sangue correr mais forte nas veias,

Que faz os corpos se entregarem até sentirem esgotar-se as forças,

 

Como ela sonhava em ouvir o pronunciar do seu nome

Por aqueles lábios gentis e tão desejados,

Ela precisava ouvir o que ele teria a dizer

Sobre o quanto queria ver seu amor derramado sobre ele,

 

Por meio de longos beijos apaixonados,

Sua beleza era como uma carícia sobre o seu corpo,

Prendendo-a através do seu desejo,

Dominando-a, fazendo com que ela perdesse os sentidos,

 

Ela passou um batom vermelho sobre os lábios carnudos,

Beijou a ponta do bilhete para deixar um vestígio

De quem era e o quanto o que sentia por ele era forte,

Pensa que pode perde-lo, suas mãos tremem,

 

Provavelmente, iria lembrar de todas as vezes que o viu,

E entregaria-se a saudade até que pudesse esquecê-lo,

Mas lutaria por seu amor, ela merecia arriscar-se

A chance única de ser sua, para sempre,

Como ela sonhou desde o primeiro instante

Em que se cruzaram, uma lágrima molhou sua face,

 

No bilhete em que rascunhou algumas palavras

Não havia mentira alguma,

Estava tudo resumido em uma única frase,

Talvez seu amor pudesse ser profundo o suficiente

 

Para convence-lo, a se entregar a este sentimento

E trilharem juntos por este caminho desconhecido por ambos,

Será que amar seria suficiente para fazê-lo ficar?

Ela viu um relance de amor em seus olhos não viu?

 

Batalharia por isso até usar sua última munição,

Se o bilhete não fosse o bastante,

Ela vestiria seu melhor vestido e pediria sua mão,

Pareceria antiquado, mas ela ainda lhe levaria flores,

 

Feliz consigo mesma e convencida do quanto o amava,

Deixou o bilhete e ficou a cuida-lo, logo abaixo na esquina,

Viu quando ele chegou e sentiu sua falta,

Suspirou aliviada e se permitiu chorar como nunca,

 

Enxugou as lágrimas com a palma da mão fechada,

E viu quando ele sorriu com suas palavras,

Ele a amava, e isso era o melhor que poderia desejar,

Então, quando ele olhou para os lados a procura-la,

Ela caminhou em sua direção, estava linda,

Sentia-se a melhor e mais sortuda das mulheres, o pertenceria.

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