Seu corpo era como um templo,
Uma espécie de santuário,
Em que muitos passavam,
Chegavam a fazer preces,
Desejar, talvez, algo maior,
Mas, tudo o parecia profano,
Palavras vazias, destituídas de sentido,
Nunca ficavam por muito tempo,
Havia algo nele que o impedia de abrir
Seu coração, algo que forçava seu sorrir,
Feito uma espécie de encanto
Que precisavam quebrar para poder encontra-lo,
Mas nenhuma pessoa cumpria o ritual,
Ninguém ousava desvendar seus segredos,
Adentrar no espaço escuro do seu olhar
Com o desejo de aquecê-lo, protege-lo, talvez, de si mesmo,
Com o tempo ele tornou-se gélido,
Desejava apenas distanciar-se de tudo,
Sentava-se em frente a sua janela e entretia-se
Ao contemplar a rua, ver, testemunhar a vida passar,
Odiava quando, ao caminhar pela calçada,
Sentindo a brisa suave da primavera,
O frescor de suas flores a desabrochar,
Algum desatento cruzava seu caminho e ousava tocá-lo,
Sentia-se invadido, algo dentro dele gritava por socorro,
Qual era o custo de prestar um pouco mais de atenção,
Ele sentia-se estranho, disfarçava, limpava as mãos,
Uma lágrima escondia-se dentro do vazio dos seus olhos,
Parecia que as pessoas queriam extrai-lo,
Rouba-lo de si mesmo, como se o quisessem dividi-lo,
Ninguém parecia entende-lo,
Na primavera de 2020, ele se viu refletido
Nos olhos de outra pessoa, desejou conhece-la,
Se aproximou com o desejo de dividir seu café gelatto,
Sentiu quando seus olhos se encontraram
Que ambos sorriam, por dentro,
E sua mão aspirou, pela primeira vez,
Sentir, tocar suavemente em alguém,
Ele observou que ela era frágil, precisava protege-la,
Embora estivesse sentindo medo por dentro,
Ele sorriu, um sorriso lindo que curvou sua boca,
Sentiu que dentro de si mesmo, seu coração se abria,
Uma certeza o invadiu, a de que finalmente
Sentia-se pronto para amar,
Para se entregar a alguém e provar aquele gostinho do para
sempre,
Que ele sabia, estava nas curvas daquela moça,
Ele a desejava de um modo diferente,
Que ele nunca havia sentido,
Agora, abandonava ao passado aquele alguém
Em que apenas tocaram, sem nunca permanecer,
Uma noite de amor já não seria o suficiente,
Amor, pensou ele, agora cogitava a palavra amor?
Mordeu o lábio, abaixou a cabeça, realmente aquela moça era
diferente,
Nunca pensou que seria desperto ao amor pelo destino,
Mas quem há de duvidar de que tudo tem um por quê?
Ela tinha o brilho do luar nos olhos castanhos,
Um luar contagiante que parecia clarear o escuro dos seus
olhos,
Como se o iluminasse para algo diferente de tudo que havia
vivido,
Ele desejou sair da escuridão em que tinha mergulhado,
E provar o sabor de ser ele mesmo,
Se entregar a alguém com todo o amor que guardava em seu
peito,
De repente, guardar o amor já não fazia mais sentido,
Ele queria provar aquela luz que o iluminava,
Que o tocava por dentro despertando seu coração
De um sono em que há muito dormia,
Já não se sentia perdido, havia se encontrado naquela
paixão,
Seus olhos se abriam para algo novo,
E sua alma desejava ser desvendada,
A estendeu a mão e sentiu-se arrepiar com seu calor,
Dividiram o café e falaram sobre a vida,
Sobre coisas que desejam provar,
Perceberam o quanto tinham em comum,
Então, se aproximaram com um sorriso dos olhos a boca,
E beijaram-se, ali mesmo, o amor que se fez em um acaso,
Teve a gentileza de tocar suas almas,
E unir dois corações em uma história romântica,
Refletindo o desejo que havia em cada olhar,
Em um único pedido; durar por uma vida inteira.
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