segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Pelas Noites da Balada

 

Muito mais do que pensava que amaria,

Ele pegou o telefone mil vezes,

Mil vezes discou seu número na tela,

Mil vezes desistiu insegura de como agir,

 

Era uma noite a mais na balada,

Ela dançava, bebia uma cerveja ou outra,

Olhava ao redor mas nada mexia com sua emoção,

Haviam apenas pessoas absortas em seus mundos

 

De fantasias em que buscavam ostentar uma vida

Que não tinham, com uma felicidade que não havia,

No fim da noite de liberdade em que ninguém desejava

Realmente encerrar a noite de forma solitária,

 

Restava apenas aquele zumbido no ouvido,

E a tontura que parecia corroer o cérebro,

Entre beijos babados e espaços privados,

Não restava nada que merecia ser lembrado,

 

A melhor parte era estar do lado de fora vendo as estrelas,

As quais brilhavam assustadas, apagadas pelas luzes

Ofuscantes da cidade que dormia um sono sórdido,

De olhos fechados para todo o murmúrio

 

E o tumulto daqueles seres vivos vazios de si mesmos,

Corpos errantes perambulantes por espaços a serem preenchidos,

Eventualmente, uma música chamava a atenção,

Uma dor aguda tocava no fundo do coração,

 

A solidão a qual buscava apaziguar,

Tomava-a pela mão e a machucava,

Ela não admitia, mas sentia-se ferida,

Olhava para as pessoas a sua volta

 

E se via, aparentemente reconhecida,

Mas nada que sustentasse sua emoção,

Parecia haver uma pessoa mais vazia que a outra,

Vestiam roupas, acessórios, maquiagem chamativa,

 

Homens pagavam bebida a custo de beijos,

Mulheres entregavam seus corpos, vendiam suas almas,

Alguns dançavam e achavam que podiam toca-las,

Havia preço alto para se ter companhia,

 

Pois não havia espaço para conversar,

De que forma reconheceriam um ao outro?

Danças extravagantes, passos ensaiados,

Nada sólido em que pudesse se prender,

 

Nenhuma palavra ou frase que merecesse

O mérito de se tornar uma história de amor,

Como seria possível preencher vazios com mais vazios?

Só restava entornar o gargalo, dançar com poucos,

 

Pouco era possível entender sobre pessoas que frequentavam festas

Sem saber dominar um único passo de dança,

Ir a um banheiro lotado, secar o rosto em toalhas de papel,

Fingir que tudo estava se saindo bem,

 

Trocar telefone com um, depois com outro,

No outro dia se ver dividida entre desejar uma mensagem,

Um toque, ou na pior das expectativas: uma ligação,

Travar uma conversa frívola e perceber que perdeu-se a chance

 

De guardar um beijo para um outro dia,

Uma outra hora, ou quem sabe, outra boca,

Onde estava a pessoa que desejava amar alguém,

Aquela que, por vezes, havia sonhado em ter?

Ela já não sabia, só percebia que aquilo não iria adiante,

 

No caminho de estrelas que a guiava a seguir adiante,

Alguém estendeu um tapete de luzes ofuscantes,

Nos braços em que ela sonhou abrigar o amor,

Entravam e saiam pessoas embaladas pelo ritmo

Da dança, que por algum motivo, não parava,

 

A vista do salão em que dançava era fria e sombria,

Onde se podia ver prédios erguendo-se para o alto,

Ela sorria, sempre soube que buscavam a lua,

Mas nunca entendeu porque motivo precisavam ofusca-la,

 

As ruas silenciosas ganhavam a vida dos sonhadores

Que as percorriam, reconhecendo histórias,

Testemunhando pessoas vagarem em busca de si mesmas,

Mas ela sempre repetia, estava feliz pelas flores que se abriam,

 

As quais lembravam vagamente, as que possuía em sua janela,

Seus cachorros a espera-la, talvez, tristes por sua ausência,

Quem sabe podiam estar sem água ou ter faltado a comida,

Ela estava longe já não saberia, ou quem sabe, nem ao menos voltaria,

 

Ela confiava no seu potencial para dirigir,

Sempre que estava ao volante se privava de beber,

No entanto, sabia que estava na contramão da grande maioria,

O que a fazia pisar no pedal e correr para sentir a brisa,

 

Vagando por entre aquelas ruas malfeitas,

Respeitando sinais, procurando prudência,

Então desacelerava, havia pouco para admirar,

Tudo caia aos poucos na rotina,

 

Mas solitária como percorria os ares da cidade nova,

Ela não percebia que, ao longe, alguém a observava,

Com uma expressão de admiração, uma gota de contentamento,

No instante em que ele a convidou para uma dança,

 

Ela percebeu que a direção que sua vida havia tomado,

Era o melhor rumo que podia ter escolhido,

Então viu o quanto foi bom ter se valorizado,

E buscado mais que uma conversa de bar para conquista-la.

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