sábado, 12 de dezembro de 2020

Homens x Mulheres

 

Meninas vestem rosa, meninos usam azul,

Vermelho somente para mulheres decididas,

Preto, dedica-se aos que se encontram de luto,

Mas, por favor, somente por sete dias,

 

Não menos importante, o branco destina-se para o casamento,

Há quem contrarie essa tese e afirme que é somente para as virgens,

Então, por favor, outras mulheres não permitam-se ao amor,

Do contrário vocês serão apontadas pela sociedade,

Como aquela que, ousou um dia arriscar-se, chamada: divorciada;

 

E os homens adultos usam o que? E caso decidam casarem-se?

Aquele tradicional fraque preto e branco,

Que dizem, lembrar os pinguins do gelo?

Então o casamento é só isso? Algo decidido, imposto, comercializado?

 

Quem foi que se apossou das cores

E as distribuiu por entre a sociedade para fazer distinções?

Ah, um recado comercializado, imposto pela cultura:

Homens sejam sempre fortes, territorialistas, possessivos,

 

As mulheres precisam que vocês marchem cegos

Rumo ao caminho que vocês decidam ser o melhor,

Enquanto, a elas só lhes cabe cair aos chãos,

Calarem suas vozes que gritam em suas almas,

Através de gestos meticulosos e lágrimas por seus rostos,

 

Jamais ousariam decidir por si mesmas,

Este direito lhes foi negado ainda na nascença,

Há profissões para as quais elas jamais estariam habilitadas,

E quando enxergarem lágrimas nos olhos dos seus homens,

 

Por favor, mulheres, lhes virem as costas,

Aos homens não lhes foi concedida esta prerrogativa,

Chorar é pura demonstração de amor,

Ao homem é impedido amar, a sentir desde sempre,

 

Quem é que ousaria contrariar a mãe que o pede para engolir o choro?

Pois não é coisa de menino permitir-se sentir dor,

Cale sua voz, cale seu coração, cale sua emoção,

Você não pode sentir, arrume uma mulher que faça isso por você,

 

Somente a elas é dado este direito de sonhar em entregar o amor

Que a vocês foi negado desde o nascimento,

Até que, elas joguem-se aos seus pés, escoam por seus dedos,

Implorando o afeto que talvez, ninguém nunca tenha sentido,

 

Mas sendo lhes negado, como agora deveriam os homens reagirem?

Ouçam o eco dos saltos delas a bater no piso frio,

O barulho não os faz com que as ouçam?

Será que elas sempre deverão caminhar por espaços vazios

Até serem aceitas por seus abraços?

 

Ah, não esqueçam de serem sempre fortes para carrega-las

Elas precisam disso, é assim que foram educadas,

Não esqueçam do colo para acalmar seus olhos chorosos,

Estendam um tapete vermelho para vê-las passar,

 

Assim é possível disfarçar suas necessidades de serem vistas,

Mas sem holofotes, isso poderia confundi-las,

Não é permitido percepção sobre nenhum tipo de estratagema,

Sigam seus caminhos desatentos para tudo que sentem,

Homens: a vocês, resta somente responderem aos seus pedidos,

Não ousem pensar muito além disso,

 

Mas quanto ao choro, não preocupem-se tanto,

Logo virão os filhos e eles tomarão todo o espaço,

Todo o tempo de vocês, então, por favor,

Eduquem-nos para serem diferentes,

Apenas caso discordem deste tabu existente ao redor da palavra amor,

Este joguinho imposto para que os casais se identifiquem,

 

Fazendo da sociedade marionetes nas mãos

De poucos que decidem cores a vestir, modo de agir,

Jeito de falar, o que é amor o que deixa de ser,

Desliguem suas tvs, apaguem seus celulares,

 

Vocês não cansam de marchar por um caminho imposto?

Seguirem sempre os passos do mesmo destino,

Quando Deus definiu o amor talvez ele quisesse mais que isso,

Mas quem é a sociedade para ousar discuti-lo se nem ao menos se permite senti-lo?

 

Façam seus jogos, planejem suas tramas,

Não há nada a ser visto pelo caminho que a vocês ainda é desconhecido,

Não mudem suas rotas, tracem suas errôneas estratégias,

O mundo sempre foi o lugar do mais forte, o mais competitivo,

 

A estação do ano está mudando, eles vestem um terno fino,

Não esqueçam de esconder o frio e de tirar seus casacos

Para protegerem suas mulheres em seus vestidos leves e bonitos,

Elas precisam exibir seus corpos esculturais aos quais se dedicaram tanto,

 

Jamais demonstrem insatisfação em tudo que lhes foi imposto,

Nem pensem na morte como destino certo a lhes aguardar,

Vivam para o trabalho, para suprir o que vocês nunca tiveram,

Deem-se, porque às mulheres somente foi dado o direito de esperar,

 

Aceitem-os, pois aos homens foi imposto o direito de provedor,

Mas, por favor, jamais se permitam pensar sobre isso,

Imagine se, de repente, ambos ousassem desafiar ordens preconcebidas

E acreditarem que poderiam quebrar as algemas que lhes prendem e marca.

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