A senhora Pleaza
Juntou sua filha
E dirigiu até ele,
Precisava confiar.
No banco do carro,
Juntou entre suas mãos,
As mãos da filha em prece,
E beijou sua testa.
Nada foi mencionado sobre
Ter sido um engano,
Uma mentira impiedosa.
Chegaram a casa,
Bateram a porta,
Ouviram murmúrios,
Palavras desconexas,
Era sua voz,
Bateram juntas na porta
Desta vez mais forte.
Tiveram que explicar a ele
O que fazer
Para que pudessem entrar.
Ele abriu-a, por dentro.
Jogou-se de súbito nos braços dela,
Então, beijou-a.
Ela não teve forças
Para conter seu ímpeto,
Inicialmente,
Ficou a esperar,
Após isso,
Foi tomada por voraz paixão,
Que admitiu com custo sentir,
E tomou seus lábios
Entre os dela,
Com murmúrios e gemidos,
Implorou em si
Para que não se afastasse.
O beijo dele
Lhe pareceu suplicante,
Uma carícia ao seu ego solitário,
Um tapa na sua viuvez,
Com afagos de carinhos,
Ao lado da filha,
Em sua presença,
Desfez-se do gosto dos lábios
De seu marido.
Não sentiu outros medos,
Apenas ganhou certezas
Intensas,
Precisava protege-lo,
Todavia, ao separar-se do beijo,
Foi tomada por um clarão de pensamento,
E nada lhe ocorria na mente,
Apenas dor em seu coração,
Lágrimas lhe vieram ao rosto
E ela caiu de joelhos,
No entanto,
Ao abrir os olhos
Certa de que o beijo teve fim,
Quem estava de joelhos
Era Antônio,
Com as mãos juntas ao peito.
Ela nunca havia sentido sensação tamanha,
Por um instante que fosse,
Sentir dentro de si
O sentimento de outra pessoa,
Olhou para o rosto da filha,
Enquanto ajoelhava-se para abraça-lo,
E não sentiu ao deparar-se
Com os olhos dela
Que a traía,
O sentimento era maior,
Abrangente e íntimo.
-Família. Você é a minha família.
Ele abraçou-a,
Apalpando ela,
Como se não soubesse o que fazer,
E seus olhos estavam turvos,
Enviados e em branco.
Parecia não haver nada dentro dele
Exceto dor,
Desalento
E...
Esquecimento?
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