No momento impensado de um atrito,
Viu seu relacionamento ameaçado por um conflito,
Viu o azul sereno de seus olhos profundos,
Tornarem-se gélidos mergulhados no mais puro veneno,
E antes de ouvir sua doce voz rouca e melodiosa
Tornar-se um uivo de raiva a cortar a noite tormentosa,
Incapaz de conter as próprias lágrimas
Que consumiam a fala de sua garganta,
Ela apenas caiu no silêncio,
E pegou-se a pensar se havia um meio
Onde o espaço do seu peito habitado pelo amor,
Pudesse ceder lugar ao ódio,
Se havia uma forma de o calor de seu abraço,
Tronar-se a mais pura raiva,
Percebendo que não, apenas calou-se,
E procurando acalmar seu coração,
Dirigiu-se ao quarto e deitou-se,
E ficou a sua espera,
Pois sabia com toda sua alma,
Que em algum momento,
Entre o primeiro olhar e a primeira carícia,
Eles haviam se apaixonado,
E antes que suas lágrimas se tornassem altas demais para denunciá-la,
Com a rapidez do vento ele entrou no quarto,
A tomou nos braços e lhe jurou seu amor,
Vendo em seus olhos azuis límpidos a verdade,
Protegida em seu peito másculo onde era seu lugar,
Transbordante de calor,
E viu o gelo de seu olhar,
Tão rápido quanto se formou,
Se derreter no mesmo instante
Em que seus dedos
acariciaram seu rosto,
Em uma demonstração do mais puro amor,
E tão logo soube que era a única em sua vida,
Viu também que qualquer outro alguém, não lhe bastaria.