quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Amor á Primeira Vista

Há vinte anos,
A sombra da floresta era tão viva
Que parecia que sussurrava aos seus ouvidos,
Enquanto os padrões sociais corriam como o luar na água

A cada passo que dava,
Então ele empunhou sua espada e levantou ao alto,
Mais afiada que o aço de qualquer outra navalha,
Dava vida ao seu sorriso desafiador,

Fazendo o azul dos seus olhos profundos
Cintilar ao luar como um cristal,
Um azul que queimava feito o gelo,
Um cristal que se estilhaçava para dilacerar,

Enquanto o luar afagava seus cabelos loiros
E corria frio ao longo do metal da espada,
O vento acariciou seu rosto,
Por um segundo ele se atreveu a ter esperança,

Então prosseguiu para a batalha,
Com a respiração obscurecendo o luar,
E a coragem buscando algo em que acreditar,
Ao encontrar o inimigo camuflado em sua armadura,

Entre as sombras da floresta,
Ele trespassou sua malha com um único golpe,
Fazendo seu sangue jorrar gotas vermelhas
Feito fogo na neve.

Há dez anos,
Ela andava por entre as sombras,
Com seus cabelos escuros camuflados,
Sua pele era cor terra,

E assim como ela: atraente e fatal,
Seu corpo era capaz de germinar a vida,
Ou condenar a morte lenta,
Seus olhos amarelados na cor do sol,

Derretiam-se em lágrimas para queimar
E solidificavam-se em bronze para poder estilhaçar,
Sua voz metálica aveludada
Se tornava felina e escarnecedora,

Feito uma máquina programada para matar,
Corroíam, perfuravam e minavam
Os seus beijos, com seu líquido ácido,
Forjava seus punhos no aço,

Moldava seus passos em chumbo,
Por caminhar em um campo minado,
De um mundo desumano,
Eis que certo alguém decidiu violentar seu corpo,

Manipular com ameaças e impulsos o seu cérebro,
Então, com um tiro certeiro e seco,
Ela condenou seu inimigo ao solo,
Maculando de sangue seu vestido.

Atualmente, as coisas não se distanciaram,
Ditadores e humanos
Lutam pela coexistência,
Enquanto uns procuram unir o mundo,

Outros buscam saciar a ganância,
Mas nenhuma das estratégias prevalece,
Porém, quando o conflito chega a um impasse,
Algo inevitável acontece,

E isto altera o equilíbrio para sempre,
Aconteceu que no dia do conflito,
Em que ela se colocou contra o ditador reinante,
Certo homem se pôs em seu caminho,

Com olhos lindos feito cristal de diamante,
No calor da batalha,
Ela atirou sem pensar em quem era,
Mas ele desviou no aço de sua espada,

Atingindo o inimigo comum com a bala ricocheteada,
Fazendo-o tombar em terra seca,
Vendo que ela continuou a atacar,
Eles lutaram até ele conseguir imobilizá-la,

E se apresentar para demonstrar que não era inimigo,
Pois ele também lutava em defesa da raça humana,
Mas vinha de outro local do conflito,
Por isso ela não o havia reconhecido,

Em tudo isso, o que ela achou mais estranho,
Era que ele possuía nos olhos
O gelo e encanto do luar,
E ela o calor e esplendor solar,

Quando seus olhares se encontraram,
Pareceram cintilar,
Parecia que eles se completavam,
Então, achou errado comentar,
Mas lhe pareceu amor á primeira vista.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Amor

-As 13:15 do horário local,
O tumulto se inicia na capital,
As cenas nos mostram aqui de cima,
Que não há um cérebro para ser lesado,

Espere um pouco, aproximamos as câmeras,
Por Deus, estamos a caminho do regresso?
Só nos resta esperar pelo homem do futuro,
Espero e rezo,

É triste ver a cidade destruída por uma doença,
Que manipula as pessoas,
Programando-as feito máquinas,
Transformando seres humanos em palhaços doidos,
Por Deus e agora, o que esperar da raça humana?
Noticiava o jornalista ao vivo,

Mostrando a multidão aglomerada no centro da cidade,
Trancando as ruas, parando o trânsito,
Depredando e roubando lojas e automóveis,
Sob a luz do dia, um estupro acontecia,
Pessoas passavam, fechavam os olhos 

E trancavam as portas,
Enquanto a violência e as drogas
Se espalhavam feito pólvora pelas ruas,
- Parece estar quente em uma cidade fria –

Uma voz feminina lhe chamou a atenção,
Desconectando-o de sua televisão.
- Por quê? Você tem algum plano? – lhe perguntou.
- No momento? Não sei se atiro ou me apaixono- ela respondeu.

-Então parece que temos algo em comum –
Ele disse convidando-a com um gesto
Para se sentar ao seu lado no sofá,
- Eu seria de gelo se não me preocupasse com nosso futuro-
Ele continuou sem esperar por sua resposta.

- Pois é, um lubrificante para nossa ferrugem,
Parece que encontramos nosso objetivo hoje –
Ela continuou, oferecendo a mão para que ele se levantasse,
Então ficaram parados olhando-se, frente a frente,

- Gostaria de descobrir quem é o homem por trás da roupa preta,
Com punhos de aço e botas de chumbo,
Talvez pudesse me ajudar a encontrar
A mulher que sou por trás da maquiagem –
Continuou sedutora, 
Passando um dedo em sua vestimenta,

Deslizando sobre seu peito,
- Não uso máscaras, apenas acredito na vida
E luto por ela, pelo direito a construir uma família segura,
Por isso busco reerguer os valores da sociedade,
Alçar a honra, o caráter, a dignidade...

Sou um ser humano de verdade,
Busco estabelecer a integridade,
O respeito e o valor ao ser humano,
Por seu caráter de humano,

Posso ser um sonhador,
Mas ainda acredito no amor...
- Eu sei, é por isso que te amo, -
Respondeu ela, com lágrimas nos olhos.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Depoimento

Vou deixar este depoimento,
Para documentar este momento:
É proibido voar,
É vedado sonhar,

Avisam as placas da cidade,
É necessário seguir o padrão,
Do modelo estabelecido em sua série,
Independente do que fala a alma ou o coração,

Porém, o sistema falhou,
Com isso, a comunidade se desintegrou,
A fome bateu à porta da capital,
E os predadores saíram à caça,

Abandonando sua condição humana,
Cegos à procura de uma presa,
Porém, erraram os céticos,
Emudeceram-se os cínicos,

Quando uma voz em meio ao caos urbano,
Se assustou com o que viu,
E gritou por respeito,
Por não gostar do que sentiu
Ao ver o ser humano reduzido à condição de eversivo,

Então este estranho excluído,
Foi noticiado de lunático a heroico,
Porque achou errado ver o povo educado
Para ser manipulado por um sistema corrupto,

Negando sua condição humana
De degustar o cálice da vida
Com qualidade suficiente para ser considerada digna,

Por recusar-se aos resíduos tóxicos
Das fábricas de produção em massa,
Que coisificam os seres humanos,
Feito máquinas programadas,

Diante disso, assinam duas testemunhas
Para garantir a veracidade do manuscrito,
Que garante a validade das condutas
Propostas a alcançar:

A liberdade de ações,
A igualdade de condições,
A fraternidade entre as nações
E a paz aos nossos corações.

Beijo Ácido

- Até logo sua indiferente –
Disse o malfeitor,
Para a moça detentora de dignidade
Que acreditava no amor,

-Há motivos para ter medo,
Já não sou um ser humano,
Sou um monstro disfarçado,
Que busca criancinhas em seus berços seguros,

Entra em seu sono profundo,
E movimenta seu psicológico,
Através de sussurros e estímulos,
Para jogá-las em um lamaçal profundo,

De medo, terror e pânico,
Sufocá-las em um túmulo encharcado,
Escuro, frio e profundo,

Não espere pelo ídolo do futuro,
Seja de metal ou chumbo,
Vestindo negro ou qualquer outra cor,
Porque eu manipulo esta cidade com astúcia,
Sou dono da justiça e de suas vidas,

Acredite, há motivos para ter medo...-
Continuou o demente disfarçado,
Até a moça interrompê-lo:
- Sou uma pessoa humana,

E meninas boas vão para o céu,
Por mais que você tenha tentado me arruinar,
Restaram ainda duas vidas,
Guardarei uma para o próximo Natal,

Mas enquanto isso,
Que tal um beijo,
- Encerrou a moça com um beijo ácido,
Destilando três gotas de veneno,
Cujo líquido derreteu seu peito,
Consumindo lentamente o sujeito maléfico.

Reconhecimento

Luzes se acendem e outras se apagam,
Não é uma ameaça,
São apenas números,
Uma ironia trágica de destinos perdidos,

Em que as pessoas são separadas conforme seus objetivos,
De um lado o homem de negócios, respeitado e bem sucedido,
Trancado em seus muros de ouro,
Protegido em seus tetos de vidro blindado,

Sedado em seus aposentos refinados,
Perdendo sua vida ao cancerígeno
Expelido por suas próprias fábricas de dinheiro,

De outro lado o povo servidor,
Ora escravizado, ora manipulado,
Seres errantes e até desumanos,
Educados pelo sistema social corrupto,

Condenados a um sistema carcerário falho,
Ambos são considerados monstros,
Por enriquecerem ilicitamente
A custa de seus corpos e valores,

Mas existe ainda,
Aquele que se recusa a ser cúmplice deste sistema,
Que corrompe o ser humano,
Roubando suas vidas,

Ele luta munido por sentimentos como força e honra,
Por acreditar na raça humana,
Mas ao clamar valores contrários ao sistema deturpado,
Ele se sente estranho e por alguns é até excluído,

Pois o povo educado pela imoralidade
Se recusa a libertar-se do comodismo,
Por estar carente de dignidade,

De fato tudo isso não é um pesadelo,
E pessoas realmente vivem somente por atenderem a objetivos,
Estão desconectadas de seus próprios sonhos,
Destituídas de suas próprias vidas,

Eu me encaixo no grupo de pessoas
Que se recusa a submissão humana,
Que luta pelo reconhecimento e valoração das pessoas,
Pelo respeito a nossa humanidade básica.

domingo, 17 de setembro de 2017

Princesa do Gelo

A cidade estava iluminada,
Feito um tapete de estrelas,
Ao longe o uivo de um lobo cortou a noite,
E o vento frio arrepiou a pele,

Como um presságio de algo nocivo,
Seus lábios se tornaram ácidos,
Como se o próprio vento escondesse algo maligno,
Então, fechou suas mãos em punho,

Logo que gritos irritados
Chamaram sua atenção,
Vindos de um confronto
Que ocorria a direita de sua direção,

Desta feita, ela se aproximou mordaz,
Escondida por entre as sombras,
Chegando a tempo de ouvir o desfecho da conversa
Que resultou em uma briga violenta,

Entre dois homens,
Onde o malfeitor queria roubar o outro
E depois estuprar seu corpo,
Frente à recusa, resolveu agredi-lo até a morte,

Vendo o homem ensanguentado,
Com o rosto e punhos feridos,
Ela juntou uma madeira que estava solta na rua,
E gritou para parar a briga,

O bandido aproveitou o descuido
E com um soco derrubou o homem no solo,
Depois se referindo a ela com malícia
Indagou-lhe sorrindo,
- Quem é ela? Não sei se atiro ou me apaixono.

- Sempre confundindo pistola com genitália –
Ela respondeu felina,
Nisso o rapaz se levantou secando o sangue do olho direito,
E investiu com um soco sobre o perverso usando toda sua força,
- Princesa do gelo,
Respondeu ela, desferindo um golpe com a madeira
Em sua cabeça com justeza,

Deixando-o inconsciente naquele solo,
- Obrigado - agradeceu o vitimado,
- Mas como você me encontrou e se arriscou para me ajudar?
- É uma longa história – respondeu ela,

- Poderia arrumar um tempo?
- Estou na lista telefônica – respondeu se apresentando.
- Então, estarei tentando, - disse se identificando com um sorriso,
- Ok, mas talvez me encontre trabalhando - respondeu rindo,

Ambos dialogavam indo em direção à saída da rua,
-Está indo? – ele indagou ao vê-la se aproximar de um táxi,
- Não. Você está – ela respondeu abrindo a porta,
E fechando após lhe ver acomodado.

No Mesmo Lugar

Aconteceu que certa moça,
Saiu de uma festa,
E se dirigia a sua casa,
Mas ao dobrar a esquina,
Em um local mal iluminado,
Se atentou a gritos indistintos,

Seguido por choro e xingamentos,
Então se aproximou mordaz,
Defrontando-se com uma cena de estupro,
De um homem contra uma garota,

- Basta – ela gritou sem receio.
Logo, o homem libertou a garota
Que se encolheu assustada, escondendo o rosto,
Tateando no chão a roupa,

- O quê? Quem você pensa que é?-
Ele indagou ameaçador.
- Não se preocupe é minha primeira vez
A estar de frente com um estuprador –

Ela respondeu com um sorriso maligno.
- Tão felina, quanto louca?
Enquanto a indagava,
Ele se aproximava e empunhava uma faca,

- Louca não, apenas confusa;
Aliás, estou lembrando o dia
Em que não usei calcinha na escola;
O nome do menino que notou era...;

Esqueci, e o problema é que ele esta morto agora;
Mas estar presente nesta cena;
Me fez sentir ainda mais confusa;
Não é de matar? –

- Felina, louca e linda. –
Respondeu com malícia.
- Ocorre que as mesmas mãos que acariciam
Se tornam garras em nossa defesa,

E os mesmos lábios que beijam
Se tornam ácidos sobre sua presa,
Prazer sou a mulher gato,
Ouça o meu rugido! –

Mal encerrou a resposta,
Deu vida a ira que queimava em suas veias,
Atacando-o com violência,
Com um chute derrubou a faca

E desferiu uma série de socos,
Então a outra garota se lançou sobre a arma,
E alcançando-a golpeou o estuprador,

Ferindo-o pelas costas,
Com um golpe fatal
Que encerrou sua vida
Naquele mesmo lugar.

Cobrança de Aluguel

Quinze dias na casa nova. Cidade nova. Saudades do pai. Não haveriam novas notícias. Ele estava distante, Estava onde não h...