Há vinte anos,
A sombra da floresta era tão viva
Que parecia que sussurrava aos seus ouvidos,
Enquanto os padrões sociais corriam como o luar na água
A cada passo que dava,
Então ele empunhou sua espada e levantou ao alto,
Mais afiada que o aço de qualquer outra navalha,
Dava vida ao seu sorriso desafiador,
Fazendo o azul dos seus olhos profundos
Cintilar ao luar como um cristal,
Um azul que queimava feito o gelo,
Um cristal que se estilhaçava para dilacerar,
Enquanto o luar afagava seus cabelos loiros
E corria frio ao longo do metal da espada,
O vento acariciou seu rosto,
Por um segundo ele se atreveu a ter esperança,
Então prosseguiu para a batalha,
Com a respiração obscurecendo o luar,
E a coragem buscando algo em que acreditar,
Ao encontrar o inimigo camuflado em sua armadura,
Entre as sombras da floresta,
Ele trespassou sua malha com um único golpe,
Fazendo seu sangue jorrar gotas vermelhas
Feito fogo na
neve.
Há dez anos,
Ela andava por entre as sombras,
Com seus cabelos escuros camuflados,
Sua pele era cor terra,
E assim como ela: atraente e fatal,
Seu corpo era capaz de germinar a vida,
Ou condenar a morte lenta,
Seus olhos amarelados na cor do sol,
Derretiam-se em lágrimas para queimar
E solidificavam-se em bronze para poder estilhaçar,
Sua voz metálica aveludada
Se tornava felina e escarnecedora,
Feito uma máquina programada para matar,
Corroíam, perfuravam e minavam
Os seus beijos, com seu líquido ácido,
Forjava seus punhos no aço,
Moldava seus passos em chumbo,
Por caminhar em um campo minado,
De um mundo desumano,
Eis que certo alguém decidiu violentar seu corpo,
Manipular com ameaças e impulsos o seu cérebro,
Então, com um tiro certeiro e seco,
Ela condenou seu inimigo ao solo,
Maculando de sangue seu vestido.
Atualmente, as coisas não se distanciaram,
Ditadores e humanos
Lutam pela coexistência,
Enquanto uns procuram unir o mundo,
Outros buscam saciar a ganância,
Mas nenhuma das estratégias prevalece,
Porém, quando o conflito chega a um impasse,
Algo inevitável acontece,
E isto altera o equilíbrio para sempre,
Aconteceu que no dia do conflito,
Em que ela se colocou contra o ditador reinante,
Certo homem se pôs em seu caminho,
Com olhos lindos feito cristal de diamante,
No calor da batalha,
Ela atirou sem pensar em quem era,
Mas ele desviou no aço de sua espada,
Atingindo o inimigo comum com a bala ricocheteada,
Fazendo-o tombar em terra seca,
Vendo que ela continuou a atacar,
Eles lutaram até ele conseguir imobilizá-la,
E se apresentar para demonstrar que não era inimigo,
Pois ele também lutava em defesa da raça humana,
Mas vinha de outro local do conflito,
Por isso ela não o havia reconhecido,
Em tudo isso, o que ela achou mais estranho,
Era que ele possuía nos olhos
O gelo e encanto do luar,
E ela o calor e esplendor solar,
Quando seus olhares se encontraram,
Pareceram cintilar,
Parecia que eles se completavam,
Então, achou errado comentar,
Mas lhe pareceu amor á primeira vista.