quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Torrentes de Água

Choveu por toda parte,
A chuva embaçou o para-brisa,
Deixou cega a toda vista,
E retirou-a de seus devaneios,
Assim que lama marrom
Junto de muita água suja
Invadiram a pista
E tentaram rodopiar os pneus,
Tornando a frenagem nula.
Ela diminuiu toda a marcha,
Engatou a primeira,
E parou de súbito,
Indo direto para fora da pista,
Num lugar de brita e terra,
Numa espécie de manobra arriscada,
Freou e de súbito,
Próxima a um coqueiro parou,
Numa proximidade assustadora.

Os bancos do carro encharcaram,
A frente do carro molhou,
Porém, nada pareceu parar de funcionar,
Ar-condicionado,
Alerta, pisca, parte elétrica...
Nada.
Ela encostou a mão no volante,
E a cabeça sobre a mão,
E levantou os vidros da janela,
Sentiu-se trêmula,
Ligou uma música baixa,
E ficou a esperar
Que ao menos um côco caísse,
Ou que a chuva diminuísse.

Não se enxergava nada a frente,
A rua virou um rio de água derrapante.
Então, uma camionete alta,
Fechada, cabine dupla,
Parou ao seu lado ,
Simplesmente,
Como se fosse uma bailarina
De gelo,
Deslizou, livremente.
Parecia não estar naquela
Lamaçal,
“Homens são tão mais seguros”.
Ela pensou,
Soltando um soco no volante,
Sentia medo.

Medo medonho.
Um estrondo rompeu os céus,
Tingindo-o de branco,
Um raio,
Logo a frente estourou uma árvore,
Ela pendeu ao chão,
Cortada só meio,
Sobrou apenas alguns galhos
Que balançavam na chuva,
E escorriam a água até o chão.

Ela gritou amedrontada.
Ele abriu a janela.
Sorriu, e fez um gesto de cumprimento.
- Oi, protegendo-se da chuva?
Ele indagou com rosto lindo,
Sereno, seguro e atraído.
Ela sentiu vergonha por estar ali
Tão próxima a árvore,
E tão fragilizada.

A folha do coqueiro balançava,
E tocava seu carro,
Molhando, talvez, o motor.
E ela sem entender se isto,
Seria bom ou ruim,
Ou nada interferisse.
- pois é.
Iniciou a chuva e...
Derrapei.

Mesmo hesitante,
Contou a verdade,
Pela primeira vez quis admitir
Que precisou de ajuda
E que sentia medo.
Ele saiu do carro dele,
E a água vinha em torrentes,
Molhou sua camiseta branca,
Fez voar para longe o seu boné,
E abriu o zíper da calça,
Quase soltando o botão,
O fez resvalar,
Mas ele chegou até ela,
E pediu para sentar ao seu lado.

Ela aceitou.
E assim que ele entrou
O abraçou.
E juntos separaram a chuva
Acalmar-se.
Ela só desejou afastar as lembranças
E enterrar o marido,
Que há tanto tempo morreu
Mas que ela teimava em manter ao seu lado,
Numa expectativa viva demais,
Apegada demais,
Quase doentia,
Quem parte não é igual ao que estava.

A morte leva.
Deixa memórias,
Vivências,
Lembranças,
Mas, a morte precisa levar.
É doentia demais a morte que deixa.
Doentia de se viver,
Doentia quando anula,
Quando fere
E assusta.

Um Arruinado

De joelhos no chão,
Mãos coladas no chão,
Sou um arruinado,
Mas antes disso tudo,
Eu a amei muito
E isto me oferece proteção.
Ver você através do vidro da janela,
Dirigir a baixa velocidade,
Te esperar de portas abertas,
Buscar você.

Não, você não pode
Me dizer adeus ou good Bay,
Mesmo que eu prefira busca-la
A todo custo,
Como se a rezar seu nome,
Como se a fosse anjo.

Imagino comigo,
Eu fecho minha mão
E tenho forças para me erguer
Deste chão
E buscar nunca foi tão simples
E cotidiano,
Um arruinado
Com pouca gasolina no carro,
Nenhum dinheiro no bolso
Estou por aí as esquinas,
Me veja.

A bateria do carro falha
No semáforo,
Eu sou aquele
Meu bem.
Eu sou um arruinado,
Mas bem antes disso
Eu te jurei amor
E este amor prometido
Me mantém íntegro,
Então, a procuro.

Troco a primeira
Pela marcha ré,
Se eu pudesse,
Eu voltava atrás,
Já não sei onde te encontrar,
Você já sabe de mim,
Sou aquele que te ama
E a vê como um anjo,
Você jamais se tornaria menos,
Não sinta medo do que sabe sobre mim,
E se o fim chega no sinal,
Eu peço para parar todo o trânsito
Se te convém.

Eu sou um arruinado,
Mas fui aquele que te amou,
Cumpriu seu juramento,
A viu como um anjo,
Veja acima da neblina,
No frio do sereno,
Não é fácil estar sempre
De janelas abertas,
Eu já enxergo pouco
Meu bem,
Mas a vejo como um anjo
E a amo tanto quanto.

Veja eu cuido desta ave de rapina
E ainda a vejo como um gavião,
Você está certa,
Mas eu irei espera-la,
E quando você cansar
Eu estarei a busca-la.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Um inferno e outro

Um beijo em suas mãos fechadas,
Como uma oração silenciosa,
Da boca que nunca mais falaria,
Olhos e lábios colados,
E daquela que a partir de agora,
Falaria por ambos.
- adeus amado pai.

Ela disse em prantos,
Levantando o rosto
Para o céu azulado,
Depois de beijar suas mãos,
E sentir pela última vez seu cheiro,
Como se soubesse onde ele estaria,
Com a certeza que a dor que sentia
Não se acalmaria.

Tentou guardar com ela o cheiro,
Um uma última lembrança,
Com ele partia tantas certezas,
Tanto amor vivido,
Que nunca mais se repetiria.
Levou suas mãos ao próprio peito,
Como se quisesse segurar seu coração,
Para que não partisse no caixão,
Retirando-as das dele.

- é tão triste ver um pai tão carinhoso
E de palavras acaloradas,
Partir assim tão frio e calado.
Com dor excruciante virou as costas.
E saiu.

- fechem o caixão,
Levem-no a sepultura.
Parecia que não haveria dor maior,
Ou pior.
Um filho de casamento passado,
Assumiu a herança,
Lindo legado,
Trouxe a mãe,
E poucas coisas.

- então, minha irmã
Hoje tudo que é seu me pertence.
Deixo a sua mãe o quarto mais distante.
Peça a ela que se apresse,
Ela precisa encontrar novo romance
Ou você.
Ah, e por favor, a leve.
Eu sou agora o senhor desta propriedade!

Há poucas horas o corpo
De seu pai descansava,
Se fosse cabível a ele ouvir
E tomar conhecimento do que se passava,
Já não descansaria,
A paz que foi com ele não voltaria.

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Feliz aniversário Hurara

Feliz aniversário,
Hoje era meia noite,
E os sinos tocaram,
Um anjo era concebido,
E a felicidade nos ganhava,
Por um dia
E a partir.

As estrelas vibraram,
O sereno desceu,
Tocou o gramado,
As flores,
E os cheiros foram ao seu encontro,
Lindo cheiro de flor a desabrochar,
E de grama fresca.

Convite feito.
Eu te amo,
Ficou simples dizer,
Seu sorriso perfeito contagia,
Nós amamos você!
Você humilde,
Discreto,
Bonito
E amado!

O céu está nublado,
Azul em partes,
Em outra enevoado,
Sente sua falta.
É certo que pode chover,
Você não pode estar em todo lugar,
Mas eu olho o meu redor,
E vejo você.

Bem,
Início de maneira simples,
De letra a letra,
Sílaba a sílaba,
H – hum, que legal você está de aniversário.
U – uh, cara, você é rei de lindo.
R – rápido eu quero te ver.
A – amo você.
R – rezo por nós.
A – amo sua voz.

Hu- hum, eu vejo certeza em você.
Confiança na sua pessoa.
Ra – rá cara, você entende.
Ra – sua família está feliz.
Estamos todos felizes.
Hurara – parabéns pequeno garoto.

Eu queria saber escrever melhor,
Sem mais desinibida com palavras,
Então, vou te fazer um ramalhete de flores,
E todo ano elas floresceram
Pra te recordar que te amo,
E as palavras permaneceram,
E o farão próximo de mim.

Como tem sorte
O que lhe tem perto.
Eu te amo.
Felicidades neste ano,
E em todos os outros.
Quer que eu lhe faça um bolo?
Aceita minhas flores,
Elas retratam amor imenso.
Te amo!

domingo, 17 de novembro de 2024

Lá na Roça

O motivo de eu ter abandonado
Minha terrinha lá na roça,
Eu não faço ideia,
Calcei as botas de couro de boi gordo
E fui pra cidade próxima.
Lá parecia haver tantos sonhos,
Tanto falatório sobre oportunidades,
Eu quis galgar novos ares,
A terrinha rendia pouco,
Concordo.

O sol rachava a sola dos pés,
O mato tomava conta da terra seca,
E a colheita se enfraquecia,
Amarelava e se perdia.
As músicas falavam de bons sonhos,
De receber um salário,
Ter um bom emprego,
Pensei: o melhor é ser funcionário,
Então, peguei carona e fui.

Lá corri de porta a porta,
Trabalhei na chuva,
Trabalhei no sol,
E no final do mês
Vinha aquele salário fixo,
Gastei no aluguel,
Na comida,
Na água,
Na energia elétrica.
Mas o futuro estava lá.

Lá era onde estava o movimento,
E só aconteciam coisas lá.
Você sabe bem.
Na roça é tudo igual.
Vem a chuva
E molha o feijão amontoado,
Apodrece os montes,
Perde- se o lucro.

O mato cresce mais que qualquer coisa,
A enxada quebra,
Os braços doem,
E as plantinhas desfalecem.
Depois de tanto ódio na roça,
Você não pensa em sofrer
Por tão pouco
E simplesmente voltar.

Não.
Você sente vergonha.
Não quer estar errado.
A roçar é um lugar que parece esperar,
A cidade não.
A cidade cresce em demasia.
Enquanto não roça só cresce o mato.

Mas, no dia em que segui aquela garota,
E ela me meteu em um furto,
Em senti vergonha
E foi extrema,
No outro dia
Para se desculpar,
Ela me prometeu coisa boa,
A melhor das experiências,
Grana fácil,
E progresso,
Quando vi
Estava sendo guiada a um programa,
Prostituída assim tão fácil,

Eu disse:
- menina, não é assim que se ganha a vida.
Passei na cooperativa da cidade,
Comprei facão, enxada e foice
E voltei aparar meus matos.
Tive vergonha de voltar, confesso.
Mas nem foi o de cair o cu da bunda.

O Bananal do Meu Vizinho

Aconteceu que o vizinho
Decidiu fazer plantação grande,
Limpou a terra,
Pôs nela muitos pés de banana,
Veio o vento e derrubou todas.
Lucro zero.
Então, ele sentou numa pedra,
Levantou-se e continuou,
Plantou tudo de volta,
Usou veneno,
E deixou terra a mostra,
Veio o fruto e não tinha gosto.

Ele sentou de novo na pedra,
Dinheiro nenhum,
Fruto sem gosto ou cheiro,
Só tinha a cara de fruto.
Levantou e plantou de novo.

Muita flor,
Grande expectativa,
Veio o sol e caiu tudo,
Pouco peso.
Pouco lucro.
Sentou na pedra de volta.

Levantou-se e seguiu,
Plantou de novo,
Veio o passarinho e fez ninho,
Riscou de um a um
Os dedinhos,
Pouco lucro,
Produto feio.
Sentiu na pedra desacorçoado.

Levantou e plantou outra vez,
Veio a seca brava,
Secou todos os cachos,
Prejuízo indefinido,
Sentou na pedra outra vez.

Ao longe,
Eu fiquei olhando tudo,
Deus me livre de história da roça,
Enxerguei um vulto
Cair em direção a terra
E levantar poeira,
Tão intensa e assustadora
Que parecia uma pedra
Ao lado de outra pedra,
Então, caiu uma bananeira
E outra bananeira,
E outra,
Eu fugi,
Só Deus sabe o que
Ele fará daquela pedra.

Sinto pena dele,
Perco o sono a noite,
Na roda de conversa
Eu sempre falo dele,
Vou pedir para o vizinho de cá
Que o visite,
Pessoa muito boa
E trabalhadora.

Mas aquela pedra,
Sempre que olho pra’queles lados
Vejo ele por lá.
E pouca bananeira,
Pensando bem,
Poucas mesmo.

Água de Poço

- água da fonte.
Disse a moça,
Ajoelhada a beira do poço,
Tomando a água
De sua própria mão em concha.

Não tardou,
E a água de um
Virou água de todos,
Assim, é a família,
Da fonte da vida bebem os filhos,
A fonte de água dividem os irmãos.

Mas a terra foi dividida,
Manda quem pode
Obedece quem precisa.
Água com hora marcada,
Quantidade definida
Pelo dono,
Com aviso ou não.
Uma manga de borracha
Puxa a água,
Para saciar a sede,
Fazer comida.
Então, um irmão discute com o outro,
E uma madeira é colocada na ponta.

- sem água.
Procure no rio,
Crie sua própria fonte.
Mas aí a verdade foi dita,
Morre os pais,
Sobram os filhos brigando
Pelo que fica.

- por quê o pai não dividiu em vida?
Água brota da terra,
Mas nem toda terra é capaz de gera-la.
13 quilômetros de distância da cidade
Mais próxima,
Não há de onde tirar,
Nem com o que buscar.

As vacas silenciosamente
São soltas ao redor do poço,
Dejetos, xixi e merda
Escorrem até a nascente,
Água impura e suja.
Não é colocada uma cerca,
Nem tomado outra medida.

- merda na água.
Coisas que nunca se viu
Agora são vistas naquele poço sujo,
Lama e sujeira borbulha de lá,
Fedor e desgraça,
E a moça cresceu,
Não vive mais lá.
Ela não teve escolha,
Se enjoou depois de beber tanta merda.

A Estrela lá da Roça

- amor, faça um pedido.
Ele falou segurando sua mão,
Olhando para o alto,
Ambos em pé e lado a lado.
- eu sonho com está noite.
Ela disse.
Olhou para seu rosto
E o beijou.
Beijo de promessas.

Não sei se Allah ouviu,
Uma estrela enorme despencou,
Caiu.
Causou um buraco sem tamanho,
Deslizamento de terra,
E medo.
Muito medo.
Mas sonhos não acabam cedo,
Eles encontraram forças
Um no outro,
E continuaram,
Plantaram e nada vinha,
Adubaram e tudo ficou lindo,
Floriu e murchou.

Então, iniciou chuva feia,
Ventos e tempestades,
Raios e trovões,
Trovões rompiam os céus,
E raios cortavam o chão,
O gramado sentiu na hora,
Amarelou e morreu.

A terra ficou ainda mais fraca,
Parecia eletrizada,
Eles insistiram e plantaram outra vez,
Toda semente germinou,
Fez galho vivo
Sem única folha ou flor,
E quando a nova tempestade veio
E a enxurrada levou a casa,
Eles não tentaram sair,
Foram levados para o buraco,
Soterrados por terra suja,
E muita água,
Morreram apertados,
Esmagados,
Afogados.

O buraco se fechou,
E anos após
Muita colheita vegetou
De semente nunca semeada por outras mãos
Germinava, crescia, floria
E nunca morria.
Há quem procure pelo buraco,
Há quem queira se apropriar da terra,
Há quem queira colher o que está lá.
E há o casal soterrado em algum lugar.

sábado, 16 de novembro de 2024

Beijo

O beijo foi intenso,
Quente e molhado,
Quase pegajoso,
Demorado e gostoso.
Ele devorou sua boca,
Mordiscando,
Tentador e provocador,
Uma mão em suas costelas,
Conhecendo-a,
Tendo-a,
A outra sobre seu biquíni,
Até deslizar lenta e compassiva,
Por baixo do tecido,
Acariciando a pele,
Apertando a superfície,
Em ritmo quente
E alucinante.

Ele gemeu de prazer,
Deslizou a boca,
E foi retirado por mãos hábeis.
- não big baby men king,
Quero mais de sua boca.
Então, foi puxado para a boca,
E mantido preso
Entre suas pernas e o braço
Que segurava sua coluna
E nuca.

O beijo intenso,
Se tornou mais exigente,
Molhado e perverso,
Mãos percorriam em carinhos,
Gemidos garantiam os sentidos,
Então, ele fez segunda tentativa,
Desceu por seu pescoço,
Tórax e procurou os seios.

Última vez,
De ímpeto ela deslizou da espreguiçadeira
E se colocou na piscina,
Com uma pernada
Contra as suas costas,
Deixou-o de bruços,
Gemendo,
Caído implorando por mais,
Depois ela retornou
E se manteve com os dois pés nele,
Pegou impulso e se jogou na água,
Rindo gostosa.

Deixando um homem perdido
Entre desejo correspondido
E carícias mal respondidas.

Um Instante

Eu gostaria de tê-lo,
Mas não qualquer ter,
Ter você entre meus dedos,
Segurar firme,
Apertar forte,
Sentir sua pele,
O tracejar do seu corpo.

Por única vez,
E o máximo mais que puder,
Queria remover sua roupa
Com meus lábios sedentos,
Derreter carinhos
Por todo seu corpo,
Provar cada parte,
Sentir cada gosto.
Queria poder deitar sobre você,
Escorregar minha mão
E te conhecer,
Queria tocar em casa íntimo,
Sentir você pulsar em cada contato,
Seu calor a evaporar
Cada carinho derramado
Sobre sua pele quente,
Até tocar meu corpo,
Pele a pele.

Queria sentir o máximo
De cada um dos meus dedos,
Sorrateira é leve,
Percorrer toda a pele,
Sussurrar o que desse vontade,
Abrir suas pernas
E me pôr entre elas,
Eu daria a vida
Para ter você dentro de mim,
Se eu tivesse direito a uma.
Queria sentir cada fio de seus cabelos,
Provar seu suor,
Sentir cada osso,
Cada músculo responder,
Ver seu coração bater,
Sentir o meu chamar seu nome,
Hum,
Queria me derramar sobre sua boca,
E descer por cada parte sua,
Queria apertar você com carinho,
Obter suas respostas,
Conquistar suas expectativas,
Ser sua melhor experiência.

Queria abrir o zíper da sua calça,
Morder o aço que te separa de mim,
Descer sentindo seu cheiro,
Depois eu puxo a roupa,
Com dentes e mãos
Sobre sua pele macia,
Queria decorar seus cheiros,
Sabor e respostas,
Queria você quente.

Te pertencer.
Queria tocar em você
Por cada vez
Que me recusei a ser de outro,
E me contive
Satisfeita por todas as vezes
Que percorri minha própria pele
E disse:
- que ele exista!

Queria te fazer meu
Tanto como me fiz minha.
Ver seus pêlos arrepiados,
Seu cheiro a me convidar,
Queria não ter medo
E simplesmente provar.

Tentador

Doce tortura,

Ela atendeu o celular,

E na tela,

O carinha,

Aquele de quem fugia,

Peito nu, a mostra,

Sorriso fácil na boca,

Língua de fora.

 

- você parece que brinca!

Ela conseguiu dizer,

Peito arfante,

Mamilos em busca,

Respiração difícil,

Lábios sedentos,

Corpo árido de desejo.

 

A barba perfeita,

Negra cobria o rosto magro,

Ossos definidos,

Orelhas macias e lindas,

Maldito vocabulário simplista,

Parece fugir do pensamento,

E só restar seu rosto,

Sorrindo, falando, buscando.

 

Lindos pelos macios

A contornar perfeitos detalhes,

Menino, homem másculo,

Parece arte,

Que não se contenta em ver,

Precisa o tracejar dos dedos,

O sentir da pele quente,

E pulsante.

- doce ciúme,

Me toma por veneno.

 

Ela disse

Com saliva tocando os lábios,

Frágil com a visão inesperada,

Só desejou tocar seus cabelos,

Negros, fartos e macios,

Sentir a pele morena

Delineada em 3B

Por um sombreado perfeito!

 

Para quem nega que nariz é ambição de desejo,

Desconhece aquele

Que simplesmente foi colocado nele,

Como se fosse um meio de satisfação,

Elevada perfeição,

Cabe em cada carinho,

Sabe-se que em arte pronta

Nada se acrescenta,

Assim ele veio e está,

Não ao dispor,

Mas em elevada colocação,

Apto,

E lindo.

Com um sorriso grande e fácil.


Lábios que roseiam-se,

Não sei se é pecado

Mas eu morro de ciúmes,

Meu coração fica lento,

E meu corpo pára para vê-lo,

Eu não faço mais que contemplar

E me imaginar próxima,

Tocando-o e sentindo-o.

Digo a ele tenho medo.

Caramba,

Ele explode em esplendor

E magnificência.

Eu abriria mão de tudo

Crença, ideais e o mais.

Disposto sem dispor,

Perfeito, o menino homem tentador.


Sobrancelhas espessas e escuras,

Desenho aquele rosto

Sem moldura,

Simplesmente, pronto!

Minha mão parece toca-lo,

Sentir seu calor,

Está nesta tela e tão perto,

Quase sinto sua barba farta,

O estremecer de sua boca

Entre meus dedos,

Sua doçura,

Seu cheiro,

A forma como ela se abre

Pronta para ser minha,

A maneira como quero que seja,

E minhas inseguranças 

Me guiando.


 

 

Natureza

Entre o sol e as estrelas,
Ele ajoelhou-se,
Pegou sua mão direita
E disse:
-eu te amo!
Havia exuberância de flores
Que cobriam paredes,
Num céu de estrelas faiscantes,
E um sol,
Por quê não?
Árvores desenhadas,
Tudo tão perfeito
Como se fosse a mão.
Mas não.

Haviam borboletas voando,
Ao lado de vagalumes.
- uau?!!!
Como isso, amor?
Ela indagou,
Perplexa diante de tamanha beleza,
Dentre em pouco a lua!
Justo a lua?
Ambiente perfeito,
O homem amado,
Mas beirava ao surreal,
Vieram então cantar de pássaros.

- uauuu.
Eu não entendo!
Ele levantou-se
E a abraçou apertado,
Ela coube inteira em seu peito,
Quente, cheiroso e forte.
-querida, é artificial.
Nada aqui é verdadeiro.
São luzes, imagens e plástico seco.

Tecnologia avançada,
De tudo é o mais perfeito,
Como o que sinto.
Ela chorou admirada,
Amava-o com toda alma,
E desejou único pedido,
Leva-lo a sua rememorada infância,
A um fechar de cortinas,
Desligar de luzes,
Fechar de portas,
E eles foram para um lugar
Tão distante,
Esquecido e abandonado.

Quilômetros separavam
A pequena cidade para onde iam,
Da grande metrópole que deixaram,
Porém a um abrir de portas,
O sol verdadeiro, íntegro e intenso,
Num céu azul de pássaros e borboletas,
Um mundo reconhecido para ele,
E completamente desconhecido,
- então, nada do que eu tinha era verdadeiro?
Ele indagou,
Segurando sua mão esquerda,
Incapaz de parar de olhar.

Ela se agachou
Colheu uma flor do chão,
Beijou,
E entregou a ele:
- não.
Estava distante demais,
Embora perfeito,
Mas distante.

Então, ele a puxou para si,
Encostando-a em seu peito suado,
Ofegante e assustado:
- nossa!
Eu não imaginava isso!
Ela então o puxou,
Segurando a mão direita,
Caminharam na estrada de terra,
Com poeira se agarrando a sua calça
Branca e cara,
E o levou ao riacho,
Uma cachoeira caia esplendorosa,
O cheiro de peixes exalava,
Flores boiavam na agua,
Peixes pulavam para cima delas,
E pedras contornavam a beirada
De suas águas,
Pedras, grama fresca e matos e flores.

Ela agachou-se e tocou na água,
Então, segurou na palma de sua mão um punhado
E puxou sua mão esquerda para frente
Junto a dele,
E colocou a água ali.
- sinta.
Isto é a água da nascente,
Daqui ela brota,
No mercado você compra.

Ele agachou-se,
Estendeu as pernas na água,
Sentou-se,
Sujou a calça branca de grama.
Uma borboleta sentou
Em sua camisa branca,
Um beija-flor passou
E se aproximou da flor a sua frente.

- isto é lindo!
Ela se aconchegou ao seu ombro.
- lindo feito você.
Seu cheiro,
Suas cores,
Seus tecidos.
Você é como está água,
Fonte de vida
E amor.

Um pato chegou voando de longe,
E repousou na água,
Nadando,
E brincando.

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

O Cacho de Banana

A moça passou em frente a sua casa,
Andando de foice no ombro,
- Olá vizinho,
Estou voltando da roça,
O trabalho rendeu,
Mas o esforço foi grande.
Ela falou em voz alta,
Cumprimentando-o com um aceno.

- Olá vizinha,
Parabéns,
Você se esforça
E consegue!
Ele riu tirando o chapéu de palha
Da cabeça em sinal cordial
De respeito.
- obrigada,
Preciso tirar um cacho de banana,
Mas a bananeira é alta,
E tenho medo que ela caia
Sobre o pessegueiro,
Ou estrague o cacho ao ser cortada.

Ele correu na sua direção
De botas de borracha preta,
- deixe que te ajudo!
Assim, seguiram caminho
Entre conversas e mãos dadas.

Ao chegar porém,
A moça errou o corte de facão,
E cortou duas bananeiras
De única vez,
Com único golpe,
Então, uma veio sobre ela,
Derrubando- a contra um chão
E sobre uma pedra,
Ela fraturou a perna,
E gritou de dor:
- aí, que dor, estou ferida!

O rapaz soltou a bandeira
De jeito correto no chão,
E abraçou a moça,
Juntando ela e carregando no colo,
Depois de retirar o cacho de banana
 Da bananeira caída,
Ele voltou até ela e fez chá,
Então, passou a noite toda
Cuidando dela.

Ao alvorecer beijou sua face,
- querida chegou o dia,
Chegou a claridade,
Como eu a amo,
E não quero perde-la,
Me dá um beijo de boas-vindas
A sua vida!

Vizinho- Limpou o Quintal

- limpa meu quintal vizinho.
- até de noite tá bom.
- te espero lá em casa, então.
E assim, encontro marcado.
O vizinho usou sua melhor bota
De couro limpo,
Fivela na calça,
Afiou a enxada e foi.
Ao chegar a vizinha correu receber,
Ofereceu bolo,
E cuca quentinha,
Recém saída do forninho.

Conversa foi e conversa veio.
Olhares cruzados.
Corações que se é enlaçavam.
Era de anos o afeto da moça
Por seu vizinho.
Era janela aberta cedinho,
Fumaça que toca a janela,
Beira o varal de roupa,
E cheirinho de comida quentinha.

Varal estirado para o lado dele,
Roupa comprada na medida,
Estendida a convite,
Só faltou a árvore crescer
E alcançar a janela,
Por quê escada ela se recusou a pôr.

O vizinho homem sério e trabalhador,
Trabalhava dia e noite,
Toda a semana,
Estendia suas cuecas na janela,
Colocava lá suas botas,
Parecia querer contar
Aonde iria e até o que faria,
Mas ao se aproximar
Foi cauteloso,
Vagaroso e educado.

Após o bolo,
Pegou a enxada e limpou o quintal,
Deixou tudo perfeito,
Depois disso,
Ainda cortou a grama.
Então, veio a hora do banho,
Nesta hora ele sempre se dirigia a sua casa,
Mas desta vez não.

- posso banhar-me?
Indagou.
- claro, usa a minha toalha.
Então, ele ficou.
Jantou,
E dormiu ali mesmo.
Pronto o boato
Ou então, prenúncio dos fatos.
Mas que anteontem ficou, ficou.

Puxando o Feijão

- E aí, já vai pra roça?
Perguntou o vizinho
De forma alta e declarada,
Enquanto ela passava de carroça
Em frente a sua casa
Na primeira hora da tarde,
Sol escaldante,
Parecia estar brilhando sobre seus ombros
Tão perto
Que chegava a arder as faces.

- sim, vou puxar feijão.
Você me ajuda?
Embarca comigo!
Ele correu sorrindo amigável
Feliz como em nenhum outro dia.
Se jogou na carroça
E abraçou a moça apertado.

Em pé os dois dirigiram a carroça,
Chegaram na estrada da roça,
Desceram ladeando
Até alcançar os montes de feijão,
Amontoados na parte da manhã.

Após braçadas e braçadas
Encerraram o trabalho,
Se jogaram nas palhas,
Abraçaram-se e riram como crianças,
Mas como adultos
Se amaram ali mesmo,
Entre as sombras das árvores frondosas,
Os bois cansados,
E a carroça cheia de feijão.

Abraçados e unidos,
Terminaram o ato de amor,
E de mãos dadas pularam
Sobre as palhas cheias de feijão,
Até malhar ele,
Ou seja sair da casca cada grão.
- quer um feijãozinho pela ajuda
Vizinho?
- claro que sim.
Ele respondeu com um beijo.
- você janta comigo?
Ele encerrou de pronto.

Roçador


Ela pegou as cordas dos bois
E puxou com cuidado,
Fez a carroça diminuir velocidade,
Elevou o pé até a porta da frente
Da carroça,
E empinou a bunda gritando:
- e aí vizinho,
Chega aqui e me faz um carinho,
Faz tanto que o estimo,
Mas tão esquivo o tenho.

Ela disse em som mais elevado
Que os solavancos das rodas
Feitas de ferro e madeira
Faziam sobre a estrada de pedras.
Então, pôs a mão no cós da calça
E fez gesto de abrir,
- vem, eu gosto de você!
Então, deu dois tapas da bunda
Do boi a direita,
Bem treinado no desempenho
Do seu trabalho
E se jogou sobre suas costas,
Posicionando-se de maneira
Que sua bunda ficasse exposta
Por completo,
Jogada no ar,
- estou pronta pra ser sua.

O vizinho soltou a foice
E parou de rocar as guanxumas
Da frente de casa
E correu para aquela mulher
Tão amada e esperada,
Chegou na beira da estrada,
Pegou nas madeiras do lado
Da carroça,
E se impulsionou e se jogou para dentro,
Abraçando a moça,
Enquanto a amava em loucuras,
Suavidade e solavancos,
Segurando seu corpo para não ferir
Contra as madeiras e a força do boi gordo.

- eu te amo.
Ele disse com força,
E fez parar os bois para ter mais tempo
Com está que amou por toda vida.
Casaram-se,
E o bezerro filho deste boi,
Foi usado para churrasco
Para animar a festa
E comemorar união.
E da vaca mãe dele,
Foi retirado leite
E usado para o bolo!

Beijo no Batatal

Ela estava agachada,
De camiseta comprida,
Calça jeans desgastada,
Cheia de picão preso a roupa,
Nada sexy,
Tipo colona perfeita.
Convenhamos:
Nenhuma garota iria querer ser pega
Desta forma,
Com terra na cara,
Terra na boca,
Terra na bota,
Terra por ela inteira.

Mas quando juntou sua primeira batata,
Vermelha de aproximados 2 quilograma,
E jogou para trás
Com força medida,
Sobre a bolsa que trouxera,
Bateu em algo
E ouviu um farfalho.

De pronto juntou um galho
E virou-se para acertar o que fosse,
Pensou que se tratasse de uma cobra,
Mas era um homem,
Lindo de terno limpo,
Medido a dedos,
E sapatos.
Absolutamente lindo.

-Uau. Me desculpa.
Eu quase o acerto.
Ele deu um passo para trás,
Quase caiu entre as vergas da terra frouxa,
Entre assustado
E algo no olhar,
Uma espécie de desejo feroz,
E quando falou foi avassalador:
- caramba, como você é perfeita!
Uma mulher trabalhadora,
Vestida assim,
Me desculpe,
Não consigo resistir.

Ele a puxou para si,
Pulou sobre a próxima verga,
Tocou no botão da sua calça,
Abriu sem mais palavras,
Nunca tinha lhe faltado frases,
Mas desta vez,
A urgência do desejo
Lhe fez economizar palavras
E desmedir os atos.

- diga que não, por favor,
Caso você não queira.
Ele se entregou aquelas mãos macias,
Dedos finos e ágeis.
- Oh, por favor,
Me toque, eu o quero!

Então, ambos abraçaram-se
Intenso, fortes e audaciosos,
Jogaram as roupas sobre os baraços
De batata,
Não se importaram com mais nada,
Apenas estarem um no outro,
Num encontro de sonhos,
Desejos e distâncias.

30 Dias

Namadinha- A Sedosinha

Namadinha é esposa de Masharey,
Namadinha a galinha,
Tem três anos de idade,
É peludinha,
Pequena e fofa,
Suas cores são cinzas e pretas.
Olhos castanhos terra
Banhada de sol.

Linda menina,
Decidiu certo dia ser mãe,
Pôr muitos ovinhos,
Chocar todos eles,
E dali sair seus filhinhos.
Muitos pintinhos.

Então, ela ergueu suas asinhas,
Abraçou Masharey,
E deu um beijo em seu bico,
Por alguns segundos,
Depois disso foi para o sofá,
E ali mesmo fez seu ninho.

Namadinha – a sedosa,
Ao invés de penas possui
Uma espécie de penugem,
Num formato de pelos espessos,
É baixinha e gordinha,
Corre por entre a grama,
E gosta de verduras, vegetais
E ração de milho.

Ela colocou um ovo,
Já no outro dia colocou outro,
E assim foi Namadinha,
Um, dois, três ovos,
Quatro, cinco, seis ovos,
Sete, oito, nove ovos,
Dez ovinhos,
Então, descansou ali seu corpinho
E chocou,
Cuidou de cada ovo,
Mexeu eles,
Juntou todos,
Aqueceu em cada dia,
Dormiu, acordou
Sempre no mesmo lugar.

Comeu e bebeu pouco,
Se dedicou muito mais aos ovos,
Deixou de seus longos passeios,
E ficou cada dia e cada hora
De um mês,
30 dias,
Ali com seus ovinhos.

Masharey ia e vinha.
Olhava,
Beijava sua cabeça,
E seguia.
Cuidava de todo o redor,
Se preocupava com ela,
E com os ovinhos.

30 dias depois vieram lindos
Dez pintinhos,
Pretos e amarelos e fofinhos.

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Cara Cruel

Existem caras bons,
Existem caras mais,
Mas este do qual falo,
Foi cruel,
Amargo e debochado.
Ele queria a moça,
Esforçou-se,
E existindo outra,
Quis a outra,
Nada o deteve,
Não importou-se com critérios,
Idade, respeito ou números,
Quis beijar a força,
Retirar sua inocência,
Queria engrandecer-se.

A soberania para ele,
Vinha da inocência da menina,
E ele a queria, queria e queria,
Mesmo com a negativa dos pais,
Não se deteve,
Pensou que tendo-a
Ele seria melhor,
Um melhor homem,
Um sujeito decente,
Um bom rapaz.
Mas boas garotas
Nem sempre conseguem fazer
Bons rapazes,
Dizem que isto vem de casa,
Da educação,
Da família que o sustentou,
Ele não se importou,
Rasgou sua roupa,
Feriu sua pele,
Segurou o máximo que pôde,
Tentou conte-la,
Mantê-la.

Triste,
Ela jogou-se na estrada,
Impedida de passar,
Sem ter como fugir,
Tentou falar,
Queria mostrar a ele,
Que amor não vem nem por força de vontade,
Amor é conquista,
Amor é castidade,
Amor é o ato de querer,
Jogou-se na terra e nas pedras,
Chorou tanto que fez poças
No seu redor,
E chorou até as horas correrem,
Chorou até seus olhos arderem,
Chorou,
Quis chorar toda a dor,
E cada vez que tentava
Olhar para cima
E decidir se seguia,
Se depara a com ele,
Parado a sua frente,
Debochado,
Estúpido,
E chorava mais,
E chora até hoje
Com o simples lembrar da história.

Mas como toda moça bonita
Encontra forças
Não se sabe da onde,
E simplesmente deixa pra chorar mais tarde,
Guarda as lágrimas e segue,
Ela não foi em nada diferente,
Mas antes que pudesse seguir,
Ter coragem de olhar para ele
E partir,
Ele agachou-se,
Juntou as lágrimas do seu redor,
Junto com a terra molhada
E as pedras,
E jogou a lama contra sua cara,
Esfregou em seu rosto,
Usou de sua força
E jogou dentro de sua boca,
Lágrimas, terra e pedra,
Isto fui tudo que ele foi capaz
De lhe dar,
Foi o máximo que fez
Diante da atitude dela,
Queria?
De que forma?
Maldito cara cruel,
Cortou seu rosto para sempre,
Mas conseguiu resistir-lhe,
Ou ela aprendeu a correr bastante,
Ou então, as duas coisas.

Deste cara, Lúcifer, não gostou.
Outros ele suportaria,
Este ele excluiu.
Dizem que o partiu,
Trata-se do cara que o diabo que o parta,
Ninguém quer próximo
Pra mal ou bem,
Distância e o pior que o detenha.

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Satisfação

Ela entrou sem bater,
Andou da melhor forma,
Como ensaiou a noite
Em seu espelho redondo
Em frente a cama.

Deu suas passadas
E posicionou-se a sua frente,
Ele levantou o olhar
Estranho mas não impaciente.
Sem conseguir falar,
Ela aproximou-se,
E colou o decote da camisa
Branca, transparente
Em sua cara.

- Olá, entrei sem bater.
Ele olhou intrigado.
Parecia não estar vendo-a,
Um tanto embasbacado.
- quando me candidatei
Ao trabalho,
Tive as melhores intenções,
Mas não o planejei como meu chefe.
Desculpa.
Foi sem intenção
E sem pedido algum
Que me apaixonei.

Ela não esperou resposta,
Encostou o seios em sua boca,
Soltou os documentos
Que veio trazer sobre a mesa,
Colocando-os de lado,
Sentou-se sobre a mesa dele,
Abriu as pernas e o encaixou,
Por entre sua saia.

Afastou a calcinha
E pôs a tocar-se.
- me desculpa a ousadia,
Mas desde a primeira vez que o vi
Sonho em provar sua boca,
Transar com você por longas horas
Insaciáveis,
Eu preciso me tocar,
Até mesmo seu cheiro me convence.

Então, ela pôs a mão direita
Dentro de sua vagina,
E com a esquerda puxou seu rosto
Até bem próximo:
- diga, diga que me quer.

domingo, 10 de novembro de 2024

Sorriso Lindo

De olhos serenos,
Feito o sereno do luar,
Que em doces e frias gotas
Despencam da lua,
Feito vagalumes que se desprendem
Em lindas noites de estrelas,
São mil gotinhas,
Mil serenos ao luar.

Para os enamorados
Um convite a gentileza,
Gentil olhar senhor,
Me ganha a admiração,
Lábios roseados,
Parecem pétalas de flores,
Obrigada senhor
Eu gosto de ficar onde estou
E saber que posso esperar
E você vem
Com efeito lua,
Luz e brisa fresca.

Doce sereno a iluminar as folhas,
Você traz ar fresco,
O mais puro frescor
De jardins em desertos,
Único em seus mistérios,
Allah diz: é a vida!
Eu baixo a cabeça e concordo.
Quem duvidaria de suas palavras,
Crenças e atitudes?
De todos é o mais correto,
Íntegro em postura.

O calor faz suar,
Faz duvidar,
Só quem caminha a sol pleno,
Entende bem o que o sol traz,
Quem acha que toda noite de lua,
Traz frescor pra toda alma,
Engana-se.

O frescor vem de seu olhar,
Escuros olhos da noite,
Toca as folhas,
Faz as flores,
Ilumina a noite escura,
Vejo o escuro com seus medos
E a incerteza do perigo,
Penso: é ele, ele está comigo!

Imagino seu abraço gordinho,
Seu apertar forte e seguro,
Me vem o aconchego de sua barba,
Eu penso não são vultos,
São árvores a crescer,
É como sua barba a cobrir o rosto,
Um toque de unicidade,
Uma gentileza ao redor da face.

Doce rosto emoldurado,
Tão perfeito desenhado,
Com cabelos espessos
A percorrer sua pele marrom,
Eu digo a Allah,
Obrigada Senhor,
Não é bom sonhar tanto com estrelas
E estar presa a terra,
Por não poder alcançar.

Então vem você,
Próximo e distante,
Belo até o luar,
De sorriso cativante!

Masharey - o atirador

Masharey – o atirador
Masharey é um galo esperto,
Ele é chinês,
Mas se parece mais com um árabe,
Aqueles vasos egípcios
Coloridos onde se colocam
Apenas as mais lindas flores.

Ele tem pena longas finas e grossas,
Vermelhas, amarelas e enegrecidos,
Mas com um detalhe,
As enegrecidos são azul esverdeadas.
E seus olhos são amarelos ouro,
Com pigmento verde água doce.

Lindo garoto de gênio forte.
Sempre que Pitelmario – o patinho,
Está por perto,
Ele precisa ficar atento,
Olha de um lado,
Olha do outro,
Olha pra frente,
Olha para trás,
Pitel chega a planejar o vôo,
Tamanha a estratégia de Masharey.
Que tudo cuida,
Com todos divide o alimento
E para todos ele cede a água.

Masharey, não poucas vezes,
Aproveitou a desatenção do Pitel
E voou na direção de suas costas,
Apertando ele e picando
Com seu pico esperto,
Fez até sair sangue,
Mas também fez sair o berna
Que estava fazendo mal a Pitel,
Assim, Pitel ficou dolorido,
Medroso, mas muito mais forte.

Agora Pitel, maior em estatura,
Garoto voador,
Ajuda Masharey a cuidar do quintal,
Masharey cuida pela terra,
Pitel vai pelo ar,
Ambos, meninos inteligentes
Protegem-se e protegem suas famílias e amiguinhos
Que são mais pequenos,
Galinhas, pintinhos,
Patinha, patinho, patinhos.

E a coruja sentada no pé de araticum
Tudo viu
E com tudo ficou feliz,
Agora ela mora próxima deles
E sente-se segura e protegida
Comendo o mamão.
Ela grita olhando pra eles:
-beeem certinhoooo.

sábado, 9 de novembro de 2024

Atitude Sedutiva

- prefiro que você me beije.
Ela disse,
Se aproximando por trás dele,
Levando um braço em seu peito,
Tocando em sua camisa,
Penetrando o vazio
Entre um dos botões,
E tocando sua pele.

Rápida,
Ela se aproximou
E foi olhando-o fixamente
De frente.
Os olhos dele
Se iluminaram assustados.
- o quê?
Ele indagou com lindos
Olhos claros iluminados.

- isso se encaixa melhor nos planos.
Ela sorriu,
Subindo a mão
Por debaixo da camisa,
Aproximando seus lábios
Dos dele com malícia controlada.

- de quê você fala?
Ele indagou
Baixando a cabeça
Em sua direção
Quase roçando em seus lábios
Deixando-a trêmula e sedenta.
- de me levar para tomar café.

Briga de Rua

Este é o tipo de coisa
Onde ninguém sai vivo.
Eu bati,
Bati como se eu fosse
Inteira ossos,
E nunca pudesse quebra-los.
Bati como se não houvesse dor.
Apanhei tanto que cada partícula minha
Foi capaz de gritar,
Senti minha carne dilacerar
Entre socos e unhadas,
Chorei sem querer,
Gritei sem medida,
Até sentir meu sangue.

Após ver a primeira gota
Entre meus dedos,
Eu vi que não adiantaria,
Não haveria um vencedor,
Talvez, eu já estivesse morta.
Ela juntou uma arma,
Uma madeira grossa,
Desferiu contra meu braço,
Havia um prego na ponta,
Ela atirou contra a minha cabeça.
Eu bati,
Me esquivei e bati
De mãos limpas,
Era osso contra madeira,
Madeira contra osso,
Osso contra ferro e madeira,
Osso contra osso.
Eu quis correr,
Eu não soube quem seria mais rápida,
Eu quis me esconder,
Eu percebi que não teria escapatória,
Ela estava por todo o lugar,
Conhecia cada rua,
Até suas pedras,
Ela se agachou para juntar uma...

(Bem).
A moça procurava briga,
Eu percebia,
Eu quis fugir,
Resolver de toda forma,
Ela fez represália,
Usou de artimanhas,
Eu sempre sozinha,
Ela acompanhada,
Eu magra e amedrontada,
Ela treinando movimentos e porrada.
(Porra).
Decidi pôr no papel o meu fim,
Quis contar,
Dar providências
A quem quisesse ler
E saber de quê morri.
Você achou que ela não fosse capaz?
Bem, posso adiantar o final,
Eu saio até a esquina,
Para ir ao supermercado
Ou algo casual,
Ela fecha o asfalto,
Sem tiros pro alto,
Apenas socos e pontapés na cara,
Ela disse:
Odeio seu rosto
E as roupas que você usa!
Ela me retira de dentro do carro,
Me bate e me atropela
Usando ele mesmo.

Final drástico e terrível,
Está sempre com outras garotas,
E até com garotos,
Eu não,
Eu opto por não me rebaixar
A buscar por companhias falsas,
Apenas para fazer número
E arruaça,
Eu gosto de ser sozinha,
Estudar e ter outros meios
Para me divertir,
Agredir não é meu objetivo.
Em outra mão,
Socos, pontapés e madeira,
Não é pra qualquer um
Aguentar não!
Suor a escorrer
E se misturar a sangue,
E então, a pedra,
Sobre nossos pés,
Fácil de ser removida,
Usada e atirada,
Uma única pedra ou tantas,
Na distância de um esquivar,
Ou abaixar-se,
A rapidez do ato,
O intuito do fato.
Você soube antes de chegar
Até aqui
Sobre o que escrevi,
Se você leu com atenção,
Então, você já pode adiantar o fim.

Não houve o carro,
Nem cheguei ao supermercado,
O previsível brigas, socos e madeira.
(Então, a pedra).
Perto dela,
Próxima de mim também.

Torrentes de Água

Choveu por toda parte, A chuva embaçou o para-brisa, Deixou cega a toda vista, E retirou-a de seus devaneios, Assim que lama...