quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Wolverine

Conta uma história antiga,
Que nem sempre a lua foi tão solitária,
Houve uma época que ela teve um amante
E toda noite eles passeavam juntos no céu,

Ele era um anjo que habitava a abóbada celeste,
Mas certa vez, 
Um espírito ficou com ciúmes,
Porque queria se apossar da lua,

Então ele falou para o anjo que ela havia pedido flores,
E isto era algo que apenas a terra possuía,
Assim, ele partiu apaixonado, buscar rosas selvagens,
Mas ele não sabia que se caísse do céu,

Não poderia mais voltar,
Então ele encontrou rosas brancas,
Que eram puras como ela,
Mas mesmo desejando com toda emoção,
Não conseguiu retornar a constelação,

Mas toda noite ele olhava para o céu e via a lua,
E chamava o nome dela,
Mas ele nunca mais pode tocá-la,
Então a lua se entristeceu,

E se perdeu na sombra celeste,
Ele era o Wolverine,
Por triste ironia,
Suas rosas floresceram apenas uma vez,

Mas ele continuou a esperá-la dia e noite,
Enfrentando o sol que queimava sua face,
Molhada de lágrimas
E a saudade que consumia suas forças,

Permaneceu no mesmo lugar,
Sentado com as mãos sobre os joelhos
E a cabeça apoiada sobre elas,
Feito um prisioneiro do amor,

Então o sol se compadeceu
E enviou a terra um anjo seu,
Ela era uma mulher linda e meiga,
Cheia de calor e bondade,

E pela primeira vez ele desviou seu olhar,
Assim que ela se aproximou dele,
Olhou-a com uma emoção desenfreada,
Até então desconhecida,

Então seu coração começou a pulsar,
E a vida penetrou sua alma,
Logo, a moça secou suas lágrimas com uma carícia,
E feito mágica,

Seu choro subiu para o firmamento,
Encontrando o céu e tornando-se inúmeras estrelas,
Ele lhe respondeu com um sorriso,
E olhando-a com seus olhos negros e sombrios,

Percebeu pelo reflexo em seu olhar
A lua ficar metálica
Ainda coberta pelo manto das sombras,
Como se fosse uma lua nova,

Assim, seu coração respondeu ao brilho solar do olhar dela,
E a cor da noite dos seus olhos cedeu lugar ao azul do dia,
Um botão surgiu em sua rosa branca,
Assim que ele tocou sua mão,

Que ainda o acariciava
Isto acelerou seu coração,
Apresentando uma emoção desenfreada,
Porque ele nunca havia tido pulsação,

Muito menos sentido seu corpo tomar forma,
Como se tivesse se encontrado,
Então o sol sorriu e seu brilho percorreu o firmamento
Encontrando a lua metálica

E fazendo-a ressurgir,
Pela intensidade do seu sentir,
Porém, ela brilhou gelada,
Se ascendendo levemente,
Impulsionada por um sentimento crescente,

Então ele levantou e a abraçou,
Envolvendo-a em seus braços com todo seu amor,
Sentindo-se protegida,
Ela viu o brilho das estrelas em seu olhar,

E no céu se formaram planetas,
Então, a lua brilhou completa,
Afastando da noite as sombras
Enternecido pela vida em seu olhar,

Ele se aproximou beijando sua boca,
Eis que toda flor da terra floresceu,
Então a lua se emocionou
E fez suas fases para prestar homenagem,

Se tornando minguante,
Para demonstrar que amou com toda intensidade,
E por ser um sentimento de verdade,
Ao perdê-lo se entregou ao escuro da noite,

Depois, ao ser apresentada ao amor solar
Retornou em lua nova,
Fazendo toda a terra germinar,
Espalhando amor e vida,

E seguiu com todas as suas fases,
Apresentando seu amor aos apaixonados mensalmente,
Porém, ressurgiu metálica,
Para refletir até mesmo na luz do dia,

Mas brilhou gelada,
Para guardar seu primeiro amor na lembrança,
E demonstrar a importância da presença de quem se ama,
Então, guardou consigo o encanto do mistério,
Feito um feitiço aos apaixonados,
É por isso que até hoje os amantes ainda olham para a lua.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Amor á Primeira Vista

Há vinte anos,
A sombra da floresta era tão viva
Que parecia que sussurrava aos seus ouvidos,
Enquanto os padrões sociais corriam como o luar na água

A cada passo que dava,
Então ele empunhou sua espada e levantou ao alto,
Mais afiada que o aço de qualquer outra navalha,
Dava vida ao seu sorriso desafiador,

Fazendo o azul dos seus olhos profundos
Cintilar ao luar como um cristal,
Um azul que queimava feito o gelo,
Um cristal que se estilhaçava para dilacerar,

Enquanto o luar afagava seus cabelos loiros
E corria frio ao longo do metal da espada,
O vento acariciou seu rosto,
Por um segundo ele se atreveu a ter esperança,

Então prosseguiu para a batalha,
Com a respiração obscurecendo o luar,
E a coragem buscando algo em que acreditar,
Ao encontrar o inimigo camuflado em sua armadura,

Entre as sombras da floresta,
Ele trespassou sua malha com um único golpe,
Fazendo seu sangue jorrar gotas vermelhas
Feito fogo na neve.

Há dez anos,
Ela andava por entre as sombras,
Com seus cabelos escuros camuflados,
Sua pele era cor terra,

E assim como ela: atraente e fatal,
Seu corpo era capaz de germinar a vida,
Ou condenar a morte lenta,
Seus olhos amarelados na cor do sol,

Derretiam-se em lágrimas para queimar
E solidificavam-se em bronze para poder estilhaçar,
Sua voz metálica aveludada
Se tornava felina e escarnecedora,

Feito uma máquina programada para matar,
Corroíam, perfuravam e minavam
Os seus beijos, com seu líquido ácido,
Forjava seus punhos no aço,

Moldava seus passos em chumbo,
Por caminhar em um campo minado,
De um mundo desumano,
Eis que certo alguém decidiu violentar seu corpo,

Manipular com ameaças e impulsos o seu cérebro,
Então, com um tiro certeiro e seco,
Ela condenou seu inimigo ao solo,
Maculando de sangue seu vestido.

Atualmente, as coisas não se distanciaram,
Ditadores e humanos
Lutam pela coexistência,
Enquanto uns procuram unir o mundo,

Outros buscam saciar a ganância,
Mas nenhuma das estratégias prevalece,
Porém, quando o conflito chega a um impasse,
Algo inevitável acontece,

E isto altera o equilíbrio para sempre,
Aconteceu que no dia do conflito,
Em que ela se colocou contra o ditador reinante,
Certo homem se pôs em seu caminho,

Com olhos lindos feito cristal de diamante,
No calor da batalha,
Ela atirou sem pensar em quem era,
Mas ele desviou no aço de sua espada,

Atingindo o inimigo comum com a bala ricocheteada,
Fazendo-o tombar em terra seca,
Vendo que ela continuou a atacar,
Eles lutaram até ele conseguir imobilizá-la,

E se apresentar para demonstrar que não era inimigo,
Pois ele também lutava em defesa da raça humana,
Mas vinha de outro local do conflito,
Por isso ela não o havia reconhecido,

Em tudo isso, o que ela achou mais estranho,
Era que ele possuía nos olhos
O gelo e encanto do luar,
E ela o calor e esplendor solar,

Quando seus olhares se encontraram,
Pareceram cintilar,
Parecia que eles se completavam,
Então, achou errado comentar,
Mas lhe pareceu amor á primeira vista.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Amor

-As 13:15 do horário local,
O tumulto se inicia na capital,
As cenas nos mostram aqui de cima,
Que não há um cérebro para ser lesado,

Espere um pouco, aproximamos as câmeras,
Por Deus, estamos a caminho do regresso?
Só nos resta esperar pelo homem do futuro,
Espero e rezo,

É triste ver a cidade destruída por uma doença,
Que manipula as pessoas,
Programando-as feito máquinas,
Transformando seres humanos em palhaços doidos,
Por Deus e agora, o que esperar da raça humana?
Noticiava o jornalista ao vivo,

Mostrando a multidão aglomerada no centro da cidade,
Trancando as ruas, parando o trânsito,
Depredando e roubando lojas e automóveis,
Sob a luz do dia, um estupro acontecia,
Pessoas passavam, fechavam os olhos 

E trancavam as portas,
Enquanto a violência e as drogas
Se espalhavam feito pólvora pelas ruas,
- Parece estar quente em uma cidade fria –

Uma voz feminina lhe chamou a atenção,
Desconectando-o de sua televisão.
- Por quê? Você tem algum plano? – lhe perguntou.
- No momento? Não sei se atiro ou me apaixono- ela respondeu.

-Então parece que temos algo em comum –
Ele disse convidando-a com um gesto
Para se sentar ao seu lado no sofá,
- Eu seria de gelo se não me preocupasse com nosso futuro-
Ele continuou sem esperar por sua resposta.

- Pois é, um lubrificante para nossa ferrugem,
Parece que encontramos nosso objetivo hoje –
Ela continuou, oferecendo a mão para que ele se levantasse,
Então ficaram parados olhando-se, frente a frente,

- Gostaria de descobrir quem é o homem por trás da roupa preta,
Com punhos de aço e botas de chumbo,
Talvez pudesse me ajudar a encontrar
A mulher que sou por trás da maquiagem –
Continuou sedutora, 
Passando um dedo em sua vestimenta,

Deslizando sobre seu peito,
- Não uso máscaras, apenas acredito na vida
E luto por ela, pelo direito a construir uma família segura,
Por isso busco reerguer os valores da sociedade,
Alçar a honra, o caráter, a dignidade...

Sou um ser humano de verdade,
Busco estabelecer a integridade,
O respeito e o valor ao ser humano,
Por seu caráter de humano,

Posso ser um sonhador,
Mas ainda acredito no amor...
- Eu sei, é por isso que te amo, -
Respondeu ela, com lágrimas nos olhos.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Depoimento

Vou deixar este depoimento,
Para documentar este momento:
É proibido voar,
É vedado sonhar,

Avisam as placas da cidade,
É necessário seguir o padrão,
Do modelo estabelecido em sua série,
Independente do que fala a alma ou o coração,

Porém, o sistema falhou,
Com isso, a comunidade se desintegrou,
A fome bateu à porta da capital,
E os predadores saíram à caça,

Abandonando sua condição humana,
Cegos à procura de uma presa,
Porém, erraram os céticos,
Emudeceram-se os cínicos,

Quando uma voz em meio ao caos urbano,
Se assustou com o que viu,
E gritou por respeito,
Por não gostar do que sentiu
Ao ver o ser humano reduzido à condição de eversivo,

Então este estranho excluído,
Foi noticiado de lunático a heroico,
Porque achou errado ver o povo educado
Para ser manipulado por um sistema corrupto,

Negando sua condição humana
De degustar o cálice da vida
Com qualidade suficiente para ser considerada digna,

Por recusar-se aos resíduos tóxicos
Das fábricas de produção em massa,
Que coisificam os seres humanos,
Feito máquinas programadas,

Diante disso, assinam duas testemunhas
Para garantir a veracidade do manuscrito,
Que garante a validade das condutas
Propostas a alcançar:

A liberdade de ações,
A igualdade de condições,
A fraternidade entre as nações
E a paz aos nossos corações.

Beijo Ácido

- Até logo sua indiferente –
Disse o malfeitor,
Para a moça detentora de dignidade
Que acreditava no amor,

-Há motivos para ter medo,
Já não sou um ser humano,
Sou um monstro disfarçado,
Que busca criancinhas em seus berços seguros,

Entra em seu sono profundo,
E movimenta seu psicológico,
Através de sussurros e estímulos,
Para jogá-las em um lamaçal profundo,

De medo, terror e pânico,
Sufocá-las em um túmulo encharcado,
Escuro, frio e profundo,

Não espere pelo ídolo do futuro,
Seja de metal ou chumbo,
Vestindo negro ou qualquer outra cor,
Porque eu manipulo esta cidade com astúcia,
Sou dono da justiça e de suas vidas,

Acredite, há motivos para ter medo...-
Continuou o demente disfarçado,
Até a moça interrompê-lo:
- Sou uma pessoa humana,

E meninas boas vão para o céu,
Por mais que você tenha tentado me arruinar,
Restaram ainda duas vidas,
Guardarei uma para o próximo Natal,

Mas enquanto isso,
Que tal um beijo,
- Encerrou a moça com um beijo ácido,
Destilando três gotas de veneno,
Cujo líquido derreteu seu peito,
Consumindo lentamente o sujeito maléfico.

Reconhecimento

Luzes se acendem e outras se apagam,
Não é uma ameaça,
São apenas números,
Uma ironia trágica de destinos perdidos,

Em que as pessoas são separadas conforme seus objetivos,
De um lado o homem de negócios, respeitado e bem sucedido,
Trancado em seus muros de ouro,
Protegido em seus tetos de vidro blindado,

Sedado em seus aposentos refinados,
Perdendo sua vida ao cancerígeno
Expelido por suas próprias fábricas de dinheiro,

De outro lado o povo servidor,
Ora escravizado, ora manipulado,
Seres errantes e até desumanos,
Educados pelo sistema social corrupto,

Condenados a um sistema carcerário falho,
Ambos são considerados monstros,
Por enriquecerem ilicitamente
A custa de seus corpos e valores,

Mas existe ainda,
Aquele que se recusa a ser cúmplice deste sistema,
Que corrompe o ser humano,
Roubando suas vidas,

Ele luta munido por sentimentos como força e honra,
Por acreditar na raça humana,
Mas ao clamar valores contrários ao sistema deturpado,
Ele se sente estranho e por alguns é até excluído,

Pois o povo educado pela imoralidade
Se recusa a libertar-se do comodismo,
Por estar carente de dignidade,

De fato tudo isso não é um pesadelo,
E pessoas realmente vivem somente por atenderem a objetivos,
Estão desconectadas de seus próprios sonhos,
Destituídas de suas próprias vidas,

Eu me encaixo no grupo de pessoas
Que se recusa a submissão humana,
Que luta pelo reconhecimento e valoração das pessoas,
Pelo respeito a nossa humanidade básica.

domingo, 17 de setembro de 2017

Princesa do Gelo

A cidade estava iluminada,
Feito um tapete de estrelas,
Ao longe o uivo de um lobo cortou a noite,
E o vento frio arrepiou a pele,

Como um presságio de algo nocivo,
Seus lábios se tornaram ácidos,
Como se o próprio vento escondesse algo maligno,
Então, fechou suas mãos em punho,

Logo que gritos irritados
Chamaram sua atenção,
Vindos de um confronto
Que ocorria a direita de sua direção,

Desta feita, ela se aproximou mordaz,
Escondida por entre as sombras,
Chegando a tempo de ouvir o desfecho da conversa
Que resultou em uma briga violenta,

Entre dois homens,
Onde o malfeitor queria roubar o outro
E depois estuprar seu corpo,
Frente à recusa, resolveu agredi-lo até a morte,

Vendo o homem ensanguentado,
Com o rosto e punhos feridos,
Ela juntou uma madeira que estava solta na rua,
E gritou para parar a briga,

O bandido aproveitou o descuido
E com um soco derrubou o homem no solo,
Depois se referindo a ela com malícia
Indagou-lhe sorrindo,
- Quem é ela? Não sei se atiro ou me apaixono.

- Sempre confundindo pistola com genitália –
Ela respondeu felina,
Nisso o rapaz se levantou secando o sangue do olho direito,
E investiu com um soco sobre o perverso usando toda sua força,
- Princesa do gelo,
Respondeu ela, desferindo um golpe com a madeira
Em sua cabeça com justeza,

Deixando-o inconsciente naquele solo,
- Obrigado - agradeceu o vitimado,
- Mas como você me encontrou e se arriscou para me ajudar?
- É uma longa história – respondeu ela,

- Poderia arrumar um tempo?
- Estou na lista telefônica – respondeu se apresentando.
- Então, estarei tentando, - disse se identificando com um sorriso,
- Ok, mas talvez me encontre trabalhando - respondeu rindo,

Ambos dialogavam indo em direção à saída da rua,
-Está indo? – ele indagou ao vê-la se aproximar de um táxi,
- Não. Você está – ela respondeu abrindo a porta,
E fechando após lhe ver acomodado.

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...