sexta-feira, 16 de abril de 2021

Estou Chegando Amor


Você sabe, meu amor, que sempre que está distante,

A preocupação me toma por inteira, enuvia a minha mente,

De alguma forma me preocupar lhe trás mais perto,

De outro lado, coloca uma interrogação entre nós,

Poderia estar aqui fazendo planos para mais tarde,

Ao invés disso estou me sacaneando em saudade,

 

Se trair é um sentimento ruim, não pecaria com isso,

Mas, pensar em falso sobre nós não seria o mesmo?

Minha concepção se restringe aos segundos que passamos,

É como se todo o tempo juntos ainda fosse pouco,

Seria uma declaração se me contentasse com o que temos,

Mas veja, meu anjo, eu quero sempre mais que isso,

 

As vezes, me parece que estou te pressionando,

Roubando sua liberdade, seus instintos masculinos,

Isso me soa pesaroso sempre que lhe roubo de si mesmo,

Não sou perfeita, você sabe, cometo muitos erros,

Mas aprisionar você usando o que você sente é desastroso,

Me sinto perde-lo aos poucos enquanto o vejo em meus braços,

 

Um corpo errante por entre os cômodos, não mais que isso,

Seu sorriso está diferente, seu rosto demonstra sofrimento,

O amo da mesma forma que antes por isso me preocupo,

Não quero ver nosso amor se perder por entre os espaços do beijo,

Desejo que esteja ao meu lado em cada momento,

Para todo o sempre como foi prometido desde o primeiro afago,

 

Mas, existem boas razões para que eu não lhe roube de si mesmo,

Veja bem, seu corte de cabelo é o que você gosta ou o que prefiro?

A cerveja que você toma não é a mesma marca de quando nos conhecemos,

A forma como nos beijamos aparenta que está sempre buscando algo,

Lábios unidos um ao outro e pensamentos vagando pelo infinito,

Que unamo-nos pelo menos através dos sonhos que sonhamos,

 

Estou a pensar que há sempre algo que nos prenda, seja o que for,

O horário para dormir, acordar, se alimentar ou ir ao trabalho,

Há um botão que estimula nossas atitudes do início ao fim do dia,

Existe algum benefício em nos manter programados ou podemos oscilar?

Presos em ideias, despertando-nos para os atos a reverencia-las,

Esses estigmas ocupam um lugar de destaque, me faz notar sua ausência,

 

Querido, veja que o sinto como se fosse uma dependência,

A cada noite nos beijamos, dizemos eu te amo e dormimos,

As vezes, com a mente povoada de sonhos outras vazia e escura,

Pela manhã liga-se o botão do despertar e tudo retoma o modo repetir,

Isso não me faz te amar menos, nem te amar mais que antes,

Mas, me leva a procura-lo sempre mais a cada instante,

 

Como se a saudade fosse ruim, como se a distância apenas ferisse,

Horas ou segundos, sinto uma necessidade de vigiá-lo,

É como se houvesse uma quebra de confiança em nossas faces,

Chorei a vez em que olhei seu rosto e procurei por vestígios de algo,

Não quero que pense que perdi o respeito que sentia por nós,

Muito menos que coloquei em dúvida a maneira como foi educado,

 

O seu rosto preocupado me faz sofrer, isso elimina minhas maneiras,

Parece que adiantar a preocupação do dia seguinte tem tido importância,

Importância significativa a ponto de roubar nosso tempo de estar juntos,

Essa situação embaraçosa me fez refletir sobre o que tem acontecido,

Sinto que estou focando nos problemas e procurando-os pelos cantos,

Vejo que chego ignorar as respostas como se as considerasse óbvias,

 

Feito um vício em sofrimento, buscando motivos para reprimirmo-nos,

Note o quanto somos rápidos em apontar os erros um do outro,

Outro dia eu vi açúcar derramado sobre o assoalho,

Ele estava derretido como se fosse da noite anterior,

Se eu lhe apontasse este fato você buscaria fazer o que primeiro?

Apontar o culpado, buscar resultados ou me abraçar um pouco,

 

Acho que preciso mais do nosso abraço, me sinto desestimulada,

O que você nos sugere? Que tal apenas um abraço sem pensar em nada,

É possível ceder-nos algum tempo para apenas ficar juntos?

Não gostaria de decidir nada sem contar com sua contribuição,

Minha perspectiva parece estar distorcida, digo isso com lágrimas nos olhos,

Você acha que estou punindo-nos por ideias em distorção?

 

Acumulo detalhes sobre você como se fossem importantes,

O problema circunda o fato de que antes o motivo determinante

Tinha o intuito de unir-nos, de declarar o meu amor por você,

Mas, agora parece separar-nos, fazer me apegar a saudade,

Querido, tentei te ligar mas você não conseguiu atender,

Espero que não se ofenda por eu dirigir com o celular na mão,

 

Estou pegando o elevador, me dirigindo ao seu escritório,

Embora não tenha horário marcado, espero vê-lo,

É próximo ao meio-dia, poderíamos almoçar juntos,

Tenho uma proposta de trabalho a lhe fazer,

Espero que você não se ofenda, gostaria de trabalhar para você,

De preferência sem excessos, apenas auxiliá-lo no que puder,

Te amo da sempre sua, - mais um instante,

Uma porta se abre e um rosto não se surpreende.

quinta-feira, 15 de abril de 2021

Em Minha Mão, Nossos Sonhos...


Reconhecer o quanto o amo, confesso é difícil,

Perdi o contato com aquela pessoa feliz que fui um dia,

Desenvolvo o que sinto ao vigor dos seus atos,

Meu anjo, entenda minha liberdade se vê açoitada,

Você tenta julgar e controlar tudo que faço,

Amor, assim, não me sinto inteira em sua vida,

 

O que eu sinto em muitos aspectos é diferente de tudo,

Você parece não saber me interpretar ou fazer parte do meu mundo,

Que erro existe em meu coração para que não o aceite como ele é?

Sou tão incompleta que sempre que vê me deseja um pouco diferente?

Querido, e quando estamos distantes, você realmente pensa na gente?

Existe uma bela diferença entre amar e querer bem, me entende?

 

Há uma bandeira erguida sobre as suas vistas, em que ela acredita?

Meu anjo, eu o amo desde sempre e o amarei por toda a vida,

Mas minha defesa me delineia e com ela pareço não sentir você comigo,

Mil vezes definida por seus afagos que pela solidão que me abriga,

A solidão que me refiro é aquela que me aquece com sonhos de amor,

Nela recordo o calor da sua boca, nossas promessas submersas na alma,

 

Querido você acha que elas estão afogadas em minhas lágrimas?

Não, meu amor, apenas as escondi para que não as remova de mim,

É que seus carinhos estão tão esparsos, cogito que tenha nos esquecido,

Mas o amo como em outrora, e bem, por um instante esqueci,

Não de nós, meu anjo, de nós nunca esqueceria, esqueci o abandono,

O momento em que você me largou a própria sorte, ferida a ferir-me,

 

A meu ver é justo dizer que a saudade apenas ampliou meus sentidos,

Que necessidade há em ficar trancada em dor que nos distancia?

Os erros do passado são como poeira aos nossos sonhos quebrados,

Aqueles que foram danificados com sua partida, bem, se quebraram,

Mas, minhas lágrimas mais a poeira do tempo os juntaram em meus dedos,

Veja-os, nem parece que foram feridos, estão prontos e são nossos agora,

 

Você diz que sonhos quebrados não podem ser concertados, se recusa a nos ver?

Veja-os, aqui está o que restou de nós, ainda recorda, ao menos um pouco,

Coloque seus olhos um pouco no futuro, amplie suas vistas, meu bem,

Me veja agora, consegue me ver aqui ao seu lado, nunca me esquivei de nós,

Enfatizo meu papel ativo em tudo que houve, sim, inclusive quanto a saudade,

Você foi embora e eu fiquei, mas agora busco concertar todos os erros,

 

Sinta o vento que sopra contra o seu rosto, feito um afago ele te leva para trás,

Aqui estou eu, meu amor, de novo ao seu lado, mas agora no tempo presente,

Me desculpa, você foi parar no tempo passado, pode me dizer aonde eu estava?

Sim, querido ao seu lado, talvez, a beijá-lo, tudo bem, estava mais distante

Do que imaginei, mas meu amor, não consigo adivinhar o que você pensa,

Se você não disser corremos o risco de nos desviar, o que acha de viver?

 

Se você achou melhor ir ao nosso passado rememorar o nosso beijo,

Enquanto eu preferia viver o presente para realizar os sonhos quebrados,

Nosso pensamento não estava tão dissociado, junte os beijos e eu os sonhos,

Agora, podemos ficar juntos? Nosso enfoque embora pareça despercebido,

Junta nossas duas abordagens, uma coisa não se dissocia da outra, você sabe,

Meu amor me transforma a cada dia, o amor que sinto me fortalece,

 

E você, em que se baseia? Querido sonhar sem amar não possui valia,

Nossos sonhos ainda são os mesmos, você recorda as nossas promessas?

Querido, talvez eu tenha me acostumado a solidão isolada em mim mesma,

Estou presa em feridas que sangram, posso quebrar essas algemas?

Meu amor, um dia pedi ajuda e ela me foi negada, não se culpe por isso,

Eu te amava mas não soube demonstrar e agora, com essa distância

 

Minha visão se ofusca, há uma mulher em seus ouvidos eu posso ouvi-la,

Você acha errado o fato de eu não conseguir me aproximar de nós?

É como se meu amor estivesse enfermo, me recuso a agir e ele chora,

Meu anjo, não procure lágrimas em meu olhar, não haverá nenhuma,

Mas ainda assim ele chora, então a culpa é minha por não haver um nós?

 

A responsabilidade sobre o que houve faz alguma diferença?

Eu me esforço, mas não consigo encontrar a motivação,

Só lembro de termos nos distanciado tanto a ponto de se apagar,

Sim amor, a sua imagem parece errônea em meu coração,

Preciso frisar um pouco essa diferença, você ainda lembra?

Bem, assumo o erro, me coloco distante, mas o amo como outrora,

 

Preciso eliminar as lembranças dos nossos beijos em minha boca,

Como fazer isso agora que estou com os sonhos consertados,

Essa poeira que afasta a memória pede para reaviva-lo em minha alma,

Viver de beijos e momentos seria mesmo a alternativa ideal?

A energia de sofrer não é boa, em qual energia você se equilibra?

Talvez, nos tenha esquecido, enquanto eu não faria isso nunca,

 

A sua ausência enevoa meu olhar sobre tudo que vivemos,

Tudo está ficando vago e abre um vazio triste em meu peito,

Acreditei quando ao beijar-me juramos, um ao outro, amor eterno,

Todavia, não tenha ouvido isso dos seus lábios sôfregos,

Pude sentir através dos sussurros incontidos, quando disse eu te amo,

Querido, eu não sabia que poderia amar tanto, e agora sofro com isso,

 

Eu não queria preencher este vazio com erros e distorcer tudo que vivemos,

Os sonhos deteriorados, estavam apenas quebrados, e agora estão entre meus dedos,

Segure-os junto aos seus, podem ser nossos, você sabe, se observarmos de perto,

Nem foram tantos os erros, mas longe de ti, sinto que estou nos perdendo,

É como se esta brisa trouxesse um vento frio que congela o tempo,

No teor do inverno com nossos sonhos seguros entre meus dedos, posso estilhaça-los,

 

Aí, então, teria, de novo, como consertá-los?

Os estilhaços têm vida própria, confesso,

Quando quedei a sua distância, não foi nada fácil deixá-los inteiros,

Em cenário assustador, nem sei mais como confessar que o amo,

Descobri o silêncio entre nós, com isso me feri um pouco,

Acho que você não se importou com isso, não é mesmo?

 

Bem, me basta torcer para que tudo fique bem comigo,

Nossos sonhos cabem em minha mão, neste pequeno espaço,

Talvez você não se importe, meu sorriso se escondeu do meu rosto,

Olhei em sua face e parece que nunca existiu em você,

Mas essa voz feminina permanece, você confia nela,

Ausente em sua distância, futuro proibido de um amor distante,

Por quê? São apenas dois sorrisos que sofrem, preocupação desnecessária.

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Querido, Esquenta o Jantar


Quando as coisas ocorrem bem, há sempre alguém que reclame,

Ora, o que há de errado em satisfazer suas próprias necessidades,

Valorizar a si mesmo, olhar-se no espelho e gostar do que vê,

A ausência de um sentido de valor faz mais que corroer sua imagem,

Isso se consuma ao verificar a crescente taxa de divórcios,

Os casamentos que se realizam como assinaturas de negócios,

 

Quando algo se consuma em erro o resultado pode ser desastroso,

Vi isso, tarde demais, com lágrimas no olhar por ter-nos perdido,

Li naquele livro empoeirado sobre a estante que amar é maravilhoso,

Provei por meio do seu carinho que poderia ser ainda maior que isso,

Mas, querido, você esqueceu de amar a si mesmo,

Perdeu-se dentro de uma mente ocupada com todo o redor, menos nós,

 

O trabalho que tive para nos manter me deixou desfragmentada,

Me sinto aos pedaços, caída na lacuna formada de lembranças,

Me sinto incerta, esses efeitos me deixam em conflito,

Bastava um beijo seu ao final do dia, o eu te amo ficava a meu encargo,

Quando falar sobre nós tornou-se proibido, me senti suprimida,

Tudo que eu sentia parecia demasiado vago, fiquei perdida,

 

Me encarregar de te entregar um abraço mesmo que imaginário,

Era o bastante para me manter a espera da mudança de humor,

Aquele que faria você me ofertar o sorriso que brilhava em seus olhos,

Por mais que você buscasse disfarça-lo eu o via em seus desvios,

Entre o desafiador e o medo de perder tudo que vivemos,

Fiz o melhor que pude acredite no que lhe digo, é sincero,

 

Embora pesaroso, sinto com profunda dor em meu peito,

O mesmo em que você se aconchegava em noites frias,

Que hoje sofre calado a dor de ser esquecido sobre um travesseiro,

Não protesto contra seus conflitos, apenas o vejo inseguro,

Você me colocou em um pedestal e saiu a trabalho,

Eu me acostumei com sua presença, dei um passo em falso,

 

Pode imaginar que fui ao chão frio, um coração partido,

Um sorriso vazio, tentei chamá-lo mas você não ouviu,

Querido, ser seu troféu me bastou até esse momento,

Agora, mesmo esvaída em lágrimas quero mais que isso,

Não me veja como insensível, você sabe não sou desumana,

Fiquei tão presa àquela posição que estou desconfortável,

 

Olho meu rosto ferido e sinto meus problemas realçarem-se,

Não o culpo, não digo que poderia ter sido melhor se fosse diferente,

Mas, algo dentro de mim mudou não sou aquela de antes,

O resultado não foi apenas desastroso, foi gritante,

Embora vago e impreciso para te alcançar,

Eu estava acostumada a ser carregada presa aos seus dedos,

 

Não consigo mais preencher sua ausência da mesma forma,

Há uma abertura em meu peito, isso não foi obra do descaso,

Alguém que não está presente me cobra iniciativa,

Não uso o fato para justificar um aparente fracasso,

Nem meu, seu ou nosso, as consequências se avistam falhas,

A confiança que nutríamos precisa mudar um pouco o foco,

 

Preciso desapegar de ideias feitas e resultados pré-concebidos,

Podemos ser diferentes, ajustar nossos planos,

Não há risco algum em mudar o caminho dos sonhos,

Nossa sala está completa com os nossos risos, ainda os sinto,

As lembranças servem mais para reforço que descontento,

Querido, nunca esqueci do seu abraço, nem do eu te amo,

 

O homem por quem me apaixonei há tempos atrás faz falta,

Minha voz não está ativa como outrora,

Outro dia, enquanto dormia, querido não se incomode,

Foi apenas um sonho, mas você chamava outro nome,

É certo que a hora é incerta, poderia ter sido a noite,

Notei que quando me tocou você afagou um pouco diferente,

 

Estava desacostumado com meus cabelos achou que fossem cacheados?

Querido, não se importe com isso, mas quando olhou em meu rosto,

Tive a impressão de não reconhecê-lo, seu trabalho deve estar sendo

No mínimo consumidor, digo, cansativo; bem, pintei o cabelo,

Você reclamou da cor, humpf, reclamou da cueca manchada,

Você tem razão, a cor realmente importa, eu errei me desculpa,

 

Querido meus seios são pequenos, acho que você prefere-os fartos?

Sua mão em concha estava sedenta por algo...

Perdoe o meu sorriso, há uma lágrima de dor em meus olhos,

Essa dor manteve a minha voz abafada e inexpressiva,

Mas, agora que caí, não consegui mantê-la calada, embora abafada,

Sinto muito a falta de tato, feri meus dedos com a batida,

 

Bem, agradeço a percepção estreita sobre as respostas prontas,

Eu sei que podemos mudar em função de nos amarmos,

Mas, enquanto seco o rosto, não gosto do que vejo ou sinto,

Não afirmo estar certa, mas também, não me contradiga,

Minha intenção não é julgar mas estou em um bloqueio,

Quando penso em nós dois, uma lágrima fere meu rosto,

 

O êxito de um sonho nem sempre começa com o pé direito,

Querido, peço que ao percorrer o assoalho não ande descalço,

Minhas lágrimas o deixaram molhado, não o quero ferido,

Desculpa se ao chegar me procurar e não me encontrar,

Eu saí para espairecer um pouco, respirar um outro ar,

Bem, não deixarei bilhetes, nosso amor iniciou com uma promessa,

 

Não seria com uma frase que seria desfeito, mas querido,

Eu poderia escrever uma carta, mas se trata de nossas vidas,

Não me espere, talvez eu não volte tão cedo,

Todavia, não se preocupe é só esquentar o jantar,

Talvez eu faça as unhas, talvez faça uma viagem, não sei,

Querido, não sei se estava dormindo, mas parece que despertei.

 

Não lhe dei tempo para tentar evitar ou por um fim em tudo,

Ultimamente, não temos conversado direito,

Não me veja como um ser vulnerável, sei o que estou fazendo,

Querido, você tem evitado o seu reflexo, me preocupo,

Duvida de si mesmo e procura conforto de outros modos,

Espero que seja satisfatório, contudo, não confio muito.

terça-feira, 13 de abril de 2021

Ameaçada Por Lembranças


Tentei dividir tudo que eu sinto em proporções modestas,

Há um conflito de sentimentos em minha vida,

Vulnerável ao seu beijo como se não passasse de uma praga,

Ou algo desafiador que Deus colocou em meu caminho para me provar,

Neste enfoque, gostaria de ter outro objetivo fora os seus lábios,

Me identificar com o azul dos seus olhos, aquele que some ao fechá-los,

 

Ora, meu bem, beijar de olhos abertos não daria tão certo,

Minha frágil presença se torna única quando me sinto em seus braços,

Apesar do azul sumir das minhas vistas me eleva aos céus, não os vejo, mas sinto,

O que deveria ser maior que isso? Essa condição geral me inerme de esquecer,

Todavia, me faz sofrer sempre que você some, e você sabe bem

Sobre a sua condição de colocar-se distante, parece até um teste sobre o quanto o amo,

 

Sempre que caio em seus braços, você sabe o quanto me aprofundo,

Te beijo com a língua porque já não estou dentro de mim mesma,

Mergulho em tudo que você é, chego a esquecer que existo,

Longe de ti, você sabe, eu não seria nem mesmo um rabisco, uma linha torta,

Que escolhe as palavras em transcrever errôneo para confessar que o amo,

Queria ser direta, encarar seus olhos abertos, mas não passo de uma vítima sua,

 

Fome coletiva por suas carícias, esqueço de falar o que quer que seja,

Não desejo mais que ser sua por inteira o mais depressa que puder,

Meu pensamento se bloqueia, só desejo beijá-lo, por uma vida inteira,

Eu não deveria ter que provar dos seus afagos só para vê-lo afastar-se após isso,

Longe de ti suas carícias continuam em influência tóxica, não resisto a ser sua,

O que há em seus lábios que vicia? Veneno aos corações despedaçados?

 

Saiba que me sentia inteira até provar seus lábios e descobrir que te preciso,

Há um mistério por trás de tudo que você é, gostaria de estar a par disso,

Esse senso de distanciamento em nós é característica destrutiva a minha alma,

Quando se apagam as lembranças, o procuro, me derramo em lágrimas,

Queria nunca ter conhecido a saudade, mas pago o preço se com ela tiver sua boca,

Desafio sensato se de soslaio ganho os seus carinhos, o seu sorriso bonito,

 

Seus olhos se fecham ao inverso da sua boca que sorri em expectativa,

Medida prazerosa que me faz parar de descrever e querer apreciá-la,

Querido seus lábios fechados só funcionam se estiverem sobre os meus,

Resolver dissolver esse seu bico de braveza é demais tentador para que eu resista,

Desejo mudar seu jeito, mas continuo presa no mesmo pensamento,

Acionei o botão vítima e agora não sei como desliga-lo, programada?

 

Apenas sinto medo de que minha mudança de atitude me leve a perdê-lo,

Essa é a minha maneira de dizer que me importo com nós dois, que o quero,

Sou íntegra ao lhe dizer isso, eu e você somos vítimas ou vitimados um do outro?

Querido, você me beija depois foge por medo do que se possa desenvolver?

Agindo da maneira que age você me tem e sabe disso, tem medo de mudar também?

Faria sentido se eu não o amasse com toda a minha alma e mais um pouco,

 

O risco da minha frase é imenso, mas querido, duvida de mim ou de si mesmo?

Está posta a oportunidade, você fica lindo com seus olhos abertos,

Deseja manter-se dessa forma por mais algum tempo?

Aceite a minha mão e vamos escolher como passar o nosso momento?

Aprovar ou desaprovar pode depender da forma como nos posicionamos,

Esteja certo do quanto eu o amo, eu não duvido sobre isso nem um pouco,

 

Me vejo irromper em pensamentos, não consigo desviar dos seus lábios,

O argumento refere-se ao incentivo das nossas últimas lembranças,

Não foi um acidente o que te colocou em meu caminho, você acredita em destino?

Se seguro os seus dedos com força, ainda lhe resta alguma dúvida?

Meus sentimentos são os mais puros, a distância me fere e eu sofro,

Você me ensinou a sentir, desde a primeira vez em que provei sua boca,

 

Não desconsidere a minha imunidade no que se refere ao meu passado,

Houveram fortes razões para me colocar sob suspeita, é essa a sua expectativa?

Você sabe, mesmo em sua ausência, eu o sinto como se estivesse ao meu lado,

As vezes ao caminhar eu ando com a mão fechada, é como se segurasse a sua,

Você me dá força e coragem para seguir, mas o amo e agora quero estar perto,

Semana passada, eu acordei assustada, te procurei ao meu lado e você não estava,

 

Na outra semana eu pensei em nós muito forte, assisti um filme e adormeci,

Acordei tarde da noite sobre o sofá, a casa estava aberta, não havia ninguém ali,

É difícil me apegar as lembranças dessa forma apenas para depois tê-las de repelir,

Deseja continuar para sempre em minha vida ou me beijar para após, se esvair,

Há incentivos que me fazer vislumbrar fatos embaraçosos a seu respeito,

Se eu for descobrir algo, que seja por seus lábios não por outros,

 

Não me censura, mas não fala nada, quer que eu chegue a que conclusão?

Esse tremular dos seus lábios, você sabe que é um alerta prévio sobre o que virá,

Tudo bem, me beije sem dizer nada, não vamos decidir com base na emoção,

Ele estava cabisbaixo, rosto triste, lábios trêmulos, encarou-a, mão fechada na dela,

Preciso controlar a vontade de chorar, meu impulso é quase esbofeteá-lo,

Se seu beijo não fosse tão bom, eu reagiria de outra forma, o esqueceria,

 

Ele reagiu com sobressalto ante a ameaça de perder quem amava,

A força da pressão em sua mão não foi capaz de impedir seu pestanejar,

Entre a dúvida e o conforto, colocava em risco a mulher da sua vida,

A demora do beijo era sentença suficiente agora via-se nocauteado por sua ausência,

De fato, a saudade constante era prova o bastante de tudo que sentia,

A procura periódica apenas comprovava: te amo, sussurrou com um roçar em sua boca.

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Pode Alcançar a Toalha?


Ela urrou um grito surdo e profundo com o intuito de expulsar a dor,

Usou todas as suas forças até colocar-se de joelhos no chuveiro,

Embora, a água pudesse ocultar suas lágrimas, não as impedia,

Ela as sentia mesmo sem derramar sequer uma única do seu olhar,

Desejava quebrar as algemas que a prendiam naquela dor enlouquecida,

Mas não conseguia rompe-las, as paredes a exprimiam contra si mesma,

 

Tudo que sentia era remessado com força contra a sua cara,

Cada pensamento seu vinha de encontro aos seus sentimentos,

Distorcidos, embebidos em veneno, seus atos não lhe pertenciam,

A feriam de dentro para fora e vice-versa como uma voz sedenta por socorro,

Que ao invés de proteger feria com garras intangíveis e macias,

Com o calor da água que caía rasurava seu rosto, arranhava até sangrar,

 

Sem lágrimas que denunciassem a dor silenciosa e desumana,

Seu choro cego comprimia o peito como se não houvessem alternativas,

Soluçou para descansar, foi quando escutou uma voz macia que dizia,

Seu inimigo não está além de você mesma, o erro é seu, se redima,

A voz feminina não entendia o que ela sentia, mas cobrava com tudo que possuía,

Ao ouvir isso, não restou nada além de responde-la conforme queria,

 

De que outra forma poderia agir aquela que era prisioneira sem acusação,

O incentivo não tinha outro intuito senão o de ferir sua emoção,

Como uma marionete, foi usada como joguete, sem vida ou vontade própria,

O contra-argumento só lhe prestou como incentivo para lutar por si mesma,

De que forma sofrer dentro de casa e sair com o rosto molhado sem demonstrar?

Quando feri-la, sem saber por que motivo, era o maior intuito de alguns?

 

O quão bem poderia proceder dependeria das circunstâncias,

Mas, ela não desistiria, mesmo impedida de ser ou sentir, resistiria,

A frequência em que ia ao chão se tornava mais regular agora,

A ausência de lágrimas em seus olhos não era notada ou desvelada,

As distorções estratégicas se desenvolviam em vista de verdades falseadas,

Tudo o que era ou se importava caía as margens da importância,

Havia uma guerra fria ao seu redor, mas ela queimava em chamas,

 

Ardia, vendo-se desfalecer ante tudo que sentia, ninguém a via?

Sinta culpa diziam-lhe, procure uma desculpa em que se apegar,

Desça a sepultura com ela, permaneça a espera, até a chuva descer à terra

Lavar seu rosto ferido, carregar sua alma para algum outro lugar

Em que tudo possa fazer sentido, onde você possa ser reconhecida,

Um rosto sem face, um cadáver sem nome, identidade falsificada,

 

O que sobra de você quando tudo que você faz cai em (des) importância?

Ora, pare de se preocupar tudo não passa de um singelo ponto de vista,

O enfoque sobre as lágrimas de sangue que escurecem seus olhos castanhos,

Neste aspecto da questão, não significam nada, a chuva cai e vai embora,

Você não, você morre aos poucos porque se permitiu acreditar no amor,

Se as flores de plástico não padecem porque você desejou fazer a diferença?

 

Neste ponto de raciocínio, você não passa de uma indisciplinada,

Precisa aprender a viver, amadureça as suas ideias, sentir irá te proteger agora?

Primeiro que você parece relutar a obedecer às ideias postas,

Segundo é que ainda acredita naquela teoria respectiva a tal justiça?

Em qual você se apega: à humana, a divina? Querida, aqui você não opina!

Relaxa os ombros, aqui é um homem que fala, não reconhece as palavras?

 

Ela se contorceu, a fala lhe parecia errônea, então, havia algo errado com ela?

As propriedades referentes ao seu pensamento lhe pertenciam ainda,

Mesmo que o sigilo acerca dele estivesse fora do alcance dos seus dedos,

Mesmo que segurar ou contê-los não fosse qualidade sua,

Sua mente inquieta sofria, mas não se permitia quedar ao silêncio,

Rejeitada, não sabia se rejeitava ou acolhia, se via tonta, perdida em si mesma,

 

Se preocupava demais em esperar retribuição, não conseguia ver além da sua vista,

Sua tristeza não era mais do que poderia oferecer, estava ferida, sangrava e agora?

Permaneceria a espera de ser acolhida ou pegaria o carro e dirigiria a sua vida?

Havia um buraco em sua alma, ela estava caída lá dentro, colocaria a mão para fora,

Se arrastaria até sair de si mesma para lutar por si própria e por quem ama?

Não viam-na além dos seus erros, ou ela havia se bloqueado em angústia?

 

Não saberia precisar se era chuva ou lágrimas que a inundavam por dentro,

Iria se afogar em si mesma, precisava reagir depressa ou desfaleceria em sua dor,

Pensar sobre as pessoas não as transforma para além do que você as rotular,

Projetar sua dor no seu redor não modifica o semblante do próprio rosto,

Se você sofre eu sofro, agora é esta a lei que determina a sua vida?

Jogue-se em queda livre comigo, aquele que sobreviver tem direito ao sorriso,

 

O enfoque sobre ser capaz de vencer a si própria tende a produzir algum incentivo,

Pensamentos inconclusivos ocasionam atitudes incompletas e sem sentido,

Buscar em si um objetivo é muito mais que inundar-se através das suas lágrimas,

Se agarrar ao passado para se recusar ao presente e desestabilizar o futuro,

É um esvaziar de sua alma e preencher-se de dor até não ser mais nada,

Seus erros do passado não lhe fazem melhor, quanto a ser pior pode ser sua escolha,

 

Se apega ou desapega, escolha em que acreditar a partir deste momento,

Escolha levantar-se neste mesmo segundo e buscar ver além do que você acredita,

Mude sua rota, rompa com suas teorias, percorrer em linha tênue não te faz maior,

A escolha entre o sorrir e o chorar pertence a quem senão a você mesma?

A opinião negativa dos outros lhe influência, mas as positivas não dizem nada?

Que tal parar de criar teorias sobre o amor e passar a praticá-las?

 

Seus atos não irão além do que você se apega, veja suas mãos e faça a sua escolha,

Favorecer o agravamento da sua angústia ao alimentar opiniões destrutivas

Não fará mais que lhe manter em ódio até destilar o veneno em que se afogar,

Não importa o seu pensar, o mundo ao seu redor é maior que a sua insônia,

Então, se você se aconchegar ao travesseiro e descansar talvez, possa ter calma,

A vida não para e você ainda acha que possui a solução em sua cabeça?

 

Sempre há exceções, sempre há uma lágrima escondida em algum lugar,

Chorar não lhe fará pior, mas um sorriso seu poderá fazer a diferença,

Se o seu interior está em conflito, busque ser seu próprio auxílio,

Existe um mundo a sua volta que necessita que você seja mais que isso,

Ela estendeu a mão para fora de si mesma, estava tateando no escuro,

Até que dedos seguros, da mesma mão que ofertou o dedo do meio,

 

A seguraram com força, com um gesto seguro a puxou para fora,

A luz que brilhava, também a feria, ao tentar derreter o salino do pranto,

Desnudava seu sofrer e exponha a sua alma, por ser humana ela sentia,

Por ser humano ele creia nela a ponto de oferecer amparo,

Ele desligou o chuveiro, a água sessou, o rosto inchado sofria,

Mas a dor que comprimia os havia libertado – uma toalha a secava.


 

domingo, 11 de abril de 2021

Sua Falta

 


Era como se eu tivesse voltado no tempo até o meu pior dia,

A lembrança do beijo em minha boca molhada por lágrimas,

A saudade ardia em minhas veias e tomava a minha alma,

Angústia foi o que vivi na hora em que ele virara as costas,

Cercada por tudo que nos lembrava sem ter com quem contar,

A solidão só deixava de ser companhia ante as lembranças,

 

Eu mal podia recordar sua fala sem ficar embasbacada,

Sem acreditar que todas as minhas juras foram vazias,

Usadas para afagar seu rosto sem alcançar sua alma,

Quando apenas um coração acredita e o outro não faz nada,

Resta pouco ou nada a se fazer, mentir para acreditar,

Sorrir em meia face, ofegava na tentativa de provar

 

Tudo aquilo que ele se recusava a sentir ou confiar,

Quanta dor restaria para suportar até a sua volta?

Mesmo ele tendo dito nunca mais, eu desacreditava,

Não cabia em minha alma que não haveria nada além da partida,

As lágrimas brotavam da minha alma, sofriam caladas,

Não pedi que ficasse, todavia não controlava a cabeça,

 

Meus pensamentos foram embora, já não sinto mais nada,

Nem a mim mesma, nem as promessas que sonhei um dia,

O beijo seria fácil esquecer, as juram também, da mesma forma,

As lembranças não podiam acreditar no adeus e, com isso, parar?

Eu estava imóvel com o rosto na almofada deitada no sofá,

Era como se o ar houvesse partido, tudo se fora, nada estava no lugar,

 

Estremeci ante a lembrança do seu nome, sem o pronunciar,

Esperei por sua resposta, as horas transcorriam atônitas,

Nem mesmo elas acreditavam no fim que discorria,

Ao invés disso, reconheci o silêncio que pesava no ar,

Não ousei olhá-lo, estava sofrendo admiti apavorada,

Meu coração estava sôfrego, doía ver tudo se acabar,

 

Eu resistia pensar no assunto, mas não conseguia evitar,

Foi um amor tão bonito, mas insuficiente para fazê-lo ficar,

Meus pensamentos não eram seguros, nem minha alma,

Nela os sonhos estavam em pedaços, não teria como os juntar,

Recordei suas mentiras o mais depressa que poderia,

Tentei evitar acreditar de novo, caí em suas falácias

 

Mais rápido que pude evitar, me vi querendo retornar,

Desejei seu abraço, que tudo pudesse voltar atrás,

Parece que ele estava enganado quanto a parte da partida,

Disse que seria fácil esquecer, que nosso adeus bastaria,

Repenso em cada segundo, me vejo desejar sua volta,

Nada mais importaria, se tivesse comigo as suas carícias,

 

Mesmo as falas exasperadas, as promessas vazias,

Os gestos exagerados, o olhar que nunca pensei que veria,

Esse rosto inchado de lágrimas é que não deveria estar

Se recusando a falar, recusando a deixar, sofrendo e mais nada,

Ele saíra satisfeito com nossa história, conseguira o que queria,

Quem decide o fim não sofre com a ideia de ir embora,

 

Um fim em que não implica um voltar atrás,

Onde eu fico na expectativa apegada as lembranças,

Com sorte daria tudo errado para ele, então retornaria,

Eu tola, ficaria a espera na expectativa entre o aceitar

E o sofrer por ter que abandonar quem se ama,

Fosse o fim relevado em palavras eu as rejeitaria,

 

Mas acreditei em cada uma, o que faço agora?

A estratégia de me deixar sem me ferir estava deletada,

Sair sem me dizer adeus com um beijo que me interessava

Não diminuiu o que eu sentia, nem facilitara coisa alguma,

A irritação do adeus até era tolerada, mas as lembranças,

Por quê me abraçavam e o trazem de volta?

 

Não esta escrito o quanto eu sofro em meu olhar?

Sem restar o que fazer, me tornar inexpressiva parece ser a alternativa,

Singular, um coração ama e o outro vai embora,

É simples, um fica a espera e o outro retoma a sua vida,

Um sorriso luta contra as lágrimas que receava,

Minha expressão vazia jaz desconhecida para a minha alma,

 

Nosso amor se esgotara, ele obteve o que queria e partira,

Olhei-o cabisbaixa, com um único pensamento: obrigada,

Do tanto que o amei ainda resta muito em que acreditar,

Seguirei meu caminho por outra estrada, isso basta,

Ele assentiu em atitude cética, me calei, o que diria?

O amor que havia me tocado, agora se colocava porta a fora,

 

Não sei se fazer algo adiantaria, fiquei ali sentada,

Ainda o amava, não teria como negar, sem ter em que me apegar,

Sussurrei para mim mesma: vá embora, mas retorne se recordar,

Se lembrar de tudo que vivemos, das nossas juras apaixonadas,

Ele já não me ouvia, mas quem sabe, marcaria a data,

Talvez nos veríamos mais próximo do que poderia imaginar,

 

Meu sorriso se apagava como se tudo caísse em lacunas,

De repente, mesmo as promessas eram postas em dúvidas,

Ele partira, tive a sensação de que nunca sentiu nada,

Algo me amedrontava, senti receio de estar certa,

Ele se fora totalmente as cegas, nada mais importava,

O que eu poderia ter feito se eu falava e ele não me via?

 

Como reagir se a tudo que eu fazia ele não sentia?

Sem corresponder, sem acreditar, um adeus e mais nada,

Por favor, repeti, só queria que voltasse para casa,

Que me pegasse no colo e retornasse ao nosso lar,

Mesmo que houvesse um assentir de cabeça, apenas,

Eu fecharia os olhos, o beijaria e não desejaria outra coisa.


Coração Partido

 


Eu sustentei o olhar, porém o que vi não gostei,

Embora eu pudesse sentir um sorriso em meu rosto,

Por dentro, eu me esforçava para controlar o pranto,

Não era medo o que me afastava, eram os seus atos,

O amor se apagava aos poucos, junto com os sonhos,

Era quase como se minhas lágrimas falassem comigo,

 

Implorando para me afastar por mais que fosse difícil,

Mesmo que elas não estivessem visíveis, eu as sentia,

Minha alma estava ferida, minha vida em ruínas,

Mas ele não via, sozinha a implorar por socorro, não ouviria,

Distante demais para entender, descrente para sentir,

Em minha alma ecoava uma pergunta sem resposta,

 

Se aproximara para me conquistar apenas para me destruir?

Eu me encolhi incapaz de conter o pranto que escorria,

Apesar de ele estar próximo, eu o procurava sem encontrar nada,

Hesitei ante a ideia de tê-lo de volta, ao menos uma vez,

Ele havia ido embora, ainda assim parecia que a decisão era minha,

Fez as malas, batera a porta atrás de si e eu ficara com a culpa,

 

Como se eu tivesse em mãos alguma alternativa em que me apegar,

Se havia algo nelas, eram lágrimas que sofriam por eu me sentir sozinha,

Ferida, fria e encurralada, me apaixonei apenas para perder no final,

Antes nunca tivesse amado, antes tivesse nunca sentido nada,

Uma voz saia sôfrega por uma garganta entrecortada,

Voz monótona de um alguém que já não tinha vida alguma,

 

Balbuciara algumas sílabas, não precisei indagar quem era,

Não estivesse desolada, gelada em minha solidão vazia,

Teria tentado me esquivar, me proteger de alguma forma,

Havia mais sofrer em mim do que eu poderia acreditar,

Eu, definitivamente, havia me apaixonado e visto ele ir embora,

As lembranças soavam como punição, viam como açoite as lágrimas,

 

Se recusavam a me deixar esquecer, todavia impediam de lutar,

Sem forças me via fraquejar, perdia sem ter culpa alguma,

A voz que ressoava ao meu ouvido não era amistosa,

As lembranças que vinham não tinham a intensão de agradar,

O contrário do que haviam feito quando ele iniciara em minha vida,

A voz que eu ouvia agora era fria, desprovida de surpresa,

 

Pude ver meu rosto refletido nela pela primeira vez,

Rejeitei a visão, nela eu não estava nada bem,

Olhos escondidos, pulso fraco, afogueada por lágrimas,

A voz morta trazia o aborrecimento de me convencer a levantar,

Queria me mover do lugar e me levar até uma faca,

Meu pulso parecera se acelerar, desejava a mesma coisa,

 

Ninguém para me ver, com certeza alguém me ouvia,

Mas ouvia ela também, diante dela eu não era nada,

Levantei a cabeça o suficiente para ver se os remédios fizeram efeito,

A voz soara branda, queria se certificar quanto ao resultado,

Embora as palavras fossem neutras, tive a impressão de serem minhas,

A voz que eu ouvia, vinha da minha alma, acusava estar vazia,

 

Acusava se sentir prisioneira de lembranças condenadas,

O coração pulsava, delatava estar embebido em lágrimas,

Um cálice de dor era servido em seco por minha garganta,

Eu sorvia cada gota, engolia cada dor em palavras agonizadas,

Promessas condenadas a sepultura pela mesma mão que me afagara,

Mas como ele mesmo dissera: querida, adeus e mais nada;

 

Recordo ter lhe lançado um olhar em dolorosa dúvida,

Ele sacudira a cabeça, se dirigira a porta sem olhar para trás,

Nossas juras de amor mandam lembranças a cada hora,

Desde aquele momento não me permitiram a paz,

Eu agradeceria se ele pudesse recordar nossas juras,

 

Se ouvisse meu pranto, soubesse a dor em que me sinto,

Me vejo cair sem ter suas mãos para me afirmar,

Me noto abatida, como se meus objetivos estivessem ocultos,

Como se sombras enevoassem nossos sonhos, levando-os,

Meus lábios ainda esboçam um sorriso, não o sinto,

O fio da navalha poderia me percorrer agora, seria bem-vindo,

 

Meus murmúrios eram audíveis, sentia medo, poderia tocá-los,

Sentia toda a dor ao meu redor, menos a mim mesma,

Não tinha um nome para chamar, rejeitava sua partida,

Nem mesmo a voz que sofria era bem-vinda ao meu lado,

Me sentia morta de qualquer forma, o que mais ela queria?

Eu tentava contrapor, me direcionar, mas só restavam lágrimas,

 

O sorriso desfalecia em meu rosto, afogado em dor,

Insistira em levar os sonhos, mas recusara o amor,

Não era queixa o que me feria, eram as lembranças,

A dor de ter acreditado no amor de quem não merecia,

Minha vida caía ao meu redor, em ruínas quebradiças,

A dor ardia a pele onde um dia houveram carícias,

 

Devorava a minha alma, recusava-se a me deixar sozinha,

Com meus sonhos quebrados mal podia ouvir meus gritos,

Quem me dera poder entender o motivo de me ferir tanto,

Enquanto minha dor falava a visão se escurecia,

Sem tempo para pegar a faca, sem forças para fazer algo,

Tudo ao meu redor sumira como se fosse imaginação minha.

Não Foi Adeus.

Bem, você não está preparado Para perder seu irmão Tão jovem, E “Ele tinha dezenove anos” Eu comento no velório Como se...