sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Você é um Vencedor?

 

Da teoria para a prática,

Existe o pensar em fazer,

A construção da ideia

E com ela a busca por concretizar,


Indaga-se, lá pelas tantas:

Você é um vencedor?

A meta a ser alcançada é ter um caminho,

O destino é percorrê-lo com um sorriso,


A dificuldade?

Encontra-se em cada esquina e cada passo,

Depende da forma como se posicionar,

O caminho do outro não é mais fácil,


Por isso, não é também o mais difícil,

Pôr-se na contramão não o fará melhor,

Do contrário, far-se-á desvio de rota,

E isto nem sempre é possível,


E se o for, pode não ser justificável,

Mas, o usar causa o desenvolver,

O descaminho perfaz-se em atrofia,

Isso se deve as boas palavras,


Boas relações e atitudes,

Apresenta-se justificativas a quem?

A você e a outro alguém,

Isso faz com que se consiga provas,


Das provas obtém-se as saídas,

Davison, na Rua Das Flores, número 6,

Grita com você,

Você se lembra que um dia alguém o esperou,


Sorri, para Davison e pede como está,

Uma lágrima percorre a face,

Ele pensa se tratar de suor pela caminhada,

Ele não se aproxima,


Você está parado e o olha com estranheza,

Ele guarda algo no bolso,

Você se indaga sobre o que seria,

Mas acha deselegante indagar sobre o que é,


Pensa que em outro momento o faria,

Mas, agora parece faltar intimidade,

Ele o chama pelo nome,

Você o ouve bem,


Mas não o responde na mesma forma,

Volta-se ao desencadeamento de palavras,

E elas se ausentam assim como você o fez,

Mas, o que o chama ainda tem forças e intimida:


-Pensei em você, diria que senti sua falta!

Você sorri compassivo,

Percebe que não recorda dele,

Há uma ausência dentro de você agora,


Adiante o sol se coloca,

Você vê as horas indo embora,

Deseja ir, sente que incomoda,

É como se ele quisesse desistir da conversa,


Sua voz em resposta soa sempre baixa,

A dele se eleva toda vez em contrapartida,

É como se ele quisesse se sobrepor de alguma forma,

Se apaga um pouco o que há do outro lado,


Você pensa que ele foi,

Então, você vai embora,

De repente seu nome ecoa na multidão,

Ele não tarda a chama-lo,


Age como se você o tivesse abandonado,

Seu nome, seu nome, seu nome é proferido,

Parece ser usado como oração ou mantra,

Não faz mal, o que não vier para o bem passa,


De repente, Davison surge como um pé de vento,

E vai, passa a frente,

O amigo, o amigo amado agora percorre,

Você abre bem os olhos,


O busca, pensa em protege-lo,

Ele olha de volta,

Ele está e sente-se vivo,

Obrigada!

Diz e agora não ouve resposta.


terça-feira, 8 de novembro de 2022

Duas Coisas a Dizer


 

Não coração, peço por favor que pare,

Não acrescente palavras às dele,

Se acabou prefiro que entenda,

Não, não me peça que não esqueça,


Temo não ser capaz,

De ser tão forte para impedi-lo de ir embora,

Minha cabeça lhe repreende,

Acredita que você é que esteja errado,


Você insiste em querer ficar,

Ele, porém, está de malas prontas,

Duas coisas peço que entenda antes que eu desfaleça,

Mantem distante as lembranças,


Jogue fora os momentos que ele preferiu deixar,

Se hoje nos pede para ir embora,

Não foi por ausência do meu amar,

Entenda o esforço que eu faço,


Eu então poderei entender sua dor,

Dá-me apenas o alimento necessário,

Com isso, lhe peço: esqueça o amor!

Deixe-o ir, penso ser melhor,


Se não, padeço demais, terei de deixa-lo e ir-me embora,

Como irei viver sem cada pulsar?

Há vida longe de ti se de você eu me desmembrar?

Não, não é hora de viver de promessas,


Esta que se alimentava de esperanças,

Hoje prefere viver a realidade,

Ou você diria: Quem é este que ama?

Se você o conhece tão bem nem perguntas,


Por que eu teria que lutar contra o que não é?

Se ele ficasse creio que iria lhe roubar,

Eu sei já não me pertenço mais depois de tê-lo tido,

Cá estou partida em duas,


Deixo dele e deixo de ser-lhes,

Desonra meu nome a sua insistência,

Você sabe quantos foram os nãos?

Perante outra negativa eu imploro por socorro,


Se insiste em sofrer desta forme,

Eu opto por lhe negar e lhe deixar,

Você sabe como fomos um ao outro,

Não falo mal de ser-lhes o servo,


Mas, de não ver-me,

Do contrário,

O próprio servo lhe levará á ruína,

Então, lhe indago:


A quem incumbirá a culpa?

Existem os que amaldiçoam o beijo,

E os que renegam o rosto,

Mas a boca que fala, por vezes,


Não esboça o que a pele rejeita,

Abençoa meu bom nome,

Nega-se aquele que desistiu de nós,

Os lábios que são puros não profanam os que os servem,


Tens olhos altivos e rosto meticuloso,

Aí de mim sofrer por amor e terminar abatido,

Me entendas, por favor, se prefiro não sofrer,

Eu entendo tudo que diz cada vez que bates,


Eu sei, lhe pedi apenas que compreendesse duas coisas:

1.       O amo, não pretendo fugir disso;

2.       Compreendo que as promessas que me fez,

Foram capazes de desenvolver os melhores sorrisos,


Mas, hoje, infelizmente não me fazem bem.

É com lágrimas no olhar que lhes falo:

Aquele coração que diz: dê, dê, dê,

Creio que seja bom e valioso por si mesmo,

Então, por isso capaz de dizer: é o bastante!

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Seu Beijo

 


Logo após inesperado beijo,

Surge uma espécie de relâmpago,

E com ele um mergulho no tempo,

Eu penso, me indago:


“Será que ainda o amo?”

Paro de pensar e decido me dedicar,

Passo a mão do pescoço até a nuca,

Acaricio sua pele e sinto sua quentura,


Desisto de abrir os olhos,

Permaneço com minha boca colada a sua,

Lábios trêmulos e seguros do que faço,

Ele se dirigia a alguém que não estava,


Eu poderia sentir,

Acredito por mim mesma não imaginar,

Mas era dedicado,

Diria aplicado em cada carícia que faz,


Eu correspondo em forma e medida,

Penso num relatório verbal sobre nós dois,

Mas, as palavras me faltam,

Há instantes mais significativos que falar,


Durante curta distância

Eu procuro evitar contato intenso,

Mas, me recosto em seu corpo feito um abrigo,

O sinto pele a pele,


É como se soubesse e entendesse o que sinto,

Sinto a protuberância do seu corpo,

Sua força parece me percorrer,

Já não sou a mesma de antes,


Em seguida, busco o lado esquerdo do pescoço,

Acaricio, o sinto quente por entre os dedos,

Agora, já não há distância segura,

Quase sinto poder me apaixonar,


Tento guardar o quanto é bom estar em seu poder,

Vigio com os olhos semiabertos cada forma sua,

Penso em remover sua roupa,

Então, lhe passo as unhas,


De cima a baixo até seus cabelos,

Que, havia algum tempo que eu o buscava,

Poderia acreditar que sim,

Que buscava fugir do que sentia,


Eu não saberia definir,

Isso me desperta a atenção,

Decido, por fim,

Abrir os olhos e olhá-lo,


Percorrer cada traço seu,

Sinto que posso decorar cada forma,

Talvez, ler seus pensamentos,

Me interesso por isso,


Então, percorro com minha mão seu rosto,

Percorro seus lábios,

Absorvo seu calor,

E nem por um segundo eu paro o beijo.


sábado, 5 de novembro de 2022

Lembranças

 

Teria ele,

Ao apaixonar-se por um desconhecido,

Se perdido diante de tudo que houve?

Se for analisar até que não ouve muito,

Aquelas palavras que ele disse,


Nunca soube que seriam tão importantes,

Parece que continham uma chave,

Um quê de conquista e para sempre,

Mas não, não foi o bastante,


O coração que um dia pulsa em falso,

No outro pode errar também,

Um dia, ele foi traído, mas hoje,

Nem isso.


O que a fez entrar pela por porta,

Talvez não tenha sido distante do que a levou a sair,

Lembrara de convidá-la a entrar,

Recorda com carinho o seu sorrir,


Lembra-se ainda do sol forte que entrara pela porta,

Convidou-a sentar-se rapidamente,

Nisso, houve um abraço irrefletido,

Simplesmente viu os braços dela em torno do seu pescoço,


Não disse nada,

Mas também, não a abraçou,

Sem saber porquê não sentiu-se bem,

Mas, parecia saber em seu íntimo que a amava,


A fez sentar-se e pediu a ela um pouco de calma,

Ela lhe parecera encabulada e trocou o assunto,

Hoje pareceria que teria iniciado,

Porque não havia conversa alguma,


A quem mais respeitar senão ele mesmo?

Virou o rosto por um pequeno instante,

Mudou o semblante e retornou a ela,

Continuara a conversa iniciada em tom de importância,


De desinteressada parecia muito insatisfeita,

Agora, lhe parecia que se atirava para ele,

Mil vezes ele fazia um movimento em falso

E no falso encontrava ele,


Uma lágrima molhava os seus olhos,

Isso é algo de que se pode duvidar,

A sua língua tremula escorregara e caíra para fora,

Era como se os lábios tivessem ficados pesados,


Dentro da boca algo não se continha,

Dentro dele algo parecia se resolver sem que tivesse consciência,

Sem estalido e com um rangido

Ele se movimento e escorregou até o lado dela,


Pôs uma mão em sua cocha,

E não quis ser mais que suave,

Nada tão íntimo nem tão distante,

Movimentou seu rosto até ela e beijou-a na face,


Não conseguiu ir adiante,

Mesmo quando ela o puxou para si com esforço,

O movimento embora bem planejado,

Não obteve êxito,


A piscina interna chegava até seus pés,

Parecia refletir um sussurro de um beijo,

Um beijo que duas horas depois não veio,

O diálogo parecia abrir a noite,


Ou então, convidá-la a ir embora,

O escuridão parecia convidativa e aconchegante,

Era o bastante para escondê-los um do outro,

Algumas estrelas piscavam lá fora,


Ali dentro nem mais seus olhares se cruzavam,

A claridade forçava a aproximação,

Mas o coração resistia e parecia dizer não,

A paz reinava sobre os amantes da noite,


Não muito distante um sol resplandecia,

Daria para enxergar dali de onde estavam,

O amor quando ilumina deixa a alma estrelada,

Parecia que sua boca quis novamente mergulhar na dela,


Ele escorregou um pouco para a frente,

Mas, ainda assim não aproximou-se,

A água parecia turva diante de sua visão,

Uma espécie de constrangimento parecia levantar dela,


Daquele tipo em que se evita a todo custo,

Como aquele que antecede o fim do beijo

E quer-se com presteza pedir outro,

Havia um alguém, alguém atrás de nós,


Nisso ele soltou sua caneta e parou de anotar,

Não menciono a sensação de saudade tardia que teve,

Mas, menciono que por este amor valeria a pena chorar,

E nele perder-se algum tempo a ouvi-lo e tentar ao menos entender...

 


sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Das Estrelas


Por que se não vejo seu rosto,

Ainda me indago o seu nome?

Eu não acredito ainda estar errado,

Mas queria algum dia ainda encontrar você,


Quando a distância deixa de ser importante?

As vezes, quando fecho meus olhos,

Sinto que poderia senti-lo,

O que me é estranho,


Porque nunca quis estar ao lado de alguém,

Por alguns segundos mantenho os olhos bem abertos,

E confesso me fazer esta pergunta em mente,

O que o torna este alguém tão diferente?


Há algo em você que me faz abrir a janela

E contemplar o luar ao anoitecer,

Antes ainda de a lua pôr-se a brilhar,

Eu a indago: e você?


É como se o sol sorrisse e dissesse:

Olhe bem, acredito estar claro!

Na primeira vez que ouvi isto em alta voz,

Confesso que ri sem medidas,


Hoje porém, rir já não me faz o mesmo bem,

Preciso de um pouco mais que isso,

Gostaria de ao menos saber,

E você, como se encontra e como se sente?


Sabe-se que os céus são de todos,

Mas, por quem seu coração bateria mais forte?

Poucos são os pássaros que voam tão alto,

Eu não ousaria ir para tão distante,


E você até onde iria por nós dois?

O céu é um mar de azul onde os pássaros se perdem,

Perder-se em busca de alguém,

Porém, aqui no espaço terreno e fértil,


Onde é possível ser de todos e de ninguém,

Será que você aceitaria me pertencer?

Seria interessante a ideia de que lhe pertenço?

Ser de alguém parece intenso e ameaçador,


Isso depreende responsabilidade,

Não me indago se você estaria preparado,

Será que esta ideia passou por seu olhar

Em algum momento enquanto cruzava por mim?


Se bem me lembro,

Eu lhe vi abaixar a cabeça e sorrir,

Depois de um mês sonham os homens com aqueles pássaros,

Dizem alguns boatos,


Que alguns sobem tão alto apenas para morrer,

Me seria assim tão intangível o sonhar com você?

Nas estrelas de Saint-Cloud pairam ninhos,

Neles seus pássaros voam em bandos,


E nós aqui tão pertos e sozinhos,

E que importa? Eles são pássaros,

E nós, o que somos um diante do outro?

Quem reteve estes bandos?


As estrelas lá no alto,

O que nos coloca tão distantes?

Talvez, aquele seu olhar para longe,

E as estrelas sobre isso sem se quer tomam forma,


Há quem diga que lá de cima aqui em baixo tudo é pequeno,

Mas, seja como for,

Você me fez bem,

Das estrelas contemplam-se os sonhos,


Mas não este não é o meu caso,

De lá ou aqui eu só vejo você.


 

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

O Mentiroso!

 


Bem são palavras de Érika,

Filha da Brunna,

Cunhada de João,

Esta mulher declarou com emoção:


O amor, mas ele não!

Sentiu-se a mais sábia das mulheres,

Pois amava mesmo sem retribuição,

Mas, um dia sucede o outro,


E certo dia, não muito distante,

Cruza ela por ele e o acha no chão,

Caído e por morto!

Ergueu as mãos aos céus e clamou por socorro,


Por algum motivo íntimo

Não queria tocá-lo,

Jurou a tantos anos antes

Nunca mais amá-lo,


Lembra-se de todos os danos,

De sua pele a descamar ante a dor,

Agora, com a pele e alma refeita: tocá-lo!

Não, ela não tinha o entendimento de um ser humano,


Amar exige esforço e isso implica em cuidar,

Mas, deveria abandonar a si mesma?

Tanto tempo, e tantas mentiras descobertas,

Inflou o peito e gritou alto:


-Por favor, alguém o ajude,

Que me perdoem mas não quero me obrigar a tocá-lo,

Que horror!

Mas, parecia não haver ninguém tão próximo,


Ou alguém que se importasse com ele da mesma forma,

Faz-se o homem,

E dele provém suas atitudes!

Quem é este que sobe aos céus e desce?


Ela levantou as mãos ao vento

E foi como se as estregasse a ele,

De alma limpa, sujar-se-ia e nisso suas roupas,

Suas mãos, nada além.


Eram como se os limites fixados

Agora fossem postos por terra,

Ajoelhou-se sobre aquele corpo por morto,

Percebeu águas escorrerem sobre sua roupa,


Nela as suas lágrimas,

Era como se não o tocasse,

Não merecia tamanha sujeição,

Mas, qual era o nome dele?


O nome deste que agora nem podia pedir socorro,

Se disto dependesse sua vida,

Nem conseguiria pedir-lhe o perdão,

Quem era este nome?


Caído ao chão,

Um corpo vazio mas com vida,

Ela podia sentir-lhe a vida pulsar por entre os dedos,

Sim, ele não estava morto,


Apenas aparentava,

Conseguiria salvar este que só tinha dele suas atitudes,

Este que por ela pôs o nome em esquecimento,

-Conte-me, você sabe!


Ela pediu a ele enquanto tocava em seu peito,

Conhecia aquela pessoa de forma íntima,

Agora, já não recordava,

Precisaria?


Cada palavra que provém de Deus é pura,

Mas da boca que por Ele fala, ela seria?

De repente, seus lábios moveram-se,

Ele se esforçava por si mesmo,


Daria para acreditar que queria viver,

Será que seria forte o bastante?

Estava em suas mãos agora,

Aquele que um dia lhe virara as costas,


Aquele que feriu-a,

Ele da forma como estava,

Se assemelhava a um escudo impenetrável,

E acho até que este escudo o feria...


Não tentou movê-lo tanto,

-Diga-me, diga seu nome,

Você o têm, não têm?

Como é que você é conhecido pelos outros,


Não, não tente me reconhecer,

Quem eu sou agora não importa,

Nem aquele que você foi para eu,

Diga para mim,


Como você é reconhecido lá fora?

Me parece que ninguém se lembra...

Não ouviu nada a se acrescentar,

Conseguiu com muito esforço colocá-lo sentado,


Quase se arrependeu do tempo em que o definiu- o mentiroso!

De sua boca jorrou sangue,

Sangue coagulado e grosso...

Um sangue escuro e inconsciente...


(Penso que ele ainda não sabe quem é,

Mas sim, está a salvo!).


quarta-feira, 2 de novembro de 2022

A Mordida

 

Ergueu os olhos adiante,

E, na extremidade do fruto fresco,

Foi como se sentisse a sua face,

A maça roseada tinha quase uma textura,


Era como se recordasse o seu rosto,

Quis morder,

Depositou ali um fresco beijo,

Roçou os lábios como quem toca a pele


Sentiu na boca o gosto e o sabor doce,

Era como se o tivesse perto,

Sentia o cheiro,

Era mais que desejo,


Talvez, isso fosse amor,

Talvez apenas química,

Algo que explode ao toque,

Mas se apaga com a distância...


Talvez, talvez fosse mais que isso,

Andou um passo,

Agachou para pegar um galho solto,

Então, sentou-se na sombra do tronco da árvore,


Ali poderia colher mil frutas mais,

Mas, nem todas teriam o mesmo gosto

Ou despertariam mesmo sentimento,

Ao alcance,


Porém, também, da mesma forma distantes,

Ou mais um pouco,

Já não teria o sentimento de cansaço

E o desejo tão intenso de antes,


Ali, à sua frente, porém, bem longe,

Muito longe,

Lá, também tão longe havia aquele,

Sorriu e deu outra mordida tentadora,


Olhou para dentro da fruta e viu o brancor,

Límpido e transparente,

Parecia não haver muitos obstáculos ali na fruta...

Dessa vez, um sentimento terrível lhe ganhou com força,


Era sua lembrança esplendorosa e boa,

Era a sua boca, sua pele, seu cheiro,

A fruta já não trazia a satisfação de instantes,

Ela escorou-se junto a árvore,


Não via saída,

Teria de procura-lo o quanto antes,

Falar de todo o amor que sentia,

Abraçar-lhe e roçar uma mordida,


Suave e molhada e intensa...

Queria ter asas e poder voar ali feito as folhas,

Imaginou que aquelas mesmas folhas o tocariam,

Sentiu cansaço e algo de triste nisso tudo,


Quis correr mas foi como se suas pernas contivessem o aço,

Sentia-se pesada até mesmo para levantar-se,

À medida que o cheiro dele se aproximava,

Tudo o mais perdia o foco e a intensidade,


Seus contornos desenhavam-se diante do seu olhar,

Era como se estivesse tão próximo,

A distância deformava-se como se levada pelo vento,

Mas, não ventava apenas havia uma certa carícia de mãos macias,


Distintamente um túnel se abria diante dela,

Algo com um interior indefinível,

E de largura espessa parecia mais que contê-la,

Sentia-se estreita e arredia,


Como se portas a prendessem e a esmagassem,

Quase lhe faltava o ar,

Mas seu sorriso se mantinha,

E na boca o gosto,


Entregou-se a outra mordida,

Sentia uma fome intensa e aterradora,

E depois, viu-se mais próxima de si mesma,

Mesmo que isso significasse perde-lo,


Não se arriscaria a tanto,

Entregar-se a uma imagem e imaginar tê-lo,

Isso sim é que era disforme...

Encontrou uma saída em tudo isso,


Ali, parada e escorada feito indigente,

Naquele instante ter um nome

Ou um caminho definido não fazia sentido,

Era esta de fato a saída,


Mas desta saída não era possível sair,

Mas lhe era possível o sentir...

Provou o sabor da fruto com uma última gota de angústia,

Caminhara por quilômetros em sua busca,


Quase que doía o reencontro,

Quem ele era neste profundo de abatimento?

Talvez um alguém que não se lembrava dela,

Que não provava uma fruta com seu gosto,


Que tinha dentro dele mais que lembranças,

E esta, presença, não era a sua,

Não enquanto estivesse tão distante,

E não estaria mais perto,


Não para ele que não vinha,

Talvez, ele não pensasse em si mesmo,

Não mais.

Quem sabe via-se como alguém acima de tudo,


Inclusive do sentir,

Nem em si mesmo,

Nem Antonio pensava em Paola.


Busca aos Peixes

Masharey acordou, Subiu na alta cadeira Feita de pneu usados, E cantou alto: - estou no terreiroooo! Em forma de canto. Após iss...