Subindo e descendo a rua,
Até onde o olhar podia ver,
Talvez, se não fosse a lua,
Com certeza não tão distante,
Há uma multidão densa,
Não parece que eu pertença a ela,
Mas, quanto a você,
Me indago, onde estará?
Cidade cheia como sempre,
Vazia de tudo que eu queira,
Talvez um tanto apagada como o alvorecer,
O instante em que se pisca os olhos,
E imagina se o sol consegue nos ver,
Se quando ele toca a terra também nos beija,
Se nos faz estremecer,
Não é o bastante,
Não para trazer você...
Posso dizer que a lua não ajudava muito,
Não quando busquei por você.
Solidão dominante e ameaçadora,
Imagino se o veria por entre as pessoas,
O que é rude,
Confesso: meus pensamentos não me ajudam,
Quero esquecer,
Desejo não pensar besteira,
Mas olhar para outro me é desagradável,
Será que me acostumei a querer?
Sempre desejar e não me contentar com o ter...
Imagino se o sol pudesse falar,
Quanta coisa poderia nos dizer,
Quem sabe tivesse muito a contar,
E neste muito não fosse importante o você,
Penso, mas não penso que seria possível,
Escolho um ponto imaginário e fico nele,
Não tardo a vê-lo,
Você pensa que estou louca?
Toco as pernas com as duas mãos,
Pressiono os meus joelhos e torno a subir e descer,
Nada ajuda no que refere-se a você,
Da imagem em que te vejo,
Não sei quanto há de verdadeiro,
Lamentável,
Lamentável acreditar que ficaríamos juntos,
Você acreditar no amor,
Para quê?
E eu?
Levo uma torção no tornozelo,
Desconfio da confiança do que sinto,
Fragmentos são levados pelo vento,
São feito soldados vacilantes,
Que chegam nem param e se vão ao longe,
Eu aqui, perdida, esquecida,
Uma pergunta vadia paira como se carregada,
-Se você fosse me encontrar que dia seria?
Acreditaria se eu dissesse que tenho dia e hora agendados,
E ainda os segundos e neles os centésimos?
Seria inútil dizer que o espero...
Sento no chão quente,
Recolho as pernas até o peito,
Penso em você,
Não sei se pensar tanto tem algum jeito.