sexta-feira, 7 de março de 2025

A Hora

Anunciaram os djins,
- aproxima-se a Hora.
O povo daquelas areias
Sobre o mar azul e limpo
Estremeceu.

Aguardaram uns de Al-Qhuran,
Outros com seus ídolos.
Mas, a trombeta não foi tocada,
E Allah não desceu.

Contudo, Tagut usou de sua magia
Para enlouquecer aquele povo,
E Jibti o seduziu com promessas,
E nisto, marcou horário
De adoração.

Sempre em devido horário,
O povo se reunia em oração
E confessava seus pecados,
Tagut e Jibti se tornaram
Conhecedores de suas dores
E aflições e necessidades.

Porém, Allah sabe o que
Se passa em seus corações
Sem que falem
E sabe lhes suprir.

Mas, o povo ficou enlouquecido,
Decidiu falar e adorar,
A qualquer preço,
Nisto os djins atacaram
E eles são muitos.

Allah não sentiu medo,
Não enviou seus anjos,
Apenas enviou um mensageiro.
Este os lembrou que Allah
Conhece seus corações,
E os ouve sem que falem,
E não pede adoração.

Mas, o povo adorou ídolos,
Do barro, do fogo, de carne...
Os djins espalharam 
Toda maldade possível 
Usando a voz do povo,
Obrigando-os a perder a razão 
E a cometer toda espécie de pecado.

A sedução e a magia,
Reunidas na maldade
Foram razão de toda
Espécie de atrocidade,
Então, Allah lhes enviou um raio,
No raio estava o Al-Qhuran.

Os demônios se afugentaram,
Os djins os abandonaram,
E todo o povo tentou tocar o livro.
Um após o outro,
E muitos queimaram vivos.
Somente quem adorou Allah
E foi bondoso e humilde
Pode tocar no livro e lê-lo.

Água

Um vento soprou intenso,
E virou o livro sagrado,
Dentro daquele buraco,
Cada vez que o vento soprava,
Uma página virava,
E corria,
Como se alguém estivesse
Ali dentro
E estivesse lendo.

Mas o povo não sentiu medo.
Ao invés disso,
Plantou tamareiras
E gramado ali e fez ao livro
Um altar.

Eventualmente,
As páginas mudam.
Ninguém se apavora.
Certo dia,
O povo acordou,
Saiu de suas casas
E o livro estava no alto.

Sob o livro havia água,
Água em abundância,
E água pura e límpida.
Restou o livro no alto,
Sem apagar-se
Ou se decompor.

As tamareiras e o gramado
Ao redor,
Verdejantes e muito mais vivo.
E o livro boiando
Sobre água pura.

Fogo

Dentro da área do castelo,
Certo dentre o povo,
Residente em suas dependências,
Decidiu cavar um túnel,
Passou dias e meses a escavar,
Após isso,
Passou a jogar lá seus lixos.

Não tardou
E tudo virou chamas lá dentro,
Ele insistiu,
Convidou adeptos para a tarefa,
Alguns se peregrinaram a ajudar.

No fim,
Passaram a curvarem-se
Para o túnel,
E queimar bezerros na chama,
Sem alimentar-se deles,
Apenas reverenciando
Alguém através da atitude,
Em oferenda.

Todavia, ouviram uma voz
Que vinha lá de dentro,
E está pediu coisas para eles,
Uma delas era que lhes jogasse
Apenas bens de valores,
Nisto eles correram,
Jogaram seu ouro,
Jogaram seus bezerros e animais.

Neste instante,
O fogo crepitou,
Acendeu uma chama mais
Alta que o castelo,
E pedia oferendas
Com maior esmero,
Também ganhou mais adeptos.

No então,
Houve os que recusaram
A servir este Deus desconhecido,
Alegaram que deveria ser magia,
Uma enganação do demônio.

- Foi-me proibido adorar
O que adorais em vez de Deus.
Disse um deles,
E não foi.
-me recuso as suas paixões.
Falou a esposa de um deles.

Ela olhou chorando,
Quase implorando que não fosse.
Ele foi.
O rei se apiedou deles.
Pediu que não seguissem
Está religião,
Pediu a Allah intercessão.

E quando,
Cultuando tanto este demônio
Do fogo,
Um deles queimou-se até a morte
O rei se comoveu
E enviou guardas para recolher
Seu corpo,
E rezou a Allah por sua alma.

E quando alguns deles
Jogaram no fogo
Tudo que tiveram.
O rei se apiedou,
Deu-lhes trabalho,
E iniciou pagamento de salário.

Família alguma
Dentro das dependências passava
Fome ou necessidade.
Mas, eles não souberam agradecer,
Continuaram a alimentar
A labareda tão enorme
Que parecia ter vida própria.

Dia e noite ela não se apagou.
O demônio pediu crianças,
E eles enviaram até os velhos.
Jogaram do menor ao maior.
Num culto obstinado
Encantados por enxergar
A terra adquirir vida.

A liberada de tornou enorme,
E afugentou o mar.
Consumiu os céus,
Afugentou os pássaros.
O rei saiu até a sacada
E ajoelhou-se convidando-os
A cultuarem Allah.

Ter conhecimento do Al-Qhuran.
Mas, temeroso de Allah,
O rei preferiu não impor
Sua vontade.
Deu a todos consciência.

Um silvo soou de dentro
Do fogo,
O povo saiu de suas casas,
Pensou se tratar da trombeta
Dos mensageiros de Allah,
Mas se tratava do fogo
Que naquele instante
Ferveu toda a água,
E deixou em brasa toda a bebida.

Pareceu impossível pisar
Naquele chão,
Então, o povo de Allah
Pôs se a adora-lo
Em voz alta,
E sua casa não queimou,
A sua água fervida normalizou,
E a comida ressurgiu das brasas.

A fé deste povo foi tão intensa,
Que tudo que tocavam
Ressurgia,
No entanto,
O povo do demônio
Não deixou de adora-lo.

Tanto o fogo não apagava
Quanto eles não deixavam
De adorar.
Diferente das outras noites,
As estrelas brilharam
No céu reluzente
Por entre a fumaça,
Contudo uma cresceu bastante.

E pareceu despencar,
Depois caiu naquele chão,
Tão grande
Que o alimentaria para sempre.
Morreram alguns adeptos
Do demônio,
Mas o culto de intensificou.

As chamas pareciam chamar,
E eles iam até ela.
O povo de Allah temeu,
Se juntou e rezou alto,
Todos reunidos,
Cada um deles tocou
No Al-Qhuran e o beijou,
Depositando neste ato
Toda sua fé.

O rei,
Foi o último,
Ao pega-lo,
Se encaminhou até o fogo,
Uniu no livro sagrado
A fé de casa um,
E chegou perto,
Bem perto.

Depois pediu misericórdia,
Beijou o livro e jogou.
O livro caiu aberto,
Fazendo vento,
Crepitando enquanto caia,
Fazendo as labaredas
Se afastar abrindo
O caminho para ele cair,
E ao cair apagou o fogo,
Próximo a ele e foi apagando.

Nada restou
Além do livro caído aberto
Naquele solo.
Como se fosse um balde de gelo
Com água,
O solo esfriou com um chiado.

O povo olhou com olhar apavorado,
E os adeptos do demônio
Correram para fora enlouquecidos,
Surgiu uma fumaça
Do chão que os deixou loucos,
 Então, partiram para fora
Do palácio.

Houve sono e paz lá dentro,
A noite se fez,
Todos dormiram
E não tiveram notícias
Dos que fugiram apavorados.

quinta-feira, 6 de março de 2025

Demônios

Certa esposa desejou
Um homem que lhe
Amasse
E lhe quisesse o bem.

Ela não gostava de trabalhar,
Não limpava bem a casa,
Ou sabia cozinhar,
Por não achar isto importante.
Nada obstante,
Rezou a Tagut,
O sedutor,
Fez-lhe oferendas,
Dedicou-se a ele.

Contudo,
Ele não foi benigno,
Vendo a necessidade dela
Por carinho,
E por um alguém ao seu lado,
Lhe pediu submissão,
E oferendas.

Ela lhe ofereceu jantares
Servidos a luzes de velas,
Ofereceu sua melhor bebida,
Entregou a ele o melhor
Dos seus sentimentos.

Porém, certo dia
Ele prometeu visitar-lhe,
Rindo dela,
A pediu que esperasse
Em seu quarto nua,
E de luzes apagadas,
Assim ela fez.

A noite ela foi atacada
Por um ser que não imaginou
O que fosse,
Ciente de sua entrega,
Jurou amor,
Fez carinhos e o mais que pode.

Todavia,
A visita se tratava de uma centopeia,
Está abraçou-se a ela
Com seus tentáculos,
Depois grudou seus dentes,
E ao mesmo tempo
Todos os seus braços,
Cortando-a em duzentos
Pedaços,
Até dilacerar toda carne.

Jibti gostou da oferenda
E fez dela alimento para
Seus demônios da Geena.
Nem Tagut ou Gibti
São misericordiosos.
Eles não pouparam sua solidão,
Ou adoraram sua fé neles.

Quarenta Anos de Castigo

Ocorreu que este povo
Que vivia no oásis,
Tinha pouca higiene.
Passou a cada vez
Tomar menos banho.

Nisto suas peles
Pareceu de uma espécie de secura,
Coisa muito estranha,
A areia passou a grudar
Em seus corpos
E dar a eles efeito de tijolos.

Cada soco que eles davam
Era uma vida a menos,
Seus corpos pesavam,
E tinham dificuldade
Para moverem-se.

Uma mãe abraçou seu filho,
E virou pedra,
Não pode mais soltar-se,
Veio um corvo
Perfurou seu crânio
E arrancou seus cabelos,
Mas ela não se moveu.

Depois ele comeu seus olhos.
Um dia,
Um rapazinho
Ficou muito irritado
Durante a briga,
Levou a mão até seu ânus,
Arrancou o couro
Que estava duro e cortante,
E o meteu no pescoço
Do outrem.

Ele sangrou até a morte.
Os corvos foram ficando
Cada vez
Mais famintos,
Eles rasgavam as vestes
Em suas unhas,
Arrancavam as tendas,
Suas unhas eram feito lâminas
Grossas e afiadas.

Uniam-se em bandos,
Jogavam areia até cega-los,
E arranhavam suas peles
Do início ao fim.

Bicavam até encontrar a carne.
Quarenta anos de preguiça,
Dor e medo,
Isto foi o castigo que sofreu este povo.

Comida de Corvos

Havia uma família que vivia
No deserto,
Eles moravam em barracas,
Um oásis,
Com rio cristalino,
Estrelas no céu,
E alguns peixes.

Próximo a eles havia um reino,
Este reino residia num castelo,
O castelo era quadrangular,
E tinha um grande espaço,
Onde as pessoas andavam,
E depois havia uma casa interna.

Muitas famílias residiam ali,
Morava o rei, a rainha,
Os filhos sultões e os súditos.
Os súditos residiam
Na parte do castelo
Que também era o muro,
Ou seja o quadrangular.
Ali dentro havia comércio.

Tudo que tinha valor
Era vendido nesta área,
Também havia plantação
De alimentos e bebidas,
Verduras e hortaliças.

Podia dizer que era uma
Grande cidade,
Contudo,
Do castelo maior
Para o menor,
Tudo, pertencia ao rei.

Os tartanitas,
Residentes nas areias
Não gostavam disto,
Por não terem um teto seguro,
Eles viviam a mercê da natureza,
Ora tinham comida,
Ora não.

Para se fortalecer
Decidiram casar-se entre família,
E ter o máximo possível de filhos,
Se lhes fosse possível
Passar no castelo
E roubar uma das crianças eles
O faziam.

Não tendo bens, dinheiro
Ou comida,
Volta e meia eles invadiam
O castelo,
Roubavam, matavam, estupravam...

E a guerra era sangrenta,
O castelo tinha fins pacíficos,
Mas, os tártaros não.
Tudo que encontravam
Se tornava arma.

Por quarenta anos,
Eles rodearam o castelo
De almas errantes,
Buscando matar todos
E deixar o castelo em ruínas.
Suas orações eram dirigidas
Para que tudo se tornasse areia.

Nisto, eles criaram grupos
Para ataca-los enquanto dormiam.
Um dia jogaram madeiras com fogo,
Pedras e paus por todos os lados.
A gritaria foi terrível,
As famílias acordavam
Com uma madeira cravada
Próxima a elas,
Telhados quebrando-se
Em suas cabeças,
E sangue por boa parte.

Enquanto uns atacavam,
Outros entravam saquear,
Roubar crianças e outros valores.
Mas, muitos dos tártaros saiam
Feridos,
Logo que saiam das dependências do castelo
Caiam na areia e morriam.

Os demais não se importavam
Com o morto,
Colhiam o que ele trouxe,
E o largavam a céu aberto.
Aos poucos os corpos
Se tornaram comidas de corvos,
Que de tão famintos
E tão acostumados a comer
Carne humana,
Passaram a atacar os vivos
E esconder no fundo da areia.

No fim dos quarenta anos,
O povo tártaro foi redimido
A comida de corvo,
E a areia ficou tão podre
E suturada de coisa imprestável,
Que o deserto pegou fogo,
E as labaredas passaram

A ser sustentadas pela areia
Que desbarrancava
E caia dentro
Incendiando a chama,
O rio secou,
Virou pó,
O fogo tomou proporções catastróficas,
Até hoje queimam aquelas areias,
Mas o povo do castelo vive bem.

Aconteceu que desde o primeiro corpo,
Devido ao seu estado de podridão,
Já iniciou o aquecimento da areia,
Houve cede maior,
O povo do oásis
Teve que buscar cada vez mais
Distante a água,
Que passou a conter areia,
E a cede aumentou,
Nesta medida cresceu o ódio entre eles.

Eles possuíam horror
Ao trabalho,
Preferiam tomar água de côco
E banho de sol.
Era fácil roubar tâmaras,
Bastava pular no teto do castelo,
Que já alcançava alguns pés.

Então, detestaram o trabalho.
Os corvos entretinham eles
Chamando-os aos poucos,
Ferindo seus braços, pernas
E arrancando os olhos.
Até que eles desistiam da vida
Para se tornar comida
E podridão.

quarta-feira, 5 de março de 2025

Cara a Cara com Jibti

Um jovem casal
Iniciou suas vidas,
Comprou terra,
Dela juntou as pedras
E fez um castelo.

Depois de tirar as pedras,
Arou a terra a bois,
Limpou a inchada,
Achou mais pedras,
Juntou-as em certo lugar,
Rastejou tudo
Até restar terra limpa.

Com as outras pedras
Fez uma calçada,
E uma estrada para a terra.
Sobrou pedras.
Então, juntos plantaram feijão.

Foram até o comércio próximo,
Trocaram pedras por sementes.
Semearam, limparam.
A primeira colheita foi perfeita.

Usaram do feijão colhido
Para alimento,
E venderam no comércio
Para comprar mistura
E móveis para a casa.

Os móveis anteriores
Eram feitos de pedras
E madeiras encontradas.
Trocaram alguns apenas.

Um vizinho soube deles,
Este vizinho era solteiro,
Mas conquistou para companheira
Jibti, um demônio.
Encaminhado por Jibti,
Carlos invejou a colheita.

Invadiu a casa do casal,
Roubou deles duas sacas
De feijão novo,
Plantou uma inteira.
Sessenta quilos.
Nada lhes custou.

Mas, não limpou.
Perdeu tudo para a sujeira.
Houve novo plantio do casal,
Nova colheita farta.
Eles guardaram ensacados
Muitas sacas
Destinadas a alimentar
O mercado da cidade.

Porém, Carlos se enciumou
E furtou tudo outra vez.
Foi de carroça,
Não deixou única saca.
Era tarde da noite
Quando ele chegou
E arrombou a porta.

O casal acordou
Quis tirar satisfação,
Ele apontou a arma
Contra a mulher,
Atirou em seu ventre
E a deixou sangrando.

Com isso,
Obrigou Dóminos,
O esposo,
A carregar as sacas
E coloca-las todas na carroça.
Dóminos o fez,
O homem atirou contra ele,
Uma fumaça levantou
Do chão e Carlos errou o tiro.

Acertou na pedra da casa,
Ricocheteou o tiro
E acertou a perna do cavalo.
Ele não viu,
O demônio havia embaçado sua visão.
Dómino correu e abraçou a esposa.

Carlos seguiu com os cavalos
E a carroça com toda a colheita.
No caminho,
Jibti exigiu sua parte,
Encaminhou Carlos através
De uma estrada de um vale
De árvores densas
Sem flores ou frutos,
Com aspecto de mortas,
Porém, com folhas verdes.

Lá o demônio pediu
A Carlos que jogassem metade
Do que auferiu no precipício,
Pois Jibti queria
Alimentar as labaredas do seu fogo.
Carlos seguidor cego
E fanático,
Jogou as sacas.

Porém, a perna quebrada
Do cavalo falhou,
A carroça resvalou
E ele caiu no precipício
De fogo
Com cavalo, carroça e feijão.

As faíscas voaram tão alto
Que atingiram sua casa,
Iniciaram queimando o feijão
De dentro da casa,
A última saca que lhe restou
Do outro furto,
E queimou tudo,
Sem restar vestígio.

Sentindo o calor intenso,
Dóminos abraçou Dominaren,
E abriram o Alcorão,
Ajoelhados e abraçados,
Iniciaram a leitura,
Depois disso,
Dómimos chorou
Vendo sua esposa sangrar,
E não aparentar melhorar.

Por isso,
Ele encostou o Alcorão
Aberto em seu ventre,
Entregou seu filho
Que ela carregava a Allah,
E rezou.

O clarão da labareda de Jibti
Foi visto da janela de sua casa,
As faíscas foram avistadas,
Mas nada queimou,
Então, sua esposa adormeceu.
Entregando seu amor a Allah,
Dóminos se levantou,
Pegou ela no colo
E a levou para o quarto,
Lá removeu o Alcorão de seu ventre.

Allah, misericordioso e sábio,
Houve tudo e sabe tudo,
Se apiedou do casal,
Curou o ventre dela,
E fez ela sustentar o filho,
Do tiro restou apenas a cicatriz.
E da casa de Carlos nem um triz.

Jibti regozijou
Em suas labaredas,
Voou alto,
Mas nada pode fazer,
Allah foi protetor daquela família .
A casa onde Allah entra
É proibido a todos os demônios,
E Jibti não foi convidado.

Mas, mora próximo
Atenta-se a todos os movimentos
E não poupa magia.
Por isso, o Alcorão fica
Sempre aberto
E todo ano é lido.

Polícia e Tiro

Sirenes, buzinas ou apitos Não avisaram Que uma guerra Havia iniciado no país inteiro. A televisão foi cancelada Por ordem...