Já não sabia onde estava ou o que fazer da sua vida,
Queria relaxar um pouco a pressão que o forçava,
Ele tratou de pôr a cabeça para descansar,
Precisava traçar uma nova rota, provar do inseguro,
Apenas para forçar uma segurança em si mesmo,
Que parecia ter abandonado a tanto tempo atrás,
Mas que ainda o pegava pelo braço e o conduzia,
Embora possa parecer contradição entre o que sentia
E o que demonstrava, dentro dele algo o incomodava,
Baixou a caneta sobre o papel nem terminou a linha,
Esgotado e sem forças deixou-se cair sobre a cama,
Mais difícil que ter uma ideia em que acreditar,
Era coloca-la em pratica, expondo-se a reações adversas,
E ainda ter forças para enfrentar de cabeça erguida,
Afinal, ao homem não é permitido a insegurança,
Para que afrouxar o cinto que prende a roupa,
Quando pode-se simplesmente abrir o zíper da calça?
Tudo é tão prático que chega a parecer metódico,
Um dia você pega-se apenas repetindo o passado,
E ainda acredita que está vivendo um sonho lindo,
Pôr a cabeça em ordem garante passos bem-sucedidos,
Ao homem nunca foi permitido o erro, negava-se a isso,
Passou as mãos pelos cabelos loiros e bem cuidados,
Sentia-se preso a si mesmo, descompassado quanto a algo,
As paredes frias do quarto o pressionavam, precisava ter
cuidado,
Levantou-se, foi a geladeira, colocou o leite gelado em um
copo,
E bebeu tudo, ainda pensativo, pegou a frigideira,
Pôs bacon e ovos, juntou uma fatia de pão, esse foi seu
jantar,
Aquela ideia tosca em que um homem não se garante sozinho,
Já não convencia ninguém mais, para que enganar-se?
Dentro do seu peito o amor ressoava alto, refletia um rosto,
Ele olhou para a cadeira ao lado, para as sobras da comida e
chamou um nome,
Depois que se despediu dela, sem saber se aquele seria mesmo
o final,
Continuou a fazer tudo da mesma forma, como se a esperasse
ainda,
Pelo menos desta vez, ele não pôs um prato a mais na mesa,
Era uma sujeira a menos para lavar, mas e quanto a sua alma,
Será que estava reagindo bem a tudo que via e mantinha na
memória?
Apegar-se tão forte a alguém que foi embora para nunca mais
voltar,
Pode ser de extremo perigo para os sentimentos de quem fica,
Ele decidiu nunca mudar de lugar, será que desejava ter ela
de volta?
Sentia-se esgotado de todas as suas forças, sua resistência estava
partindo,
Amar com toda a alma só deveria ser permitido quando fosse
recíproco,
Só se ama uma vez repetiam os tolos, então porque ainda se
apegavam a ideia?
Mesmo ele, perambulando por entre os escombros de tudo que
existiu um dia,
Será que acreditava que teria forças para reerguer tudo de
volta?
Se ela havia partido, se recusando a ficar, por que gastar
forças desnecessárias?
No destino em que cada um caminha a seu modo era negado o
direito de escolha?
Um acidente em seus objetivos seria o bastante para
desvia-lo da sua rota?
Então, em que ele acreditava? Apegado demais a uma pessoa
esquecia do amor,
Alguns chegam enquanto outros vão, o amor não se resume a
uma única boca,
Não que ele fosse adepto a beijar todos que se colocavam
diante dele,
Mas ela escolheu abraçar outras ideias, viu outra linha no
horizonte,
Se agarrou a sua consciência e a abraçou mesmo com as mãos
tremulas,
Fez tudo que estava ao seu alcance por ela, mas falhou e
agora?
Morreria por uma ideia? Agarrado a imagem de uma pessoa que
o feriu,
É tão cruel o amor que aprisiona os sentimentos sem que
possa se soltar?
Que amor errôneo, morrer por que quem amou partiu para outro
lugar,
Por mais esforço que fizesse, ele não conseguia esquecer das
suas últimas palavras,
Dia 19 do mês de julho de 2009, que sorte teria se pudesse
deletar da memória,
Quisera Deus conceder a oportunidade de que nunca tivesse
existido,
De que quem amou com toda a alma apenas o aceitasse da forma
que ele era,
Que as atitudes e as palavras jogadas contra ele, nunca o tivessem
ferido,
Não tivesse sido rejeitado em pessoa e em suas ideias,
tivesse sido amado apenas,
Ela buscava elevar-se sobre suas costas, não via respeito em
seus olhos,
Se escondeu atrás da bebida e falou demais, tomou a atitude
errada,
Como ele poderia ter ficado inerte, sem reação alguma em seu
peito,
Foi tão forte a situação ocorrida que desacreditou ter saído
ileso,
Foi raiva, magoa, covardia o que enxergou nos olhos de quem
mais amou,
Fosse o que fosse que houve naquela hora, não se prenderia a
isso,
Era necessário viver a vida, seguir com as ideias em que
acreditava,
Amar é preciso, mas prender-se até morrer por isso, é covardia,
Contra si mesmo e contra quem pudesse beneficiar com seus
atos,
Ele desejou mais que isso, seguiria de cabeça erguida,
O mais ileso que fosse possível, para que fechar-se em sua
dor?
Consciente de que, se errou, foi por ter amado sobre medida,
Não desistiria de conservar sua imagem abrigada em seu
peito,
Mas também, não se entregaria a morte condenando os demais,
Se alguém partiu outro poderia entrar e abrigar-se naquele
lugar,
Sempre haveria pessoas a sua volta as quais pudesse amar,
Pessoas que dariam sua vida por ele, que o amavam com todo o
carinho,
O ato de desistir de viver é o gesto mais egoísta que
existe,
É desabrigar pessoas que sofriam sobremaneira ante o seu
sofrimento,
Cutucar sua própria ferida para ver-se sangrar e condenar os
outros ao sangue,
O desejo de morte nunca curou a dor apenas a transferia de
lugar,
A ideia de outras vidas e coisas mais, é fugir da própria
realidade, afugentar-se,
Atos desesperados sem medir as consequências para quem fica,
pura covardia...
Se tudo não passava de um teste sobre a sua coragem ele
seguiria adiante,
Do contrário seguiria por amor ao que acreditava e por quem
também o amava,
Não estava sozinho, a não ser na sua cabeça, então o que
ainda o prendia?
Se quem o amava foi embora, não era o seu desejo liberta-lo
para a vida?