quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Homem Preparando Seu Próprio Café


Com um menear de cabeça para espantar as ideias,

Já não sabia onde estava ou o que fazer da sua vida,

Queria relaxar um pouco a pressão que o forçava,

Ele tratou de pôr a cabeça para descansar,

Precisava traçar uma nova rota, provar do inseguro,

Apenas para forçar uma segurança em si mesmo,

 

Que parecia ter abandonado a tanto tempo atrás,

Mas que ainda o pegava pelo braço e o conduzia,

Embora possa parecer contradição entre o que sentia

E o que demonstrava, dentro dele algo o incomodava,

Baixou a caneta sobre o papel nem terminou a linha,

Esgotado e sem forças deixou-se cair sobre a cama,

 

Mais difícil que ter uma ideia em que acreditar,

Era coloca-la em pratica, expondo-se a reações adversas,

E ainda ter forças para enfrentar de cabeça erguida,

Afinal, ao homem não é permitido a insegurança,

Para que afrouxar o cinto que prende a roupa,

Quando pode-se simplesmente abrir o zíper da calça?

 

Tudo é tão prático que chega a parecer metódico,

Um dia você pega-se apenas repetindo o passado,

E ainda acredita que está vivendo um sonho lindo,

Pôr a cabeça em ordem garante passos bem-sucedidos,

Ao homem nunca foi permitido o erro, negava-se a isso,

 

Passou as mãos pelos cabelos loiros e bem cuidados,

Sentia-se preso a si mesmo, descompassado quanto a algo,

As paredes frias do quarto o pressionavam, precisava ter cuidado,

Levantou-se, foi a geladeira, colocou o leite gelado em um copo,

E bebeu tudo, ainda pensativo, pegou a frigideira,

Pôs bacon e ovos, juntou uma fatia de pão, esse foi seu jantar,

 

Aquela ideia tosca em que um homem não se garante sozinho,

Já não convencia ninguém mais, para que enganar-se?

Dentro do seu peito o amor ressoava alto, refletia um rosto,

Ele olhou para a cadeira ao lado, para as sobras da comida e chamou um nome,

Depois que se despediu dela, sem saber se aquele seria mesmo o final,

Continuou a fazer tudo da mesma forma, como se a esperasse ainda,

 

Pelo menos desta vez, ele não pôs um prato a mais na mesa,

Era uma sujeira a menos para lavar, mas e quanto a sua alma,

Será que estava reagindo bem a tudo que via e mantinha na memória?

Apegar-se tão forte a alguém que foi embora para nunca mais voltar,

Pode ser de extremo perigo para os sentimentos de quem fica,

Ele decidiu nunca mudar de lugar, será que desejava ter ela de volta?

 

Sentia-se esgotado de todas as suas forças, sua resistência estava partindo,

Amar com toda a alma só deveria ser permitido quando fosse recíproco,

Só se ama uma vez repetiam os tolos, então porque ainda se apegavam a ideia?

Mesmo ele, perambulando por entre os escombros de tudo que existiu um dia,

Será que acreditava que teria forças para reerguer tudo de volta?

Se ela havia partido, se recusando a ficar, por que gastar forças desnecessárias?

 

No destino em que cada um caminha a seu modo era negado o direito de escolha?

Um acidente em seus objetivos seria o bastante para desvia-lo da sua rota?

Então, em que ele acreditava? Apegado demais a uma pessoa esquecia do amor,

Alguns chegam enquanto outros vão, o amor não se resume a uma única boca,

Não que ele fosse adepto a beijar todos que se colocavam diante dele,

Mas ela escolheu abraçar outras ideias, viu outra linha no horizonte,

 

Se agarrou a sua consciência e a abraçou mesmo com as mãos tremulas,

Fez tudo que estava ao seu alcance por ela, mas falhou e agora?

Morreria por uma ideia? Agarrado a imagem de uma pessoa que o feriu,

É tão cruel o amor que aprisiona os sentimentos sem que possa se soltar?

Que amor errôneo, morrer por que quem amou partiu para outro lugar,

Por mais esforço que fizesse, ele não conseguia esquecer das suas últimas palavras,

 

Dia 19 do mês de julho de 2009, que sorte teria se pudesse deletar da memória,

Quisera Deus conceder a oportunidade de que nunca tivesse existido,

De que quem amou com toda a alma apenas o aceitasse da forma que ele era,

Que as atitudes e as palavras jogadas contra ele, nunca o tivessem ferido,

Não tivesse sido rejeitado em pessoa e em suas ideias, tivesse sido amado apenas,

Ela buscava elevar-se sobre suas costas, não via respeito em seus olhos,

 

Se escondeu atrás da bebida e falou demais, tomou a atitude errada,

Como ele poderia ter ficado inerte, sem reação alguma em seu peito,

Foi tão forte a situação ocorrida que desacreditou ter saído ileso,

Foi raiva, magoa, covardia o que enxergou nos olhos de quem mais amou,

Fosse o que fosse que houve naquela hora, não se prenderia a isso,

Era necessário viver a vida, seguir com as ideias em que acreditava,

 

Amar é preciso, mas prender-se até morrer por isso, é covardia,

Contra si mesmo e contra quem pudesse beneficiar com seus atos,

Ele desejou mais que isso, seguiria de cabeça erguida,

O mais ileso que fosse possível, para que fechar-se em sua dor?

Consciente de que, se errou, foi por ter amado sobre medida,

Não desistiria de conservar sua imagem abrigada em seu peito,

 

Mas também, não se entregaria a morte condenando os demais,

Se alguém partiu outro poderia entrar e abrigar-se naquele lugar,

Sempre haveria pessoas a sua volta as quais pudesse amar,

Pessoas que dariam sua vida por ele, que o amavam com todo o carinho,

O ato de desistir de viver é o gesto mais egoísta que existe,

É desabrigar pessoas que sofriam sobremaneira ante o seu sofrimento,

 

Cutucar sua própria ferida para ver-se sangrar e condenar os outros ao sangue,

O desejo de morte nunca curou a dor apenas a transferia de lugar,

A ideia de outras vidas e coisas mais, é fugir da própria realidade, afugentar-se,

Atos desesperados sem medir as consequências para quem fica, pura covardia...

 

Se tudo não passava de um teste sobre a sua coragem ele seguiria adiante,

Do contrário seguiria por amor ao que acreditava e por quem também o amava,

Não estava sozinho, a não ser na sua cabeça, então o que ainda o prendia?

Se quem o amava foi embora, não era o seu desejo liberta-lo para a vida?

Anotações Espontâneas

 

Que acha da situação agora que alcançou o que esperava,

Sente-se decepcionado, consegue admitir que estava errado,

O que te espera lá fora, solidão e lágrimas estampadas em sua cara,

Disse tudo o que precisava dizer, fez tudo que fosse necessário,

Mas dentro de você, ainda falta algo, sua voz ressoa dentro de si mesmo,

Como se houvesse um vazio crescente em seu peito,

 

Então, talvez você precise pensar um pouco mais em si próprio,

Valorizar mais cada um dos seus sentimentos,

Sente-se amedrontado e tenta acreditar que não tem motivos,

Até para fazer o necessário corre-se certo risco,

Há necessidade de precisar os objetivos, e segui-los,

Não há como desistir no meio do caminho, falsear os passos,

 

Se você calculou cada um dos riscos aos quais estaria exposto,

Então, você percebeu bem antes que este desconforto seria sentido,

Dói avistar o rotundo gerente diretamente nos olhos,

Mas uma fagulha toma seu corpo despertando-o para o incêndio?

Desejou fazer o que com seus erros apagar?

E as palavras que você escreveu outrora, quer esquecê-las?

 

Condenar cada ideia em que você se apegou e joga-la ao nada,

Esta fagulha que queima em sua alma, não está reagindo de alguma forma?

Com mil ideias expressas porta fora, você queria receber o quê? Inercia?

Talvez, ainda não seja a hora para os aplausos, mas não estão descartados,

É da condição humana ser um tanto afastado, negar-se aos fatos,

Porém, ações não são levadas pelo vento, sorte sua ter em que acreditar,

Imagine se não houvessem atos em que se agarrar o que restaria?

 

É preciso ir um pouco além da precisão para agir com cautela,

Reduzir o impacto que chega em cheio e pode voltar-se contra si próprio,

Quando você colocou o amor em suas frases você conseguiu alguma coisa?

Como foi ver sua fala cuspida contra o próprio rosto? Então se recusaram a ouvi-lo?

Mas acreditaram em você, isso você pode constatar agora,

Que resposta você obteve? Medo? Então, você não achou que sentiriam isso,

Quando você ousou definir o amor que muitos poucos sentiram naquelas suas frases,

Tão bem escritas, muitas vezes mal interpretadas, que agora voltam-se,

 

Achou que não o ouviriam e traçariam seus destinos em busca de algo,

O mesmo algo que talvez nem ao menos você havia provado o gosto,

Mas ao menos acreditou, isso foi o bastante para que hoje o ouçam,

Jurou amor e o procurou, e agora está sendo posto à prova,

Se desistir não estava nos seus planos porque estaria agora,

Só por que suas ideias estão mais fortes, mais seguras de si mesmas,

Como é ver suas ideias independentes e tomando outras formas?

 

Ainda lhe dói como antes, ou agora já estão sendo retribuídas,

Se desmanchar em lágrimas já não tem mais o teor de outrora,

Seus passos agora possuem as cores da esperança, da aliança,

Quanta diferença você fez e agora você põe em dúvida as suas ideias?

Será que agora o seu sim e o seu não possuem voz própria,

Podem ser ouvidos e respeitados pela rua afora,

 

Sua voz já foi pequena, nervosa, mas sempre teve consistência,

Atraído para fora de si mesmo, teve algo em que se agarrar,

Mas ao sair, viu as pessoas feridas vagando pelas ruas,

Então, esqueceu que antes estavam da mesma forma,

O tapa dado pelas costas agora ganhou uma tradução espontânea,

As palavras cuspidas na sua cara ganharam uma versão famosa,

 

Tomaram as esquinas, ganharam as ruas, estão a percorre-las,

Ninguém pode se esconder, e antes você acreditou que poderia?

O que te fez abrir sua alma e escancarar sua vida na rua,

A urgência por fazer a diferença, o amor por quem se recusava?

Você disse cuidado ao atravessar a rua, atenção ao dobrar a esquina,

Mas esqueceu que alguns motoristas vinham na contramão,

Mas os transeuntes não, estes estavam sempre tomados de razão,

 

Uma gota de tudo que você distribuiu, não haveria distorção?

Mesmo assim você continuou a percorrer seu caminho,

Talvez eles não o estivessem ouvindo, então você traduziu um coração,

As tentativas de outrora alguma vez lhe soaram nulas?

Mesmo quando tudo parecia girar ao contrário,

Mesmo quando todos se negavam a acreditar em qualquer coisa?

 

Você nunca se assustou ao olhar para fora da janela,

Você nunca se fechou dentro de si mesmo por medo da própria alma,

Agora seus erros e acertos estão jogados pela rua afora,

Será que houve distorção, ou desproporcionalidade em sua fala?

A interpretação de cada pessoa é sempre a mesma em cada cabeça,

A condenação prévia nunca foi prevista, então, por que você chora?

Uma Mulher Irada

Enfim passava dos trinta, sem nada para acreditar,

Achava que algum dia encontraria alguma coisa,

Mas não havia nada ao seu alcance agora,

Na sua cabeça vozes insolentes, no passado fúria e magoa,

Elas imploravam seu perdão agora, achavam que mereciam,

Mas ela achava que não, por que teria que perdoar?

 

Deixaram-na perdida, as margens dos braços de quem jurou amar,

Mãos que ferem agora queriam acaricia-la, chances nulas,

Nunca iria perdoar, pudesse ter feito sua última manobra,

Não estaria aqui agora, mas negaram suas cobiças,

Negaram cada sonho dela, queriam impor palavras em sua fala,

Como se ela fosse incapaz de escrever por si própria,

 

Inventavam histórias sobre ela, inventavam imagens,

Depois a jogavam fora, mera coadjuvante,

O tempo passava e eles voltavam, o que mudava em suas mentes?

Qual foi o erro em seus planos, qual foi o incidente?

 

Voltam com seus choros e apelos, por que ela acreditaria,

Não a magoaram o suficiente, ela não era a indiferente,

Não se julgavam melhores, os senhores detentores da sabedoria,

Não lhe deram outra identidade quando a definiram ninguém?

 

Só que agora ela era uma outra pessoa, mais madura,

De tanto sofrer aprendeu a nunca perdoar,

Condenados a indiferença, achavam que podiam propor aliança?

Queriam apagar os erros do passado e pedirem perdão,

Haveria chances de apagar toda a dor colocada em seu coração?

 

Queriam jogar pensamentos dentro da sua boca,

Afogando-a com suas palavras e crenças nulas,

Acreditavam estar acima dela, e eram o que agora? Nada,

Ar descondensado, sonhos inacabados, beijos roubados,

Nada além de falsidade empregada em cada ato,

Rejeitos expostos a esconderem-se por trás dela,

 

Nem seus próprios caminhos eram capazes de seguir sozinhos,

Estavam aos seus pés, esmagados, achavam que podiam explicar,

Que poderia fazer o que bem entendessem e serem, o que, perdoados?

Sinto muito, mas ela recusava-se a este seu beijo falsário,

Uma promessa de amor embutida em condena ao calvário?

Achavam que iriam iludi-la, feri-la depois de tudo que fizeram?

 

Em que ideias vocês se abrigaram quando tiraram o teto dela,

Quais eram seus pensamentos quando a condenaram ao abandono,

Em que amor vocês se acolheram quando a imaginaram um nada,

Que a recriariam do zero como se ela fosse uma máquina de olhos cegos?

 

Acharam mesmo que ela perderia o cérebro e se resumiria a uma bunda,

A exemplo do que vocês fizeram de si mesmos,

Senhores sabichões, os espertos, dominadores de cada ideia, e agora?

Acham ainda que qualquer palavra colocada será aceita?

 

Sem cabimento, então, estar sem margem apara o erro?

Desejam cair no vão da morte? Acham que ela seria tão indiferente?

Sim, ela não esqueceu nenhum incidente,

Sim, de tudo que disse e fez não escapou nenhum detalhe,

 

Engraçado como o sim agora passou a ter importância,

E o não dela, vocês são capazes de ouvir e interpretar?

Por que acreditariam que algum dia ela os perdoaria?

Por que não se atentavam ao que ela dizia e demonstrava?

Bu-rra, ela lembrava de ter saído dos seus lábios,

Os mesmos que estavam podres agora, prostrados ao solo,

 

Ofensas proferidas de todas as formas, com todos os atos,

Agora desejavam ganharem a projeção do esquecimento,

Nunca, isso nunca, não importava o quanto rastejassem,

Cada ofensa que chegaram aos ouvidos dela nunca seriam esquecidas,

Mesmo que disso dependesse a própria vida, nunca esqueceria,

 

Achavam que poderiam bater na cara dela e depois acaricia-la?

Ela desejava mais é que suas mãos fossem decepadas,

Até ver todo o sangue escorrer e não restar absolutamente nada,

Seu choro ou suas lágrimas, não importava como fossem definidos,

Não seriam ouvidos, não seriam aceitos, descartados agora,

Me digam, como vocês se sentem? Há um vazio em seu peito?

 

Mergulhem neste vazio até não restar mais nada,

Isso foi tudo que vocês conseguiram fazer de suas vidas,

Sintam o vazio de si mesmos consumindo-os de dentro para fora,

Ainda desejam o perdão dela? Quanta ironia em suas almas,

 

Podem dizer agora, como é sair pela porta, sair para fora,

E ver suas caras expostas para que todos a vejam,

Haveria o que mostrar em suas almas? Há em que se agarrar,

Um motivo ao menos em que possam se apegar,

Para que, em uma fração de instantes, possam se orgulhar?

 

Podem responder como poderão estacar o vazio

Que vocês mesmos construíram em si mesmos?

Pobres errantes, de olhos cegos, tivessem se abrigado a algo,

Algo que preenchesse seus tormentos, poderiam sorrir um pouco,

 

E agora que seus medos estão saindo para fora,

Em que vocês irão se apegar, suas mãos estão cansadas?

Parece que as lágrimas outrora rejeitadas passaram a ter valia,

Quem diria, será que agora seriam ouvidas?

Não reconhecem suas imagens refletidas no espelho,

Apeguem-se as suas ações expostas aos olhos de todos,

 

Um mísero discurso de ódio ele a definiu,

Ele queria ou teria seu perdão, não!

Que bom que ele entendeu o recado,

Morte lenta e pesarosa até cada gota sua cair no chão,

Quanto a ela, o recado foi dado, nunca queiram o seu perdão,

 

Momento de agora, se apegar ao erro dos outros

E sair porta afora apontando,

Salve-se quem puder, ninguém é dono de ninguém,

Entre quatro paredes, favor fazerem silêncio,

Eu não conheço você, nem você me reconhece.

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Separados Dentro de Casa


Ela o amava com toda a alma, mas algo não estava certo,

Algo dentro dela se recusava a aquela situação tensa,

O silêncio parecia tão sólido e tangível como o beijo esquecido,

Tentava conversar, se esforçar, entender o que se passava,

Mas os carinhos haviam escapado pelos vãos dos dedos,

O beijo havia perdido o gosto há muito tempo atrás,

 

Era como se o amor que um dia sentiram um pelo outro

Houvesse se acabado da mesma forma que começou,

Do nada, caindo no vazio que os separava um do outro,

Se perdendo nas lacunas da ausência do diálogo,

Os sonhos estavam mortos, o coração pulsava ao contrário,

O relógio pesava com seus ponteiros, parado no tempo,

 

Por mais que procurasse algo para falar não havia assunto,

Se em algum tempo tiveram, hoje não tinham mais nada em comum,

Nem um ponto em que pudessem se complementar,

Mesmo a cumplicidade de outrora, se um dia houve, estava extinta,

A dor de ver tudo que esforçou-se para dar certo se acabar,

Era dolorida, dilacerava sua alma, ela caía em lágrimas,

 

Mas, mesmo que estivesse ao seu lado, ele não a ouvia,

Mesmo que ela fizesse todo o esforço possível para falar,

Ele não a interpretava, nunca havia conseguido entende-la,

Seus instintos sempre falavam mais alto, mesmo à custa do sentimento,

Mesmo que para isso precisasse passar por cima de tudo,

Sujeito imaturo ela o definia, mas o convívio forçado feria,

Ela teria que juntar suas forças, tomar coragem e ir embora,

 

“Sobre terem se amado algum dia, acho que mudamos”,

Ela fez esforço para falar, não obteve êxito, ele não deu ouvidos,

“Como podemos ter caído neste percalço odioso?

Ver tudo que fomos e sonhamos olhar-nos através do espelho,

A contemplar-nos, como se nos visse do avesso,

Como se estivesse a rir dos nossos rostos sombrios?

 

Como se daquele tempo tivesse restado apenas o reflexo,

Isso me leva a pensar um pouco, um instante ao menos,

Será que um dia realmente chegamos a acreditar naquilo,

Nas juras, nas promessas, não sei quanto a você, mas a meu ver,

Tudo foi em falso, uma espécie de jogada do destino,

Em que acreditamos nos sair bem e hoje, cá estamos...”

 

Ele estava absorto na cerveja em seu copo,

Não objetou em nada, se ouviu algo não demonstrou,

Ela levou a mão impaciente ao rosto, esfregou-a no cabelo,

Depois soltou-a em um gesto de impaciência sobre o sofá,

 

Com um menear de cabeça percebeu que não tinha pelo que lutar,

Estava tudo acabado entre eles, e da forma como se encaminhava,

Nunca havia chegado a começar, quando uma relação não passa de uma ideia,

Não é posta em prática ela é tão nula quanto uma declaração nunca confessada,

 

Eles nunca estiveram em sintonia, nunca estabeleceram parceria,

Pareciam estranhos vagando por entre os cantos da casa fria,

Não havia confiança, entre as paredes, as mentiras ganhavam forma,

Nunca chegaram a serem confessadas diretamente por suas bocas,

E se o foram, ninguém fez questão de assimilar, não fazia mais sentido,

Fingirem comprometimento um com o outro estando separados,

 

A união entre duas pessoas nunca foi questão de formalidade,

Poderia ser resumido simplesmente como acordo de vontades,

Mas nesta relação, tudo teve alta voz, menos a vontade,

Escolheram traçar um caminho e embarcaram no primeiro trem,

Destino incerto, não tinha como ter outro ponto final,

Isso, de certa forma, reproduzia um alívio dentro dela,

 

Tornaria sua partida um pouco mais fácil, sem aquele gosto da derrota,

Já era difícil o bastante encarar os rostos bisbilhoteiros da vizinhança,

Mas uma pergunta ainda gritava em sua cabeça, insegura,

Se ele não sentia mais nada, por que a prendia daquela forma?

Por que ficava estagnado, como se desejasse controla-la?

Qual era o efeito daquele amor bandido, que não fazia nada além de ferir?

Seria o medo, seria assim tão difícil o temível fim?

 

Pensando bem, uma pergunta levava a outra, e todas, sem respostas,

Mas de algum modo teria que terminar, alguém teria que tomar a atitude,

Dizem que aquele que diz a frase final é quem carrega a culpa,

E ela sentia-se disposta a correr este risco e pagar a consequência,

Certa ou errada, não insistiria mais no sentimento que acabou a tempos,

E apenas prolongava uma ausência costumeira, o hábito do ostentar,

 

Para que quando perguntassem sobre o casamento pudessem falar,

“Está tudo bem conosco, quanto aos filhos está dentro dos planos”,

Não havia ligação alguma entre eles, tudo era forçado e doentio,

Nem um contato, a comida posta sobre a mesa não preenchia o vazio

Experimentando no vão da cama, abrigados em cobertas separadas,

Separados em suas cabeças, mas agarrados a quê? Uma ideia?

 

A ideia de que o que Deus uniu o homem não separa?

Que união é essa apregoada? A ideia de que o amor é o menor ingrediente,

De que o que dois jovens fazem na adolescência deve durar para sempre,

E a maturidade, a vivencia em suas mentes não conta para nada,

Quando foi que a conveniência se tornou fator principal para manter um casal?

Homem Caído


Como um homem que deseja acordar, desesperado,

Por descobrir que não estava dentro de um sonho,

Mas sim, encontrava-se preso em um pesadelo,

Sentia os dentes cerrados e o suor escorrendo pelo rosto,

Desejou se secar, mas suas mãos estavam inertes,

Seus punhos estavam fechados como se estivesse preso,

 

Por mais que desejasse soltar seus dedos, eles se negavam,

Algo muito forte se sobrepunha a ele, sem que pudesse resistir,

Desejou apenas recuperar o controle, queria interferir,

Dentro dele, agarrada a aquela espécie de irrealismo,

Escorria algo pegajoso com o efeito de raiva e desgosto,

Sentia-se fracassado, caído em solo frio e escorregadio,

Uma dor causticante sufocava-o em si mesmo,

 

Sentia-se cair em um vazio prestes a consumi-lo,

Em algum ponto do caminho em que havia traçado,

Ele perdeu não apenas a altitude, mas também sua força,

Seu coração batia na garganta, sufocando sua fala,

Nada parecia responder as suas necessidades,

Preso em si mesmo, caindo sem piedade, o que seria dele?

 

Ele negava-se a assimilar os últimos minutos,

Recusava-se a cair em si mesmo, esmagado,

Traído pelas costas por um erro de segundos,

Ousou confiar em quem não merecia,

Ou talvez, induzido a acreditar que o erro era dele,

O que importava a culpa quando se está com a cara suja,

Ferido por palavras cuspidas que agora escorriam nele,

 

Como se livraria da sensação ou apagaria o desgosto?

Com a garganta cheia de ódio e o coração frio de sentimento,

Achava que jamais esqueceria este dia, este fato atípico,

Sentia-se descer sem ter onde se segurar, prostrado de joelhos,

Um dedo indicador estava grudado em seus lábios,

Desejava calá-lo, silenciar sua voz sem justificar o motivo?

Ele ainda podia sentir o gosto, posicionado feito um tolo,

 

Não se sentia mais o homem de poucos momentos atrás,

Os ponteiros do relógio estavam presos a aquele tempo,

Cada segundo era tragado para dentro do vazio de sua alma,

Inundando-o, escorrendo por entre os seus dedos feridos,

Saliva e alguma outra coisa queria gritar sua ofensa,

Mas como faria se estava com a boca cheia de angústia?

 

Teria que tomar cuidado com as palavras proferidas,

Elas poderiam não serem tão bem interpretadas,

Agora a vergonha estava estampada em sua cara,

Escorria feito suor por entre suas entranhas,

Queria nunca ter estado naquele lugar, nunca mesmo,

Queria voltar para o calor do abraço da sua mãe,

Queria poder soltar suas mãos, ao menos um pouco,

Mas uma força esmagadora o colocou de cara no piso frio,

 

O pânico e o choque em sua mente sugeriam silêncio,

Do lado de fora, ele podia ouvir que uma mulher gritava,

Mas ele não tentou, não fez nenhum esboço,

Dentro dele, ele sabia que berrava para ser ouvido,

Mas, apenas o sussurro de um gemido pairava ao seu ouvido,

Prisioneiro da sua dor, cooperava com o gosto amargo do silêncio,

 

Ele não conseguia acreditar no que estava ouvindo,

Sonhou em amar um dia, agora estava estilhaçado,

Fosse ao menos de vidro poderia defender-se,

Mas ele sentia, infelizmente sentia tudo,

Via-se cair no espaço do inseguro, tentou ficar rígido, ereto, mas fracassou,

Não pertencia mais a si mesmo, estava em frangalhos tudo que um dia foi,

Sonhos pelo avesso, passos em falso, objetivos perdidos,

Aonde? Em algum lugar no atalho em que pegou no seu caminho,

 

A culpa ele fez questão de tomar para si mesmo,

A quem mais pertenceria? Ferido de dentro para fora,

De fora para dentro, a este movimento ele nunca foi adepto,

Apunhalar pelas costas, calar a voz em sua garganta?

Sentia como se um ferro quente o atingisse em cheio,

Penetrando sua mente, rasgando-o ao meio,

 

Fez um esforço máximo para recuperar o controle,

Jamais cairia no choro, era um grande homem,

Mas neste instante, estava imóvel, jogado contra a parede,

Com investidas irônicas a cercearem sua liberdade,

 

De tudo que foi um dia, nada restou, nem a sombra,

Sentia o pânico dominando suas alternativas,

Fechando-o naquele tormento pesaroso e sem hora para acabar,

Nem um ruído como resposta, por trás de si, um gemido,

 

Já não era mais nada estava destruído, suas pernas abriram-se tremulas,

Ele não conseguiu conter o peso, caiu de quatro ferindo o rosto,

Um sopro saiu dos seus lábios inseguro, sentia falta de ar,

Estava tudo acabado, a força que o mantinha se afastou um pouco,

Ele continuou ali no chão, incapaz de levantar a cara do solo,

A força que o prendia, afrouxou-se, estava livre, poderia sair daquele estado,

Apenas mais um pouco, disse para si mesmo, logo caiu em silêncio.

Mulher Partindo...

 

Sentia-se ferida por dentro, lágrimas vazavam incontidas,

Um aperto no fundo do peito, algo queimava sua alma,

Seus olhos sobressaltados não aceitavam as investidas,

Com frequência rítmica sentia um vazio toma-la de si mesma,

O homem que um dia jurou amar ela por toda a vida,

Estava duro, ereto, impassível, prendia-se sobre ela,

 

Mesmo ante suas reclamações recusava-se a soltá-la,

Esmagava seus pensamentos, tomava-a de tudo que foi outrora,

Tão duro e triste é ser submetida ao vigor da força bruta,

De quem um dia, apenas jurou ama-la com toda a alma,

 

Traída pelas costas, condenada a esvaziar-se de si mesma,

Presa, dilacerada pelo peso de quem tanto a quis um dia,

No seio do seu peito tinha tudo menos carícias,

No ventre do seu coração não haveria amanhecer para aquele dia,

 

Ele invadia a sua frente, prendendo-a, sugando sua boca,

Derretendo sobre ela um amor que não detinha,

Jamais cumpriu com nenhuma das promessas feitas,

Esqueceu que precisava conquistar para se conservar,

Lágrimas escorriam do seu olhar, sentia suas pernas trêmulas,

Queria resistir, mas como falar para quem não ouvia?

 

Nos sonhos de uma noite as sombras vieram se assenhorar,

Não sobrou nada, nem um momento que quisesse guardar,

Ele chegou em sua vida tão depressa, mas era vagaroso na partida,

As horas escorriam vagarosas, os ponteiros se recusavam a passar,

Ela fechava os olhos e calada se entregava as carícias,

Entre beijos e promessas indesejadas, se perdia, incrédula,

 

Havia algo dentro dela que se recusava a abrir sua alma,

Chegada a hora de falar tudo que sentia dentro de si mesma,

Ela se fechava, calava-se, ele passava um dedo para acariciar suas formas,

Investia sobre ela até abri-la, contornava seus desejos até encontrá-la,

Não importava em que lugar ela pudesse estar,

Ele sempre a buscava, com um dedo sobre a sua boca,

Extraía seus segredos, mesmo que em palavras cuspidas,

 

Ele a dizia que ela estava presa em histórias românticas,

Deveria soltar-se daquilo, se esquivar e viver a vida,

Mas, dentro dela, algo a impedia e este algo não tinha fala,

Pois, por mais que se esforçasse ninguém parecia acreditar,

Sua parte na história de si mesma, ninguém queria aceitar,

Eram indiferentes sobre o que se passava dentro dela,

 

E muito mais com relação ao pranto sofrido por sua alma,

Seus protestos não tinham vida para nenhuma das pessoas,

Só o que as importava eram suas vontades falseadas,

Em desejos que ela nunca sequer sonhou em apoiar,

Muito menos participar, recusava-se a ser protagonista,

Em uma história que não tinha por objetivo amar,

 

As palavras cuspidas sobre ela, eram rejeitadas com veemência,

Mãos limpas ou água fria eram incapazes de limpa-la,

Tratava-se de uma pressão investida contra si mesma,

Da qual ela urgia por ser libertada,

Mãos que prendem não sabem abraçar,

Amor que pune não merece ser considerado em sua vida,

A porta que gostava tanto de deixar trancada e silenciada,

 

Agora rangia para fora, estava escancarada para a rua,

Todos pareciam ouvi-la, mas ninguém que passava dava a mínima,

Suas feições tão bem maquiadas agora corroíam-se feito madeira,

Uma mínima faísca e ela sentia-se queimar por inteira,

Consumida em um misto de dor e raiva que ninguém mais via,

Suas pernas recusavam a obedecê-la, desabituada e suando em abundancia,

Sentia-se seca por dentro, caindo em queda livre no vazio de si mesma,

 

Via escorrer pelos dedos suas chances de amar algum dia,

Puxou um cigarro, inerte e prendeu-o em sua mão em concha,

Queria esconder-se até esvair-se por trás de sua fumaça,

Queria ter força para poder quebra-lo até não restar nada,

Mas tanto ela quanto sua força, tudo parecia falhar agora,

E escapar ileso depois de saciar-se na maciez contida em sua boca,

 

Quisesse ela ou não, estava presa a aquilo que sentia,

Como uma pedra imóvel naquele lugar, sem se mexer nem nada,

Fosse ele homem o suficiente para ouvi-la, não a deixaria dessa forma,

Não abusaria dos seus sentimentos nem ignoraria sua fala,

Mas ela havia cansado de bater os punhos cerrados contra a porta,

De escorrer por ela até se ver em nada, nem a sombra do que foi um dia,

 

Será que a compreensão do que dizia nunca chegaria a ser ouvida,

Será que ele nunca daria ouvidos ao que ela sussurrava,

Tateava sobre ele em tentativa inútil de apenas ser entendida,

Era tão difícil assim cumprir com as promessas e juras apaixonadas,

 

Apenas dar atenção ao que ela buscava para si mesma, ao que acreditava

Pernas afastadas, posição ereta, olhos para longe, em algum lugar,

Deixou de importar o destino da mulher que foi violada,

Agora, ela seguiria seus propósitos com os próprios passos, se distanciaria.

As Lágrimas de Uma Mulher

 

Acordou se sentindo vazia, algo escorria entre os seus dedos,

Sentia estremecer suas pernas, um sonho quebrado agora a feria,

O beijo do amor tão sonhado ressoou aos seus ouvidos, do avesso,

Quem diria que um dia a menina iria acordar e não seria mais a mesma,

Olhou seu reflexo no espelho, olhos escuros, o medo estava escancarado,

Gritava algo forte dentro dela, uma frase inaudível aos ouvidos das outras pessoas,

 

Ela rompeu o lacre do batom vermelho, deixou sua ponta exposta,

Mas dessa vez o destino não eram os seus lábios, era outro,

Ergueu-se com um pouco de custo, colocou-se ereta, diante de si mesma,

Em letras garrafais deixou seu recado naquele espelho intacto,

Sorriu diante disso, mas não gostou do que viu, era inercia demais ao que sentia,

Fechou a mão em punho, mas não foi boba, tirou a roupa, com cuidado,

 

Olhou para ela, havia um vestígio de sangue nela, mas permanecia intacta,

Isso mexeu com sua raiva, pôs uma gota de orvalho nas sombras dos seus olhos,

Decidiu se atentar, enrolou a roupa em sua mão, como uma toca,

Com um único movimento deu um muro no espelho, agora ferido,

Ele rompia-se, mas não se espalhava, parecia dar credito a sua escrita,

Pegou o que sobrou do batom e avermelhou seus lábios macios,

 

Com força, dureza, e uma certa brutalidade, uma gota de sangue emergia,

Uma lágrima insegura moveu-se pelos contornos do seu rosto,

Quente e desejosa, será que queria fragiliza-la naquela hora?

Limpou-a com um dos dedos, o do meio, ergueu-se em seu salto,

Deixou um beijo no espelho, logo abaixo da sua frese, a sua marca,

Havia passado ali, sofrido um bocado, mas havia resistido,

 

Jogou o que sobrou do batom vermelho no chão ao lado de um pedaço da unha,

Havia quebrado ela, lembra que disse que ela amordaçou a mão, naquele minuto,

Logo que a desenrolou da sua roupa ou antes um pouco, quebrou-a,

Quem se importaria agora? Nada dentro dela mais estava inteiro,

Mas um rumor de sonhos tomou sua lembrança, abraçando-a,

Respirou forte, se encheu de coragem e caminhou a passos largos,

 

Sem razão para permanecer ali, se pôs para fora daquele lugar,

Atrás de si um telefone tocava impiedoso, dentro dela gritava alto: medo,

Havia denunciado, acreditava nisso, alguém levaria a sério as suas pistas?

Sem poder contar com testemunha alguma, em quem dariam crédito?

É mesmo justa a balança e cegos os olhos da justiça?

Ou procurariam meios para acobertarem bandidos engravatados?

 

Ela, olhou para trás, sombras terríveis pareciam acompanha-la,

Suspirou, lembrou de ter tirado a gravada, prendendo-a em seu pescoço,

Estava morto o homem que a feriu com ferro quente, violando-a,

Encontrou o destino certo, enterrado nas unhas ao forçar o abraço,

Tirou o batom da sua boca, manchou sua roupa, não sobreviveu para contar,

Tão inerte ficou o homem que a tocou sem uma gota de amor,

 

Não teve direito a lágrimas, não teve direito a piedade, seria enterrado,

Com o coração tão rígido quanto ficou seu corpo ao tocá-la,

Será que ele teria família, o que pensariam ao encontra-lo desvalido?

Se o concedessem um minuto de silêncio, um lugar no fundo da terra,

Talvez pudessem ver no semblante do seu rosto, morto por ter ferido,

Prazer misturado com desgosto, o gosto do arrependimento em sua boca,

 

O gigante que se levantou para ferir, estava atravessado entre os travesseiros,

Ela seguia, com os olhos apertados pelo medo do que se estenderia,

Ele era um homem bonito, bem-apessoado, deveria ter seus parceiros,

Poderia ser repreendida, quem acreditaria na versão da moça desconhecida?

Talvez, ele tivesse traçado um caminho em que acobertou seus passos,

Ela precisava ficar esperta, tinha sonhos em que acreditar,

 

Precisava proteger a si mesma, mais até do que aos outros,

Matou por ela, porque ela merecia ser protegida, ser amada,

Que direito tinha ele de colocar-se sobre ela e ainda ferir seu rosto?

Nunca esqueceria a sensação de sentir sua alma vazar, esvaziando-a,

Seus dedos terem que acariciar quem a prendia com um abraço,

 

Sentir sua maquiagem borrar escorrendo por sua boca,

Ferindo-a pelo desgosto do eu te amo proferido em falso,

Que outra forma usaria para manter-se viva, reagir de forma segura?

Teve que proferir seu nome, beijar lábios quentes e vítreos,

De que outra forma resumiria o beijo debruçado sobre si mesma?

O peso dos seus sentimentos agora esmagava seu peito,

 

Sacudidelas a tomavam de si mesma, e a tiravam de lá,

Imaginou se poderia dormir direito, ainda no vazio do seu quarto,

Mas agora, já não sabia mais o que pensar ou em que se agarrar,

A solidão foi desejada como alguém que deseja o infinito,

Tirou o salto, de pés descalços, seguiu até o final da rua,

Desejou não ser reconhecida, mas alguém precisava denunciar o fato,

 

Não disse muito, apenas o suficiente para motivar sua conduta,

Não seria encontrada, não merecia este resultado tão odioso,

Este homem que voou alto demais agora caia por terra,

Não merecia menos que isso, alguém tinha que identificar seu rosto,

Sem chances de escapar, preso dentro do vazio que fez nela,

Sobre aquele sangue que escorreu dela, aquele ele não teve direito...

A Plantação de Pêra e Maracujá

Os pais de Pitelmario Fizeram uma linda plantação, Araram o campo, Jogaram adubo, Molharam a terra, Então, plantaram pêras...