Meus olhos varreram os lençóis amarrotados,
Colocando-se naquele travesseiro não tocado,
Sobrepus meu braço nele, desejei senti-lo, de novo,
Haviam pedaços de amor por todo o lado,
Derramados nas lágrimas sobre o meu travesseiro,
Ignoradas por aquele travesseiro desamassado,
Uma nuvem de dor cobria o céu ensolarado,
Não queria me levantar muito menos abrir a janela,
Ele havia partido, pouco tempo depois de me jurar amor,
Quanto a jura tudo certo, mas me fazer acreditar nela?
Não fez sentido algum depois de ele não ter voltado,
Depois de eu tentar ligar mil vezes e ele me ignorar,
Minhas tentativas de trazê-lo para o meu abraço,
Se viram fracassadas logo após ele dizer adeus,
Não no instante em que ele foi embora, com olhos incertos,
Naquela hora, eu ainda tinha esperanças, as quais se
esvaíram,
Na noite passada, entre lençóis amarrotados e noite incerta,
Seu cheiro eu removi da cama e de qualquer outro lugar,
Menos da minha memória, lá ele permanecia vívido,
Ao lado de todas as nossas memórias dos momentos vividos,
Em muitas circunstâncias, essa perda seria facilmente
vencida,
Mas, não nessa, nessa parecia que iria durar por toda a
vida,
As vezes, até além dela, lembro de tê-lo prometido o eterno,
Claro que naquele momento eu estava provando os seus beijos,
Mas agora, mesmo distante, não consigo me dissociar do
juramento,
Não é fácil superar um conflito de amor, quando a alma diz
esqueça,
E o coração se recusa e se agarra as lembranças com toda a
força,
Eu lhe dava toda a atenção merecida, mas como reiniciaria a
minha vida?
Como esquecer de tudo que vivemos, que um dia ele dormira
comigo?
Através da cortina de lagrimas que cobriam o escuro do meu
olhar,
Eu tentava esquecer, eu buscava um motivo em que me abrigar,
Para colocar todos aqueles sonhos em tempo distante demais,
Em um lugar que eu não tivesse conhecimento mais, através
das lágrimas,
Eu não conseguia ver nada além da minha dor, e seus olhos a
me fitar,
Refazendo todas as promessas, falando de sonhos, jurando me
amar,
Enquanto um ruído de angústia rompia os sonhos, quebrava as
promessas,
De uma a uma, até que não restasse mais nada em que me
sustentar,
Sonhos dilacerados permaneciam em minha cabeça, o amor
persistia,
E me fazia lembrar, buscava-o através dos momentos que quisera
guardar,
Nada mais adequado para alguém que não dormira a noite
inteira,
Tentar abrir os olhos e ver que não pode enxergar nada além
de lágrimas,
Tentar buscar refúgio e só conseguir recordar o quanto
amava,
Já que se sentir bem é algo de suma importância, o que faria
a partir de agora?
O índice de sonhos opera sem que se tenha controle sobre as
lembranças,
E mede a perda das perspectivas envolvidas em desenlace
desigual,
Para quê dizer que amava e encerrar em resultado casual,
Cada um para um lado, um coração dividido e outro esquecido
de tudo,
Dos sonhos, do amor que jurara ao infinito, do sofrimento
causado ao outro,
Havia insuficiência de amor na alma daquele que jurara o
equivalente,
Havia sobrecarga de sonhos na alma daquela que crera no para
sempre,
A escolha de um parâmetro que busca o sentido de tudo isso,
Estava afetada por sonhos quebrados que agora feriam com
estilhaços,
Parecia que toda a minha alma havia se esmigalhado em lágrimas
E escorriam pelo rosto, apagando o sorriso e o beijo que ele
se recusara,
A lembrança do beijo, que ao vê-lo sair através da porta eu imaginara,
Não precisava ter havido abraço para conforto, apenas um beijo
de despedida,
Uma espécie diferente de conflitos me envolvia e eu não
conseguia evita-la,
Um relacionamento havia suprimido meus espaços, mas agora
fugira,
O que preencheria minhas horas, supriria as minhas expectativas de
amor?
Havia um lugar vago em nossa cama vazia, o travesseiro
denunciava isso,
Nos juízos sobre o amor sempre se imagina que quando se
chega ao fim,
É de comum acordo, que tudo é solucionado antes do adeus ser
pronunciado,
A variável que se impera no peito daquele que fica é um
sentimento frio,
O de que tudo que vivera fora abandonado ao acaso, sem adeus
ou ressentimento,
Apenas o fim e pronto, a escolha de sobre que memorias se
apegar para resistir,
É uma escolha frívola, deve-se esquecer todos os sonhos,
dizer adeus sem insistir,
A desvantagem de tentar resistir as lembranças que se
imperam no ar,
É o fato de ter acreditado em cada uma das suas palavras,
Ter se apegado em cada promessa, feito e agido de acordo a
ela,
Se as lágrimas fossem tudo o que sua ausência acarreta na
alma,
Tudo certo, eu choraria o bastante e tudo passaria com a
água,
O problema circunda aquele espaço vazio e incerto sobre a
cama,
As lágrimas poderiam ser, em grande medida, suprimidas,
Mas as promessas, as juras em cada olhar, como esquecê-las?
Se o amor arruína a vida? É certo que não, mas quanto aos
sonhos,
Estes sempre podem ser suprimidos, a cama de lençóis sujos
de choro,
Não deveria ser o local mais adequado para pensar sobre
isso,
Mas o sol estava nascendo, logo as secariam como se nunca
tivessem existido,
Esperava apenas que apagasse-as ou quando se pusesse à
tardinha,
Que levasse consigo as lembranças, sem ele, de que me valeriam?
Sucumbir a morte prematura, morrer de amor por lembra-lo a
toda hora?
Olhara ao meu redor, não estava a procura de nada, apenas
sentia-me exposta,
Não encontrara nenhum rosto, nem um olhar arrependido, nada,
Um toque no celular, meu olhar brilhara, quem seria a esta
hora?
Minhas lágrimas perdiam feio, a esperança me removia da cama...