Um beijo em suas mãos fechadas,
Como uma oração silenciosa,
Da boca que nunca mais falaria,
Olhos e lábios colados,
E daquela que a partir de agora,
Falaria por ambos.
- adeus amado pai.
Ela disse em prantos,
Levantando o rosto
Para o céu azulado,
Depois de beijar suas mãos,
E sentir pela última vez seu cheiro,
Como se soubesse onde ele estaria,
Com a certeza que a dor que sentia
Não se acalmaria.
Tentou guardar com ela o cheiro,
Um uma última lembrança,
Com ele partia tantas certezas,
Tanto amor vivido,
Que nunca mais se repetiria.
Levou suas mãos ao próprio peito,
Como se quisesse segurar seu coração,
Para que não partisse no caixão,
Retirando-as das dele.
- é tão triste ver um pai tão carinhoso
E de palavras acaloradas,
Partir assim tão frio e calado.
Com dor excruciante virou as costas.
E saiu.
- fechem o caixão,
Levem-no a sepultura.
Parecia que não haveria dor maior,
Ou pior.
Um filho de casamento passado,
Assumiu a herança,
Lindo legado,
Trouxe a mãe,
E poucas coisas.
- então, minha irmã
Hoje tudo que é seu me pertence.
Deixo a sua mãe o quarto mais distante.
Peça a ela que se apresse,
Ela precisa encontrar novo romance
Ou você.
Ah, e por favor, a leve.
Eu sou agora o senhor desta propriedade!
Há poucas horas o corpo
De seu pai descansava,
Se fosse cabível a ele ouvir
E tomar conhecimento do que se passava,
Já não descansaria,
A paz que foi com ele não voltaria.