quarta-feira, 18 de junho de 2025

Nossos Filhos

Bençãos referem-se
A sonhos que não pedimos
Mas que nos vem
Em graça de querermos
Algo próximo e adorado,
Contudo, jamais tão desejado.
Assim, sinto-me
Ao segurar meu filho
Em meus braços,
Ver sua calma
E felicidade de estar comigo.
Isto é mais que atingir
Um sonho,
É ir além de todo o desejo,
É algo que não se descreve
De tão perfeito,
É indescritível,
Inimaginável.
Eu o amo
Em casa segundo
E só sinto mais amor
Quanto mais o tempo passa
E eu posso ver ele crescer,
Ficar lindo e forte,
Seu sorriso
É meu melhor riso,
Sua confiança em mim,
É meu motivo de existir.
Não há nada
Mais encantador
Que tê-lo em meu abraço,
Tão pequeno,
Tão meigo e sereno,
E nosso menino mais velho
Chegar ao nosso lado
E beijar um e outro.
Ele é inacreditável
Em seus quatro anos,
Sente um desejo enorme
De proteger,
Parece conter o maior
Amor do universo,
Nos abraça,
Fica junto de nós.
O pequeno vai completar
Um ano,
E somos unidos
Para toda a vida,
Eu vejo isso em ambos.
Ficamos abraçados
Por tempo e tempo,
Então, o papai chega
E abraça nós três.
Todos ficamos seguros,
Os quatro abrigado
No enorme amor
Que sentimos.
Sorrimos e somos
Tomado por calma profunda,
Ficamos juntos
Por tanto tempo
E todo tempo seria pouco,
Mas, não cansamos,
Apenas damos um tempo,
E ficamos sempre perto.

terça-feira, 17 de junho de 2025

Do Carrero a Cidade

Caiu a noite,
A lua iluminou as frestas
Da velha casa
Feita em madeira bruta.
O avô Alfeu mexia o brasido
Dentro do fogão a lenha
Que começava a apagar-se,
A avó Marica colocava lenha,
Quando ele pegou Sandra
No colo e iniciou
A contar sua história:
- em tempos antigos,
Quando o vô veio morar aqui
Não existia cidade,
Nem mesmo a maior
Das proximidades,
Tudo foi aberto a mão...
Ele juntou seus cavalos,
Eram três belos animais,
Convidou sua esposa,
Recém casados,
Decidiram buscar
Uma vida melhor,
Mais facilitada.
Pegaram algumas peças de roupa,
Cinco pães caseiros,
Vinte quilos de salame
Recém defumado
E rumaram.
Ora caminharam,
Outrora montados.
Cruzaram a ponte
Que dividia os dois estados,
Para passar o rio
Usaram uma ponte de madeira,
Que estendia por 200 metros
Sobre o rio de água doce.
Algumas pessoas iniciaram
A travessia
E optaram por morar
Do outro lado do rio Uruguai.
Seis gigantes louros
Foram derrubados para
Construir a ponte.
Com um serrote,
Eles foram serrados,
Depois de caídos,
Foi separada a copa
E as raízes e o mais
Foi estendido sobre o rio,
Usando bois, cavalos e homens,
Outros trinta foram derrubados,
E deles fizeram barrotes e
Tábuas.
Nestes meses em que
Alceu e Marica passaram
Auxiliando na construção da ponte,
Eles receberam alimento,
E três serrotes compridos,
E cinco serrotinhos curtos.
Alceu puxava o serrote
De um lado,
E Marica guardava a saia
Entre o meio de suas pernas,
Junto de seu avental
De flores silvestres
E ajudava a puxar para
O outro lado.
Não tardou,
A ponte foi construída a pregos.
Ele ganhou também martelo, facão , foice
E pregos.
De mãos dadas sobre
Seus cavalos
Eles rumaram com seus
Objetos e pertences
Ao lado do matagal.
Um novo estado de abria
A facão, foice e serrote.
Um pequeno caminho
Foi aberto para cruzar
E ir adiante,
Não tendo mais que mato
E capim no horizonte.
Se adiantou de muitas pessoas,
Adentrou por quilômetros,
Passou por um pequeno vilarejo,
Com poucas casas de madeira
Construídas.
Ali, também, não havia estrada.
Ele beijou a mão de sua amada,
E iniciou seu trabalho:
Fez maior o carrero entre meio
Ao mato fechado.
De pequeno lugar
Que cabiam poucas pessoas,
Abriu um estrada.
Não haviam carros,
Então, fez amizade
Com um ferreiro
E construíram uma espécie
De embarcação a tração animal
Que chamaram de carroça.
As estradas cheias de capim,
Agora cediam espaços
Às carroças que passavam
Carregando as pessoas
De um lado para o outro.
Recebeu por seu trabalho,
Ganhando duas carroças
E a canga para os bois.
Também, uma junta de bois,
Composta por dois
Enormes bois gordos.
Encangando os bois,
Teve poucas divergências,
Amarrou os três cavalos
Atrás da carroça,
Colocou seus pertences
Dentro da carroça
Junto com sua esposa e ele,
E seguiram por mais alguns quilômetros.
Assim, se fez a primeira cidade
Do segundo estado deste país,
Brasil,
A cidade de Chapecó,
No estado de Santa Catarina,
Contudo, ele andou um pouco mais,
Encontrou o rio Chapecó,
E ficou por entre suas margens,
Morando na cidade
Que recebeu o nome de Nova Itaberaba.
Ali ele fez o primeiro carrero,
Aumentou em poucos dias
Para estrada,
Dando a ela tamanho suficiente
Para que pudesse passar
De carroça.
Adquiriu grãos em Chapecó,
Limpou uma parte do mato,
Lá plantou,
Logo depois da segunda colheita,
Teve seu primeiro filho,
E assim, sucessivamente,
Agora, sessenta anos após
Recebia no colo seus netos.
Sua casa era feita de madeira,
Das árvores que ele próprio
E a esposa derrubaram,
E cerraram com o serrote,
Depois pregaram para fazer
De parede e chão.
Para o teto usou folhas
De palmeira,
Entrelaçadas como se fosse tricô,
Sobrepondo as tábuas
Que colocou.
Plantou milho, feijão, amendoim,
Soja, ervilha e outros grãos.
Usou tudo para alimento.
Plantou vegetais e legumes.
Estes ele trocou com os vizinhos
Por uma novilha,
Este foi o início de sua boiada.
Da novilha não tardou,
Nasceu um bezerro,
Dela veio o leite,
E ela foi mantida com carinho.
Os cavalos,
Também ganharam fêmeas,
E foram sendo valorosos
Conforme outros moradores
Iniciaram o mesmo percurso
Dele.
Vinham do mato galinhas
E bichinhos desta espécie,
Todos foram sendo cuidados,
E o terreiro se encheu de vida.
Agora, sentado sobre um cepo
De lenha nativa,
O avô abraçava a neta,
Tinha sonhos para a terra
Produtiva e vasta que possuía.
Para pescar,
Ele derrubou uma árvore,
E farquejo o tronco
Por longos dias,
Abrindo um buraco
Horizontal no meio dele,
Onde couberam dez pessoas.
Fez também uma espécie
De colher gigante
Que usou para mover
O caico na água.
Com os galhos,
Ele uniu um ao outro
Usando cipó mil homens,
Prego e ripas,
E fez uma embarcação
Que denominou balsa.
Ela não afundava na água,
E transportava até mesmo
Os bois para as pastagens
Do outro lado do rio.
Houve guerra por estas terras,
Pessoas se escondiam
Entre moitas desejando
Ferir e apoderar-se
Do que o outro tinha.
Ele sempre soube se defender.
Decorrido estes sessenta anos,
Veio o asfalto ,
E tudo mudou.
Foi como se milhares de anos
Tivessem decorridos.
Porém, o asfalto ficou longe
Da cidadezinha de Nova Itaberaba,
Mas os moradores o conheceram.
Pasmados, eles abraçavam
Seus entes queridos
E andavam amedrontados
Com aquilo.
Chegou também veículos a motor.
Acidentes ocorreram
De toda a forma.
Entretanto, Alfeu não desistiu
Da carroça.
Aos oitenta e três anos
Marica faleceu
Sem nunca ter estado
Dentro de um carro.
Vinte anos antes,
Aos setenta anos,
Alfeu partiu
Também sem ter
Colocado seus pés
Num veículo destes.
As casas eram todas feitas
Em madeira,
Possuíam, as vezes, por assoalho
A terra do chão.
Noutras, era feito de madeira.
No máximo,
Elas possuíam dois pisos,
Um porão onde era guardado
Os mantimentos da casa,
E o andar superior.
Altas e feitas de telha de barro,
O asfaltou trouxe estas ideias.
As vezes, se entendiam para trás
No horizonte,
Tendo muitas janelas.
Algumas portas.
Uma varanda e uma área de lazer
Aberta e cercada por
Ripas de madeira.
Alguns se adiantaram,
E fizeram galpões,
Estes tinham o mesmo
Formato das casas
E se entendiam.
No entanto, não eram
Cercados por tábuas,
Eram abertos e altos.
Casas mais antigas
Eram abandonadas
E chamadas de paiol,
Lá costumava se guardar
Os grãos e utensílios da roça.
Não havia luz,
Usava-se lampião.
A água era retirada
Direto da nascente,
Onde se capinava
Um buraco ao redor
Para encher e armazenar
A água,
Que era buscada em baldes.
O asfalto trouxe a manga
Feita de plástico,
Ela passou a puxar a água
Do pocinho
Para dentro de casa,
E soltar através da torneira,
Isto foi de enorme alegria.

Sonho de Emprego

Desde pequena Rejane
Aprendeu a fazer
Os afazeres domésticos,
Lavar a louça,
Varrer o chão,
Limpar a sujeira,
Fazer a comida.
Moça quieta e recatada,
Escolheu para si
Uma função modesta
Trabalhar em restaurante,
Uma agência de empregos
A destinou para a capital.
Ela deixou família,
Juntou suas roupas
Numa mala
E viajou de ônibus.
Um dia de viagem,
Chegou.
Foi recebida por
Um taxista,
Rumou a praia,
Caminhou pelas areias brancas,
Jogou areia nas garças,
E rumou ao restaurante.
Lá fez amizades,
Se aproximou bastante
De um garson,
Ele trabalhava há cinco anos
Na função.
Envolvida com seu amigo,
Deixou a kitnet
Que pagava aluguel
E mudou-se para a dele.
Conviviam muito bem.
Se tornaram amigos inseparáveis.
Não tardou
Passaram a usar as horas vagas
Para ir a bares ouvir música,
Lá ela conheceu o fumodramo,
Com o cigarro,
Reconheceu drogas mais potentes,
Que possuíam efeitos
Mais significativos
E interessantes.
Juntou-se aos amigos dele,
Provou maconha
E outros de efeitos alucinógenos.
Transaram em grupo,
Se envolveram sem sentimentos,
Deixaram seus instintos
Falar alto.
Não tardou,
Rejane perdeu o emprego,
Não tendo como ajudar
A pagar o aluguel
Seria obrigada a retornar
Para casa,
Porém, preferiu levar a sério
Seu amigo garson,
Decorou seu nome Anderson.
Agora moravam juntos
Com a intenção
De serem felizes
E nutrirem paixão
Um pelo outro.
Ela jurou parar de trair,
Não beijar outro,
Foram conhecer o estádio
De futebol onde
Esporadicamente,
Haviam shows internacionais.
Nunca tiveram dinheiro
Para entrar em algum.
A vida não se tornou difícil,
O alimento provinha
Do restaurante,
O salário sempre chegava,
Contudo, o uso da droga
Se tornou contínuo.
Ocorreu um show gratuito
Na praça pública,
Com uma banda da região,
E ela finalmente pode ir.
Contudo, foi obrigada
Do início ao fim
A ficar de mãos dadas
Com Anderson,
Ele sentiu ciúmes,
A noite saiu para drogar-se
Sem ela.
Seu efeito
Foi devastador,
Ele retornou e vendeu
Toda a mobília,
Deixou ela deitada no chão,
Sem roupas no corpo
Além da que vestia.
Indignada,
Resignou-se
Ameaçou separar-se,
Ele saiu batendo a porta,
Momentos depois retornou
Com alguns cigarros de maconha,
Usaram juntos,
A fumaça uniu seus lábios,
Embaçou o erro,
Fizeram seco no azulejo,
Dormiram juntos,
Um no braço do outro,
Abraçados e seguros
De tudo que sentiam,
Com a fumaça quente
Da droga sendo soprada
Contra o rosto um do outro.
Uma semana depois
Descobriu-se grávida.
Ele irritou-se da situação,
Já era pai,
Mas abandonou a filha
Com seus pais
E pouco dava ou recebia
Notícias,
Não visitava-os
Com frequência,
Mas sabia que se tornava moça.
Rejane chorou
Ao saber que ele
Já era pai e foi capaz
De abandonar a filha,
Exigiu que fossem visitar
Sua família
Para se aproximar.
Outra vez
Cigarros de maconha
Foram acesos,
A fumaça nesta noite,
Subiu ao teto
E fez sinais acima de suas cabeças,
Eles sopraram fumaça
Entre beijos
Um na boca do outro,
Anderson colocava
Sua língua pra fora
Para receber o carinho,
Nesta altura,
Eles tinham um colchão
Para dormir,
Mais nada.
Dormiram abraçados
Entre baforadas outra vez,
Porém, nesta noite Anderson
Não dormiu,
Ficou a olhar Rejane
Deitada em seu braço,
Silenciosa e grávida.
Levantou o corpo,
Beijou sua barriga
Que já começava a crescer,
Abriu a porta
E não deu mais notícias.
Rejane, ante a demora de Anderson
Foi procurar ele no restaurante,
Lá soube que ele pediu as contas,
Recebeu e não tinha
Mais vínculos com o restaurante.
Ela aguardou na casa alugada
Por mais cinco dias,
Não recebeu notícias,
Grávida e sentindo-se pesada,
Ela saiu para procurá-lo,
Foi até os amigos
Com quem usavam droga,
Bateu na porta do vendedor,
Ninguém soube dele.
Foi obrigada a retornar
Para a casa
E criar o filho sozinha.
Sem dinheiro,
Sem roupas,
Ela usava uma camiseta preta
De banda apenas,
O mais ele levou tudo,
Vendeu cada coisa,
Vendeu cada peça.
No entanto,
Ela precisou presar por sua vida,
Foi só terminal de ônibus,
Ofereceu-se para sexo,
E pediu encarecidamente
Uma passagem de retorno.
Um dia de viagem e estava
Em casa.

O Sonho Acabou

- para sempre, então.
Ela disse em sussurros
Sobre seu ouvido.
- para sempre, paixão.
Ele prometeu em murmúrios
Sobre seus lábios.
O calor de sua promessa
Aqueceu o café da xícara
Que estava em suas mãos,
Ambos tomaram o café
Olhando um nos olhos
Do outro.
Como se pudessem ver
O quão profunda
Era a promessa,
Com seus corações transbordantes
De amor e afeto.
Sentados sobre o sofá da sala,
Da casa de Noêmia,
Ediberto com um resto
De café em sua boca
Soltou um pouco sobre
Os lábios dela,
Então, tomou com sua língua
Enquanto ele parte descia
Por seu queixo
E a outra parte ela bebia,
Ao abrir a boca
E puxar com a língua.
Suas línguas se encontraram
Num amor ardente.
Ali fez-se amor.
Naquele dia fez-se o bebê,
Que não tardou mostrou-se,
Não demorou foi assumido
Através do matrimônio.
- há meses que não durmo
No apartamento,
Eu antes de escolher
Morar em definitivo
Já vivia aqui ao seu lado.
Ele falou.
Ao soltar a mala dentro da sala.
Correr para abraça-la,
E ergue-la grávida para o alto.
- verdade,
Nosso filho e eu precisamos
De você!
Todavia, os meses vieram,
O bebê nasceu sadio
E perfeito.
Uma linda menina
De cabelos negros encaracolados
Que corriam por seu rosto cheio.
A criança exigiu cuidados,
Noites insones,
Alimentação balanceada.
Seus meses após seu nascimento,
Edilberto espera Noêmia
Sentada na mesa
Com seu café pronto
E a outra xícara vazia.
- eu cansei.
A nenê faz muito barulho,
Eu preciso respirar,
Preciso de um tempo,
Nosso relacionamento
Foi precipitado.
Ele disparou
Com a entrada dela
Na cozinha.
- eu não acredito,
Eu preciso de você,
A nenê o ama,
Você é o pai...
Ela tentou revidar
Em pé,
Incapaz de mover-se,
Amedrontada e insegura.
- não, eu pago pensão,
Eu cumpro com meus deveres,
No entanto, cansei de ser pai.
Ele respondeu,
Pegou a jaqueta de couro
E saiu pela porta,
Esbarrou em Noêmia
E não se importou,
Fechou a porta de saída
Sem lhe dar um beijo,
Ou despedir-se da criança.
Ela ficou estagnada,
Virou apenas o pescoço
Para lhe ver sair,
Ficou daquele modo
Até o meio dia,
Como se estivesse
Em um transe.
Ao ser despertada
Pelo choro da bebê,
Ela percebeu que não
Se alimentou,
Serviu café frio,
E foi para o quarto
Amamentar.

Mãe Adolescente

O destino foi trágico
Com Paula,
Filha de pais alcoólatras,
Desde menina sofreu violência.
Levada a vender o corpo,
Cedo demais para que
Compreendesse o que fazia,
Seus pais não podiam trabalhar,
Ela foi obrigada a sustentar seus vícios.
Aprendeu a beber,
Cortou o cabelo feito homem,
Comprou um carro,
Dirige muito bem.
Todavia, decidiu abandonar
A família,
Ou foi obrigada a este rumo,
Não saberia dizer,
Aos quinze anos
A prostituição lhe exigia muito
Para gastar seu dinheiro
Com três viciados,
Ela e seus pais.
Conheceu em seu destino
Muitos garotos,
Um dia,
Descobriu-se grávida,
Sustentada por boas lembranças
E sonhos de adolescentes
Manteve a gestação até o fim.
No entanto, neste caminho,
Fez uso de drogas fortes,
Passou noites na sarjeta,
Deixou o aluguel atrasar,
Foi despejada do imóvel,
Esqueceu de pôr gasolina,
Teve o carro guinchado
No meio da rua,
Parou toda a avenida
Por falta de combustível.
Conciliou sua vida
De trabalhadora
Com a prostituição
Sem decidir qual realmente
Era o ofício para o qual
Mais era habilitada.
Isto, lhe devolveu o carro,
Encheu o tanque de gasolina,
E a fez alugar novo imóvel,
No final de dois meses,
Deu a luz,
Um lindo menino de olhos azuis
E pele rosada.
Ao amamentar na maternidade,
Olhou as lindas faces coloridas,
Percebeu que jamais
Reconheceria o pai da criança,
O bebê nasceu muito parecido
Com todos.
Mas, era dela,
Se via pelo leite que jorrava
Dos seus seios
E que ele sugava
Com tanta intensidade e fome.
Retornou ao lar,
Foi obrigada a passar
Uma noite em claro,
Amamentando o bebê
E vendo as motivações
Do seu choro,
No clarear do dia,
Ao fazer a mamadeira
E queimar os lábios
Para ver o calor do leite
Que iria servir a ele.
Quis desistir,
Desejou abandonar a criança,
Olhou para aqueles
Olhos azuis chorosos
E quis odiá-lo.
Naquela tarde,
Havia marcado um programa,
O preço havia diminuído
Pois o leite dos seus seios
Jorrava com intensidade
E molhava sutiã, roupa,
E nisto, molhava o homem
Com quem estava.
Odiou o leite,
Preferiu nunca tê-lo.
De ímpeto, vestiu-se
E levou com ela o menino.
Ao entrar no carro,
Dirigiu até o motel,
Obteve o local de onde
O homem estaria,
Anotou no celular e foi.
Dirigiu a toda velocidade,
Tentando espantar a raiva,
Agora tinha com ela
Uma criança,
Tudo se dificultava.
Entrou no quarto,
Fechou o carro,
Olhou o homem que tanto conhecia,
Um sujeito de outra cidade
Que a ajudava com dinheiro
A muitos anos.
Sorriu,
Voltou ao carro,
Abriu a porta
E retirou o bebê do carro,
Pediu um preço razoável,
Explicou sua inexperiência,
Apresentou suas desculpas.
“É um menino,
Um lindo menino.”
O homem olhou,
Pegou no colo,
“Segure, lhe fará bem.”
Ela insistiu.
Vendeu o filho.
Nunca desejou vê -lo.
Foi até o cartório e
Providenciou certidão de óbito,
Alegou que o perdeu no rio,
Quando o levou tomar sol.
A criança ganhou um nome.
Sobre ela apenas soube
O que ficou imutável
“era um menino.”

Missão Prostituta

O bebê deixou o seio
Da mãe,
Sentia fome,
Via-se ao olhar
Para o seu rosto magro,
E lábios buscando leite.
Contudo, a mãe
Não tinha trabalho,
E a comida chega ao final,
O leite pouco a pouco diminuía,
Logo não restaria alimento algum,
Tanto a ela
Quanto ao filho
De tão poucos meses.
Ela foi para o quintal
Encontrou flores,
Ensinou a criança
A senhora alimentar delas,
De seu néctar,
Seu gosto.
Era um começo.
A mãe ama seu filho
E faz tudo por ele,
No entanto, buscando emprego
Não conseguiu nenhum,
Desta forma,
Olhar o descanso do seu filho,
Ver seu ressonar seguro,
Reconfortava a tal ponto
Que tornou mais fácil
Vender o corpo por prazer.
Desta maneira,
Ela deixava o bebê dormindo,
Colocava algumas flores
Ao lado da criança na cama,
Onde a criança repousava
Por entre trapos
Para cobertores,
E palha por colchão,
Pousava um beijo
Em seu rosto sereno
E saia buscar dinheiro.
No momento de discutir
Um preço com o homem
A quem daria momentos
De prazer,
Ela poupava falar do filho bebê,
Olhava aqueles rostos
E sentia medo deles.
Em seu íntimo,
Ela sabia que eles
Não tinham sentimentos seguros,
Que não nutriam amor
E sentia medo de quê desejassem
Seu filho tão bebê
Para um ato tão desprezível
Quanto o sexo forçado
Com vistas a obter dinheiro.
Ela gostava de garantir
O valor,
Discutido o preço
Gostava de receber no ato,
Então, ainda no carro,
Ela escondia o valor
Por entre sua roupa,
Sentia medo de quê
Eles próprios a roubassem.
Ao esconder em seu sutiã,
Ela contemplava o seio murcho,
Flácido em direção ao chão,
Lembrava de seu filho,
E podia sentir seu cheiro
No corpo dela,
Lhe dando aconchego,
Lhe carregando de forças,
Dormindo sereno a se alimentar
Do seu leite.
A fome levava o leite,
O amor pelo filho
A fazia buscar alimento,
Não importava aonde
Precisasse ir,
Ou o que fazer.
Poucas passadas
Pela calçada
E sempre alguém parava
Com o carro
Em busca de sexo,
Todavia,
Não era simples tratar preços,
Eles odiavam pagar,
Não compreendiam
O fim que a levou a tal ato.
Reforçada pela lembrança
Do filho,
Ela levantava os olhos
Dos seios flácidos,
Do dinheiro a contornar
Seus peitos,
E olhava para o rosto
Daquele que por algumas horas
A teria pelo tempo
Que pudesse pagar
E sorria.
Seu peito arfava,
Ganhava o ar,
E retribuía.
Ela o entregava seu melhor
Sorriso de dentes amarelos,
Tortos e limpos.
Ela organizava o vestido curto,
Tentava estar apresentável,
Esforçava-se para lhe dar o melhor,
Ele lhe era indiferente,
Falava como queria que fosse
O prazer, e pronto.
Sempre disposto
A buscar outra,
Ela tentada a nem estar ali,
Mas, precisava alimentar -se.
Vestir-se havia deixado
De ser prerrogativa,
Os chinelos de pares diferentes
Que usava nos pés
Serviriam por um bom tempo,
Então, não precisaria trocá-los.
Lá, no horizonte,
Onde um dia ela sonhou
Encontrar um lindo homem
Que a desposasse e amasse,
Agora, haviam nuvens,
A chuva se aproximava
E trazia o frio,
Ela precisaria de roupas
Para o bebê.
Nisto, um pelotão armado
De polícia passou por eles,
Cortando ruas a caminhar
Com suas armas em punho,
Hasteadas para o alto,
Fuzis grossos de munição,
Tão fortes a passear
Pelas ruas movimentadas da cidade,
Seguros de si próprios,
Bem vestidos em suas roupas
Feitas a mão para cada um,
Um tremor de medo
Percorreu o corpo dela
Ao ver tantas armas juntas
Percorrendo a rua
Por nada.
Como se a tivessem visto,
Eles pararam no meio da rua,
Cruzaram suas armas
Feito um xis uma na outra,
Depois levantaram juntos
Para o alto
E lá no horizonte azul
Atiraram,
Seus braços se movimentaram,
Uma sessão de tiros foi
Percorrer aqueles céus
Que traziam chuva,
Eles não sabiam ter medo,
Tinham suas casas,
Seus gordos salários,
Eles é que eram seguros.
Então, eles seguiram,
Descruzaram seus fuzis,
E sorriram de algo,
Ela pode seguir,
Tardou recordar
Que valor foi acordado,
E o que teria de fazer,
Mas, foi recordar de seu filho
E sua memória refrescou,
Como o frescor de uma flor.

Um Pai

Um pai é imune a doenças,
Logo no instante
Em que planeja ser pai,
Ele vê sua namorada,
Decide levar a sério o que há
Entre eles.
O próximo passo
É cuidar-se de tudo
Que lhes poderá causar mal,
Desde a simples gripe,
Até algo pior.
No instante em que
Ele possui o filho
Em seus braços,
Este instante se torna mágico,
Não há outro maior,
É um sonho consumado.
Ele cuida-se pela família,
Priva-se se for necessário
Por estes que ama,
Assim é o pai,
Ele se torna o ser mais forte,
Inumano no que precisar,
Ampara as dores da esposa,
Livra o mal de aproximar-se,
Este é o pai.
É o que sustenta a família
Dentro e fora de casa,
Ele possui orgulho
Da esposa que conquistou,
Do filho que teve.
O pai ampara,
Não se rende a dor,
Ele busca o melhor,
Cuida da casa,
Dá amor aos filhos,
Carinho a esposa.
O pai ama,
Sonha com o filho
Que tem,
Valoriza a esposa,
Dá apoio para o filho
Ir bem.
Um pai planeja o futuro,
Trabalha o presente,
Abraça e dá carinho,
Um pai cede,
Um pai nunca abandona,
Ele ama sua família.

Depois do Fim

Marta piscou algumas vezes, Tentou entender O que houve, Se viu dentro do carro Esmagada contra o chão. Estava imprensada ...