terça-feira, 17 de junho de 2025

Missão Prostituta

O bebê deixou o seio
Da mãe,
Sentia fome,
Via-se ao olhar
Para o seu rosto magro,
E lábios buscando leite.
Contudo, a mãe
Não tinha trabalho,
E a comida chega ao final,
O leite pouco a pouco diminuía,
Logo não restaria alimento algum,
Tanto a ela
Quanto ao filho
De tão poucos meses.
Ela foi para o quintal
Encontrou flores,
Ensinou a criança
A senhora alimentar delas,
De seu néctar,
Seu gosto.
Era um começo.
A mãe ama seu filho
E faz tudo por ele,
No entanto, buscando emprego
Não conseguiu nenhum,
Desta forma,
Olhar o descanso do seu filho,
Ver seu ressonar seguro,
Reconfortava a tal ponto
Que tornou mais fácil
Vender o corpo por prazer.
Desta maneira,
Ela deixava o bebê dormindo,
Colocava algumas flores
Ao lado da criança na cama,
Onde a criança repousava
Por entre trapos
Para cobertores,
E palha por colchão,
Pousava um beijo
Em seu rosto sereno
E saia buscar dinheiro.
No momento de discutir
Um preço com o homem
A quem daria momentos
De prazer,
Ela poupava falar do filho bebê,
Olhava aqueles rostos
E sentia medo deles.
Em seu íntimo,
Ela sabia que eles
Não tinham sentimentos seguros,
Que não nutriam amor
E sentia medo de quê desejassem
Seu filho tão bebê
Para um ato tão desprezível
Quanto o sexo forçado
Com vistas a obter dinheiro.
Ela gostava de garantir
O valor,
Discutido o preço
Gostava de receber no ato,
Então, ainda no carro,
Ela escondia o valor
Por entre sua roupa,
Sentia medo de quê
Eles próprios a roubassem.
Ao esconder em seu sutiã,
Ela contemplava o seio murcho,
Flácido em direção ao chão,
Lembrava de seu filho,
E podia sentir seu cheiro
No corpo dela,
Lhe dando aconchego,
Lhe carregando de forças,
Dormindo sereno a se alimentar
Do seu leite.
A fome levava o leite,
O amor pelo filho
A fazia buscar alimento,
Não importava aonde
Precisasse ir,
Ou o que fazer.
Poucas passadas
Pela calçada
E sempre alguém parava
Com o carro
Em busca de sexo,
Todavia,
Não era simples tratar preços,
Eles odiavam pagar,
Não compreendiam
O fim que a levou a tal ato.
Reforçada pela lembrança
Do filho,
Ela levantava os olhos
Dos seios flácidos,
Do dinheiro a contornar
Seus peitos,
E olhava para o rosto
Daquele que por algumas horas
A teria pelo tempo
Que pudesse pagar
E sorria.
Seu peito arfava,
Ganhava o ar,
E retribuía.
Ela o entregava seu melhor
Sorriso de dentes amarelos,
Tortos e limpos.
Ela organizava o vestido curto,
Tentava estar apresentável,
Esforçava-se para lhe dar o melhor,
Ele lhe era indiferente,
Falava como queria que fosse
O prazer, e pronto.
Sempre disposto
A buscar outra,
Ela tentada a nem estar ali,
Mas, precisava alimentar -se.
Vestir-se havia deixado
De ser prerrogativa,
Os chinelos de pares diferentes
Que usava nos pés
Serviriam por um bom tempo,
Então, não precisaria trocá-los.
Lá, no horizonte,
Onde um dia ela sonhou
Encontrar um lindo homem
Que a desposasse e amasse,
Agora, haviam nuvens,
A chuva se aproximava
E trazia o frio,
Ela precisaria de roupas
Para o bebê.
Nisto, um pelotão armado
De polícia passou por eles,
Cortando ruas a caminhar
Com suas armas em punho,
Hasteadas para o alto,
Fuzis grossos de munição,
Tão fortes a passear
Pelas ruas movimentadas da cidade,
Seguros de si próprios,
Bem vestidos em suas roupas
Feitas a mão para cada um,
Um tremor de medo
Percorreu o corpo dela
Ao ver tantas armas juntas
Percorrendo a rua
Por nada.
Como se a tivessem visto,
Eles pararam no meio da rua,
Cruzaram suas armas
Feito um xis uma na outra,
Depois levantaram juntos
Para o alto
E lá no horizonte azul
Atiraram,
Seus braços se movimentaram,
Uma sessão de tiros foi
Percorrer aqueles céus
Que traziam chuva,
Eles não sabiam ter medo,
Tinham suas casas,
Seus gordos salários,
Eles é que eram seguros.
Então, eles seguiram,
Descruzaram seus fuzis,
E sorriram de algo,
Ela pode seguir,
Tardou recordar
Que valor foi acordado,
E o que teria de fazer,
Mas, foi recordar de seu filho
E sua memória refrescou,
Como o frescor de uma flor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

No Amanhã

Você ainda Me amara amanhã? Quando minha fala Cansar-se de falar E passarmos a nos Conhecer pelo olhar? Você ainda me a...