sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Linha do Horizonte

Dentro dos limites do amor, a saudade tomou tamanha precisão,

Que quem lhe abandonou por completo foi a razão,

Claro que este quem, no passado tivera nome e sobrenome,

Mas neste instante não merecia mais que chamar-se saudade,

Deveria estar dirigindo rápido demais, as lembranças margeavam sua estrada,

Em cada local em que haviam estado ou simplesmente passado juntos,

 

Parecia estar desenhado em sua memória tudo que viveram,

Até aquela flor a beira da estrada lembrava seu primeiro beijo,

O dia em que ela, olhou-a encantada, com um sorriso de fazer inveja ao brilho da lua,

E que ele, sem pensar em nada estacionou no meio da estrada,

E a colheu, ela tinha a cor amarela, lembrava os olhos dela quando estava triste,

Ele a posicionou atrás da orelha, recostada em seu cabelo,

 

Com uma carícia em seu rosto dizendo-a, que a tristeza que um dia sentiu,

Pertenceria apenas ao passado a partir daquele instante,

Pois agora quem estaria ao seu lado para seguirem seus destinos juntos, seria ele,

E prometeu contemplando profundamente o seu olhar,

Jamais a deixaria, todo o sofrimento que ela viveu no passado,

Nunca mais se repetiria enquanto estivesse em seu querer e poder,

 

Mas caberia apenas a ela apagar a dor do passado e seguir um novo rumo,

É fato que ferimentos doem, mas prender-se a eles,

Somente para ver-se sangrar é no mínimo desmedido,

Assim como a pele pode ser reconstruída, a alma também,

Só depende do querer e da vontade de ambas as partes,

Ela o beijou sôfrega e apaixonadamente, de forma ávida,

 

Ele sorriu contente, sentia-se orgulhoso por tudo que disse

E acreditou naquele momento único em que permitiu-se sonhar,

Que, não sabia muito sobre ela, mas o que sabia era o suficiente

Para ama-la com toda a alma, ele também havia sofrido,

Errar é humano, mas o que sentia por ela é que era desmedido,

Profundo o suficiente para deseja-la para sempre em seu destino,

 

Seguiu para a casa dela, deixou-a no portão com um abraço e um beijo,

Ela sabia seu número poderia entrar em contato quando quisesse,

Mas, por algum motivo desconhecido nunca havia ligado,

Talvez, o tivesse esquecido, dado pouca atenção as suas palavras,

Subjugado seus sentimentos, ele deixaria as coisas esfriarem,

Assim como se apagam as chamas das velas,

 

Também, apagam-se as brasas de uma fogueira e assim é o amor,

Ele preferia acreditar, desta feita, que assim como apaixonou-se esqueceria,

Se ela o tivesse amado, retornaria o seu chamado,

Às vezes, entregam-se os sonhos mas nem sempre se é correspondido,

Ele disse tudo que sentia, neste ponto não havia falhado,

Ela parecia estar apegada a um passado sofrido,

 

Que em seu ver estava distante demais para ser revivido,

Mas o que ele poderia fazer para mudar o pensamento de quem se nega?

Palavras, gestos, nada iria adiantar, a decisão era apenas sua,

Mas ele continuaria a ama-la, prometeu seu amor, então resistiria,

Aumentou o volume do rádio, deixou a música dirigi-lo,

A sua frente estava um horizonte pronto para ser descoberto.

Cerveja na Mão

 

A primeira e a última parada deles foi naquela estrada,

Ele estava dirigindo ouvindo música com a moça de carona,

Ambos cantavam animados, falavam sobre planos,

Contando histórias sobre os seus passados, com certo brilho nos olhos,

 

Cervejas geladas corriam por suas mãos,

De uma forma tímida, mas decidida ela passou os dedos sobre o vestido,

Foi impossível não ter prestado a atenção, ele sorriu com incontida emoção,

Ao trocar a marcha ele desviou a posição da sua mão,

 

Direcionando sobre a dela que estava solta sobre o vestido,

Ela mudou a posição da mão envolvendo a dele em um gesto de carinho,

Agarraram-se com tanta força que era impossível negar a atração,

Bem pudera, a lua estava linda, realmente não havia como resistir,

 

Para contraste o céu estava pontilhado de estrelas,

Como os dedos da moça que agarrava-se a ele como se o chamasse,

Com evidencia de desejar um contato mais próximo,

Feito um pedido de certa forma místico de estabelecer contato,

 

De conhecerem-se um ao outro de maneira mais profunda,

Foi isso o que demonstrou a troca de olhares de ambos,

Então, ele diminuiu a marcha e parou o carro ali na estrada,

Aproveitando a penumbra que as árvores que margeavam o local faziam,

 

As estrelas logo acima deles, as árvores ao redor, os animais noturnos,

A música do Iron Maden ao fundo, seus lábios trêmulos,

Desligou a chave da ignição e virou-se para ela, com um estender do braço direito,

Tocando entre os seus cabelos e sua orelha, puxando-a para perto,

 

Com uma carícia em seu rosto, ela retribuiu o gesto, e o beijo aconteceu

De maneira prazerosa, provocativa e profunda, as carícias esquentaram o clima,

Saíram para fora do carro, ao horizonte brilhava a lua,

Ali no capô eles aproveitaram algum tempo, abraçados,

Tudo aconteceu de maneira perfeita e espontânea,

 

Uma brisa fria da madrugada soprou arrepiando a pele,

Apesar da recusa da moça em aceitar o casaco que ele vestia,

Ele gentilmente, tirou-o e o envolveu sobre o corpo dela, ela sorriu contente,

Abraçando-o, para protege-lo do frio que a ele era de menor intensidade,

 

Assim repetia ele, em busca de convence-la, beijaram-se mais uma vez,

De maneira quente e profunda, exalando um calor que aqueceria a distâncias,

E que, de fato, encurtava a distância dos sentimentos que poderia haver entre eles,

Por sorte, eles ainda tinham cervejas para aproveitarem o momento,

 

Por tempo suficiente até que a manhã os encontrasse,

Aquele local, parecia pertencer a algum fazendeiro, era distante

E não havia habitantes por perto, então estavam seguros para divertirem-se,

Conforme fosse de suas vontades, em razão da vastidão da mata,

 

Não havia como determinar o que havia por detrás das árvores,

Mas de fato, aquele lugar era perfeito para embalar uma noite romântica,

E até determinar os sonhos de um futuro bom, com planos a dois,

Mas, infelizmente, para a infelicidade da moça,

 

Ela já havia se apaixonado a algum tempo, por um determinado homem casado,

E desta relação resultou um filho em seu ventre, que agora mexia-se pedindo abrigo,

Ela não deu ouvidos, sentia-se sozinha, queria sentir-se abrigada, ou algo neste sentido,

E quando se deu conta estava vivendo o sonho a dois que sempre desejou,

 

Ele, porém, não. Mas ao invés de puxar o gatilho de forma rápida e eficiente,

Ele quebrou a garrafa sobre o carro e decidiu cortar a garganta da moça

Com o que havia sobrado, estraçalhando sua garganta sem direito a perguntas

Ou respostas, com um movimento rápido e um gesto instintivo ela jogou-se para a mata,

 

Abrigando-se nela, a tentativa de matá-la falhou, ele teria que procurá-la,

Encontrá-la e destruí-la com as próprias mãos, a caçada havia começado,

Ela seria sua presa mais preciosa, o valor que cobrou valia o sabor da caçada,

Esperou um instante para fazer suspense,

Queria que ela se posicionasse a uma distância segura,

 

Pegou o revolver, municiou-o e a caçada logo chegaria ao fim,

A lua escondeu-se por detrás das nuvens, isso anuviou o seu olhar,

Mas, de fato a situação estava dentro dos limites da razão,

E isso não daria outro rumo aos acontecimentos, daria?

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Amor do Colarinho Branco

 

Depois daquele beijo, ele teve certeza que sua vida

Nunca mais seria a mesma, e ela também pensou dessa forma,

Embora não tivesse muito dinheiro o amor falou mais alto,

Meses após se conhecerem, ele a pediu em casamento,

Em um encontro romântico sentados na areia a oeste de algum lugar,

Foi preferível, devido as circunstâncias deixar o endereço em suspense,

Ele foi gentil, ajoelhou-se, tocou o rosto da moça,

Disse que a amava pelo menos um milhão de vezes,

 

Com a brisa do mar a embalar seus cabelos molhados de chuva,

A areia a aquecer seus corpos deitados na penumbra noturna,

As borbulhas do champanhe a acariciar o céu de suas bocas,

A singela rosa vermelha a qual ele encaixou por detrás da sua orelha,

Entre seus cabelos, aproveitando a deixa para acaricia-la até os lábios,

Instante em que ele pressionou o lábio inferior com o dedo indicador,

 

Com um desejo incontido de abri-lo, provar o seu sabor,

Cedendo aos seus desejos ele percorreu até o seu queixo,

Pressionando e trazendo-a para perto onde pousou seu beijo,

Fechou os olhos para saborear o gosto e ao abri-los contemplou-a com seu melhor sorriso,

Mostrando seus dentes brancos e perfeitos, e aquele brilho nos olhos

Que seria demasiado difícil conseguir expressar com poucas palavras,

 

De fato, com um suspiro incontido ela foi tomada pela certeza

De que jamais alguém seria capaz de resistir ao encanto daquele momento,

Disse sim, sem hesito algum nos atos que se seguiram ou nas juras feitas um ao outro,

Poucos meses depois, juntaram as toalhas, os sabonetes e as escovas de dentes,

Decidiram casar-se como ocorre com todos os amantes que se amam ardentemente,

As juras de amor nunca foram silenciadas, porém, ela como esposa dedicada,

Largou o trabalho e decidiu colaborar no recanto do lar, cuidar da família,

Ele, como servidor público ganhava o suficiente para os dois, acreditavam,

 

No entanto, alguns meses depois de noites de amor desmedido,

A notícia que chegou ás mãos da moça relatava que estava grávida,

Ela nunca se sentiu mais feliz, agora sua família finalmente estaria completa,

O cachorro teria mais companhia, ela não se sentiria sozinha,

Nada mais seria como antes, vestiu seu melhor vestido, a melhor maquiagem,

Sem esquecer daquele salto 15 que sempre a elevava até o alto,

Transmitindo uma sensação de segurança, de poder, com um ar de supremacia,

Sensação a qual apenas os braços dele a sobrepunham, vez que a erguiam bem mais alto,

 

Fez um jantar caprichado, comprou um buquê de flores diversificadas do campo,

Pôs o vinho no gelo, colocou sua toalha predileta,

Elaborou tudo com delicada atenção aos menores detalhes,

Ele chegou cansado, abraçou-a, beijou-a rapidamente,

Banho tomado, jantar servido e a notícia repousou em suas mãos,

Com a tonalidade do vinho que balançava em seu coração,

Doce, espesso e gelado, ele sorriu sem entender a situação,

 

Havia um filho a caminho? A primeira ideia que ocorreu foram as dívidas

Contraídas em decorrência do casamento, além das anteriores,

As roupas cujas quais adorava manter o gosto da sua esposa,

O extrato do cartão de crédito, o aluguel no final do mês,

Sorriu a contento, beijou-a sôfrego e lento, a ideia parecia intragável,

Mas como diria algo deste teor a quem amava tanto?

 

Lembrou com certo desespero, ouvindo-a retratar sobre os planos relacionados ao bebê,

Que em decorrência do seu cargo público tinha acesso a um grande teor em dinheiro,

Lembrou consternado da carta que recebeu dias atrás sobre o parcelamento em atraso

Do empréstimo que contraiu junto ao único banco da cidade,

Estava com o nome sujo e agora teria um filho para partilhar da situação,

Todos os reconheceriam na cidade, iriam aponta-lo para onde fosse,

 

Seu nome estava escrito na pedra da vergonha e agora poria lá sua família,

Já havia diminuído seu ritmo de vida em tudo que pode,

Mais que isso seria considerado pobre,

Ele que sempre se orgulhou do seu padrão de vida elevado,

Pediu a esposa que fizesse as malas naquele mesmo instante,

Avisou que teria que se ausentar por algumas horas, mas logo retornaria,

Disse que não poderia detalhar mais, que assim agisse sem perguntas,

Ela o fez conforme o plano, três horas depois ele retornou com uma mala,

 

Ela o esperava deitada no sofá, desacordada, acordou em um ímpeto,

Assim que se sobressaltou em decorrência da porta ter sido arrombada,

Com os olhos arregalados pode ver seu esposo posto junto ao que sobrou da porta,

Ele apenas gesticulou para que ela o seguisse, ela pegou as malas e o fez,


Apesar de estranhar o carro estacionado na calçada, não disse nada,

Na pressa ao percorrer o caminho ele atropelou o cachorro do vizinho,

Agora seu carro estava sujo de sangue, precisaria limpá-lo,

O cheiro chamaria muito a atenção por onde seguisse, e o pneu furou,

Não haveria tempo para concertar até a luz da manhã,

 

Chegou no final da cidade, arrombou a garagem de um vizinho,

Ao não encontrar as chaves do carro, arrombou a porta da saída,

Entrou e intimou-o que passasse as chaves, ao qual o vizinho foi prestativo,

Sentado com a chave na ignição, olhou para sua esposa e seus olhos arregalados,

E percebeu que havia deixado pistas, retornou e ceifou a vida da testemunha,

Com a tesoura que pertencia a avó do vizinho e estava posta sobre a mesa da sala,

Talvez, houvesse mais de uma pessoa lá dentro, sua lembrança ficou turva,

 

Algumas horas depois acordou algemado, olhar consternado,

Sua esposa havia sumido, carregando seu filho no ventre,

Teve certeza que algo deveria ter ocorrido em erro no plano,

Então, ela deveria ter fugido e depois voltaria para busca-lo,

Uma garrota sozinha e bonita, andando pelas redondezas chamaria a atenção dos tiras,

Este fato explicaria a demora em vir ao seu encontro,


Ele lembrou do último beijo que tiveram soube que era amor,

E o filho seria apenas a consumação de tudo que sentiam um pelo outro,

Foram suas palavras não foram? Porém, havia uma acusação a pesar contra ele,

Preferiu então, no momento de elaborar sua defesa

Omitir esses detalhes, por qual motivo iria envolver

A futura mãe do seu filho em uma investigação desta espécie?

 

O caminho de erros feito por ele havia começado muito antes dela,

Algo parecia sussurrar aos seus ouvidos que ela estaria em algum lugar, a salvo,

Ele nunca duvidou de que o sangue que apareceu naquele carro jogado as margens,

Fosse do cachorro que havia sumido, conforme lhe inquiriram,

Não havia nada que o comprometesse, nem ao menos sinais de que ela estivesse

Estado naquele carro em algum momento, sentia-se feito um joguete do destino,

 

Mas tinha certeza absoluta de que seria inocentado, não havia feito nada,

Aquele dinheiro pertencia ao povo e ele fazia parte disso através dos seus impostos,

Quem mais que ele havia contribuído em razão do seu padrão elevado?

Ele nunca mereceu a miséria, porém, sua conta havia sido confiscada a algum tempo,

Lembrou que suas roupas ainda estavam no armário, e estes eram seus únicos bens,


Seria inocentado, tinha certeza que ao final seria feita a justiça,

Elaborou seu breve relato, camisa branca, gravata clássica,

Relatou com esmero o fato de como, de repente, foi encontrado inconsciente,

Preso dentro de quatro paredes frias da delegacia da cidade...

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Um Bilhete

 

Acho que ela ficou com o bilhete,

Eu sabia que local ela frequentava

Escrevi algumas palavras e deixei ordens,

Para que quando ela chegasse lá, a entregassem o bilhete,

Dobrado em duas partes iguais, como faria minha vida,

O antes e o depois após tê-la conhecido,

Deixei pago um chocolate da sua escolha,

 

Eram quatorze da tarde, o sol estava recoberto por nuvens densas,

Um vento soprava e parecia brincar com as coisas,

A esta hora ela deveria estar lendo o bilhete,

Refletindo sobre o que eu havia escrito a ela,

Me indaguei sobre ter ou não deixado o número do telefone,

Torci para que tivesse rabiscado ao final da linha,

 

Eu li e reli tudo que escrevi, mas quando se trata do amor,

Toda a segurança se torna nula, resta somente o coração a pulsar,

E é claro, nem mesmo ele ajuda, insiste a ficar descompassado,

A cada instante em que me pego a pensar nela,

Lembro pelo menos da caligrafia bonita, e de ter descrito o quanto a amava,

Tivesse escrito um poema quem sabe minhas chances de êxito seriam maiores,

 

Mas, ela parecia ser alguém tão lógica e meticulosa,

Fiquei com medo que pudesse não gostar,

Existem muitas palavras lindas, mas é necessário saber coloca-las no papel,

E eu não queria copiar algo feito, o que eu sentia era tão único

Que merecia ser descrito por mim mesmo,

Por minhas mãos, minha letra, meus pensamentos,

 

Ela sabe onde me encontrar, lá no café todos tem meu endereço,

Nas horas vagas costumo frequentar este lugar,

Onde tive o prazer de cruzar com ela e a observar,

Eu costumava ir ler um livro, descansar nas horas vagas do trabalho,

E nossas horas se cruzaram, jamais esqueceria o vermelho do seu vestido,

A forma como ele se movia a adorna-la, o fulgor dos seus lábios,

 

O encanto que ela tinha ao sorrir e a maneira linda de se expressar,

Eu me pergunto se ela levaria a sério o que eu sentia,

Ela me pareceu tão independente e atarefada que aparentava

Estar distante de sentimentos como o amor,

Há mulheres que preferem dedicar-se exclusivamente a uma careira,

Ouvia ela repetir por diversas vezes em suas conversas ao telefone,

Eu a entendia muito bem, até conhece-la havia sido assim comigo também,

Talvez, eu devesse mandar flores, pensaria nisso em outro instante.

Ponto Final

 

...E nunca mais irei procura-la, mesmo que a ame para sempre,

Mesmo que as lembranças venham me acordar no meio da noite,

Lembrando seu toque, seu cheiro, trazendo a minha memória,

Os mais lindos momentos que vivemos, mesmo assim, nunca,

Meu coração ansiava por sua volta, eu não teria como negar,

Porém, minha alma ecoava palavra por palavra sua,

 

Todas as que me disse antes de ir embora, de uma a uma,

Eu me recusava a repeti-las, para que reviver angustias antigas,

Mas, isso foi o suficiente para me convencer a acatar sua vontade

E por mais que arda a dor da saudade, disse a mim mesmo, não iria ceder,

Nem uma ligação, nem um olhar, nem notícias suas gostaria de ter,

Disse aos amigos que evitem falar sobre ela, que esqueçam seu nome,

 

O que acabou, acabou, não haveria motivos para se apegar ao passado,

Quando estávamos juntos nem faziam questão de que estivéssemos,

Por que agora iriam me atormentar tocando em assuntos

Que já haviam acabado, o que vivemos foi bom mas chegou ao fim,

A vida tem dessas coisas, as vezes se desenrola assim,

E o amor continua a pulsar em mim,

 

Se não foi com ela, será com outra pessoa,

Nesta hora não é tanto importante o que os outros pensam,

Por mais que doa, eu preciso pensar em mim,

Eu me entreguei por completo, fiz tudo que fui capaz de fazer por alguém,

Mas acabou, não foi o bastante para mantê-la comigo e daí? A vida segue,

Irei me entregar a dor e viver de saudade?

 

Me jogar aos seus pés e entregar a ela algo que ela já disse não querer?

O amor só é amor quando é espontâneo, quando é forçado se torna outra coisa,

Não que eu entenda muito sobre isso, mas para que sofrer?

É certo que as vezes é inevitável lembrar, sentir saudade, talvez até chorar,

Mas ter que ser lembrado sobre nós por tudo e por todos

Em todo lugar e a qualquer momento?

 

Para que isso? Que maneira de prender-se as coisas e querer fixa-las,

Sei lá de que forma, talvez até manipula-las,

Ainda lembro que quando a apresentei aos amigos,

Todos quiseram opinar sobre ela, falar sobre as coisas que teria a perder

Por adentrar em um relacionamento sério,

Lembrei ainda de como fui abandonado pelos mesmos amigos

 

Por me entregar a este sentimento que nutria por ela,

Houve inclusive aqueles que ousaram tentar seduzi-la,

Em total desrespeito a nós e mais ainda a ela, que sozinha

E estranha ao círculo de amizades se sentiu indefesa,

Indecisa sobre me contar ou não por medo de estragar a amizade,

E agora, estes mesmos amigos vinham a me lembrar toda hora

 

Que ela havia partido, que não estava mais comigo,

Ainda ousavam se sentir no direito de indagar

Sobre quais os motivos que levaram ao fim do relacionamento?

Por Deus, não há sentido nessa mania de intrometer-se na vida dos outros,

Eu ainda a amava, é claro, mas guardaria este sentimento comigo,

Havia acabado, ponto final aos sonhos que sonhamos juntos.

Maio de 2002

 

Ela pressionou os lábios frios em minha boca,

Pegou as chaves do seu carro e deu partida,

Foi embora após um mero adeus por despedida,

Na linguagem do amor isso é saudade premeditada,

Eu prometi a mim mesmo que ficaria em casa,

Não me permitiria sofrer, mas refletiria

Sobre tudo que vivemos, os possíveis erros e afins,

 

Porém, a lua ressoou meia-noite e eu me direcionei para a balada,

Contudo ir sozinho me pareceu uma ideia ruim naquela hora...

Ao chegar lá, qual não foi minha surpresa me deparei com ela,

Achegada em conversinhas com outro rapaz,

Embora eu também estivesse acompanhado me senti usado,

No entanto, não recai, peguei a mão da minha acompanhante

E direcionamo-nos para a pista de dança, e o que eu senti foi único,

 

Percebi no ritmo contagiante daquela dança que

No outro relacionamento eu apenas havia perdido meu tempo,

Desperdiçado minhas horas em sonhos que eram só meus,

Os quais ela nunca acreditou nem ao menos se esforçou,

Na primeira oportunidade virou as costas e foi embora,

Seria forçoso admitir, mas talvez, mesmo antes do fim,

 

Ela já tivesse entrado em outro relacionamento,

Me senti traído, eu entreguei meu amor, minha vida

A quem nunca soube dar valor, a quem apenas usou de mim,

Abusou do que eu sentia, me forçou a acreditar no que não existia,

Mas agora tudo estava esclarecido e o fim chegou ao que nem deveria ter iniciado,

Digo isso com certo orgulho, para que me apegar ao passado?

 

É certo que o fato de encontra-la acompanhada por outro na balada,

Havia sido um tanto quanto provocativo, confesso que mexeu comigo,

Mas o que eu faria se foi ela quem decidiu dar fim ao que tínhamos?

Assumo que posso não ter sido perfeito, aceito que possa ter havido erros,

Mas desistir de tudo tão facilmente me soa um tanto intransigente,

Nós mantínhamos um diálogo singelo, falávamos de tudo um pouco,

 

Confesso que as vezes ela me fazia pedidos para os quais eu não me sentia preparado,

Mas por um fim em tudo por tão pouco, isso me soou um tanto apressado,

No meio da pista, virei o rosto para contempla-la, não por interesse,

Mas por respeito ao que vivemos, senti curiosidade,

Qual não foi minha surpresa, ela estava aos beijos com o outro cara,

Aquilo me feriu de morte a alma, percebi que nunca deveria ter investido nela,

 

Continuei a dançar, com passos desconcertados, um pouco nervoso,

Parece que quando a gente fala de sentimentos para outro coração,

Por termo-nos aberto de modo tão íntimo desejamos no mínimo respeito,

Mas o fato é que cada momento responde de modo diferente no que tange a emoção,

E assim havia sido conosco, eu amei com toda a alma, mas ela não,

Ela simplesmente se recusou a entregar-se a nossa paixão,

 

E agora remava em outro barco, direcionada por outra maré,

Não seria eu que a perseguiria como se quisesse obriga-la a viver o que não quer,

Todos possuímos direito de escolha e o meu era o de não ser humilhado,

Deste modo, peguei a mão da moça com um leve aperto,

Me aproximei e nem esperei o final da dança, cheguei ao seu ouvido,

E a convidei para irmos a outro lugar arejar o pensamento,

 

Talvez um bar tomar um chopp, mas não ficaria a contemplar

A mulher a quem tanto amei se entregando de forma

Que julguei tão fútil e voraz a outro rapaz,

Talvez ela nunca tenha agido daquela forma comigo,

Mas não me deixaria abater por isso, na saída, me aproximei dela,

Com toda a educação e respeito conquistado em nosso relacionamento,

 

Sorri e cumprimentei a ambos, com um aceno desejei a ela sorte,

Voltei-me a minha acompanhante e nos dirigimos a um café,

No caminho contei que se tratava da minha ex,

Ela sorriu e me elogiou por minha atitude,

Seu sorriso mexeu com minha alma de uma forma inusitada,

Então olhei para ela, eu estava a dirigir o carro, mas mesmo assim,

 

Estendi uma mão a acariciar seu rosto e provei o gosto da sua boca,

Algo em mim me avisou que este relacionamento poderia ser diferente,

E não haveria motivos para não o ser,

Não foi necessária investigação muito profunda,

Seu beijo era algo que me envolvia e contagiava,

Aquele maio de 2002, ficaria marcado para sempre em minha vida,

 

Ela tocou o vestido de uma forma urgente e provocadora,

Eu sorri, “estou encrencado como é possível notar”,

Disse a ela, com um sorriso e um brilho especulativo no olhar,

Ela também sorriu, disse que se estivesse no meu lugar,

Talvez não tivesse agido com o mesmo respeito e cautela,

E que no decorrer da sua vida, ela procurava alguém assim,

 

Já havia se sentido perseguida por outros rapazes por bem menos,

Então achava que minha atitude havia sido louvável e digna,

Disse ainda que minha beleza já havia conquistado sua estima,

Porém com minha atitude conquistei sua alma,

“Para você ver o quanto estou encantada,

Poderia parar um instante para me dar um beijo na boca?

Este beijo apressado foi ótimo, mas eu gostaria de um bem demorado...”

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Carta ao Amor

 

Olhei-me no espelho, maquiagem bem-feita,

Olhos brilhantes, sentia uma alegria vívida,

Você deve estar se perguntando de onde veio

O sorriso que tomou conta do meu rosto,

 

Mordi os lábios, olhei um pouco para o lado,

Lembrei da doçura daquele beijo roubado,

Que aconteceu a alguns dias atrás,

Com um sobressalto no coração,

Fui certeira ao admitir: nunca esqueceria,

Um suspiro saiu dos meus lábios em admiração,

 

Sentia saudade, queria vê-lo de novo,

As lembranças se confundem com a distância

Deveria haver algum tipo de acordo com o amor

Para que aos casais fosse negada a lonjura,

No instante em que o gosto começasse a se dissipar dos lábios,

Logo que a gente levasse um dedo sobre a boca com o desejo de senti-lo,

Que este anseio fosse ouvido, é pedir muito?

 

Acho incomodo ter que se apegar a fotos, mensagens apagadas,

Momentos guardados apenas na memória,

Este trabalho de lembrar a toda é hora é cansativo, sem dúvida,

Mas quedar ao esquecimento, manter distante quem se ama,

Traz satisfação momentânea apenas a quem nunca amou,

A sensação do seu beijo em minha boca,

Confirmou o que eu sabia desde que nos entreolhamos na esquina do café,

Eu o amaria por toda a vida, guardaria comigo o gosto do para sempre,

 

Digo momentânea a satisfação da saudade, pois é certo que quem ama,

Sempre encontra uma forma de se fazer presente, de estar perto,

Tudo que a mim é permitido é reiterar esta declaração de amor,

Fossem estas as minhas últimas palavras eu gostaria de guardar em sua lembrança,

Que eu o amei como nunca achei que fosse capaz, dei tudo que tinha,

Fiz tudo o que podia e teria feito mais, nunca irei esquecê-lo,

Talvez pareça inconsistente o que eu esteja dizendo,

 

Afinal nos conhecemos a tão pouco tempo, mas eu o amei muito,

Sei que minha sinceridade transpareceu no gosto doce do beijo,

No afago que fiz em vários gestos de carinho sobre o seu rosto,

Não pediria a você para não me esquecer, apenas que guarde consigo:

Que eu o amo para sempre e um passo além do meu destino,

No começo minha intenção era falar sem áquilo,

Depois, sentei-me e desejei falar a esmo, traçar palavras em um rascunho,

Que embora mal escrito, o vejo agora com outros olhos,

Gostaria que chegasse até você e que fosse lido,

 

Ouvi um rangido na porta, olhei para trás, desejei que fosse aberta,

Incialmente, senti que ela tremeu um pouco,

Então, olhei para a caligrafia borrada e percebi que foram minhas lágrimas,

Não havia ninguém, eu estava sozinha em meu quarto,

Depois pensei que ela poderia estar chaveada, desta forma, eu precisaria abri-la,

Prestei atenção por um minuto, mas não ouvi nenhum barulho,

 

Foi coisa do vento, pensei comigo, voltei ao papel em que escrevia,

Ao terminar a frase Eu Te Amo em caixa alta, escrita preta,

Ergui o papel e levei-o aos lábios para depositar-lhe meu beijo de batom,

Foi quando ouvi outro rangido, desta vez com mais clareza,

Alguém batia a porta, mas antes que eu me levantasse para abri-la,

Ele entrou com flores coloridas, sorri, soltei o papel e a caneta,

 

E corri para abraça-lo, ele havia sentido minha falta e agora estava comigo,

A tarde foi pequena para o tanto que conversamos,

Falamos sobre tudo um pouco, contamos em detalhes para trazer a sensação de participação,

Agora, todo o tempo em que passamos separados ele esteve comigo,

Senão de forma física, da maneira mais importante: com o coração,

Quando ele me olhou com seu jeito apaixonado,

Eu senti que cada segundo de espera foi passageiro,

 

Eu engoli em seco: meu Deus, será que agora ele ouvia meus pensamentos?

Será que adivinhou o quanto eu o queria ao meu lado,

Sabia de todas as vezes em que arrumei o quarto a espera-lo,

Das roupas íntimas que comprei com a exclusiva intensão de vê-lo?

De cada detalhe na casa organizado com a intensão de agrada-lo,

Os jantares feitos sempre a cada noite a espera de satisfaze-lo,

A maquiagem que refazia a cada momento, sempre a espera-lo,

Se ele não sabia até então, agora saberia, pois, tudo que eu queria

Era dizer a ele o quanto o amei e o amaria por toda a vida,

 

Como se atendesse aos meus desejos, ou tivesse os mesmos sonhos,

Ele me pegou no colo, me beijou com seu jeito avassalador,

Eu o agarrei com toda a força, só desejei mantê-lo perto,

Me senti morrer a cada momento de angustia e saudade,

Mas meu amor nunca deixou de pulsar, nenhuma vez,

 

Seu rosto encostado ao meu, seu cheiro impregnado em meu corpo,

Seus carinhos em meu cabelo, seus olhos fechados,

Como se soubesse de cor cada traço meu,

Ele se permitiu guiar pelo calor exalado do meu desejo,

E encontrou meus lábios com um beijo melhor ainda que o já provado,

 

De um jeito delicado, provocador e arrebatador,

De um jeito lento que me senti derreter,

Sorte minha estar amparada por seus braços fortes,

Amanhã sairíamos passear com nosso cachorro,

Juntos, como eu sempre havia imaginado.

Eu Sou Uma Danada

Sem o troféu “A melhor” Nem a miss mundo, Ou a garota modinha, Simplesmente, Datada “a perfeita” Intitulada “A grande g...