sexta-feira, 19 de março de 2021

Olhos Abertos e Vazios Sobre Mim

Já que aceitou nossas promessas de amor,

Qual seria o problema em agir a rigor,

Respeitar e entender minhas perspectivas,

Ao invés de desejar discutir por qualquer problema,

Nosso jogo de amor é o resumo de um dilema,

De somar nossas forças e dividi-las para ver quem ganha?

 

Se for dessa forma adianto que perdi ao som da sua voz,

Ao aroma da sua pele a acariciar meu corpo sequioso,

Ao sabor do beijo que sinto se desenhar sobre meus lábios,

O amor não é um instrumento para ser usado a caráter,

É um sentimento que se sente ao invés de medir em espécie,

Apega-se ao que acredita ao invés de enxergar as evidências,

 

Por que agir através de crenças e ignorar tudo que sente?

Nos afastamos um pouco, nossos dedos se desenlaçam agora,

Você não nota isso quando andamos um ao lado do outro?

Até quando atravessa a rua você teima em ir apressado,

Quase tropeço quando tento te alcançar, você não vê isso?

Apega-se a todo o seu redor mas esquece que existe um nós,

 

Ele ficou estático, examinou todo o seu redor, depois me olhou,

Mesmo estando em silêncio percebi que me observava um pouco,

Era detalhista e quase científico na forma como via os fatos,

Ele estaria calculando nosso amor por meio das palavras e atos?

Quando o coração fala é mesmo necessário ouvir a voz da razão,

Depois de tudo que vivemos, deveria estar pesando esta dúvida,

 

Que pairava sobre os nossos ombros, deixando o ar sufocado?

Como uma espécie de linha tênue a nos dividir um do outro?

As dúvidas estariam pondo em analise o que sentíamos,

Não bastavam nossas juras, os sonhos que nos uniram?

Agora havia algo entre nós, forte o bastante para sustentar aquele olhar,

Alguém que havia se entregado com tanta profundidade não o mereceria,

 

Ele olhava demais para mim, o que estaria a deduzir agora?

Queria que ele recuperasse o foco, que lembrasse de nós,

Procurei algo em que me assegurar e não soube pelo que procurava,

As brigas haviam indefinido o que sentíamos e isso vinha ao nosso encontro,

Era como se todas as promessas que desenharam nossos passos,

Estivessem sendo suprimidas por dúvidas que as deixavam em falso,

 

Com um virar de rosto, me esforcei para olhar para trás ainda a procura,

Com um semblante de espanto vi que cada passo havia sido redesenhado,

Em cada jura de amor agora existia uma dúvida suprimindo-a,

Já não conseguia distinguir uma coisa da outra, estávamos sumindo,

Nossos sonhos em que tanto acreditamos ficavam para trás,

O ar pesado de agora formava uma espécie de neblina sobre eles,

 

Talvez, tivessem o auxílio de algumas lágrimas - aquelas sofridas as escondidas,

Mas, por mais que me esforçasse, tudo se embaçava e eu não conseguia ver,

Com esforço saí de lá, corri ao encontro dele, quis me ver segura,

Mas seus braços permaneceram jogados ao lado do seu corpo imóveis,

Não me abraçaram como em outros tempos, não me asseguraram de nada,

Não ouvi sua voz ao meu ouvido, nem as promessas em que acreditava,

 

Isso não durou mais que um minuto, mas teve o gosto de pesadelo,

Acordada e de olhos fechados, não conseguia enxergar quem mais amava,

Procurava-o entre as incertezas mas ele se escapava para outro âmbito,

O que haveria de tão intenso ente nós dois, o que estaria a nos distanciar?

Seria erro meu, erro dele, ou de nós dois? Queria senti-lo em meus afagos,

Queria ter algo em que me sustentar, me sentia tremula e indefesa,

 

Minhas dúvidas ficavam quietas e ferozes dentro da minha alma,

Queria gritar para que eu abrisse os olhos e o visse em algum lugar,

Mas embora eu o sentisse entre os meus braços ele parecia não estar,

Mesmo eu me agarrando com toda a força ele parecia não me avistar,

Onde estaria o homem que tanto amei um dia? Lá atrás,

Onde nem mesmo eu o havia encontrado, onde tudo parecia se apagar?

 

Eu tentava avaliar as suas palavras, o teor dos últimos atos,

Mas, tudo havia se apagado em meu coração, ele pendera ao silêncio,

Havia uma discussão infundada em meu entorno, eu pedia trégua,

Mas como poderia ponderar se nem sabia suas expectativas?

Tentei me concentrar no quanto eu o amava e como o demonstrava,

Abracei-o com ainda mais força, mas mesmo assim, ele não se movia,

 

Era tão angustiante quanto acordar em noite escura de pesadelo,

Era real, eu poderia abrir os olhos e contempla-lo,

Estagnado entre os meus braços, ciente e arredio ao meu sofrimento,

Sim, meus olhos estavam abertos e eu poderia contemplar seus olhos,

Mesmo agarrada a ele, o sentia tenso, distante demais de nós dois,

Ele me feria de frente, enquanto eu tentava salvar o que pudesse ser salvo,

 

Os olhos que choraram por mim, agora me olhavam vazios,

Os mesmos que me prometeram amor em tempo não tão antigo,

Não sentiam o bastante para levantar os braços sobre meu corpo,

Não me amavam o suficiente para me abraçar e produzir conforto,

 

Suas mãos estavam abertas era como se estivessem estapeando meu peito,

E ele pulsava no mesmo teor, sentia por dentro o seu distanciamento,

O plano de fazê-lo repensar sobre o nosso sentimento escapara entre os dedos,

Os mesmos dedos que pareciam se apertar em meu peito, sufocando-o,


Seus olhos estavam sobre mim, mas não viam o que eu sentia,

Estavam abertos em minha direção, mas só viam em reflexos,

Olhos vítreos sobrepunham-se aos nossos sonhos de uma vida,

Como se houvesse uma moldura a distancia-los dos nossos sonhos,

Estagnados, como se enfraquecido para me abraçar de volta,

Meus olhos o avistavam mas temiam enxerga-lo, o viam: arredio.


 

quinta-feira, 18 de março de 2021

Seu Beijo em Meus Lábios

 

Tenho uma boa ideia de a quem darei meu primeiro beijo,

Aquele que entre seus espaços se faz juras silenciosas sobre os lábios,

O mesmo rapaz para o qual prometerei meu amor eterno,

Embora tenha errado outras vezes, dessa vez entregarei a alma,

Não medirei esforços para agradá-lo, direi a verdade sobre o que sinto,

O amo e não pretendo fugir disso, disquei seu número no celular,

 

Chamei-o até a minha casa, querendo poupar os detalhes,

Troquei a roupa, tentei esconder a ansiedade da primeira vez,

Me aproximei dele devagar, em frases monótonas falei o que sentia,

Entre um estalo de beijo e outro, meu coração lhe falava,

Minha respiração não tentou de forma alguma se ocultar,

Disse a ele o quanto eu o amava feito uma carícia sobre a sua cara,

 

Em cada gesto em que me entreguei, me confidenciei em promessas,

Eu não tinha pretensões de competir ou seguir uma rotina,

Todavia sentia receio sobre tomar atitudes erradas,

Mas ainda assim reagia, na busca de demonstrar o quanto o amava,

Nossos carinhos deslizavam sobre os nossos corpos,

Nossas almas pareciam se corresponder entre os afagos,

 

Você está me ouvindo? Lembrei de indagar ao seu ouvido,

Embora não tivesse falado nada, queria saber se ele havia entendido,

Se a forma profunda em que eu me entregava fazia sentido,

Se estava conseguindo demonstrar meu amor mesmo no silêncio,

Se meus atos eram o bastante para trazê-lo para o meu destino,

Se meus sussurros bastavam para convence-lo do que sinto,

 

Com um suspiro e um levantar de cabeça num gemido,

O vi consentir com um sorriso que desenhava seu rosto,

Eu te amo, disse-lhe feito um afagar sobre o seu peito,

Me sentia desenhar que o amava em cada um dos meus afagos,

Sobre a indireta de convidá-lo para um amor eterno,

O beijei sôfrega e emocionada, talvez nem tudo tenha saído certo,

 

Mas consegui demonstra-lo o quanto o amo,

Nossos corpos pareciam não nos responder, mal se moviam,

Agiam de forma precisa ao que sentíamos, sôfregos,

Nossas forças se esvaíam entre os carinhos dispostos,

Mas a intensidade nos exigia que não cedêssemos ao cansaço,

Que o tempo tomasse distância estávamos em outro espaço,

 

Pretendia tê-lo para sempre em minha vida,

Amava-o demais para aceitar tê-lo apenas em momentos,

Eu vi o momento em que seu olhar cintilou por mim,

Quando sua luz se tornou mais intensa, eu me rendi,

Eu o amo, lembro de ter pronunciado em voz alta,

O amor aconteceu por uma noite inteira, e desejou mais ainda,

 

Sentimento insaciável que quanto mais se entrega mais deseja,

Ainda nos acariciávamos, em gestos mais calmos de amor impaciente,

Agora ele usava mais atitudes do que em outros instantes,

Colocava uma pitada de força em cada carícia de sua mão sedenta,

Deslizava por meu corpo e ficava contido em minha pele,

Eu lhe lancei um olhar indagador, sabe o quanto o amo?

 

Acho que ele disse que sim, apenas me recordo de ter fechado os olhos,

Nossas forças se esgotavam, mas o amor pedia mais de nós dois,

Sim, respondi com um mover de lábios sobre o seu peito,

Eu acompanhei sua tentativa de falar, mas calei seus lábios,

O amor me impelia a beijá-lo, muito mais que ouvir suas juras,

Todavia, recordo de ele ter sussurrado algo enquanto me apertava com força,

 

Suas mãos se desenhavam em meus quadris, tocavam em meus ossos,

Parece que ele reconhecia cada parte minha com intimidade,

Tentava resistir ao fluxo intenso de beijá-lo sem intervalos,

Mas minha pele ansiava pela dele, não conseguia impor resistência,

Nem queria, desejava apenas amá-lo com tudo que sentia,

Esperava que pelo amanhã ele entendesse o quanto eu o amava,

 

Me dirigi ao afago no seu rosto sem me desviar do seu olhar,

Queria poder encontrar a sua alma com a superfície de um carinho,

O que eu achei um gesto de muita convalescença,

Quanto mais me entregava mais ansiava para o sentimento se repor,

Sentia minhas forças se esvaírem nas carícias, me via abatida,

Sujeita sobre ele, me sentia mais recolhida em seu peito,

 

Apegava-me ao amor que sentia, sem me importar com mais nada,

Nossos beijos continuavam embora esparsos entre um e outro...

Hoje, as 14 horas da terceira tarde depois de tê-lo recebido em minha casa,

Recordo cada instante de tudo o que vivemos, cada beijo em meus lábios,

Embora não tenha existido mensagem ou ligação em meu celular,

Eu ainda espero por seu retorno, ouço um bater de palmas na porta,

 

Levanto para atender e recebo flores com um cartão de carinho,

Sem remetente, talvez possa ser de um admirador secreto,

Leio e releio o conteúdo, repouso as flores em um vaso,

No caminho de tudo isso, ouço o toque do celular no quarto,

Termino o que fazia sem me ater, corro os degraus ao seu encontro,

Chego lá e a ligação havia parado e eu, estou sem créditos.


Eu te Amo em Uníssono

Bem, é certo que existem diversos modos de usar a boca,

Porém, nunca pensei que a usaria contra quem mais amei,

Assumir a postura do tudo ou nada é arriscado para quem ama,

Embora eu não tenha refletido sobre isso reagi a caráter,

Usei a mesma boca com a qual o conquistei através de promessas,

Quando decidi afastar o sentimento para aquela lágrima em minha face,

 

E gritei com toda a força e vigor do que eu acreditei ser raiva,

Eu o odeio, não o quero mais em minha vida e a culpa é sua,

O desenvolvimento de um sentimento visto pelo ângulo de privações,

Se limita por bem poucas coisas, se reduz ao teor das ideias,

Quando mais se da abertura para ideias falsárias,

Mais se crê nisso e corre sério risco a reagir em acordo a elas,

 

Mesmo sabendo disso, eu não consegui me conter a tempo,

Gritei com toda a força em meu peito: te odeio, não tem mais jeito!

Não bastasse a sua expressão de espanto, virei a cara em soberba,

Esperei altiva que entrasse em lágrimas, mas não ouvi nada,

Diante de tudo que ocorria entre nós ele não se redimia,

Permanecia inerte, por Deus que era como se ignorasse os fatos,

 

Olhava com desdém, como se não soubesse do que eu estava falando,

Olhei para dentro de mim, percebi que também não reconhecia os motivos,

Mas eu os tinha e muitos, ora haviam tantas coisas a serem valorizadas,

E ele não via a nenhuma delas, uma abordagem geral enumeraria

Diversos motivos pelos quais este sentimento nem deveria ter começado,

Mas eu havia apostado todo o meu sentimento nisso,

 

E agora, o via escorregadio, estaria ele a desviar das nossas promessas?

Às vezes, o pegava a bambear entre um passo e outro pela casa,

Será que eu havia desenhado nossas juras no assoalho encerado,

Em cada atitude em que organizava tudo conforme ficava melhor,

E isso era pretensioso demais para o que ele havia se disposto?

Quando é que o amor que salvaria passa a ferir o rosto de quem ama?

 

Em que instante as promessas de amor sussurradas ao ouvido,

Passam a ensurdecer as atitudes de quem é o sujeito destinado,

A ponto de que ele desista de ouvi-las e até as distorça em seus atos?

Com um ufa, suspiro que vinha de dentro da alma através do meu peito,

Lembro de jurar que, se ele me negasse o que havia um dia sentido,

Eu sairia por aquela mesma porta e estaria tudo acabado,

 

Dependendo do contexto, esqueceria até que ele tivesse existido,

Procurava em meus olhos e não havia nada além de lágrimas,

E nos dele, nem isso? O que existiria em nossos olhares a ponto de esfriar-nos?

Que o amor de sua alma fizesse justiça a todas as juras faladas,

Que algo emergisse dentro dele que me fizesse voltar atrás,

Da forma como ele se portava, sempre tão ausente e contumaz,

 

Não resistiriam maneiras que nos fizesse ficar juntos,

Não naquela ideia do para sempre, do amor por toda a vida,

É certo que eu, nesta hora, estava virada de costas para a porta,

Procurava uma saída que nos fizesse ficar juntos

E não uma maneira de ir embora e nunca mais voltar,

Mas, ele, o que estaria a fazer agora? Seu silêncio feria,

 

Porém, as minhas palavras gritadas no vigor da raiva,

Me destruíam por dentro, não consegui suportar minhas maneiras,

Havia ferido ele, talvez tivesse jogado nossas chances fora,

Ousara gritar tudo que sentia em triste hora desafortunada,

Abusara da minha fragilidade de mulher para tentar coagir,

Apenas porque não suportava sua maneira de ser e agir,

 

Havia olhado seus sentimentos de forma individual,

E agora, acreditava estar errada em tudo que fazia,

O beijo com o qual me conquistou agora estava residual,

Esparso, escolhendo os momentos em que beijar,

A penúria dos meus atos destruía as juras colocadas,

Visto deste ângulo, ele estaria certo em se desviar,

 

Ideia equivocada afastada, como poderia retomar?

Orgulho despido da minha alma, ousei arriscar um olhar,

Ele estava sentado na cadeira, mãos no rosto a cobrir a face,

Estaria sofrendo e recusara-se a falar? Eu buscava uma base,

Um princípio em que me agarrar, identificava a dor nele,

E tinha conhecimento sobre a quem pertencia a culpa,

 

O amor poderia ser qualquer coisa, mas era diverso da ideia de sujeição,

Se havia algo errado, por que o sentimento havia nos distanciados?

Não deveríamos ter construído uma forma de se aproximar um do outro?

Um alicerce que fosse forte o suficiente para manter-nos juntos?

Na circunstância em que nos encontrávamos tudo parecia se opor,

Até mesmo as manchas que surgiam nas roupas já pareciam desconhecidas,

 

O amor não deveria ser forte o bastante para resistir a tudo isso?

A amizade que havia entre nós dois não deveria manter-nos unidos?

Me senti ferida e o ferira, agora que ele sangrava eu não estava melhor,

A ideia de lágrimas no rosto de quem amo era feito facas em meu peito,

Então, por que eu o havia sujeitado a tudo isso? Por que gritei em furor?

Nem recordava sobre qual fora o motivo que me guiara a agir desse modo,

 

Mas sabia que precisava recuperá-lo, o impacto de sua dor me transtornava,

Levantei-me, mas dessa vez em silêncio, envolvi suas mãos em um afago,

As retirei do contato do seu rosto, levantei seu queixo com minha palma,

Sentei-me sobre suas pernas, e soltei suas mãos unidas em meu peito,

Me recostei nele, em silêncio nos abraçamos com força,

Eu te amo, pareciam pulsar nossos corações em uníssono.


 

quarta-feira, 17 de março de 2021

Fecharam os Olhos

Ele estava deitado de bruços na cama, absorto nela,

Ela colocou-se sobre ele e beijou-o por inteiro,

Com estalinhos e mordidinhas percorreu sua pele negra,

Ele estava de olhos fechados, os dela estavam abertos,

Se aproximou do seu ouvido e com sussurros tocou sua alma,

Tracejou com a língua cada parte das suas costas, absorvendo-o,

 

Colocar-se sobre ele lhe dava uma grande vantagem,

Poderia beijá-lo à vontade sem que perdesse as forças,

Em nada adiantaria tentar negar o fato de que a cada toque dele,

Ela fraquejava, pertencia a ele de corpo e alma,

Cada parte sua guardava dentro dela tudo sobre esse dia,

Em sua alma desenhava cada beijo, cada carícia, sem perder nada,

 

Ele deveria saber o quanto ela o amava, percebia-se em cada beijo

A intensão de que cada momento durasse uma vida inteira,

Embora nunca tivessem tentado negar-se ao fato, era feito exato,

A boca dela continuava movendo-se sobre a pele quente dele,

Ele permitia-se suspirar sem dizer nada, leva-se algum tempo

Para cair em si sobre o quanto se é capaz de amar, Deus sabe o quanto,

 

Naquele instante ela não queria parar de massagear e beijá-lo,

Usava todas as suas forças para manter-se neutra em cuida-lo,

Cada afago em que se entregava era como se deixasse de ser sua,

Sentia os olhos dele abrirem-se, era como se pudesse vê-la,

Ela não conseguia parar de olhá-lo e lhe percorrer em cada centímetro,

Sabe aquele instante em que se deseja guardar alguém para sempre?

 

Embora tivessem se entregado com urgência, agora a calma os regia,

Não desejavam fugir um do outro, mas logo o sol acordaria a manhã,

Ela deitou-se sobre ele e sussurrou mais uma vez ao pé do ouvido,

Então, amar é isso tudo? É sempre com o gosto da primeira vez?

Antes parecia que eu não me preocupava em amar, mas agora,

As coisas se juntam e parecem se completar, você é sempre tão perfeito?

 

Não confia em nós dois?! Ele respondeu, com um forçoso levantar de cabeça,

Sim, ela respondeu com um mover de lábios sobre o seu pescoço,

Ambos relaxados, mas a necessidade de estar próximo não passava,

Abraçaram-se, foi como se prometessem um ao outro amor eterno,

Pensaram em dormir abraçados, para que o sol pudesse acordá-los,

Em uma espécie de ritual em que os amantes se veem realizados,

 

Não foi dessa forma, por muito pouco, beijaram-se e mudaram de ideia,

O que eles estariam vendo quando olhavam um nos olhos do outro,

É questão que ninguém poderia definir, amor eterno ou alguma coisa assim?

O que se sabe precisar é que uma noite acordados foi pouco para o que sentiam,

Eles estariam contemplando um a alma do outro? Então, isso era o amor?

A urgência em suas carícias parecia estabelecer um prazo entre os dois,

 

Eles acreditavam nisso, e agiam ao rigor da necessidade em cada carinho,

- Vamos lá, o sol acordou, agora, estou saindo – ela parecia ouvir em seu rosto

Assim que o tocou e viu seu semblante olhar tristonho para a janela,

Se semblantes falam e o que dizem, eles saberiam evidenciar em suas caras,

Talvez fosse por isso que se completassem de forma tão perfeita,

A luz invadiu o quarto assim que suas bocas se encontraram sedentas,

 

No mesmo instante em que a carícia se intensificava e pedia mais um pouco,

Na mesma hora em que uma lágrima caiu do olhar dele no peito dela,

No mesmo segundo em que ele caiu submerso sobre ela, sôfrego e apegado,

Era como se ele aceitasse ficar em sua vida, mesmo que fosse com hora certa,

Intensificada como só ela sabia e fazia apenas com ele, beijou seus lábios,

Abraçou seu corpo, até senti-lo colado ao seu, fecharam os olhos...

 

O efeito do amor é algo duradouro e irresistível, via-se isso em seus carinhos,

Seus reflexos dançavam na parede, seus corpos absorviam-se um ao outro,

Se alguém pudesse vê-los, juraria que não daria para distinguir um do outro,

Encaixe perfeito, entrega exata, sussurros sibilavam juras no silêncio do afago,

Ela o buscava e ele retribuía, em movimentos lentos e sincronizados,

Ela o amava no fundo de sua alma e ele tocava-a em cada carícia de seus dedos,

 

O fato de alcançar a alma de alguém com um afago é caso para outra história,

Se eles compreendiam o que acontecia entre eles, nem eles sabiam,

Mas amavam-se e isso era o suficiente para manterem-se ali, colados,

Ele unia-se a ela, como uma só alma, ela agora abria os olhos castanhos,

Olhando para a luz que invadia o quarto e queimava em seus corpos,

Já não havia calor o bastante? Por que o sol ousava tentar acordá-los?

 

O suor dele respingava em sua boca, seu cheiro a percorria por inteira,

Desatento, o sol insensato, desejava despertá-los do seu sonho de amor,

As horas vinham, ela acenou discretamente pedindo ao relógio trégua,

Ele a olhou e estranhou a sua calma, era hora de acordar ele sabia disso,

Depois, devagar, apoiou os braços sobre a cama com esforço quis levantar,

Parou na distância dos seus olhos, ela sorriu tentando desencorajá-lo,

 

Tenho uma boa ideia pela qual valeria a pena perder a ideia sobre as horas,

Mas, agora me sinto desperto estou prestes a vestir as roupas,

Ela buscou seu rosto, aproximou-se e envolveu seus lábios em sua boca,

Agarrando-se a ele com força, puxou-o para si, com o ânimo de dona,

Fraquejaram suas forças, derreteu-se sobre ela, beijaram-se de novo,

Abraçaram-se um ao outro, colados feito um só, fecharam os olhos...

terça-feira, 16 de março de 2021

Seu Olhar no Meu Olhar

 

Haveria juízo que pulsasse no coração de uma pessoa

Que vê outro alguém pela primeira vez na vida,

E decide que irá ama-lo por uma vida inteira?

Mesmo sem se aproximar, sem que haja beijo,

Apenas aquela química durante a troca de olhares,

E o amor se faz presente por um destino inteiro,

 

Quisera Deus que eu tivesse tido forças para chegar perto,

Que minhas pernas não tivessem bambeado tanto,

Que minha fala soubesse precisar o que eu sentia em palavras,

Apesar do esforço em abrir meus lábios, não fiz nada além de calar,

Bem, é certo que balbuciei algumas frases incompreensivas,

Quando o coração fala talvez ele consiga se expressar por si mesmo,

 

Espero que sim, estou apegada a isto até este instante único,

Meço cada passo que caminho, olho para todos os lados,

Sempre a procura-lo, sempre a espera de que o destino

Saiba fazer o que eu não soube em nome de tudo o que sinto,

Com grande frequência olho a vista da janela,

Busco encontra-lo e acredito não estar errada,

 

Apesar de não haver tanta concordância entre o que penso

E o que faço, acreditar em amor eterno me parece inconstante,

Colocar outra pessoa em primazia sem que ela saiba sobre você,

Se pegar a pensar sempre em alguém antes de qualquer atitude,

Mas meu coração acha inescapável fugir de tudo que sinto,

Ele se recusa, bate o pé, faz pirraça, diz que ama e pronto,

 

Eu até busco formas de mudar sua opinião, é claro tento resistir,

Mas ele sempre vence no final, põe um sorriso em meu rosto

E sai por aí, nem tenta disfarçar o quanto busca por este amor,

Alguns amores são mais difíceis de esquecer do que outros,

Alguns são destinados a durarem para sempre, outros escapam,

Eu nunca soube que tipo de amor me conquistaria, até aquele dia,

 

Minhas tentativas de submeter o que sinto em medidas,

Estão tentando disfarçar a intensidade do quanto o amo,

Ao tentar me ocultar parece que mais tenho para revelar,

Quando mais tento insistir que não o amo, menos me convenço,

Mas é importante ressaltar que, um dia o encontrarei,

Não importa aonde, simplesmente estarei lá para ele,

 

Se o destino á capaz de encaminhar meus passos,

Por que não faria o mesmo com relação a ele?

Por que se encarregaria de distanciar um grande amor?

Não faltaram oportunidades para nós dois, eu acredito nisso,

E ele também, eu percebi isso na forma como ele me olhou,

Algo faiscou entre nós e este algo o trará para mim, sei disso,

 

Esta chama será intensa o bastante para iluminar seu caminho,

Direcionar seus passos, ou estou errada em amar dessa forma?

Sonhar acordada, como se estivesse em uma espécie de transe?

Exceto meu coração, este sim encontra-se muito consciente,

Quando decidiu que o amava, decidiu também que lutaria por ele,

Alega que efetuou uma abordagem indireta, eu não duvido,

 

Sussurra aos meus ouvidos que foi de maneira suplementar,

Que é interessante eu me colocar altiva como sempre fiz,

Porém, não posso abandonar ao acaso o espaço em mim

Que destinei a ele, aquele que se abriu ao vê-lo sorrir,

Aquele que jura que só será preenchido por ele e ninguém mais,

Abraço envolto ao corpo, espaço ajustado é isso e ponto,

 

Falo a ele sobre o uso da vírgula e aquelas regras todas,

Ele me pede se há equivalência entre o que digo e acredito,

Me calo, como poderia ficar contra tudo o que sinto?

Quando me permito uma mensuração mais rigorosa,

Me indago se não poderia ter reagido de outra forma,

O coração pulsa baixo, em sussurros parece que chora,

 

A questão da medida não é de todo insignificante,

A questão do espaço aberto não é uma desvantagem,

Talvez amar alguém assim seja bom o bastante

Para me fazer reajustar aos sentimentos a forma como reajo,

Tantas vezes vi passar as horas sem intensidade alguma,

Agora, vejo os dias de forma diferente, rezo para que ele me ouça,

 

Bem, as meias palavras não são tão singelas quanto a abordagem direta,

É importante distinguir o amor como uma unidade na qual

Se decide guardar na bagagem todo o sentimento que nos toma,

Apenas para depois espalha-lo aos quatro cantos como poesias,

Como se cada ato fosse agora descrito em frases soltas

Em busca de não apenas escrever um destino, mas declarar-se,

 

Conquistar alguém, reconhecer a importância desta pessoa,

Sem sentimento de posse, transferir o amor por nosso caminho

É uma boa opção quando se deseja conquistar alguém para sempre,

Em cada passo que ele der, poderá se deparar com algo bonito,

Algo que o desvie da rotina e possa fazê-lo me notar pelo caminho,

Busco a clareza dos meus sentimentos para saber como expô-los,

 

Quando um coração se engana em que ele se posiciona?

Noto uma alteração drástica em tudo que vejo ao meu redor,

As coisas passam a ter significado diferente, tudo me faz recordar,

Uma pequena mudança de rotina e ele estava a postos à minha espera,

Todo o restante decaiu em importância, ficou seu olhar em meu olhar,

A natureza do que sinto insiste para que eu busque por ele, o farei.

segunda-feira, 15 de março de 2021

Seus Argumentos Saíram Com o Batom

Os olhos dele se desviaram dos dela, por um breve instante,

Tempo insuficiente para esquecê-la, o bastante para perde-la,

No breve instante em que ele se deteve em outro ponto, a frente,

Ela cortara caminho, e se colocara distante demais para ser encontrada,

Algo perturbava suas ideias e enuviava o que ela sentia,

Não que seu amor fosse pouco, mas fora insuficiente para vencer o ciúme,

 

Ela sentia que o que ele dizia não se ajuizava ao que fazia,

Era como se ele prestasse atenção a todo o seu redor, menos nela,

Isso a deixava insegura, em sua teimosia, era como se não fosse o bastante,

É certo que o amava, suplicava ela em lágrimas, enquanto lavava a face

Olhando a maquiagem borrando seu rosto em frente ao espelho do banheiro,

Todo o seu semblante se embaçava, até os beijos esvaiam no lavabo,

 

Escorriam dela para longe, como se não a pertencessem mais,

Água e lágrimas se misturavam a maquiagem desfeita,

Seus sonhos escorriam pelo ralo como se caíssem do seu peito

E quebrassem-se longe do seu contato, pondo-se distantes demais,

Esmigalhados, confundiam-se ao seu sofrimento, escorreitos entre os dedos,

Tentara junta-los, mas inconsistentes como estavam não poderiam mais ser salvos,

 

Sonhos de um amor desfeito quem haveria de protege-los?

Fixara-se em sua imagem refletida diante de si mesma, já não se reconhecia,

Lembrara de como sentia-se segura ao andar de encontro a ele,

Recordara o exato instante em que ele, ao invés de vir busca-la,

Parecera desviar-se para outro lugar, era como se a rejeitasse na frente de todos?

Ela forçara um sorriso, tentara um aceno, mas nada o chamava de volta,

 

Pôs-se distante demais dela, apesar de estar ao alcance de sua visão,

Escondera-se de todos os sonhos que prometera ao seu coração,

Com um suspiro desses que absorve todo o ar do seu redor e preenche seus vazios,

Ela tentara rejeitar as ideias falsárias e buscar um meio de escapar daquilo,

Talvez voltar ao salão, talvez se retirar para onde fosse bem-vinda,

Havia entregado a ele todo o seu amor, não mereceria ser mal retribuída,

 

Quando uma pessoa se esforça por outra, não merece atenção em metades,

Tivesse algo importante, não poderia ter aguardado ao menos um instante?

Apenas até que ela chegasse perto e o cumprimentasse, o bastante para um abraço,

O que poderia ser tão urgente que lhe roubasse o pequeno instante de sua chegada?

Aquele momento único em que os olhares se encontram e brilham risonhos,

O segundo em que os lábios se abrem em sorrisos recíprocos de amor incontido,

 

Ela recordara que sentira seu sorriso se desfazer em seu rosto,

Até ver os olhos ficarem chorosos, como poderia continuar no mesmo rumo?

É certo que em algum momento ele lhe daria atenção,

Mas, fora triste demais aguentar a emoção de vê-lo alheio a ela,

Olhara mais uma vez para a sua roupa, parecia a ideal para o momento,

Então, por que ele a havia rejeitado de forma tão incompreensiva?

 

A perspectiva sobre as suas capacidades esgota qualquer chance de perdão,

Ela sentia e via-se como uma pessoa com muitas características relevantes,

Não aceitaria ser menosprezada por um sujeito que nem ao menos decidia-se

Sobre o que queria e a quem amava, estivesse indeciso que avisasse,

Ninguém consegue prever as ideias que caem nos silêncios de mentes fechadas,

Se havia algo que pudesse incomodá-lo, deveria tê-la alertado sobre a causídica,

 

Comparada a qualquer outra mulher, ela tinha valor e beleza o bastante

Para ser respeitada como pessoa e ser humano que era, não merecia isso,

Haja vista poder, fechar os olhos para a questão expressa a sua frente,

A maquiagem que borrara a sua face não a havia cegado aos seus valores,

O valor de uma pessoa não se mede pela vantagem de estar com ela,

Mas pelo que se sente com relação a si mesmo enquanto companhia dela,

 

Procurar preencher vazios as custas de sentimentos alheios,

Não os resolve, apenas os adia, ao se fechar os olhos diante do beijo,

Esquece-se de com quem está e do que pretendia sentir,

Não se inventa o amor, ele começa, invade a alma e fim,

É crucial indagar, em qualquer instante em que se deseja alguém,

Se o amor está presente ou não na atitude e até onde poderá se desenvolver,

 

Sentimentos selecionados, atos reajustados, atribuir pesos a julgamentos

Embora arriscado, não a desestimulava de descrer da atitude dele,

Não importava tanto os semblantes assustados direcionados ao gesto,

Mas o sentimento que a dominava falava alto demais para ser rejeitado,

A medida do valor era reavaliada em cada atitude relacionada a ela,

Como seria de outra forma, considerando que pouco se conheciam?

 

Ela o escolhera para amar por toda vida, mas ele continuava em dúvida,

Ela apostara o seu melhor salto, vestira o melhor vestido, mas ele evadira,

Os olhares admirados do seu redor surtiram efeito o bastante para que

Ela pudesse se restabelecer e decidir colocar-se fora do seu alcance,

Embora ferida, estava com a consciência tranquila quanto ao que sentia,

Ficara exposta em nome do amor, e por este mesmo amor se ladearia,

 

Ao sair do banheiro, o vira olhar em sua direção com um sorriso,

Era sonso o bastante para fingir que nada havia acontecido?

Seus sentidos intensificavam-se sempre que via-se em dúvida,

Resistir a tudo que sentira por ele, demandava atitude reservada,

Não poderia fugir do que sentia, da preferência com que o apregoava,

O que sentira fora forte o bastante para ter razão em valorizar,

 

Mas, insuficientemente fraco, para permitir-se ser ignorada e desprezada,

Não pelo fato de estar em público, mas porque toda pessoa merece ser valorizada,

Ele tinha qualidades evidentes, mas as colocara em cheque com suas atitudes,

Não adianta amar entre quatro paredes para depois descrer-se,

Os argumentos dele utilizados para provar dos seus beijos eram espúrios,

Embora tivessem sido convincentes não duraram o bastante, saíram junto com o batom.


 

Um Rosto Estranho e Significativo

 

Nenhum movimento, nenhum som, nem um suspiro aos seus ouvidos,

Sabe aquele instante em que o olhar fala muito mais que a voz?

Sabe, aquele segundo único em que o coração pulsa forte o bastante,

Para ser ouvido por quem quer que fosse, latejante sobre a pele?

Este momento chegara, justamente quando ela desejara evita-lo,

Logo que ensaiara seus passos mil vezes em frente ao espelho,

 

Um segundo após, dar o primeiro passo sobre a calçada íngreme,

No mesmo instante em que se pusera sobre o salto vermelho,

Logo que erguera o rosto e esfriara o olhar em pose indiferente,

Justamente, naquele segundo ele passara por ela e ousara fita-la,

Parecia brincar com os sentimentos dela, era isso ou a amava,

Se a amava como poderia cruzar daquela forma segura e atenta,

 

Quando tudo no entorno dela ruía, quando tudo dentro dela se dilacerava?

Não fazia sentido, por que falar que amava daquela forma limitada,

Apenas um olhar na direção um do outro, um andar trôpego a passos descalços,

Por que, inevitavelmente, tudo nos seus entornos os feria,

Queda brusca de tudo que haviam imaginado para si mesmos

Na vã tentativa de manterem-se em distância segura do que sentiam,

 

Bem, se ele acreditava haver distância segura entre eles,

Ele disfarçava bem, ela nem ao menos tentava cogitar a ideia,

Estremecia, pisava em falso, mexia as mãos, olhava por todo o lado,

Aspirava o máximo que podia do seu cheiro, o mantinha guardado,

Nos poucos segundos em que se permitia encará-lo,

Registrava cada um dos seus traços, cada olhar cabisbaixo,

 

Cada segundo escondido na boca que implorava o beijo,

Mas mãos que ansiavam por contato, no corpo que pedia o abraço,

Aquele que embora jurassem pertencer ao passado,

Estava vivo em suas memórias e em cada um dos seus desejos,

Podia apostar que este fato tinha relação com o brilho dos seus olhos,

É certo que iria de encontro a tudo que havia ensaiado...

 

Mas, algo muito mais forte que ela o puxava para ele, as lembranças,

Sim, nada além das lembranças ainda os mantinham unidos,

Não havia nenhum desejo por reaproximação por novo contato,

Quanto mais ele seguia para o lado oposto ao que ele seguia,

Muito mais ela tinha certeza disso, o problema circundou a questão,

No instante em que ele parara atrás dela e a puxara pelo braço,

 

Ele provavelmente desejava adiantar a hora do juízo final,

Aquele instante em que tudo que esta engasgado na garganta

É cuspido em frases soltas sobre a cara do outro sem perdão,

Ela se manteve altiva, virara-se segura do tudo que pretendia falar,

Sobre cada lágrima, tudo que sofrera com sua ausência,

No entanto, ao encará-lo, percebera o triste erro cometido,

 

Ao verificar se tratar de outra pessoa, um homem bonito por sinal,

Mas não era ele, embora bastante similar, de perto não tinha traço algum

Que poderia convencê-la de que se tratava da mesma pessoa,

Agora, já ficava incerta quanto ao fato de ele ter ou não passado por ela,

Se antes a certeza sobre tê-la esquecido era cogitada, agora era afastada,

Se desvencilhou do contato, se manteve distante daquele homem,

 

Não entendera sua atitude, mas não pararia o que fazia para entender,

Imaginara que ele desapareceria da mesma forma que se aproximara,

Mas, quanto virara as costas e olhara para trás ele ainda estava lá,

Parado no mesmo lugar e olhando-a com um olhar de interesse,

Parecia que ele a conhecia de forma muito peculiar, ela balançara a cabeça,

Negava-se a ideia, tudo não passara de imaginação sua,

 

Apenas quisera com muita emoção encontra-lo e o imaginara na rua,

Coincidentemente provocara o contato com um estranho, nada íntimo para ser registrado,

Nada intenso o bastante para fazê-la lembrar nos segundos seguintes,

No entanto, não fora dessa forma que ocorrera, parecia vê-lo por todos os cantos,

Onde quer que andasse cruzava com ele, sua imagem estava presa em suas ideias,

Como se significasse muito mais do que ela gostaria de tolerar,

 

Com certeza não se tratava do homem que amava e que há muito não via,

A semelhança embora fosse incomum era vaga e imprecisa,

Anos a haviam separado de tudo que havia vivido com ele, isso era fato,

Mas, será que ele havia mudado dessa forma e agora vinha procura-la?

Ela levou as mãos a boca, soltara o copo de água que tinha em mãos sem notar,

Vira-o cair ao chão, molhando suas roupas, embora não absorvesse aquilo,

 

Pode sentir o sabor do beijo entre seus lábios carnudos e desejosos,

Com certeza não se tratava da mesma boca que havia visto,

O cheiro era peculiar, mas os lábios com certeza eram outros,

A altura, seria fácil confundir, o jeito como andava, os gestos precisos,

Mas, não, definitivamente, aqueles lábios não eram os mesmos,

Então, por que ele havia ficado preso em seu pensamento?

 

Por que, onde quer que ela fosse, agora parecia vê-lo?

Mera semelhança entre ele e o passado?

Um elo a leva-la a quem nunca havia esquecido?

Um desejo secreto por um beijo proibido?

Fosse como fosse, se entregar a ele não era seu objetivo,

E poderia apostar que ele desistiria dela no primeiro segundo,

 

Mas, dentro dela, seu coração pulsava desnorteado,

Desejava ardentemente retornar ao passado onde o havia deixado,

Onde, no mesmo instante em que seguira para longe dele,

Também, jurara nunca mais amar como fez com ele,

Ela precisava evitar aquele homem depressa e segura de si mesma,

Entregar-se a alguém para enganar o que sentia seria fatal para ela,

 

Sempre soubera que seguira na direção oposta ao que sentia,

Ele também tinha consciência quanto a isso e resistia,

Por que é que ela teria que ceder e se entregar a algo sem amar?

Apenas para recordar? Viver uma mentira seria o bastante para ela?

Beijar outra boca para se aproximar das memorias esquecidas?

Se entregar a um outro abraço em busca de um sonho que se perdera?

 

Queria que ele nunca tivesse cruzado por seu caminho,

Não o homem que havia deixado no passado: o outro,

Aquele que a olhara de forma significativa e ousara tocá-la,

Como se a reconhecesse, com um interesse abstrato na pele macia,

Não queria apostar na confiança dele, ao contrário, queria fugir dela,

Deixaria o medo alimentar as lembranças, não outra boca,

 

É certo que não sairia dali, de onde estava, correndo porta a fora,

Também, não ficaria parada olhando a água escorrer pelo chão frio,

Vendo o suor do nervosismo se entregar a aquela água límpida,

Olhara para os lados, não para busca-lo, não havia esse interesse nela,

Quando a isto estava segura, quanto a todo o resto não saberia,

Mas, não o encontrando, uma lágrima percorrera seu rosto,

 

Ela o buscara por sua volta, não havia ninguém ao seu redor,

Se abaixara para buscar o copo e uma mão se estendera para ela,

Aceitara sem prestar atenção ao fato, quando levantara os olhos,

Não esperara que ninguém a direcionasse porta a fora: correra como nunca.

A Cobra Rosa

Houve invasão na chácara, De repente, Todos os bichinhos Correram assustados. Masharey subiu na pedra Mais alta, Que há a...