sábado, 5 de fevereiro de 2022

Uma Promessa

 

Havia uma promessa silenciosa

Por trás de todo o tempo que passara,

Uma voz macia e teimosa,

Que teimava em retornar


Mesmo quando a noite dormia,

Falava de algo a não ser esquecido,

Uma única frase ao pé do ouvido,

Não importava tempo ou distância,


Não era esquecida,

Nem ao menos ressonava em noites vazias,

Simplesmente vinha,

Noites essas que jamais seriam feito as de outrora,


Por volta das duas horas da tarde,

Um vento ressoava ao longe nas árvores,

Podia-se ver suas folhas balançar,

Algumas a cair por entre a terra fofa,


A ressoar a saudade que não pedia licença,

Mas que contrária ao vento guardava uma diferença,

Ela não caía, acontecesse o que fosse, não partia,

Não mantinha distância segura,


Apenas falava deste amor que, mesmo desfeito,

Não fora capaz de apagar-se único dia,

Mesmo lá onde folhas balançam ao vento,

Ou ali dentro onde nada mais dormia,


Não calava de tanto que sentia,

Uma árvore se quebra e queda inerte,

Nada consegue fazer nem ao menos por si mesma,

A moça se levanta, de onde está nada se vê,


Abre a janela e contempla,

Fosse o que fosse talvez não se demorasse,

Não importava, se esperaria ou buscaria,

Algo se avistava e exigia atitude diferente,

Não importava mais, não se compadeceria.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Querido, Também, Não Sou Boa Com As Palavras

Ela continuava acordada,

Depois do grande beijo acontecer,

Tocava os lábios como a senti-lo,

É certo que era apenas um sonho, ainda,

Mas nada poderia impedir o outro dia,

Aquele qual, planejavam juntos...

#

Fechou os olhos para sentir sua boca,

Deitada sobre a cama sob seu corpo,

Deixou de ser sonho e era real agora,

O tinha sob os seus carinhos,

E não queria mais nada,

O beijo sonhado agora era provado,

#

Rolava na cama, a procura do caminho,

Qualquer coisa que a conduzisse para lá,

Levanta a mão a procura do seu celular,

Deseja digitar seu número, não resistir e ligar,

Contar sobre a necessidade de ouvir sua voz,

Do desejo intenso de adiantar o tempo, só um pouco...

#

Torcia os lençóis sob os dedos,

O primeiro encontro e tão esperado,

Agora se fazia intenso e perfeito,

Em cada detalhe que ela sentia sobre o seu corpo,

A maciez e doçura das carícias que provava,

Se pudessem falar, falariam de satisfação, amor e outra coisa,

#

Ela lutava contra algo maior que ela,

O desejo de aproximar uma voz ao pé do ouvido,

De encurtar a distância que estava ferina,

De sentir o grave do seu tom se tornar mais rouco,

Não menos intenso, apenas mais próximo,

Tocar o rosto que não saia dos seus pensamentos,

#

Ora, daria para se dizer que foram feitas promessas,

Ou que ficaram caladas no vão de suas bocas,

Entre cada beijo que não desejava ser parado,

Mas que caia ao silêncio por puro deleite e desejo,

Como se desejasse criar uma expectativa,

Uma miragem de tudo que logo se desenrolaria...

#

Acordada na noite feito uma sentinela,

A guardar o sentimento e emoção despertada,

Tentativa inútil de conter o amor que se derramava,

E que desejava sair da realidade utópica,

Para ir além dos seus dedos que tateavam às escuras,

Encontrar sua pele onde seus carinhos fariam morada,

#

Depois das doze, antes das seis, dormiu também,

Apenas o sentimento se mantinha acordado,

A espreita como se estivesse abraçado a saudade,

Com um beijo de despedida e um singelo:

Querido, dirige com cuidado e por favor, fica bem,

Ela pensa: ele acredita no que sinto e digo,

Ou estou pecando por não saber demonstrar?

 

Mas, se cala, e pede um abraço apertado,

A pergunta é calada pelo beijo antes ainda de criar vida,

O amor permanece e ele dá a partida no carro,

À espreita e a acariciar suas lembranças coevas,

O amor antecede a frase que viria com a luz do outro dia:

Querida, você me faz sentir-me vivo, isso basta?

Perdoe-me, não sou bom com as palavras!


quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Cicatrizes

 

Corria, corria o mais depressa que podia,

Com a esperança de deixar tudo para trás,

Talvez, esquecer ao menos um minuto,

Cicatrizes antigas deixam algum dia de sagrar?


A lembrança da sua voz era nítida e alta,

Parecia até mesmo que a ouvia a distância,

Era como se tivesse suas palavras gravadas,

Mudava a cidade, disfarçava a rota,


Mas a cada virar de esquina, lá estava ela,

Repetindo cada palavra como se não cansasse de ouvi-la,

O que resta das promessas quando tudo acaba?

Tocava o celular, a tela parecia pedir um número,


Mas não, não discaria, não agora,

Já estava distante de tudo,

Porque sua voz teimava em chamar de volta?

Atravessou outra cidade, luzes tremeluziam lá fora,


Enquanto em sua cabeça a esperança se escurecia,

Queria esquecer, queria apagar, mas algo não permitia,

Olhou para o alto, via estrelas que se perdiam,

Nem mesmo elas queriam estar onde estavam,


Diminuiu a velocidade, apenas um pouco,

Já estava distante demais para voltar atrás,

Não importava o que a saudade dissesse, se recusaria,

Falasse de amor ou outra coisa, não ouviria,


De repente, o redor estava cheio de sussurros,

Promessas feitas e desfeitas, sonhos despedaçados,

Que buscavam preencher espaços,

Como se pudessem se reconstruir sozinhos,


O celular chama, seus dedos pedem um número,

Um último pensamento antes de dobrar a velocidade,

Cicatrizes antigas tendem a durar para sempre?

Adiante, enquanto passava por outra cidade,

Desliga o celular, prefere reprimir a saudade.


terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Recordações

 


Ainda hoje, me recuso a formar qualquer opinião,

Mesmo que eu repita mil vezes tudo o que me disse,

Mesmo que seja amargo o gosto da solidão,


Prefiro não me posicionar sob o efeito da saudade,

Ela parece que ameniza aquela situação que fere,

No entanto, corro o risco de reviver toda a dor outra vez,

Será que este efeito devastador que sinto sobre mim


Reproduz em você os mesmos resultados?

Talvez, ainda ouça a palavra arrependimento

Por mais vezes do que gostaria da sua boca,

Era mais fácil quando dela só saia eu te amo,


Naquela época você não precisava se explicar tanto,

Também, não havia cometido os mesmos erros,

Deus sabe que mistérios o seu amor me teria esclarecido,

Mas, a que preço?

Bem, isso parece ser tudo.


Se minha sanidade não estiver abalada,

Não há como remover o ponto final da nossa história,

As vezes, sinto medo do que os anos podem trazer,

Ter uma pessoa definida ao nosso lado,


Parece ser melhor que percorrer a vida a esmo,

Sempre na expectativa de encontrar um alguém,

Viver a vida sem alguém é uma coisa curiosa

Quando a saudade teima em não se contentar com o que tem.


Saudade

 


Em algum lugar ouvi um relógio batendo,

Fiquei feliz por este algo quebrar o silêncio,

Aquilo me lembrou de chamar alguém,

De falar sobre a saudade que ainda fere,


Fechei o livro que lia, desviei o olhar para fora,

No entanto, fui incapaz de me mover,

Não me pergunte por quanto tempo pensei,

Recordo que pensava nela,


Nos nossos sonhos de amor distante,

Nem sei quanto tempo se passou depois disso,

As horas fogem do controle quando se trata

De pensar no grande amor que vivi um dia,


Mas, me recordo que desejei ligar e falar,

Sim, quase cheguei a digitar um número,

Por pouco não ensaio as palavras que eu diria,

Uff, só agora vejo por quão pouco tempo!


Seu eu disser que acordei em determinado momento

E que me pareceu ter tido ela em meus sonhos,

Eu não estaria mentindo nem um pouco...

Mas tudo não passou de um sonho até o momento


Em que saí correndo do quarto e peguei a chave do carro,

Me dirigi até a porta e a abri, por um suspiro

E um único arfar de peito,

Não precisei mais que isso para desistir de tudo,


Um tanto sem jeito...

O céu estava lindo e vazio,

Eu a amava sim, não duvido nem um pouco,

Mas faltava algo, até hoje não sei o que faltava,


Olhei para o final da rua, parecia me ver nela,

Mas ao invés disso, me voltei e fechei a porta,

É claro que você desconsidera todo o meu relato,

Vez que, tudo nesta casa lhe diz o contrário,


Há fotos nossas por toda a parte,

Encontrará até mesmo juras de amor com pouca sorte,

Eu as fiz não nego,

Posso ser ingênuo, mas não fujo do que sinto,


Você poderia até insinuar que voltaríamos,

Que com pouco esforço,

Eu já não estaria aqui trancado e sozinho,

Eu quedaria em silêncio,


Manter-me o mais longe que posso de influências ajuda,

Estou em busca de algo,

Sem o qual não desejo voltar atrás,

Quando deixei a mulher que eu amava,


Nunca tencionei mudar minha decisão,

Virei as costas para aquela cidade estarrecida,

Com tudo que eu tinha, preferi a solidão,

Temo que possa tê-la feito sofrer,


Em vão, busquei outras coisas para fazer,

Mas oculta em minha mente e em tudo que faço,

Está ela, desatenta aos conselhos,

Absorta em tanto amor que sentíamos,


Mas tenho ainda que contar sobre a minha saída,

Sobre aquele triste dia em que decidi ir embora...

Mesmo agora, não paro de questionar:

Seria o amor tão ingênuo a ponto de trair a quem ama?


Um Olhar

 


Meu olhar dirigiu-se para fora,

Guiado por doces lembranças,

Denunciando o sentimento que eu sentia,

Apesar de estar onde eu estava,


Se eu pudesse estaria em outro lugar,

Junto a um querido alguém que ele procurava,

Olhei para baixo incapaz de contemplar a chuva,

Fosse uma torrente de água me aliviaria,


Mas serena como estava parecia que o chamava,

Mantive distância do lugar em que caia,

Um passo mais perto e sei que ouviria seu nome,

Não da minha boca, mas sussurrado por ela,


Mesmo não dizendo nada em voz alta,

Só eu sei o quanto ela me entendia,

Eu podia sentir isso em cada vez que ela tocava a flor,

Cada vez que percorria suas folhas


Até encontrar um lugar entre as pétalas onde estar,

Havia algo de apaixonado naquilo tudo,

Não era apenas o meu olhar, era mais que isso,

Seu murmúrio abafado pelo vento confidenciava,


Contava segredos que não ousei perguntar,

Nem ao menos agora tento falar sobre o assunto,

Ela deixava ao longe o riacho distante,

Salpicava a floresta esbranquiçada no horizonte,


Buscava algo que eu, parada onde estava,

Não entendia e nem me esforçava para entender,

Talvez, se eu tivesse tido a coragem de olhar,

De levantar meu olhar para aquilo que a chuva dizia,


Se tivesse dado liberdade para mim mesma,

De ousar sair de onde estava, talvez, tudo fosse de outra forma,

Que direi eu, se tudo se foi como a noite que dormia?

Perto o bastante para sentir,


Distante demais para acreditar em mim,

Que havia algo lá fora, ninguém duvidaria,

Nem eu ouso duvidar mesmo agora,

Que poderia ter sido bom, talvez sim, poderia...


Nem mesmo sei porque uma lágrima ainda teima em brotar,

Tudo se foi, mesmo a flor que se abria.


domingo, 9 de janeiro de 2022

São Quatorze Horas


 

As quatorze horas chegam e passam; nada acontece,

De tudo que houve apenas lembranças feito miragem,

As recordações chegam em horas incertas,

As coisas já estão vagas e tremulas,


Chego a duvidar da veracidade de tudo que lembro,

As emoções ficam fracas, quase ausentes,

Ao menos é isso que eu busco acreditar

Quanto mais as horas passam sem trazer notícias,


Os beijos foram vividos com tanta intensidade,

Acho que quanto aos resultados eu não tive consciência,

Não imaginei me apaixonar naquele instante,

Agora, insone e invasiva colho as consequências,


Em vista da importância que dou àquela hora,

Acredito que as rememoro sem pairar dúvidas,

E tento reproduzir da melhor forma possível,

Com riqueza de detalhes e domínio sobre os estímulos,


Da primeira vez busquei por contato imediato,

Na décima chorei sentada na poltrona sem saber porquê,

Agora, já não choro ou busco, está tudo bem,

O que vivi com aquele que amei ocorreu desta forma...


Penso e repenso, e decido não dizer,

Prefiro não contar tudo que houve,

Talvez assim seja mais fácil esquecer,

Acredito que terei esquecido em uma semana ou duas,


Embora pensar desta forma quase me mate,

Mas essa não será a única vez em que o verei,

A cidade é pequena é tão fácil se cruzar nas ruas,

Adormeci e na tarde seguinte, logo após as dezesseis,


Abro a janela,  sete de julho, recebo notícias,

Uma mensagem tênue alegando saudade,

Apenas isso, descrito em duas frases,

Quanto ao que sinto, omito os detalhes,


As estrelas estão arredias e a lua se esconde,

Mais uma noite se aproxima e eu sei como estará,

Confesso que se fosse de luar não mudaria nada,

Quiça eu soubesse resolver este conflito de sentimentos,


Decido responder a mensagem com uma frese sem contento,

Francamente, a demora atirou-me a incerteza,

Não do que eu sinto mas de ser retribuída,

Chega-se em um momento da vida


Que não se quer mais viver de aventura,

Buscar um amor incerto não parece a saída,

Embora tudo que falei me soou incoerente,

Não disse do amor que senti palavra alguma,


Muito menos lhe confidenciei a saudade,

Enviei a mensagem, como quem não espera resposta,

Mais uma vez apaguei a conversa

E deixei-na guardada apenas na memória,


Não precisava de nada além disso,

Um amor guardado no tempo

E apenas enquanto estivesse vivo,

Oh, doce memória da qual as vezes não me orgulho,


Confessa que lembra dele em cada detalhe,

Não guardo notícias na esperança de vê-lo em breve,

Evito me deitar, a noite para mim não será de sonhos,

Notei que meu relógio atrasava a hora,


Sentia como se a cada instante voltasse no tempo,

A resposta que eu queira imediata: se demorava,

Tudo de atraente que via nele se apagava,

Ou fingia dentro de mim, eu já não sabia.

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...