Mas enquanto eu o observava,
Pude ver muita coisa,
Posso dizer que nem tudo que vi gostei,
Então, antes que eu pudesse concluir,
Ele voltou-se, pôs a rosa em uma das mãos,
Veio com quatro passadas na minha direção,
Seguiu, como se não me visse,
Não sei se estava desatento ou o quê,
Chego a cogitar que estivesse indiferente,
Seguiu rumo a escuridão das sombras de uma árvore,
Ali a lua não brilhava, nem sequer o alcançava,
Imensa escuridão se apossou de quem eu amava,
Fiquei inerte, o que deveria fazer naquela hora?
Talvez, se você estivesse no meu lugar faria diferente,
Talvez, com um pouco de reflexão encontraria a resposta,
Eu não, apenas levantei os olhos para o luar,
Tive sonhos que entreguei a lua e outros que pedi de volta,
O homem que eu amava fora tragado para algum lugar,
Aquele que esteve a instantes em meus braços,
Agora, eu já não sabia aonde estava,
Amor em meus lábios substituído pelo sereno arredio,
Gelava como um cubo a percorrer minha boca,
Derretia ali em algum lugar e poderia ter escorrido,
Não fosse eu passar a língua e sentir seu gosto,
Abençoado o instante em que provei o gosto daquela boca,
Agora, penetrando para algum lugar da minha alma,
O escuro a minha volta crescia,
Percebi desatenta o transcorrer das horas,
O escuro apagava todo o meu redor,
Mas não consumia o medo que eu sentia,
Sentia que ali naquele escuro e incerto eu iria cair,
E para onde eu iria eu poderia não ser encontrada,
Confesso que é difícil o instante em que se apaixona
E após sofre esta espécie de queda,
Em que o rapaz simplesmente não corresponde,
Por um momento cheguei a me sentir ofegante,
Não o bastante para me mover, virar para trás ou correr,
Nem mesmo o suficiente para chamar seu nome,
Acima de mim, a lua estava inerte a tudo que acontecia,
Atrás de mim, perdido em algum lugar, estava aquele que eu
amava,
Passavam-se agora os minutos, sim, eu poderia conta-los,
As horas se apressavam e davam importância aos segundos,
Ele poderia vir ao meu encontro quando quisesse,
Que situação difícil a minha de não saber aonde ele estava,
Meu coração estava sendo embebido pelo sereno frio,
Aquele que derreteu escorreu para dentro,
Dilacerava as palavras belas e consumia com elas os
momentos,
Poderia dizer que afogava o meu amor,
Mas, aquele que eu amava ainda não, eu sentia,
Este estava a salvo, apenas eu e ninguém mais era o alvo,
Fosse a minha língua como a pena de um escritor,
A de poucas horas atrás que escrevia eu te amo em cada
beijo,
Talvez, eu tivesse o que dizer sobre o meu amor,
E a lua não se afastasse de mim tão depressa me fazendo cair
no nada,
O sereno agora formava uma fumaça densa e palpável,
Eu a sentia, a via, mas não conseguia tocar nela,
Se quisesse pegá-la ou conter não seria possível,
Assim foi com aquele que entreguei meu beijo a poucas horas.