terça-feira, 12 de julho de 2022

Contemplação


Abriu os olhos para o infinito,

Encarava o azul anil,

Com um único sentimento:

Existiria amor se desse um passo adiante?


Uma rajada de vento soprou seus cabelos,

Mechas tocaram seus lábios outras os olhos,

Não defendeu-se,

Sentia prazer pelo gesto,


Efeito afago e descompromisso,

Um sorriso mais alegre que antes

Curvou seus lábios,

Mãos delicadas removeram os cabelos,


As suas próprias,

Encarregadas de manter tudo às ordens,

Como se estivessem comungadas à natureza,

Concordantes com a primavera


Que agora, sorria para o sol e abria as flores,

Coloria todo o lugar de única vez,

Havia um acordo em algum lugar...

Um admirável suspiro saiu do seu peito,


Junto com um sentimento de contento,

De um jeito que não saberia expressar,

Todo o universo conspirava,

E tudo se encaminhava para um lugar:


A felicidade, o bem-estar, a completude,

Estremecimento digno de um caule,

Tomava toda a sua pele,

Um arrepio percorria por dentro,


Uma flor voa e toca o chão próximo,

Mais sagrado que os sonhos,

É o momento do presente,

Nele se colhe de tudo um pouco,


E se absorve mais o que sente,

A um metro a sua frente,

A flor repousa desassossegada,

Parece não entender que morre,


Talvez, esteja apenas a germinar a terra,

Forma graciosa vê-la ali tão terna,

A moça a vê, sem comoção,

Continua atenta ao todo que faz comoção,


Um movimento e está ao seu lado,

Mas, não tenta busca-la,

E nem por isso menos absorvida do redor,

Ela estava sozinha ali, é verdade,


Não poderia haver outro alguém,

Quem amava estava um pouco adiante,

Ainda preso no universo do vai-e-vem,

E se não estivesse?


Sentia como se a abraçasse;

Da para entender um amor assim?

Ama-o e o entende mas não o busca,

Para ela basta o amar: o sentir!


E de tudo isso quem poderia definir o culpado?

A flor fresca ao chão e agora sedenta,

Ou o vento que a tudo toca e conforta!

Talvez, este seja algum efeito tardio,


Feito o ciúme que tira o sono

Por nunca conseguir negar o olhar,

Vê-se à primeira vista e apaixona-se,

Mas, esquece de desviar na vez seguida,


Após a distância mantém-se, ainda.

De resto, a parte esse não fechar os olhos,

Esquecer o que significa madrugada,

Ou o tarde demais para qualquer coisa,


Suas pernas não produzem visão agradável,

Com um levantar de pé,

Pisa sobre a flor e a despedaça,

Não sabe dizer se importa-se,


Mas o faz!

A rosa aberta sobre a terra traz novo sentimento,

O sol abre-se parece que gosta:

Contempla, a distância.


 

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Levo você, comigo!


Apaixonada, lançava a Henry todos os seus olhares,

Desde os mais singelos aos mais dedicados,

Não haveriam quem duvidasse,

Nestes olhares cabiam seus sonhos,


Os que tinha antes,

Mais os de agora, ao vê-lo,

Antigo coração o que se apaixona,

Volta atrás e busca as melhores coisas,


Faz tudo que pode por quem ama,

Assim, ela foi e nunca se arrependeu,

De artifício ardil usou um poema,

Antigo e pouco conhecido,


Mas que guardava para um dia especial,

No recôndito escondido de sua alma,

Jamais o entregaria a outra pessoa,

Apenas aos seus filhos: um dia,


Qualquer pessoa que as visse agora,

Jamais esqueceria,

Seus olhos escreviam paixão e a alma pronunciava,

Apoderou-se dele tamanha emoção,


O lenço que tinha no bolso ele removeu,

E amarou no pulso dela,

Definiu-a minha com tamanha emoção,

Para isto, precisou alguns passos,


Um segurar através do seu braço,

E um puxar para outro cômodo,

Não houve nem beijo ou abraço,

Apenas uma promessa de olhares,


Também, não houve promessas,

Disso, se encurtaram as juras,

Tamanha a graciosidade do gesto,

Todos viram e não duvidaram,


Alguns pedem grandes declarações de amor,

Para outros, gestos simples bastam,

No lenço não havia um nome,

Mas havia uma morada,


A de uma promessa que ela manteria,

A primeira coisa que ele punha as mãos,

O braço dela,

Depois pegou uma taça,


E sorveu de modo atento e distante,

Adorável lenço,

De onde extraiu todas as suas fantasias,

A noite foi de sonhar e risos bobos,


Absorta no gesto encantador,

Pronunciava o nome dele,

Em sua mente,

Os sonhos que tinha guardava com ela,


Repetia o nome e sonhava com ele,

Beijou o pulso sobre o lenço,

Sorveu o perfume com efeito de álcool,

Sentia todo o corpo entorpecido,


Então, amar era tudo isso,

Ver e querer tanto!

Tanto quanto as palavras iam,

Do caminho das frases, fariam uma curva adiante,


Até onde palavras não se cruzam,

E frases não são capazes,

Um pouco disso tudo, adiante,

Agora, quando dormisse, a noite,


Teria com quem sonhar,

Teria algo em que se prender,

Sentia neste gesto toda a sua alma!

De repente, outro olhar,


Um coração estremece e uma boca sorri,

A outra disfarça,

Ele ainda está ali e a contempla.


sábado, 9 de julho de 2022

Me, perdoe!

 


Tinha um suave aos ouvidos,

Não poderia definir beijo,

Ou promessa de algo,

Mas, de uma lembrança, era algo maior,


- Querido, me perdoe,

No momento não saberia dizer,

O motivo ou o que me move,

Mas, perdoe, por favor, perdoe!


Me olho no espelho, me vejo bonita,

Uso aquele batom vermelho,

E me indago: o que você acharia disso?

Penso se aprovaria o vestido,


Ou a forma como arrumei o cabelo,

Imagino se ficaria melhor jogado ao vento,

E me vem: seus lábios,

E mais que o gosto,


O desejo de estar perto,

Você sabe disso, mesmo que negue,

Querido, espero que me perdoe,

É só o que tenho a dizer quando vejo meu reflexo,


Afastou-se um pouco do reflexo,

Tentou buscar outra coisa para se concentrar,

Enquanto olhava-se de forma tentadora,

Sim, ela gostava do que via,


Imaginava ele a observando,

De forma reservada, sem tocá-la,

Sentia como se estivesse do seu lado,

Embora soubesse: não estava!


- Querido, me perdoe!

Ela dizia mas sem lágrimas na face,

Embora no rosto guardasse uma marca,

Marcas de noites insones,


Em que muito se pensa e pouco faz,

A ideia de distância a fazia tropeçar,

Um passo em falso e cama,

Jogada ao desalento de lençóis bem feitos,


Um beijo e um abraço e tudo aquilo,

- Querido, me perdoe, perdoe!

Um olhar é uma faísca,

Mas é nada diante da fogueira que é a saudade,


Consome por dentro em efeito atômico,

Não resta nada além do que houve,

Estava feito. Batom nos lábios,

Roupa, calçados, tudo pronto: perfeito!


Seu destino pertencia ao desconhecido,

Ela se lembrava das promessas,

Poderia passar dez mil anos por ela,

E ela ainda assim lembraria,


- Querido, perdoe, querido perdoe,

Espero que possa perdoar!

Da jura em que me prendestes não me libertei,

Ficarei nela para sempre,


Não, querido, não me vejo acorrentada,

Apenas o amo e por isso, esperarei,

Da faísca do seu olhar,

Faço a luz para guiar cada passo,


Sim, nosso amor dura para sempre,

Então querido, perdoe!

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Bonita Manhã

 


Uma manhã, o ar estava tíbio,

A pequena cidade do interior

Estava entregue as borboletas,

E um sol aconchegante que dizia:


Bom dia, feliz dia!

Era como se os pássaros tivessem lavado o céu,

Estava num azul tão profundo,

Quanto o verdejar da água do rio que passava,


Jurar-se-ia nem uma nuvem aquele céu coloriria,

Mas, o tempo passa e tudo muda,

Ou, então, mudaria!

A moça abriu toda a sua alma a grama,


Sentara-se sobre ela e lhe confidenciava,

Não refletia sobre nada,

Vivia, sentia, falava e respirava,

Também, nela, havia um tanto de espera,


Com pouca expectativa,

Mas ainda assim, esperava,

Lembrava-se do dia em que se apaixonou,

O lindo dia em que seus olhares se cruzaram,


Não tanto tempo se passou,

Que houve de especial neste ínterim?

Nada, e tantas coisas,

Foi um brilho estranho,


Seguido por um ar frio a percorrer a espinha,

Ela levantou os seus olhos,

E seguiu o caminho,

Mas, nada foi como aquele dia,


Nem mesmo outro olhar feito aquele,

O que acabava de existir tinha um quê

De ingênuo e simples de explicar,

Amor,


Foi como um céu misterioso que se abria,

E antes que pudesse se acostumar,

Fosse, misteriosamente fechado, do nada,

Há um dia em que todos se olham desse modo,


Geralmente, segue-se o próximo encontro,

Infeliz daquele que não teve o próximo,

Mas foi, do mesmo modo, perfeito!

Este primeiro olhar não é como os outros,


É especial, romântico e bonito,

É um despertar brilhante e desconhecido,

Nada pode explicar o sol que ilumina noite escura,

É sábio que sem o sol não haveria luz do dia,


O que enreda toda a inocência de momento sublime,

Há uma espécie de ternura indecisa,

E encanto que direciona todo o resto,

Não se sabe ainda que ama,


E isto, é o que há de mais belo!

Cai-se sem querer na armadilha do apaixonar,

Deseja-se assim que cruzam-se os ombros:

Que me ame como o amo – na mesma forma-,


A intensidade faz pulsar um coração mais forte,

O outro permanece arredio o bastante,

Mas amantes sempre se cruzam,

Por isso o nome: amantes,


Amam-se antes!

Sem querer ou esperar nada- ama-se,

É raro que a desilusão aconchegue-se,

Há sempre novo encontro que valha o perder-se,


Pois, em que adiantaria perder-se por nada,

Amar e amar, sem receber nada em troca,

Ama-se não por retribuição,

Mas, por sentir-se bem em sua própria emoção,


Toda a pureza, candura e sonhos ganham este primeiro olhar,

Tempo bonito que rege os passos seguintes,

É um acordar em expectativa em cada manhã,

Possui o lindo sabor do desabrochar das flores,


À noite, volta-se ao quarto e apaga-se as luzes,

Tira a roupa de uma a uma,

Imagina-se nua sem contemplar-se,

Inocência, inconveniência, até a sonolência,


Teve a ideia tola de passar por ele naquela manhã,

E após este dia, não tornou a vê-lo,

Ousou ir adiante e apaixonar-se,

Não se deu conta da importância deste amor,


Acreditou, ao cruzar por ele,

Que aquele era mais um dia como outros.


quarta-feira, 6 de julho de 2022

Apaixonada

 


Um, dia, porém, ali retornou,

Não de mãos vazias ou a esmo,

Tinha consigo uma flor,

Bombom e algo como um bom vinho,


Ela prefere não confidenciar detalhes,

Há coisas que se guarda em si mesma,

E outras, que só em pensar enrubescem a face,

Talvez, não fosse uma coisa ou outra,


Era a pressa que a movia,

A transitar alheia sobre a estrada de verão,

Movia-se em direção ao sol que fugia,

Encontrou seu amor tão belo quando a anos,


Alegre como fazia em cada dia,

Absorto daquela que não o havia esquecido,

Entregue ao afazer que encerrava,

Parecia que ela guardava no coração


Todas as borboletas da antiga primavera,

Seu estomago embrulhava a cada pulsação,

Mas, nada era mais perfeito que vê-lo tão próximo,

Sentir a espera que tanto guardou ceder a um fim,


O sol parecia ter conseguido fugir,

Saiu do céu e veio parar no olhar do seu amado,

Fogo, clarões e anseios fulguravam dele,

Uma explosão de sabores lhe tingia os lábios,


Seus sedosos cabelos castanhos douravam-se,

Um rosto que parecia feito de flores lhe olhava,

E um sorriso cintilante moldava-lhe a boca,

Um arfar no peito o denunciava,


Emotivo – parecia esperar por sua visita,

Faces que pareciam pétalas de rosas convidavam-na,

Num encarnado quente e aconchegante,

Pronto para o beijo de chegada,


Incertas, espero, quando a despedida,

A boca delicada emoldurada no sorriso,

Parecia acanhada,

Trêmula a luz do dia,


Que já tarde, dormia,

Seu rosto tinha algo que encantava dos pintores aos poetas,

E seu corpo, parecia gritar: aconchego,

Se braços são desenhados,


Aqueles foram feitos para o abraço,

Para a segurança de recostar-se em seu peito,

Quando ela se direcionou a ele,

Desviou o olhar e manteve-os baixo,


Tinha medo de denunciar o quanto o amava,

Temia o esquecimento que traz a saudade,

Mas pairou sobre o corpo másculo,

Que seguro mantinha-se ereto no horizonte,


Altivo parecia obrigar a sorrir,

Olhar baixo e acanhado, sorriso sobre eles,

Nada era mais perfeito que aquele homem altivo,

Ontem se diz adeus, hoje volta-se atrás,


O amor não havia apenas aumentado,

Ardia em chamas mais forte que o sol,

Assim, como horas de sol bastam para abrir flores,

Segundos sob o efeito daquele olhar era o bastante,


Amor deslocalizava-se de carícias, beijos ou pulsações,

E refletia por dentro dela e por fora,

Em todas as direções,

Uma primavera de amor havia ficado para trás,


Mas um verão convidativo se abria a frente,

Seus olhos eram enegrecidos, ela sabia,

Profundos e velados com um quê de inocência,

Pois, o amor é bom e por o ser é eterno,


Sua essência permanece fiel dentro de nós,

Segura ensaiou o caminho,

E pôs-se a andar até seu admirador,

Sem esperar por seu encontro,


Se direcionou pois assim é o amor,

Esvai a razão feito fumaça,

Queima os medos em brasa viva,

Trazes a luz, mesmo ao cair da noite,


Quando amantes vagueiam ele não esquece,

Quando ao nascer do sol os mistérios se vão,

O amor permanece abraçado sob a paixão,

Quando quem ama esconde o rosto,


Quando sente dentro de si mesma perder o fôlego,

Acorda e onde está?

Abraçada, colada ao peito de quem ama,

Forças se renovam em sua alma:

Pronta para amar.


terça-feira, 5 de julho de 2022

A Apaixonada


Nessa época, ele era um lindo jovem,

Com seus cabelos escuros de noite nublada,

Olhos negros, como se o mistério os tivesse,

Pele de luar com traçados de estrelas,


Até mesmo o enrolar do cabelo,

Parecia moldado pelo vento,

Porte alto, singelo e inteligente,

Lábios carnudos e assombreados,


Tudo nele tinha algo de altivo e alegre,

Mesmo o sorriso que escondia parecia contente,

Olhar interrogador de quem sabe o que faz,

Jeito transparente de quem nada esconde,


Seu rosto firme parecia um convite,

Mesmo o tom calmo da face não era distante,

Havia algo de doçura germânica em seu porte,

Que penetrou minha fisionomia e fez mais,


Eu que jurei jamais amar, apaixonei-me,

A completa ausência de compaixão por mim mesma,

Fez-me derreter sem conseguir me conter,

Amei-o naquela hora e por toda a vida,


Ele estava em pé não muito distante,

Eu estagnei onde estava a contemplar,

Parecia não entender ou acreditar no que via,

Ocorria um pulsar acelerado e repentino,


Meu coração ironizava algo de grave,

Não entendo se amar faz perder a mente,

Mas, eu não tinha muita ideia do que fazer,

Queria-o era pouco,


Necessitava estar perto,

Uma volta ou duas na chave,

E estaríamos em local privado: eu e ele,

Mas, então, o que eu poderia dizer?


Com maneiras reservadas busquei aproximação,

Temia ser denunciada por acelerada pulsação,

Mas, insisti: busquei palavras, entonação,

Tentei afastar a rouquidão que sentia me tomar,


Havia um ar gélido no ambiente,

Eu queria evitar fazer parte da polidez,

Como tinha lábios convidativos e um sorriso a postos,

Ele parecia fazer parte da decoração,


Ou algo que ultrapassa o seu redor,

Tudo o mais ficava esquecido e distante,

Se perfeição fosse matéria, seria-o!

Em singular momento seus contrastes


Deixavam a decoração desvalida,

Era como se não houvessem paredes,

A luz que chegava através da janela,

Desfazia todo o redor: o desconcertante!


Se a luz escondia-se através da janela,

Que faria eu para aproximar-me?

Se faltava à noite palavras e movimentos,

Como eu conseguiria sair de onde estava?


Ele fazia o estilo: perfeito onde quer que estivesse,

Eu a que cedia aos seus encantos,

Que mais faria, não me distanciava de opiniões alheias,

Por onde andava, ele era notado,


Daria um passo adiante pelo seu sorriso,

Apenas pela chance de vê-lo se formar

E ganhar o rosto másculo e seus movimentos,

Isso fez-me andar, e após, dar outro passo,


Eu tinha um andar pequeno,

Mas um impulsionar grande:

Parecia o perfeito inacessível,

Não mantinha o olhar fixo em ninguém,


O perfeito homem lindo disponível...

Um passo, um estender de cumprimento,

O sorriso a contornar a boca,

E emoldurar o rosto em carinho incontido,


Com a fala quase que ensaiada,

Direcionada: - “vossa excelência é casado ou condolências”?


 

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Amor, quando é Saudade.


A saudade perde a importância

E se torna desnecessária,

Ante a insistência da lembrança,

O que dê 'falta estar ao meu lado',


É abandonado para trás,

Importa apenas os momentos vividos,

Os sonhos que ainda brilham no olhar,

E os planos de reencontrar o amor,


E viver sem estar perto deixa de ser o fim do mundo,

Preferir traçar um caminho solitário,

A esperar o retorno do beijo demorado,

Daquele abraçar que parecia ensaiado,


É o que possui mais importância de todo o resto,

O fato é que é o fim da nostalgia da saudade,

Não possui em nada o acariciar da lágrima

A percorrer o rubor da face,


Somente os momentos vívidos na memória,

A alegria de um dia ter encontrado o amor,

Estava a um soluço,

Agora abandonou isto ao passado,


O amor produz esses sentimentos,

A capacidade de focar no que é de mais importante,

Disso a saudade não entende,

Se torna fútil discutir com a lembrança,


Querer fazer do que houve o presente,

As vezes, perde a vantagem:

A de ter simplesmente existido,

Ah, justo é o céu,


Que possui as nuvens para encanto,

E as estrelas para ofuscar seu pranto,

O amor ainda pode gabar-se de ter existido,

Fosse apenas a saudade a buscar,


Não precisaria ter havido o amor,

Nada disso, bastaria apenas a história,

Outras coisas também pedem para retornar,

Mas, quando é amor, é diferente,


O Sol é bom e seu calor aquece,

Não como o abraço de quem se ama,

Nem tão pouco quanto o simples viver,

O amor fidedigno permanece,


A alma, o coração, a razão todas o chamam,

Ele faz do viver algo com integridade,

Faz tudo tão único que outro não corresponde,

E permanece bem mais que a saudade,


A saudade só faz lembrar,

Existe apenas para aquele desalento,

De: vivi, mas não o tenho mais comigo!

O amor a contrário, diz:


Que bom, poder viver e ainda senti-lo,

Quando a saudade vem ao encontro?

Todos sabem: a boca fala,

O abraço procura, o coração lamenta,


Quando é o amor quem vem?

Ninguém dúvida, pois quando é amor,

Não há distância, ele chega e faz moradia,

Não cobra por sentir,


Sua existência é indiferente ao repetir,

Esvaem-se os dias da saudade feito fumaça,

Chegam ao céu e formam nuvens densas,

O olhar de quem procura no horizonte


Queima em brasa viva,

Já o amor é semelhante à relva,

Está próximo, e nunca se afasta,

Diferente da nuvem que acompanha o vento,


E quando se dá por conta,

Nem é capaz de medir o que houve,

Simplesmente cavalga sobre a memória fresca,

Segue o clarão de sonhos servis,


Incapaz de se sustentar por muito tempo,

Precisa se repetir para saber: existi!


Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...