sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Ele Foi Embora

Mas, ela manteve o silêncio,
Mesmo quando ele fechou a porta,
A luz apagou-se sem motivo,
E a escuridão a tomou.
Cruzou os braços,
Manteve-se:
Acordada, parada, por horas,
Olhando o rádio ligando,
Prestando atenção no som,
Imaginando se a próxima música
Poderia dizer algo sobre sua vida,
Fazer uma escolha,
Definir objetivos.
23:30 o rádio sessou,
Tudo a volta ficou escuro,
O ar frio e mal cheiroso,
Como se houvesse uma presença,
Ela esperou ser abraçada,
Não o foi,
Esperou ser tocada por entre as pernas,
Não o foi,
Esperou o puxão de cabelo,
O tapa na bunda,
Não houve nada.
Mas a ideia da presença
Não lhe deixava,
Deveria ser sua própria companhia,
Que se fazia mais intensa.
E, como sempre,
Ela sentiu que o via sumir de vista,
Ir para mais longe,
A sensação sorrateira de alívio,
A percorreu,
Rápida e arrepiante por seus pelos,
Logo passou,
E lágrimas vieram ao rosto,
Pesadas feito chuva,
Algo nela é sobre ela,
Este algo era apenas dela,
Sua dor, solidão, heresia...
Odiou-se por isso.
Segurou um grito,
Por entre os dentes fechados,
Pressionou-os com toda força,
Intensa para não cair de joelhos.
Ele era bom demais,
Frente a tanta bondade,
Ela ficava impotente,
Ele parecia-se com o melhor do mundo,
Mas então ele foi embora,
E levou a ilusão com ele.

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Vulnerável

Num único instante,
Autenticidade,
Mediocridade,
Um quê de autocompaixao naquele olhar,
Nenhum pouco da minha piedade,
Se meu espírito flexível
Preferiu partir ao punível?
Eu não saberia determinar motivo,
Mas por um único instante,
Minha gratidão é alegria,
Me guiaram a agir com fé,
Mesmo que a intuição não fosse costumeira,
Que o destino fosse determinado,
Eu quis fugir daquela publicidade,
De deixar tudo exposto,
Vida contada aos flagelos,
Não desejei olhar de ternura,
Quis ter mais criatividade,
Preferi o descanso de andar a pé,
Seguir por muito tempo aquela estrada,
Até me cansar ou fazer calos,
Não olhar para os lados,
De que me adiantaria discutir fatos?
Naquele instante,
Não me vieram a boca argumentos,
E desisti de usar os punhos,
Melhor os calos da pele
Que os da garganta.
Acreditei ter visto algo naquele olhar,
A calma e tranquilidade
Que apenas o caminho me concederia
Iriam me mostrar mais,
Naquele único momento,
Discutir não beirava ao interessante,
Não convinha ou era relevante,
Dentro de mim estava errado,
Quando estamos juntos,
Preciso me afastar de outros,
Há sempre uma necessidade de troca,
Apego e entrega única.
O mais importante!
Aquele único dono da atenção,
O centro de minha vida,
A opinião que não aceita argumentos,
Parece haver a mão maior
Que rege nós dois,
Esta mão impera por nos juntar demais,
Só pra separar após,
Esta entrega apenas para um é estranha,
Haviam outros em minha vida,
Agora faz-se a necessidade única.
Prefiro cultivar risadas, danças e músicas,
Aproveitar de forma leve,
Você se pesa a qualquer coisa,
Caramba, que horrível ter uma medida!
Tenho medos,
Diz-se que isto me faz vulnerável,
Que bom,
Sou a maleável...

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Estar Apto

Parecia,
Absolutamente parecia,
A intensidade, nervuras, posicionamento...
Mas, ao fim nada deu certo.
Quando meu pai chegou,
Meus lábios ficaram trêmulos,
Rosto rubro de emoção, 
Olhos encharcados,
Não precisei falar o nome do rapaz.
Meu pai levantou o olhar,
-Amor!
-Ah?
Eu indaguei sem compreender,
O coração pulsava forte.
-Você está apaixonada,
É isso.
Eu suspirei,
Já sentia que o havia perdido,
Mas então ainda era amor?!
-Filha, chega o dia
Em que os filhos abandonam a casa,
Sim, eles saem,
Vão para outro lugar,
Outro abraço, 
Mas não, exatamente, outra família. 
Fungicida com força 
E contive os soluços. 
-Sim, pai eu sei disso.
Tentei passar o máximo da certeza possível, 
Agi como se estivesse com todas as respostas. 
-Você sente medo desse assunto?
O abandono da família 
Sem deixar de amar e até mesmo,
Estar perto?
Ele retira os olhos dos céus 
E baixa-os para as minhas mãos, 
Então, as pega entre as suas.
-Você tem medo de desapegar?
A pergunta fica presa no ar,
Como se não tivesse respostas,
Mas nunca mais fosse se soltar,
Uma espécie de peso
Sobrecarregou minha cabeça, 
E turvos qualquer resposta.
-Ora, filha, você já nem mora mais comigo!
-Mas o senhor disse que eu tô apaixonada pai,
E meu coração se apertou com isso.
Minha resposta foi fraca,
Mas precisa.
O coração parecia que nem batia.
-Você tem medo de amar um homem mais que a eu?
Filha, o amor não troca pessoas,
Você acha que eu te amo pouco?
Ou que você me ama muito
E não saberá substituir?
Num rompante, eu respondi:
-Ora, pai, acaba de dizer que amor não substitui!
A certeza torna a frase forte,
Porém, a voz fina e embargada.
-Ontem, eu beijei ele,
E hoje mudei minha voz.
-Filha, você não quer estar vulnerável?
-Mas, sempre aprendi que o amor era forte pai,
Você me ensinou isso!
Ele olha para o lado e pensa,
Agora duas frases pesam muito sobre nós. 
Tanto que dói e faz chorar,
Mas o amor deve ser desta forma...
-Já não sou tão jovem para está conversa,
Já a tinha por mais experiente. 
-Mas, agora, penso que ano.


terça-feira, 31 de outubro de 2023

Veja a Moça que Passa

É doce e misericordioso,
O olhar da moça que vê aquele a quem ama,
É contemplar o se maravilhar,
E guarda-lo no sorriso aberto,
Que beira ao fechado ao que ela entrega, 
Assim que avista o seu olhar,
É um gritar seu nome em tom alto,
Não conseguir conter o sentimento,
A simples mensura de seu cheiro,
Ao ápice do desejo por seus carinhos,
É um querer desmedido por seu abraço, 
De menina alegre e fechada,
Passa aquela que escreve seu nome por onde passa,
Deseja-o,
Chama-o em seus íntimos recantos,
Abre-se para te-lo dentro,
Quer guarda-lo,
Ama-lo sem segredos,
Protege-lo,
É assim o coração daquela que passa,
Olha-o de longe,
E mantém-se em guarda,
O quer.
Mas quase nada dessas palavras,
Valoriza o tanto que sente,
Se entrega,
E o chama,
Lábios fechados num sorriso,
Coração que nem sabia pulsar,
Até ve-lo,
Te-lo não oferece medidas,
Senti- lo dentro e em cada parte,
Há um coração que pulsa,
Ama-o,
E valoriza,
Mas, há ainda a menina,
Não esqueça, 
Está, embora não diga tanto,
Ama-o o mais intensa,
Medida – desmedida,
Veja-a.
Note, ainda este outro coração que pulsa,
Você saberia reconhecer nela,
O quanto há de você
Em tão pequena e simples moça?!
Note-a,
Saiba ve-la.
Ela o ama.
Nela,
Dentro dela,
Você pode ousar e se aventurar,
Dos corações que a quiseram,
Nem todos foram encontrados,
Saiba ver nela o coração que o chama,
Há um perder-se tão grande nesta pequena,
Não, nem todos foram encontrados,
De tempos em tempos,
Moço olhe para o lado,
Suposições erradas são construídas, 
E caem por terra,
Ela vem a ti de braços abertos,
Ampare-a,
Ela sabe guarda-lo,
Veja o quanto o ama.

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Vida

Eu amo você!
A frase saiu forte,
Entoada em romance,
Embebida por o roçar de face!
As palavras,
Continham um rugido triunfante,
Muito de honra,
E sabores.
Foi a frase mais linda,
Mais importante!
Amo você!
A vida vazia fugiu do alcance,
Tentar outra forma não seria possível.
A partir de agora – Amar você!
Objetivo, não.
Meio de se viver.
O rio abaixo mantinha rumo,
Corria como se estivesse alheio.
Mas, no fundo dele,
Penso que os peixinhos sofreram falta de ar,
Ah, sem dúvida alguma,
Que vieram a margem para respirar,
Ver,
Sentir o amor que havia.
Garotos grandes possuem certezas,
Homens fortes alcançam o amor.
Era mesmo lindo de se ver,
A água ficava turva adiante,
E pouco a pouco chegava aos seus pés,
Mas tudo ao redor estava nitidamente – vivo.
E dentro deles, também.

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Entre dois Silêncios

Houve um grito.
Um pular de susto.
Um esbarrao descuidado.
O levantar de dedo trêmulo.
E silêncio.
Palavras engolidas ante o olhar,
De repente, pedras, e cascalho fazem-se necessários,
Sabe quando você quer correr muito,
Até tropeçar e ouvir os ruídos,
Sentir que esta saindo do lugar.
Diante daqueles olhos
Parecia que nenhuma frase surgiria efeito,
Tudo parecia voar ao redor,
Menos a conversa que viria,
Esforço desmedido e desnecessário.
Sem resultado.
Quisera uma frase com a imensidão de uma pedra,
Jogar para estilhaçar,
Não se entra em atrito por nada,
Sem saída,
Tenta o fracassado pegar de mão,
Finge carinho e fala o que precisa,
Coração aos saltos,
Ódio a ferir a garganta,
Silencia-se o grito,
Que não parece estar morto,
Um monstro adormecido.
Pensa consternada.
O ar no peito arfa feito agulhas,
É como se perfurasse a fala,
São mais que nunca necessárias as palavras,
Muito bem escolhidas e colocadas,
Mas não parecem ser compreendidas.
As frases soam o máximo perfeito,
Mas aquele rosto impassível que olha,
Não entende nada,
Nem diz algo que acolha,
Quer-se mais que ver o outro -entende-lo.
Esforço vão,
Há naquele sorriso forçado
Algo de indecência
E desproteção.
O medo não beirava as lágrima,
Se assemelhavam a pesadelos.
O congelamento de um ser a sua frente,
Beira a desgraça,
Busca-se o indiferente,
Mas não há o apropriado,
Descompreendida,
Solta seus dedos e pede que siga.
Já não o quer a seu lado,
Não importa o que diga,
A frase morta na respiração entrecortada,
Basta por si mesma.
Um grito monstro silenciado,
Descompreensão,
Silêncio que fala o que quer,
Esforço vão.

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Gosto do Seu Beijo

Ah, a promessa.
Pouco recordo ou gostaria,
Age em mim feito isca,
Ateia-se e se mostra,
Eu mordo-a.
Me vem a língua. 

Dizê-lá para quem possa,
Ouvi-la sem vontade alguma,
Após sair da minha boca,
Está mesma que já nem gosta de beijar,
Não há mais regalia...

Coloco a mão em seu ombro,
E a puxo para meu ombro,
Desejo mante-la,
Ao menos até me assegurar,
Então, repito-a menos,
Até que um dia tudo acaba.

Me prometa,
Penso ouvi-la sussurrar,
Abaixo do meu ouvido
E pouco audível, 
Acho que ela precisa de mim,
Não sei dizer nada quanto a isso.

Ela diz que me ama,
Que é bom ficar comigo,
Eu respondo que não sabia sobre isso,
Acho que nosso amor se tornou público. 

Mas ela sente medo,
De que me firam
Ou brinquem comigo,
Ela não é uma boneca de casa de brinquedos,
Adulta por nós dois agora,
Não demonstra isso comigo.

Ela me captura,
E eu a mantenho,
Gosto dela comigo,
De senti-la e dar abrigo,
Mas nada de casa de brinquedos,
Comigo, realmente, é melhor!

Passo meu braço em torno dela,
Gosto da forma como ela me olha,
Seus olhos fixos,
A boca trêmula, 
O desejo.
Eu gosto disso nela,
E Gosto de prova-lo,
O gosto, em cada forma.

Sim, sou adepto a possui-la,
Compreendo pouco sobre isso,
Mas penso que os outros me entendem, 
Há neles o esforço, 
Tentativas e evasivas, 
Há nela o rostinho que me procura,

A voz que me penetra,
Aquelas frases de amor correspondido,
-Ora, querido, como sua boca fica bem em meu seio...
Deixa eu te emprestar meu batom,
Ora, desculpa, deixa sua marca,
Preciso muito tatuar seu beijo...

Mordo-a, gemo e anseio por isso,
É algo diferente de masculinidade,
Mas, sou o único, 
Aquele que ela quer e procura,
Gosto quando ela me olha e diz:
-preciso disso.
Rouba meu beijo e sai. 💋 

A Cobra Rosa

Houve invasão na chácara, De repente, Todos os bichinhos Correram assustados. Masharey subiu na pedra Mais alta, Que há a...