segunda-feira, 11 de março de 2024

Pecado

Todo pecado é ato de rebelião contra Deus,

Mas meu pecado não poderia ser maior,

Foi contra aquele que mais amei,

Teve por resultado a dor,

Triste angústia de um coração que ama,

E já não sabe se pode recuperar.


O orgulho, nisso, é o mais destrutivo,

Ver o rosto corado e em prantos,

Não por vergonha devido ao erro,

Mas por manter um tapa na cara

Que nunca foi dado,

Nem menos merecido.


Não.

Ele não me bateu.

Mas foi responsável por minha ruína pessoal,

Não sei se ainda tenho coração,

Cai em solidão profunda,

Destruída, abalada e aos pedaços,

Resta pouco, muito pouco.

E este pouco se junta tão rápido

Ao seu sorriso,

Que entendo tudo de que preciso,

Seu abraço e carinho.


Errei por um minuto,

Não fui forte o bastante,

Não pude impedir o fato,

Nem venci a tentação. Errei.

Por quê!

Vejo-me naquilo tudo

E pouco resta do que houve para entender.


Ignorância.

Tolice.

Naquele grande abraço dele

Me coube.

E isto foi tanto

Que não soube me conter.

Naquele porto seguro,

Naquele pequeno moço grande homem.

Eu errei.

Abraçada a ele e desesperada.

Errei.


Saudade você não verá mais neste rosto,

Apenas dor.

Sim. Dor e por quê!

Obsessão por mante-lo comigo,

Doentia numa entrega sem reservas,

Mas houve.

Reservas, mentiras e segredos.

Por pouco tempo, muito pouco.

Mas a olhar para o hoje,

Com o contar das horas percebi

Que nem tão pouco.


Notifico a ponta da língua,

Quem dera nunca mais sentir ou falar,

Não me valem beijos ou promessas,

Há soluços em meus pensamentos,

Um agudo de promissor.

-Adeus foi por você meu amor!

E nisso vi ele soltar minha mão direita e ir,

Guardo o calor, cheiro e dor.


Debaixo do peso desta tristeza

Febril eu ainda sonho muito,

Olhos serrados,

Sonhos despedaçados,

Descalço os pés para sentir o piso frio,

Queira Deus houvesse um descuido,

Um resvalar e

Adeus profundo.

quinta-feira, 7 de março de 2024

Te amo Rahat

Todo abraço é ato de entrega,

Ela não traiu o que sentia.

Saudade, dor e lágrimas,

Mas por poucos segundos se permitia.

Provava o cheiro, sabor e alegria,

Sentidos por muito esquecidos.

Não por proibição ou ousadia,

Apenas porque havia, um dia, perdido.


Resulta disso o desejo e a entrega,

Desejo de mudar ou retornar,

Entrega a dor que mantém distância.

Não se mostra longe de um olhar,

Recusa de seguir a rua distorcida,

Íngreme e perigosa.


O orgulho é força destrutiva.

Mas a dor de perder é pior ainda.

Ela pode levar a ruína e leva.

Ela pode destruir até o porvir da vida 

Solidão profunda de uma estrada vazia,

Beco sem saída com muros altos e bem feitos,

Braços cansados não podem subi-los,

Mãos cansadas já não tem mais está força.


Contudo,

Como ele e apenas ele pode ver,

Braços e mãos se curam,

Nisto também o coração que parou lá atrás segue.

É possível vencer,

Sim, ele torna possível o olhar lá adiante,

Sobre seus ombros,

Através do calor de seu abraço,

Por único instante pude olhar para frente,

E perceber.


Conscientizo-me de que há ali uma rua,

E que eu posso dirigir através dela,

Ele diz: - sim, você veio por ela.

Eu embasbaco e sorrio,

-como você sabe disso se eu mesma não sabia?

Ele entende tudo em silêncio.

O silêncio do seu olhar é tumultuado.

Há tanto dentro dele e tão profundo.

Existe nele um homem e eu ainda não havia visto isso.


Acesso a minha vida por completo.

Decisão do coração.

Fuga e disfarce.

Inocência constrangida em ver o que desconhece.

A virtude se permuta na voz,

A glória se evidência num rosto.

Como ele não há outro.

Guardo comigo o que busco.


Traços e características desconhecidas,

O verdadeiro pintor do tempo as demonstra,

Vejo um retrato guardado me abraçar,

Um imaginário de tempos perdidos se manifestar,

Atrás de homens honestos fogem-se os moços,

Um homem moço comigo abraçado.

Vigiado e o suspeito.

Será que ele sabe disso?


Que há de mais lindo que a busca manifesta?

O tempo construindo em outro,

Nada entende,

Nada finge.

Coisa estranha.

Apaixona-se do nada!

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Te Amo

O olhar apaixonado chamava,
Apunhalava até sangrar,
Faz rodar o sangue em jatos quentes,
Me vejo balbuciar seu nome
Em lábios sedentos, queridos e tormentosos,
Reconhece-lo,
O olhar tira a prova do rosto,

Demonstra todo o sentimento,
O amor correspondido,
Conserva-lo,
Breve, sóbrio e frio,
Qualquer coisa que o deixe tenro e vagaroso,
Mante-lo.

Ah Deus sentisse pena da que sou
E o petrificasse ou outro algo duradouro,
Mante-lo,
Sem que nada o ferisse ou modificasse,
É mais que o breve te-lo,
Todo possuir se torna sórdido,
Não faz sentido ou satisfaz,
Quem suspeita disso é suspeito.

Um dos mais perfeitos homens tem um nome
E a poucas é permitido chama-lo,
Esse homem existe,
Por Deus como o amor é desmedido,
Como me faz suspirar,
Rir em sílabas até não me conter nas palavras,
Sentir a ausência de ar,
Rir e chama-lo,
O amor é mesmo desmedido,
Ah, não meu amor não se mede,
Eu não diria pouco no quanto falo,
Mas hei espere,
Há nos meus lábios o início de um sorriso,
Um Rah se formando e você sabe
Sabe muito bem o motivo.
É desmedido.

Numa boca passada algumas garotas acharam-no,
Na lembrança mármorea da qual me refiro,
Reflexo, sim, há quem vive disso,
Perdidas em seus infinitos,
Mas amor como o meu Ah, não se mede,
Tem mais muito mais a dizer,
Mas veja não me contenho em sorrisos,
Há tanto que espero e busca,
Ah, Deus, é este, sim, este e nenhum outro,

Ao fim de bocas passadas promessas vazias,
Mas nestes lábios carnudos,
Me cabem tantos sonhos, carinho e compromisso,
Lábios calorosos e cheios,
Me vejo completa nos seus lábios perdida,
Entendo-as.
Entendo a todas, mas você sabe,
Não aceito,
Nem você,
Te amo.
Amor que não se mede,
Amor que lhe devoto em tanto e tanto e tanto,
Amor de mil vidas e nesta vidas amores,
Amor que em cada vida me fizeste para ser sua.

Veja em sua boca naufraga uma mulher,
De suas palavras sucumbem muitas,
Entenda seus encantos castigam,
Tanto em você de perfeição beira a ausência,
Adentra-se até o fundo,
Não há volta,
De tanto em tanto,
Aos poucos se farta e falta,
Falta-se,
Ausência de você.
Sem possibilidade de retorno,
O muito encerrou-se ao nada,
Do vislumbre ao incorporeo.
Não o tive,
Não posso te-lo.
Apenas um pouco de retorno,
Não muito,
O bastante para te ver e me preencher,
Querido, não poderia me fartar de você,
Vislumbrei o adiante e mergulhei,
Me afogo no que não houve,
Por que desejar isso de você?
Soluçaria,
Mas as profundezas não permitem,
Fui ao fundo e não posso voltar…
Assim são elas meu amor,
Eu desejo não rir até me fartar,
Mas por vezes não me contenho.
Eu o tenho.
Eu o tenho.

O tenho para ar e alimento,
O tenho para a vida,
Ser sua,
Te-lo.
Vem daí chamar-se meu amor
E é assim que a você me refiro,
Estás singulares solidões da água
Eu as desconheço,
Mas posso imagina-las muito bem,
Querido, me poupe o risco de perde-lo,
É tumultuoso o fundo,
De águas limpas as vezes as vejo,
A afogar-se de suas imagens,
A morrer por um querer nunca oferecido,
Em derredor, a perder de vista,
Tudo que sinto.
O amo.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Te Amo

A tardinha cai livre e triste,

Desejo um alguém em quem me prender,

Sua ligação me desperta,

Saio fora de mim e é você,

Na tela,

Na busca.

O encontro.

Gosto.


O gosto da distância é doce,

Enérgico e viçoso,

Gostaria de ter mais tempo,

Ouvir mais que sua voz,

Provar mais do desejo,

Logo há de haver nevoeiro,

Fico de joelhos para que não parta,

Mesmo que as vistas fiquem turvas,

E a memória se confunda,

Peço e rogo que fique,

De joelhos a implorar ou como queira.


A seu critério,

Por seu esmero.

Preciso de você,

Mesmo sem conhecer,

É diferente e novo,

Recebo o nevoeiro feito furacão,

Em caos toda a emoção.


Grande e tolo nevoeiro,

Ele sabe que sua presença assusta,

E a ligação dura mais tempo,

Eu tenho próximo quem amo 

Uma das mais estranhas formas lá fora

É uma árvore,

Aqui dentro é uma aranha,

Que teve e tece e espera.


Está não desiste,

Por tantas vezes jogada na rua,

Resistiu a tudo e permanece,

Volta, ela sempre volta.

Isto incomoda e espanta.

Na noite anterior algumas formas

Perdidas por entre as folhas da árvore

Acharam a aranha.


Ouvi o barulhinho,

O romper de galhos,

Provei do susto.

Ao pé do galho inúmeras flores,

Eu poderia te-las colhido e o presenteado,

Mas ele está distante,

Vejo-o apenas através de uma câmera,

É uma janela que se abre,

E o esconde.


Náufrago por entre formas e medos,

Escondo-me até que me encontre,

Não pense que eu não o busque,

Mas a distância que nós separa também me impede,

Eu chamo o seu nome

Por todas as vezes.


Até que tudo desfaleça e o sono me conduza,

É um fechar de olhos e perder-se,

Venho daí confundir meu nome com o que chamo,

São singulares as solidões da água,

É um tumulto em meio ao silêncio,

O que aí acontece não deixa testemunho,

Mas distante,

Ele sabe meu nome.


Eu posso ouvi-lo sem confundir o que diz,

É está uma utilidade desconhecida,

Uso-a pouco tenho medo do porvir,

Tal é o isolamento de onde estou,

Aturdida,

Em derredor,

A perder de vista,

A noite densa fria e molhada,

Pequenas parcelas de lágrimas,

Suor e desejo.

O imenso tormento de um coração a vagar,

Que antes de partir a procura

Ouve um chamado.

Reconhece-o.

Te amo!

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Pênis Fraco!

Alegrou-se pouco,
Espantou-se muito.
Não tinha como ser pior,
Marca encontro e prefere outra.

Sim.
Ele foi o desgraçado que preferiu minha irmã,
Ela a cadela que o quis.
Nojo.

De que céus me agarro a uma garrafa?
Lágrimas, dor e humilhação,
É claro, a perfeita era puta,
Ele se volta e me pede perdão.
Eu digo, querido, dê-me seu dinheiro,
Você não merece sentimentos.

Ele diz pago.
Eu ainda me enojo.
Beijar,
Tocar,
Fingir amor.
Acredita que ele pensa que merece?
Eu lhe digo - nojo.
Cuspo em seu rosto.

Ele aceita e entende.
Manda o cara que eu peço,
O cara entende tudo errado,
Eu o digo,
Querido, você pagou insuficiente.
Veja ele quer o seu dinheiro.
Você nem a este é o bastante.

Eu sei e entendo,
Era para parecer que eu sou pouco,
Mas não.
Me dou valor e me reconheço,
Como é baixo este que me esnoba tanto.
Um bosta!
Atento a toda puta.
Outro desgraçado de vagabunda.

Que presente maravilhoso,
Um sopro de vida a boca sedenta,
Que dê a todas amor
E se sustente com seus restos
Eu não preciso de nenhum deles por perto,
Posso viver sozinha como sempre.

A razão disso,
O que creio e sinto me sustenta
Não o que outros fazem com isso,
Que lindo pedir a ela beijos,
Que pena buscar isso em minha boca.
Será que ele sente vergonha?

Nojo de vagabundo fraco,
Pênis mole, fino, pequeno e pouco,
Viro o rosto e procuro um homem,
Você não acha que escrevo pouco,
Mas homens o bastante não existem muitos.

Durou poucos meses,
A anos ele me tenta,
Eu penso se pênis pequeno e muito dinheiro me basta,
Você sabe que fome é triste,
Eu penso se consigo aceitar,
Um negrinho desgraçado,
Não merece mais que uma vaca…
Não sou o suficiente,
Não sou o bastante,
Perdoar,
Esquecer,
Imagine ele aqui com ela,
Bebendo no mesmo copo,
Sorvendo o mesmo líquido,
Transcorreram os anos,
Você pensa que ele está comigo?

Querido, sexo se faz com pênis,
Dinheiro eu creio que não mete,
Mas quanto a passar fome,
Bem, querido, dê-me a grana e alguns amigos,
Meu sentimento por inteiro você
Não foi capaz,
Quanto a filhos?
Negrinho sua raça não merece linhagem.
Morra!
Que o diabo aceite o lixo que você é,
Corra!
Se apegue as suas desculpas,
Quanto ao último dos seus bostas?
Enfie na tua buceta,
Não meu bem,
Pênis precisa ter tamanho para ser considerado,
Você é o tipo que se come dormindo
E nem sabe se houve,
Tipo, um nada!

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Janelas Abertas

Olhos adiante
A perder-se em tanto verde,
Pés cruzados sobre areia marrom e azul,
A brisa do rio ganhava a mente,
Os peixes enchiam o olhar.

Nestas águas percorrem tanta solidão,
Vejo-a e sempre um pingo me molha a face,
Desejada ou não,
Existem ali tantos sonhos, beijos e imaginação.
Há porvir nestas águas.
Destinos desejados a toda prova.

Já não me atrevo a chegar perto da encosta,
Molhar minhas pernas,
Banhar-me nelas,
Mas vejo lá tudo que quis um dia.
O aspecto é de ruína e outra coisa.
Inunda-me sempre as outras coisas,
Contudo não deixo de sentir dor languida.

É perfeitamente cheirosa,
Cheia de vida e graça,
A encosta é grosso e a areia é sólida.
Há flores, pássaros e borboletas.
Me sinto de costas para suas profundezas.
Em mergulho obscuro onde não percorro muito.

Cada peixe a perfurar aquele telhado verde,
Pula e brinca no ar,
É como se não houvesse obstáculos,
Examinando sua superfície vê -se o cardume,
Logo a brisa ganha vida,
Percorre sua curva e parece beijar-me o rosto.

A primeira vista, isto espanta,
A forma como o vento brinca e faz pequenas ondas,
É um medo de afogar-se no raso,
Um tilintar de folhas amarelas e verdes,
É como se ele fizesse pequenas janelas neste rio,
Perfurando suas sólidas paredes.
Só quem mergulhou em suas águas conhece
A solidez de que falo.

Mergulho falho e a dor dilacera,
Marca, fere e faz sangrar,
Porém, perto e seguindo seu curso,
Tudo é tão fácil que sublima.
Estás janelas abrem-se e logo se fecham.
Os peixes gostam disso.
Os pelicanos mais ainda.
Eu contemplo.

Abertas elas mostram-se negras dia ou noite,
Lá embaixo nada se vê do lado de fora.
Há ali terno convite.
Onde roupas são descartadas.
Vê-se nada além de trevas interior,
Um verde que perde-se e mais chama que ganha.
Não vou.

Dir-se-ia que sua vista não é para o olhar,
Há na água algo que turva e arde,
Vistas pesadas e encharcadas,
Quem arrisca-se?
Há nelas o desejo de ímpeto e coragem.
Um mergulho num invisível profundo,
Há tanto abaixo da superfície quanto há sobre.
Lá no alto um azul profundo
Nele pássaros e borboletas se perdem.
Perdem-se também os homens.

Lá no alto azul, amarelo e outras coisas.
Madeiras, pedras, e derivas.
A terra sob minhas costas me contém.
Abrem-se brechas interior.
Tão menos assustadoras que estás janelas.
Um rio que abre-se pouco a pouco.
Um céu de azul sem limites.
Percorro a todos
E a nenhum.

Nenhum rosto arrisca-se de cima para baixo,
Não do alto lá no alto.
Mas o rio, este é de um imenso sem limites,
Ele põe seus olhos para fora,
Submerge e retorna.
As chuvas que caem dão lhes formas,
Brincam até tornarem-se sua parte.
Penso que demoram a retornar
E quando sobem não vão tão longe.

Há algo nestas águas verdes de importância.
Há nelas tantos mistérios,
Que ao horizonte já não deixa nenhuma.
As águas do rio andam sorrateiras,
Mas quem põe o ouvido de lado
Ouve atentamente os ventos que falam.
Suas margens são guardam nada de silêncio,
Já nos céus o azul e poucas coisas.
Os ventos de lá não sorriem tanto
Ou tem pouco a contar.

De noite o luar lúgubre penetra as janelas abertas,
Em verdade que a água torna-se vidraça,
A lua e suas desventuras solitárias
Penetra até o mais profundo.
Há nela algo de meigo
De que não se resiste.
Registra por toda superfície.
Estrelas, alguns cardumes e mais nada.
Convite reforçado ao mergulho.
Há tanto a se ver,
Que pouco resta acima ou tanto.
A lua.
A chave, a fechadura, a porta, a mão que abre.
Lua.

Todo o rio amorna ou finge,
Tudo é magnífico.
Eu fico.
Olho.
Me firmo em águas turvas e límpidas.
Consequência sinistra.
A razão comunica-se com a superstição,
Ambas concordam que a lua que entra
Não retorna sozinha.
Há sempre algo no amanhecer que impulsiona.
Há sempre um algo de novo,
Não comunicado, perceptível ou compreendido …
Uma janela aberta permite mais que um abrir…
Me contemplo nela.
Porém, fico por aqui.

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Rego a Salada

-desgraçada, aja por ti própria e o fim será seu!
Me canso de suas manias
Encerro a conversa com um virar de costas,
Um sair quase silencioso,
De quem tem muito a dizer,
Mas quanto mais tem menos é ouvida.

-Ache, se ache!
Grito de costas em alta voz,
Não sei o que tanto procura,
Mas até imagino o que irá encontrar.
Medo, dor, segredos.
Abraço meu próprio corpo que queima.

Há no escorrer do meu sangue
Mais que um caminho a percorrer,
Há resistência, dor e muitos medos.
Teimo em não olhar para trás e sigo.
Não sei, também, aonde irá resultar isso.
Há sempre um beco perdido e sem saída
A espera de perdidos!

Chega o verão e meus olhos estão abertos,
Há no sol que renasce a casa dias mais que brilho,
Percebo isso enquanto sofro a molhar uma salada,
Traze-la a vida ou mante-la nem sei mais.
Tomo o cuidado de não ser vista
Pela mulher que deixa para trás
Aos gritos,
Sinto medo de que se tornem arrependimentos.
O que foi dito foi falado,
Mas quanto ao que foi gritado…
(Precisa ser mantido).
Penso que águas não fazem milagres,
Nem as lágrimas,
A salada ficará como está.
E a mulher lá atrás?

A pouco e pouco,
De sol a sol esqueço dela,.
Vejo nisso um esquecer e não lembrar,
Muito menos vejo procura, busca, ou outra coisa.
-maldita!
Quero dizer isto a ela,
Mas já não me atrevo a levantar a fala.

Ocorreu neste lapso de tempo tanta coisa,
A raiva passa no transcorrer das horas,
Mas o que houve, ocorreu e agora?
Engolir cada palavra, os atos…
Admitir o erro
Ainda julgando estar certa.
Doses de veneno não devem matar rápido,
Penso que matam enquanto nós percorre as incertezas.

Disse ela:
“Um dia há de você admitir em público estar errada”.
Jamais, jamais.
Pensei assim antes e vou me manter.
Ela disse que poucos dias me fariam voltar,
Passaram-se nistos os anos.
Mentira. Mentira.
Vejo que até nisto estava enganada.

Horas inteiras sem querer ser vista,
“Assina, então, com tua letra o erro cometido”.
Malditas as suas palavras,
Percorro cada uma,
Como se fossem as gotas do meu sangue
A passarem por dentro de mim
Sem nem entender o meu eu de fora.

O rosto que trabalhei tanto para ser visto,
Sofri para construir uma ideia sobre a que sou,
Me esforcei para fazer tudo certo,
Construi ele por base em confiança,
De repente,
Surgir do nada e dizer em alta fala:
“Menti. Estava enganada”.
Não. Por mil céus não farei isto agora ou nunca.

Confesso ter me acostumado a andar por está horta,
Molhar a salada,
Colher, me alimentar dela.
Mas viver numa mentira?
É fácil acostumar-se com o sangue de suas veias,
Mas isto em nada te obriga a aturar
Os de seu sangue de fora.

Herança e riqueza veem-se na face,
A morte chama-se estupidez.
Não sou nenhuma burra.
Ora, é certo que as lembranças se apagam,
Mas me apego aos gritos a todo custo.
Me feriu muito o virar de costas,
Ter que agir com falsa indiferença
Para poder tolerar o ódio que me percorria,
Não.
Não aqui vínculo que nós prenda.
Nem acontecimentos
Muito menos saudade ou lembranças.

O olhar ferino apunhalava.
Eu fui ferida.
Não vi nela a importância,
De sentir por mim ou de sentir por ela.
Não sinto nada agora.
Dor. Mágoa.
Meu rosto marcado denuncia minha dor,
Conservo nele a marca de cada lágrima,
Este rosto que envelhece frio e sóbrio lembra.
Chora e recorda.
Reconhece-la…
Traze-la para perto.

A dor entra sem cerimônia.
O choro já não faz gesto algum,
Simplesmente percorre por minha cara,
Com certo ar de se perder em seguida,
Disfarce de ódio de quem muito sofreu,
Quem suspeita disso não fala,
Não consigo ouvir outra versão da mesma história.
Biscoitos e latas de conserva não substituem saladas.


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Masharey acordou, Subiu na alta cadeira Feita de pneu usados, E cantou alto: - estou no terreiroooo! Em forma de canto. Após iss...