quarta-feira, 2 de abril de 2025

Rahat


Bem, são sete e quarenta
Da manhã nublada,
Eu penso em como você está,
Se pensa em nós agora,
E suspiro por seu olhar,
Porquê eu te vejo no vídeo,
E sua beleza se sobressai
Sem igual.

Olha estes seus um metro
E o restante dos centímetros
Para garoto alto,
Está arrasando comigo,
Eu não cogito
O não te procurar
Ou resistir ao seu carinho.

Seus cabelos fartos
Ganham um brilho
Do sol na terra,
E eu fico bamba,
Caramba,
Eu não quero perder agora.

Mas você é o tipo de rapaz
Incrível para muitas coisas,
E homens como você
Não se perde,
Abandona-se o beijo na boca,
Pelo cumprimento de mãos
De um amigo.

E que amigo?
Você é um grande parceiro.
Eu te busco em minhas horas vagas,
E depois que encontro consolo,
Eu adormeço,
Sonho com sua barba
A roçar meu rosto,
E rolar aquele sentimento
De ter comigo um cheiro bom,
Cheiro de pele suada
E nervos em frangalhos,
Porquê garoto,
Você é tão novinho
E parece não ver
O quanto eu o admiro.

Admito.
Sou infiel no que digo,
Eu não encontro tradução
Para o que sinto,
Sinto insegurança em vê-lo
E só penso em ficar perto,
É que sinto que preciso disso.

Eu sou fã de boa comida,
Você entende isso,
Eu logo penso,
Será que ele iria querer um chá
Contra a gripe que chega no inverno?

Será que um suco
Contra este calor lhe faria bem?
E comida,
Qual a que ele prefere,
E poxa,
E se eu fosse aí fazer?
Lhe abriria o apetite,
Lhe deixaria forte
E isto me traz força.

Bem,
Sua boca é quente e intensa,
Sua voz é doce e melosa,
Eu nunca enjoei dela,
Que linda a forma como
Sua barba se molda em seu rosto,
Lhe dando traços tão únicos,
E unida ao bigode,
Eu penso,
Caramba não há nada
Antiquado nisto.

Então, você desvia
E depois ergue o olhar
E me fulmina,
Porquê estes olhos acastanhados
São os mais calorosos,
Você faz meu coração pulsar,
E eu penso preciso de um chá
De gengibre forte e quente.

Aí, eu penso
Será que ele gostaria
De dividir um dia seu comigo?
Seu formato de rosto
É vangloriado,
Você é algo que um lápis
Não conseguiria desenhar,
Ou um escultor esculpir.

Sim.
Eu acordo e busco você.
E vou fazer nosso jardim,
Espero que você goste.
Rahat.

terça-feira, 1 de abril de 2025

Trabalho Escravo

Aos dezessete anos
Você busca emprego
Mas não encontra,
As pessoas olham para seu rosto
E não encontram maturidade
E não se importam com o fato
De você precisar viver.

Mas eu,
Eu encontrei.
Ficava distante da minha casa,
Mas tudo bem,
Eu iria receber meu próprio salário,
Poder viver,
Ajudar minha família.

Tudo ficaria muito mais fácil.
A questão é que o trabalho
Se localizava a dez quilômetros
De onde eu morava,
E eu precisaria ir até lá.
Ok.
Tênis nos pés,
Roupas confortáveis,
E vamos lá.

Saia cedinho de casa,
Me alimentava mal,
Eu não vou mentir,
Eu tinha pouca comida,
Quase nada,
E os quilos extras a fome levou.

Restou uma garota esquálida,
Pernas grossas e ligeiras,
Mas bem,
Um dia peguei carona,
Parecia mais simples,
E foi,
Mas no caminho havia um motel
Ou dois,
Eu nunca soube,
Porquê nunca fui garota
Dada as felicidades da vida sexual.

Eu era o tipo inibida mesmo,
E fria,
Gélida no que se refere
A troca desregrada de parceiros
E por regrada
Eu não sabia escolher um número.
Certo,
Paramos no motel,
Garotas nuas esperavam
Na entrada e ao redor,
Eu diria amedrontador,
Mas eu precisava cruzar por lá.

Entramos,
Chegamos no quarto,
E bom,
Ele retirou aquela porcaria
Dele para fora,
Não foi nada sexy,
Eu chorei,
Foi a primeira vez
Que chorei pra não foder.

Mentira,
Não foi mesmo.
Antes disso,
Foi quando meu ex
Que alegava me amar muito,
Não parou mais de meter
Seu pênis para dentro de mim
Com investidas rasgantes
Da minha carne,
E seu sobre peso a me esmagar.

Bem,
O cara retirou o pênis
E disse:
- põe a boca.
Eu me assustei,
Meus olhos encheram
De medo, lágrimas e pavor.

Eu temia que aquelas mulheres
Nuas entrassem lá
E batessem muito em mim.
Minhas pernas correram para
Uma cadeira,
Subiram nela
E minha boca falou:
- eu posso dançar
E você nem iria querer me parar.

Mas, ele riu alto
E ele quis.
- tá bom,
Desta vez eu toco punheta,
Não quero ver garotinha chorar.
Eu me senti inútil,
Pequena diante de um inevitável,
Frágil demais pra me defender.

Ele gozou,
Extravasou seu orgasmo,
E eu pensei
O que há dentro disto?
Retornamos para o carro,
Ele pagou a maldita conta
Que eu só pensei que
Ficava em dívida,
Envergonhada e destruída,
Em direção ao trabalho.

Ok.
O portão levantou,
A gente saiu de casa para a rua,
Ali havia um amontoado
De casas desajeitadas,
Mal feitas,
Quase caindo
E caindo,
E muita,
Muita gente amontoada,
Crianças pedindo esmola
E mostrando o pênis,
Crianças de vestidos
E crianças nuas,
E venda e drogas.

Eu só senti medo,
Mas logo chegaria ao trabalho.
E tudo iria passar algum dia,
No dia em que aquela gente toda
Tivesse onde viver,
Tivesse o que comer
E um trabalho por salário justo.

Um dia,
Neste dia,
Tudo mudaria.
Poxa,
Eu pagava aluguel,
Não estava tão distante
Daquela realidade,
Ou eu me moveria
Ou o destino me poria
Numa caçamba
E me jogaria ali no porta entulhos.

Despejada,
Jogada na sarjeta,
A prostituir meu corpo
Por uma miséria
E sonhar que este valor
Seria suficiente para viver,
Até que meus ossos se quebrassem
Por meter tanto pênis,
E eu não aguentasse mais
Nem com o próprio peso
De um corpo magro
E esfomeado,
E destruído por pênis duros
E febris por prazer
Que eu nunca sentiria...

Bem,
Minha amiga entrou nisto,
Achou rentável,
Os garotos ligam,
Ela fala o preço,
E eles saem.
Eu não tenho coragem
Pra isto,
Sou fria demais.

Me enoja estes rostos,
Sonho com um homem
Que não apoie a miséria,
E até sinta pena
De garotas necessitarem
Se sujeitar a este rebaixamento
De ser humano.

Mulher não merece ser objeto
De homem,
Nem homem,
Nem idosos ou crianças.
O uso de drogas ali nesta rua
Parecia livre,
Eu não soube dizer,
Mas pensei,
Eu, na verdade,
Não conheço droga.

Bem,
Cheguei ao trabalho,
Vamos lá,
Ali é uma fábrica de tênis,
Eu e uma colega trabalhamos
Numa máquina de fazer o desenho
Por meio de prensa e calor.

Vem um desenho
Pintado a tinta,
E a gente põe na forma
Para desenhar a fogo,
Um calor estranho,
A mão da gente
Perde os movimentos,
De levar e puxar a mesa
Com a forma e o desenho
Sobre ela,
O desenho é pintado
Num plástico
De onde sai o calçado,
Depois disso falta
Apenas por a costura,
E a sola.

Minha colega jura
Que é virgem,
Ser virgem é o que é
De maior importância.
Eu não,
Eu sou aquela que procura
Um garoto legal.

- por quê?
Ela indaga.
- porquê eu gostaria de ser protegida,
Me sentir segura.
- ah.
Ela responde
E olha para fora,
Em meio aquela poeira toda,
Cheiro de tinta
E plástico queimados
Insuportável.

Há uma pequena janela,
Onde a gente olha
E imagina se é dia ou noite.
É tudo fechado,
Tem luz fraca.
Logo sentimos fome.
As horas passam,
Os dias se vão,
Os meses cruzam,
E o salário é baixo,
O trabalho é árduo.

Um dia o salário tardou,
Depois teve descontos estranhos,
Até que não veio.
Nisto eu achei um garoto
Numa moto e me apaixonei,
Ele também.
Certa vez,
Ele me confundiu com
Minha colega,
- Olá.

Ele falou ao tirar o capacete
E a beijou em frente
Ao nosso trabalho,
E eu fiquei olhando.
- conheço ele a tempos.
Ela falou.
- eu também.
Ele é meu namorado.

Eu respondi.
Ele me olhou assustado,
Pôs o capacete e saiu.
Eu tive medo de quê morresse,
Senti um aperto no coração,
E lágrimas no olhar.
O chefe chegou,
Não parecia não ter dinheiro
Para estar tardando o salário,
Mas ele não ofereceu desculpa.

A tarde,
Colocaram nós em fila,
E uns homens estranhos
Bateram na gente
Usando uma madeira,
Uma paulada
Na cabeça de cada.

Lá havia uns cinco homens
Que trabalhavam,
Eu achei-os todos gays,
Mas, isto não tem importância.
Todas caímos
Na primeira paulada.
De repente,
Está tudo escuro,
Escuro demais,
Eu me sinto apertada,
Sinto dores horríveis,
Há algo muito grande sobre eu.

Eu junto toda a força,
E empurrou,
Uso minhas mãos e empurrou mais,
Estou enterrada,
Eu percebo isto
Logo que consigo sair de lá,
Junto comigo já muita gente,
Eu chamo minha colega.
- Jacira, Jacira.

Acorda.
Dou uns tapas em seu rosto.
Ela parece realmente morta.
Estou num local com mato
E gramado alto,
Saio dali
E logo encontro a rua.

Do lado da rua,
Nas proximidades
Está o chefe,
Eu o reconheço,
Acompanho escondida
Até onde ele vai,
O vejo entrando num barracão,
E dali eu vejo a empresa
Onde eu trabalhava,
Porquê imagino
Que tenha sido demitida.

O encontro se alimentando
Das garotas,
Sim,
Cortando pessoas aos meio,
Dividindo suas partes
E se alimentando delas.
Ele não paga o salário,
Sobrevive dos que encontra,
Olho para aqueles moradores
Ali de perto
E me apiedo.

São seus escravos,
Não possuem vida,
Pertencem a este homem,
E agora eu estou morta.
Vejo ele discutir com a
Mulher que trabalha na limpeza,
Irritar-se com ela,
E a amarrar em uma cadeira,
Depois com ajuda
De três homens
Ele derrama uma cera sobre ela,
E depois algo mais espesso
E faz uns desenhos
Numa espécie de estátua feminina.

A estátua chora sangue,
Eu vi
Quando numa data
Bebi um pouco
E encontrei coragem para ir lá,
Eu a vi na porta de entrada
Da empresa,
Ela sangrava pelo
Aspecto de onde eram seus olhos.

Por sorte,
Meu namoradinho
Passou de moto lá
E me pegou,
Nós fomos embora,
Eu me escondi um pouco,
Decidimos nos casar.

Quando fomos ao mercado
Ver a carne pra festa,
Ele reconheceu o seio
De Lindara a venda
Com a descrição de se tratar
De carne bovina.
Eu senti nojo,
Vomitei e desisti da festa.

Grávida,
Eu temo por nossa família.
Eu troquei meu nome,
Eu uso o sobrenome do meu esposo.
A empresa cresce a cada dia,
Lá sempre há filas
De pessoas levando currículos,
Eu quase não durmo,
Sempre sonho com terra.

Certa noite,
Sonhei que uma caçamba
Derrubava terra em nossa janela,
E que sujava a parede,
Mas meu marido
Limpou usando uma pá,
E eu subi na escada
Com a mangueira de jardim
Para lavar,
E de repente,
Lá no final do bairro
Estava o carro dele.
Eu gritei alto e acordei,
Me abracei nele,
Me agarrei a ele.
Agora não consigo abrir a porta
Ou as janelas...

Brigado

- ah, que lindo que ele é...
Eu disse,
Lá do final da areia,
Vendo ele sentado
Sobre uma pedra
Com o mar a sua frente
E um céu que dantes
Sem limites,
Agora com nuvens.

Eu compreendo o que houve,
O bonito encontra seus limites,
E até o mais perfeito se ofusca
Diante dele,
O garoto mais lindo
Que vi,
Aquele que me conquistou.

Então, eu fui até ele,
Tirei minhas sandálias,
Soltei meus pés na areia,
E quis conhecer cada palmo
Até minha chegada,
Para que não houvessem erros.

O perfeito diante do perfeito,
Um mar de azul até além,
Uma praia de areias até o horizonte,
Um céu correspondente,
E ele...

Caminhei até seu cheiro
Tornar-se irresistivelmente próximo,
Andei até meu coração pulsar
Tão forte
A ponto de quê ele me ouvisse,
Andei até que minhas lágrimas
Tocassem a areia que eu pisava,
Andei tanto que podia
Ter me tornado pedra
A um faiscar de seu olhar,
A uma renúncia de sua fala...

Então, minhas lágrimas
Caíram no mar,
E eu fiquei perto
Tão perto que pude dizer olá.

Mas eu não disse,
Eu senti medo profundo,
Havia um invisível sonoro
Diante de nós dois,
E isto me aterrava,
Contudo, não o amedrontava.

Eu senti meus pés
Serem puxados para o fundo,
A areia se misturava ao mar,
E eu não poderia mais me mover
Em segundos,
Era um passo e estar no seu lado,
Nenhum passo
E ficar ali para sempre.

Então, eu fui.
Pisei na pedra,
Soltei minhas mãos sobre ela
E me puxei.

Ele me olhou sereno
E profundo,
Eu me puxei toda,
E vendo ele sentado
Com a perna esquerda estendida,
A outra não,
Sua mão direita sobre o joelho,
Pernas separadas,
Eu simplesmente me coloquei
Entre seu braço e sua perna.

Naquele vão,
Suspirei e fiquei ali,
Sentada sobre a pedra,
A cabeça sobre sua perna,
As mãos abraçadas nela.

Sentindo seu cheiro,
A maciez de sua pele
E de sua roupa junto ao suor
Se colar em mim,
Vi meu suor grudar-se a ele,
E vi um mar sem fim.

Que já não me fazia suspirar,
Porquê já havia algo de mais bonito,
Mais encantador e cativante,
Mas, foi perfeito ver a vida
Se manifestar naquelas águas,
Tanto quanto sentir seu coração
Pulsar mais forte e vibrante.

Ele acariciou meus cabelos
E sussurrou em minha nuca
Quente e febria por sua carícia:
- brigado!

De nada Mohamed,
Meu coração respondeu,
Eu não soube como
Mas instintivamente
Eu soube seu nome,
Assim como soube
Que aquele azul sem fim
Diante de mim era mar.

segunda-feira, 31 de março de 2025

Carol

Então, outras vez,
Clara se depara com aquele
Homem alto e magro,
De aparência singela,
Sem camiseta,
Corpo com músculos
Salientes,
Calção verde.

Ele fica em pé parado,
Olha todo o redor,
Não adquire nada
E costuma sair sozinho.
-, quando ele me olha,
Me sinto apavorada.

Clara reclama,
Com uma mão na boca
Para ocultar a voz,
Falando para si mesma,
Tentando conter o medo.

Suas pernas tremem,
Então, surgiu uma senhora idosa
Com um carinho
Recheado de compras,
E bate em Clara.

Simplesmente, a moça cai
Sobre o congelador
De frangos gelados
Que estava ao seu lado,
E grita aterrorizada.
Todos a olham:
- Olá, você está bem?

Indaga a senhora
Pegando sua mão
E a ajudando.
- a senhora não me viu?
A moça indagou ferida,
A batida lhe resultou
Roxoes pelo corpo.

- ah, já sou idosa,
Você é quem deveria andar.
A garota ficou pasma.
Ferida e amedrontada,
Recendo um xingamento
Sem precedentes.

Sem dizer nada,
Passou a mão em suas
Roupas
Para ver se não havia nada
Grudado nelas
E saiu.

Não conseguiu comprar nada,
Sentiu muito medo.
Fez a manobra de retorno
No carro e foi-se rápida.
O homem estava parado
No final do estacionamento.

Da mesma forma.
Havia algo seu lado
Um menino,
Feito uma cópia sua.
Só que era uma criança,
Via-se pela estatura
E alguns poucos detalhes.

Magro,
Sem camisa,
Rosto singular,
Calção comprido jeans desbotado.
O rapaz,
Uma criança de aparentes doze anos,
Aproximou-se quando ela passou,
E chocou-se no carro.

- Meu Deus, você está bem?
Ela indagou baixando o vidro.
Havia algumas pessoas atrás
Dela olhando.
O homem fez menção de ficar assustado.
Olhou para ambos.
- me feri nada,
Eu resvalei aqui da calçada
E caí no seu carro.

Ele respondeu
Mostrando a mão ferida.
Ela retirou da carteira
Uma nota de dinheiro
E lhe alcançou:
- eu sinto muito,
Que isto possa lhe ajudar!

Ela disse, ao lhe estender a nota.
O garoto sorriu feliz,
Parecia não sentir dor
Nenhuma,
Contudo estivesse com a mão
Inchada e vermelha.
- cuidado garoto.

Respondeu o homem
E o puxou pelo ombro.
Ela sentiu medo,
Um medo terrível,
Mas acreditou ter visto
Na criança uma ereção,
E no homem também.

O volume em suas roupas
Modificou demais,
Pareceu enorme,
Ela tremeu de medo,
Suou muito,
Tudo se embaçou,
Mas ela dirigiu bem.

Mudou rápida a marcha para sair,
E entrou ligeira na rua,
Um carro em alta velocidade,
A pegou e arrastou ela
Até o acostamento.
Ferida,
Sua perna sofreu escoriações,
E dor, muita dor.

Ela ligou imediatamente para
A seguradora para resolver o acidente,
Porém, a criança iniciou
Uma corrida da estrada de saída
Do mercado até ela,
Ela se apavorou
E saiu do carro com dificuldade,
E correu para longe.

- moça, você não pode
Fazer isto!
Gritou um homem do carro
Que se acidentou com ela.
Ela correu para o meio do asfalto,
Um motociclista rápido
Colidiu nela,
Ela se agarrou a ele,
Sentindo a perna contorcida
De dor.

- me leva embora, cara.
Me leva daqui.
O rapaz a olhou atordoado,
A roda da frente da moto
Retorcida pela batida...
- tá bom, sobe.
Ela subiu na garupa
E foi.

- e o capacete?
Ela indagou próxima
A rotatória.
- só tenho o meu.
Ele respondeu,
E ela foi pra casa,
Sem se medicar
Ou fazer as compras.

Convidou o garoto para entrar,
Ao passar a porta ela agarrou-se
A ele através de sua nuca:
- desculpa, cara.
Não quero ficar sozinha hoje.
E o beijou sem dizer mais nada
Ou importar-se.

Fechou a porta atrás de si,
Puxou com o pé o tapete
Para a frente,
E o despiu levando ele até o chão.
Transou ali,
Deitou-se sobre seu corpo,
Ouvindo seu coração,
Vendo seus músculos
Se contraírem,
Olhando seu rosto modificar-se
Conforme os orgasmos,
Olhando no fundo dos seus olhos.

Em busca de sentimento,
Um pouco de apego,
E sentir-se segura.
Ele a abraçou forte e intenso.
Seu coração batia alto.
Ela esqueceu aquele homem
E aquela criança horrível.
Tão criança em idade,
E da mesma forma desenvolvido
Como homem,
Uma espécie de aberração humana.
O rapaz saiu da casa:
- sou o Maicol.

Eu volto outro dia.
Beijou sua testa e foi.
Dois dias depois,
Carol foi a outro mercado,
Lá iria receber seu carro
Pois ligou para o seguro
E o guincho o buscou
E o arrumou.

Ao cruzar na esquina
Viu Maicol com uma garota,
Entrando em um motel.
Não pode acreditar,
O rapaz com quem acabara de fazer sexo
Estava com outra garota
Aos sorrisos e abraços?
Não só podia ser azar profundo.

Algum tipo de macumba
Maligna,
Lembrou de sua tia Dezere,
A tia lhe pediu uma foto sua
Sem motivação,
E certa vez,
Acreditando que o namorado de Carol
Não prestava,
Dezere foi a um centro de feitiços,
E ganhou instrução.

“ juntou a foto de ambos,
Matou um bode,
Sangrou o bicho numa tigela,
Largou comida para o bicho,
Cervejas,
Bolos,
Bebidas esparsas
E escreveu um bilhete que enquanto o sangue do animal
Estivesse nesta terra
Que ambos não mantivessem relacionamento,
Queimou velas negras,
Vermelhas e azuis”.

Foi a desgraça completa
No relacionamento de Carol,
O rapaz fugiu pra outra cidade,
Assim que Dezire
Passou para marcar sua testa
Com o sangue.
Simplesmente, ele entrou porta
A dentro,
Pegou a jaqueta,
E por anos ela nunca soube
Seu destino.

Mas perdoou Dezire,
Ela se sentiu insegura no relacionamento
Da prima,
Então, fez o que seu coração mandou.
Nisto, Carol deparou-se
Com o homem de calção de volta.
A olhava com atenção,
Ela arrepiou-se,
Do mercado se ouvia Maicol
A toda em seus gemidos
Com a garota do jeans curtinho
E blusa “beije meus seios”.

Sim.
Mesmo tendo sido rápido,
Ela viu bem a garota,
Vestida convidativa.
Enquanto Carol
Usava um camisetas velho,
Preto desbotado da época escolar.
Entrou correndo no mercado,
Seu carro estava no estacionamento,
Pediu ao guarda para pegar as chaves,
Foi fazer compras,
E enquanto se agachava
Para pegar o sabão em pó,
Um homem alto
Bateu contra seu corpo
E a derrubou deitada.

Foi o pior castigo,
A criança pulou nela,
Puxou seu vestido,
Prendeu sua cabeça
Embaixo da estante de sabão,
E forçou ela a fazer sexo.
Ela chorou ao ver
Uma criança sobre ela,
Sentiu destruída
Ao ver aquele pequeno monstro
Metendo seu pênis
Entre suas nádegas.

O homem de calção
Chegou ali,
Viu a cena e riu.
Tirou seu pênis violento
De dentro do calção
E meteu na boca do garoto,
E enfiou dentro de sua garganta.
O garoto fez protesto,
E mordeu,
O homem o chocou contra
A outra parede de compras,
Bateu sua cabeça com força,
O garoto tentou retornar até Carol,
Que sangrava
Com o rosto no chão preso.

E o homem o puxou de volta,
Fazendo ele sangrar,
De repente,
Entrou Maicol no mercado,
Viu ela presa sem ter forças
Para mexer-se.

Foi até ela,
Arrumou sua calcinha,
Puxou seu camisetao,
E puxou sua cabeça,
Abraçando ela
E mantendo contra seu peito.
O garoto começou a gorgolejar,
E depois ficou em silêncio,
Quando o homem de afastou
Ele caiu no chão imóvel.
O homem sorriu,
Mexeu com o pé em seu corpo,
Ele continuou imóvel.

Morto.
Então, o homem pegou o garoto
E saiu com ele em seus braços.
Maicol olhou para Carol
E chorou.
Abraçando ela tão ternamente
Quando sua alma pedia.
Levantou-se com ela,
A manteve andando
Recostada ao seu peito,
Ao sair para fora,
Ouviu-se gritos horríveis
Provenientes do banheiro feminino,
E uma mulher saiu de lá
Com a calcinha
E o calção baixados no chão.

Ela sangrava e gritava:
-um monstro.
Um monstro no banheiro.
O guarda correu até ela.
Tentou ajuda-la.
Surgiu de dentro do vaso
Um homem e este a mordeu
Arrancando carne, merda
E partes da sua genitália.

Carol e Maicol subiram na moto
Para fugir dali,
O mais rápido possível.
Na saída a moça do jeans
Acenou e veio na direção dele.
Carol pulou da moto
Mesmo ela estando em movimento,
Saiu de perto
E foi até seu carro,
Ligou-o e foi em direção de sua casa,
Ao chegar no portão,
Sem ter uma única vez
Olhado para trás
Viu Maicol
Através do espelho retrovisor.
Ela sorriu,
Seu coração saltitou.

Ele veio até ela,
Não a deixou sozinha.
Ela apertou o botão
Para erguer o portão,
Entrou com o carro
E saiu feliz acenando
Para ele entrar.

Ele entrou na garagem,
E ela pulou abraça-lo.
- sinto medo.
Fica comigo,
Por favor?
Pediu ainda abraçada.
- é claro que sim.

Ele disse,
E com sua própria mão
Apertou no botão
Para baixar o portão,
Pegou as chaves da casa dela
Se dirigiu até a porta
E a abriu.

Depois a buscou,
Carol se recostou em seu ombro,
Como se estivesse de luto.
O gatinho de Carol pulou em
Suas pernas e eles deitaram
Juntos no sofá.

Ela estremecia de medo,
Dormia e acordava rápido
Buscando Maicol.
Sim.
Ele estava com ela.

Depois de ela dormir,
Maicol levantou-se,
Saiu fora de casa,
E no pilar de baixo da residência,
Encontrou um objeto saliente,
O puxou e se deparou
Com uma fotografia de Carol
Enrolada em muitos 
Fios de cabelos.

Ele se sentiu assustado,
Correu até ela,
A abraçou de volta.
Apertou-a contra seu peito,
Com o coração aos saltos.

sábado, 29 de março de 2025

Gigi

Passei na floricultura,
Comprei um enorme buquê,
Me escondi atrás daquelas
Rosas vermelhas,
E procurei minha garota.
Marquei o encontro,
Esperei no carro
Estacionado próximo a calçada,
Flores em mãos,
E ela me chamou de lerdo,
Acelerou e foi embora.

Voltei aos estudos,
E não desisti de ser romântico,
Pensei em escrever uma carta,
Mas na minha cabeça
Só vinha o conteúdo pra prova,
E nem posso considerar
Que surgiu tão bem.

Agora as flores estão
Murchando no vaso
Com água,
Mas, eu não sinto
Que ela me julgue tão lerdo.
Sei lá,
Pareceu tão certo fazer isto.

O fato é que,
Pode ser que ela não preste.
Não queira mesmo nada sério,
O cigarro aceso lá no carro,
Queimando no cinzeiro
Me diz isso.

Sabe de algo,
Nunca mais cruzo nem
Naquela rua,
Vou juntar estas flores
E vou jogar na lixeira,
Não há o que pensar
Ou perder o sono.

Ela não é prova pra eu
Me interessar tanto.
A droga,
É que o cheiro dela
Invade minha sala,
Ela parece estar perto,
Eu já estremeço,
Imagina se ela entra pela porta,
Eu já a amo,
Eu sei,
Eu não resisto.

Eu sou fraco por ela,
Ela é como aquele conteúdo
Idiota,
O mesmo que cai todinho
Na prova
Feita para o seu zero.

Eu cansei de tudo
Junto o buquê,
Faço uma fita ao redor
Para fingir que ganhei de alguém,
Chego lá fora,
E ela não está,
Então de onde veio o cheiro?

Entro no carro,
Desisto de pôr tudo na lixeira,
E a busco.
Nem sei que horas são,
E pouco importa a hora.

Olho lá a distância,
Um barzinho aberto,
Minha garota,
E outro cara.
Caramba, de shortinho
Curtinho, dançando na cara dele,
Sobre a mesa.

Eu estagno,
Paro o carro bem em frente,
- caramba,
Que vagina na cara!
Eu digo,
E o buquê me ouve bem.

O rapaz pega uma cerveja,
Eleva lá no alto,
Eu digo:
- porra, isto até parece
Meu pênis.
E o cara desliza
Aquela cerveja lá do alto
No próprio copo,
Consome num só gole.

- que porra toda?
Eu acho que digo pra ela,
Ela tem certeza que
Não me ouve.
Depois vira de costas,
Quica aquela bunda,
Eu implorei que ao menos peide.

Cara, como ele aguenta?
Não a ama.
Choro feito o dia
Em que meu cachorro foi roubado,
Ligo o carro,
Desligo os faróis,
Não quero ser visto,
Vejo um cachorro lá
Só final da esquina,
Acendo os faróis
E pego aquele bicho
No colo.

Parado, eu deixo as flores,
Acendo outro cigarro,
Quase queimou sua orelha,
O devolvo ao asfalto.
Chego no próximo bar,
Compro um vinho,
Retorno ao meu carro,
E ele está lá estacionado
Ao lado de um outro
Em meio a rua.

Um cara passa irritada,
Me joga cerveja na cara,
Eu pego no pênis
Sobre minha calça e digo:
- cara, está é a porra toda.
Lá do retrovisor,
Eu vejo Gigi,
Rebolando na cara do tal esposo,
Só pode,
É coisa séria,
Eu sei que é
Eu a amo.

Gigi joga seus braços
Sobre o ombro do rapaz
Sentado naquela mesa,
E rebola bem devagarinho,
Ele lhe serve cerveja na boca,
E dá uns tapinhas naquela bunda.

Eu vejo que a situação é seria,
É amor.
Gigi não só não aceitou
Minhas flores,
Como nunca mais irá me querer,
Eu não sou capaz de ser como ele.

Este cara é fera.
Nada tarda,
E ela ganha aquele
Beijo molhado de cerveja.
Chega um carro atrás do meu,
Desvia,
Liga os faróis alto,
Buzina,
E eu penso se estou no
Lugar salto.

O rapaz tira uma K47,
E ela rebola no pente,
Definitivamente,
Eu não sirvo para Gigi,
O rapaz retira um cigarro
E acende.

Um rapaz fica sério lá no fim,
Do lado do barman,
O rapaz de Gigi
Ri do rapaz e fala:
- aí, você não dançou?
Dança rapaz.
O rapaz ficou sério .

-ninguém manda em mim.
O namorado de Gigi
Colocou o pente
E atirou.
O rapaz caiu na hora.
Eu liguei o carro
E fui embora,
Faz muito tempo
Que eu não danço.

Me arrependi daquele
Maldito buquê de flores.
O cachorro não se importou
Com aquilo,
Gigi sim,
E não gostou.
Meu vinho fez bem,
Me molhou a garganta,
Eu não chorei,
Românticos não choram,
Só amam demais.

Saí,
Mudei a marcha,
O namorado de Gigi
Estava preparado demais,
E desejado como nunca fui.
O cara no tiro,
É um pênis duro
Que não dorme.

Se eu chegar na garota,
Eu levo socos
Feito um doido,
Casada é casada.
Fui.
Eu confesso
Que entre uma prova
E outra eu espero a Gigi.

Mas, depois de pedir
Um beijo pra ela,
E ela dizer:
- espera.
Eu esperei,
Não achei errado
Pedir o beijo de Gigi
Ali de dentro do carro,
Em plena rua.

O cara achou.
Me desferiu um soco
Em pleno rosto,
Me deixou de nariz quebrado,
E vivo.
- deixa de ser amante o cara!
Ele gritou,
Depois que eu acordei,
Eu liguei o carro
E me preparei para ir,
E ele me meteu a K47
Nas costas.

Eu corri feito um louco,
E a bala pegando,
E eu indo,
E a bala zunindo.
E o cara rindo.
Mandei o carro rio abaixo,
Todo furadinho,
Troquei de carro,
Aluguei apartamento,
E coloquei no meu
Quintal uma plaquinha:
“vende-se”.

Não sou tigrão
Para viver do cheiro da Gigi não.
Toquei um punhetaço,
Dentro do carro,
Por trás do vidro fechado
E escurecido,
Limpei numa rosa vermelha ,
E joguei no pátio de Gigi
E fui para outro bairro,
Cara,
Nunca mais Gigi.

Susie

Encontro marcado,
Eu cuido o relógio,
Conto os ponteiros,
Abro a parte de trás,
- ah, poxa, funciona ainda?

Parece que sim,
Retirando a bateria
Ele não roda nem um pouco,
Então, me adapto ao seu modo.

Rolo um pouco os ponteiros,
Corro até a calçada.
- não, ela não veio.
Retorno.
Mudar o tempo
Não deu em nada.

Eu digo o oposto do que sinto:
- caramba, você atrasou?
Está me enganando?
Olha, nem me importo,
Vou passear na loja próxima.

A garota suspira,
Meu coração para,
Será que desistiu?
Que droga.
Corro até a esquina,
E retorno.

- droga garota,
A loja fechou.
Vai chover.
E você vem?
Eu soo inseguro,
Mas é só fachada,
Por dentro eu sei o que sinto,
Mas e ela?

- eu... Estou indo.
Eu sorrio,
Desligo o celular.
Me sinto livre e feliz,
Saltito na entrada
Daquele parque,
Corro um pouco,
Depois me sento
No banco a espera-la.

Nem o tempo apagará,
Nunca,
Colho um galho,
Plantou ao lado do banco,
Faz sol intenso,
Com nuvens e pouco vento.
Vejo uma garota estapear
Um rapaz,
Sorrio e por dentro eu tremo.

- nunca em minha vida
Eu cheguei a te amar.
Ela grita pra ele,
E sai,
Não fiz mais nada.
Eu sinto muito,
Muito medo.
O tempo é muito vagaroso.

- eu digo o oposto do que sinto,
Pra que de uma vez você entenda,
Que nunca em minha vida
Eu cheguei a te amar.
O barzinho logo a frente,
Ouviu o rapaz responder,
O garoto baixa a viola,
Dá duas batidas no microfone,
E sai para fora.

Ela olha o rapaz
E joga um beijo imediata,
E o garoto vem,
Tudo parece ilusório
E desmedido,
O ex que ficou pasmo,
Mexe em seus cabelos negros
Mas não estapeia o outro.

Só faz um sinal
De foda-se e parte.
Liga o carro,
Faz marcha ré,
Bate no detrás,
Que é o meu e some.

- oh, cara.
Me leva pra casa?
Eu grito na correria.
- me pega no colo.
A garota responde lá de trás.

Eu me viro e o cara
Pega a rua,
Sozinho.
Eu me sinto desorientado.
Chega a minha garota,
Susie.

De mini saia vermelha,
E salto altíssimo,
Com o rebolado de uma deusa,
Chegando,
Um cara passa de carro,
E dá um tapa
Naquele rabetão,
E ela dança.

Dança feito uma criança,
Eu amo estes movimentos,
Susie dança ali no bar,
Com aquele cara namorador,
As vezes ela canta,
Aí ele apenas toca a viola.

Ali no muro em frente a árvore,
Eu puxei seu nome,
Mas no restante da cidade,
Onde vi em diversos muros,
Eu não sei quem foi,
Mas seu que ela tem Deus fãs,
Como eu que a amo,
Mas a curto demais.

Então, eu vou até lá,
Imaginei meu orgulho,
A garota que canta como
Uma rainha,
É minha,
Ela me abraça
Com todos os seus movimentos.

- oh, oh Susie.
Eu lhe digo,
E sinto que é como
Se transassemos,
- talvez algum dia,
A gente chegue até o fim.

Mas, com outro eu nunca a vi,
O garoto do bar segue,
Abraçado aquela outra,
O ex dela passa por eles,
Faz uma manobra arriscada.

Queima os pneus no asfalto
E vai.
Por algum motivo
Eu tenho a certeza
De nunca mais receber
A minha frente do carro batida.

Susie ri.
Para ela tudo parece tão simples,
Então, eu olho seu rosto,
E tudo fica fácil.
Eu não choro,
Nem ela.

A levo em meus braços,
Nos sentamos no banco.
Um ao lado do outro.
Olhando para seu sorriso,
Eu penso que os anjos,
A vendo,
Teriam sonhos,
Mesmo eles.

E eu, os tenho e muito.
Tentou um beijo,
Ela desvia.
Eu suspiro,
Passo o braço em seus ombros,
Contemplo as nuvens vindo.

Pode ser que eu me canse
De buscar Susie,
Ou a tendo desiste
Te pedir seu beijo.
Pode ser que meu pressentimento
De que os anjos adorariam-na
Como eu chegue algum dia.

Mas, neste momento.
Ficar ao seu lado
É tudo que quero e sonho.
-eu vou ficar aqui,
Com você.
Susie me diz,
Do nada,
Como se soubesse o que
Eu penso.

Eu sei que a noite
Vai prometer
Os melhores momentos.
Ver Susie dançar
No barzinho,
Quem sabe abraça-la
Em cima do palco.

- eu vou ficar aqui
Com você.
Eu lhe digo
E belisco sua coxa
Quase nua na saia vermelha.
- você me chamaria,
Ou viria me beijar
Lá na plateia do bar,
Susie?

Eu indago,
Não há custo
Obter a resposta
Que tanto quero.
- ah, eu não faço isso.
Mas, ela fez.

Chegou as seis,
Ela entrou lá,
Tudo mudou,
Chegou muita gente,
Ela desceu lindamente de lá,
Estendeu sua mão para eu,
Eu levantei a peguei,
Então, ela desceu
E me deu um abraço.

Eu fiquei pasmo,
Sorri feito um anjo.
Meu coração encheu-se
De alegrias sem fim.
Ela pegou minha carteira,
E eu lhe disse:
- garota, leva a minha vida.

Ela sorriu
E beijou meu rosto.
Subiu no palco e arrasou.
Dançou como apenas
Susie sabe fazer.

Pois, quem curte
Aquele lugar tanto quanto eu
Sabe nem,
Não há outra como Susie.
Ela é magnífica,
Esplendorosa garota.

Amanheceu e sentado
Neste jardim inglês,
Espero o tempo passar,
Trazer a noite,
E o entregador
De pizza me trazer o jantar.

Susie vai dançar,
Eu daqui a vejo pelo vidro
Iluminado.
Dançar feito rainha,
Ouço sua voz de sereia.

E já penso que não sairei daqui
Nunca mais,
-sigo sentada no jardim inglês.
Eu falo alto,
Colho uma flor,
Compro um regador,
Molhou aquele galho
Que plantei e espero Susie.

Ódio

- então, pai.
Você me negou dinheiro.
Me negou a roupa,
E até a comida.
Ela gritou, desesperada.

Então, pegou um tronco
De madeira canela,
Ergueu ao alto
E o soltou no chão
Com raiva e desprezo.

Seu pai chegou por trás dela,
Irritado, pois estava
Sentindo-se assim desde antes.
- você fingiu que este tronco
Sou eu?
Ele gritou.

E juntou uma corda
Ao mesmo tempo do chão,
Dobrou-a,
E soltou a toda prova sobre suas costas.

- se dobre,
Se dobre que sou seu pai!
A coluna dela pendeu,
Ela desejou em seu coração,
Se ajoelhar naquela sujeira,
Então, elevou a cabeça
Para os céus e não cedeu.

- vagabunda,
Você não trabalha pra ganhar nada!
E soltou outra vez a corda,
Desta vez contra sua cabeça.
O barulho da corda
Rápido e feroz foi ensurdecedor.
Sua coluna teria estalado
Se fosse possível ouvir.

Seu coração teria voado
Para fora do peito,
Se ela não tivesse seus ossos,
Ainda intactos,
Ou ao menos não tão rachados.

Depois de dar alguns passos
Para a frente sem correr,
Pedindo a Allah forças
Provenientes do céu
Para não chorar,
Odiando a si mesma
Por ser tão fraca.

Sentindo o rosto queimar,
A pele toda arder,
Ela virou-se para trás e não o viu.
Ele estava de costas,
De calção verde e comprido,
Costas nuas e bronzeadas
Pelo sol.

Passou um resquício de ódio
Terrível nela,
Ela desejou correr
E escoiceá-lo,
Sonhou vê-lo comendo
A terra daquele chão,
Mas, olhou outra vez
Para o céu que agora
Estava nublando
E trazendo a noite.

E não o fez.
Juntou aquele tronco
E o jogou,
Esperou a corda,
Ela não veio,
Chutou o tronco
E sentiu o pé se partir ao meio,
Tudo doía,
Até a vagina.

Maldita vagina
A tudo queria doer.
Depois agachou-se,
E a corda veio,
Contra sua cabeça,
Ela não notou,
Pensou que era ainda a dor.

Desferiu socos
Feito uma louca naquele tronco,
Então, ele a pegou pelos ombros,
E a puxou no chão sujo
De terra, folhas, pedras e gravetos,
Ela ficou aterrorizada,
Seu corpo tremeu violento,
A bexiga pareceu se apequenar,
E depois foi como se explodisse.

O útero pareceu voar para a frente,
E o coice veio,
De seu pai e em cheio.
Ela já chorava,
Ela não viu nada,
Só sentiu:
-ah.

O ah, ecoou,
Saiu de dentro dela,
E foi até o céu,
Até o outro lado do rio,
Pareceu retornar de lá,
Demorado e voltar contra
Seu peito,
E veio a dor.

Profunda dor em seus braços,
Ela sentiu tudo muito quente,
Como se as lágrimas tivessem cor,
Sentiu cheiro de sangue,
- Marli, aonde está minha suiteira?

Ele indagou
Indo em direção ao paiol
A procura do objeto de tortura.
Ela veio correndo até lá
Procurar.
Ao ver a mãe de camiseta branca,
Comprida e grande,
A viu de negro por baixo,
Uma calça talvez,
Sentiu-se cega do olho direito,
Não via mais como antes.

A mãe procurou e encontrou.
Ela caiu sobre as pernas ajoelhadas,
Naquele instante,
Ela não quis apanhar.
Mas, ele sim.

Então, chacoalhou a suiteira
No céu,
Três vezes,
O barulho foi pior,
Sua barriga pareceu
Se desprender e cair na terra,
Ela desejou beijar a terra.

Mas, ergueu a cabeça pro céu,
E levantou-se,
A suiteira pegou em seus braços,
Fez barulho.

- aham.
Veio o gemido,
Depois, pegou outra vez,
Sobre suas costas.
- ahn.

O gemido enfraqueceu,
Seu ânus pareceu rasgar-se,
A buceta pareceu saltar
Para fora de suas pernas,
E uma dor estranha invadiu-a.

Então, ele ofereceu a mão,
E mandou que a beijasse,
- peça perdão.
Ele disse.

Ela baixou a cabeça
Para que ele arrancasse ela
Do pescoço
Através da suiteira.
De lá de trás o irmão gritou.

- perdão, pai.
Perdão, EU pequei.
Se jogou ajoelhado na terra,
Com força,
Andou pra frente.
O pai olhou o filho chorando,
E parou.

Ela continuou
Com a cabeça baixa.
Odiou a si mesma
Por ter sentido medo,
Ter pedido a morte,
Ela não lutou contra a própria vida,
Ela não o enfrentou,
Não teve forças
Para entrar em combate.

Olhou para o chão
E se viu ajoelhada.
Odiou-o com toda vida,
Mas não conseguiu falar,
A língua parecia enrolada.
Levantou-se,
Odiando tudo,
Odiando a si própria.

Pegou o tronco outra vez,
E o soltou.
Sentiu o dedo indicador
Esquerdo se quebrar,
Ou não,
Porquê havia apenas a dor.

Ergueu-se,
- então, este ali é você agora!
Ela gritou.

Correu até um tronco
De louro que estava plantado,
Se jogou contra ele
Com os dois pés,
Aí caiu de joelhos,
Juntou as duas mãos
E desferiu socos sem parar,
Desejou arrancar ele da terra,
Desejou explodir.

Sentiu a coluna explodir
Contra aquele tronco,
De repente,
Seu pai estava ali
Em pé
A segurando com a mão esquerda
No ombro esquerdo.

Com única mão,
E único aperto,
Ela viu todo o corpo se enrijecer.
E dor.
Muita dor.

Levantou e saiu.
- você vai precisar de um homem
De ferro para te segurar.
O pai gritou.
Ela andou até o quarto,
E caiu sobre a cama.

Anos passaram,
Homens a tocavam
Da mesma maneira,
Fortes demais,
E os filhos entraram
Em seu corpo
E saíram dele da mesma
Maneira,
Rápidos e esmigalhados.

Olhou para os céus,
E casou-se,
Aquele quis lhe meter o filho,
Deu-lhe uma cabeçada
Na hora do impulso sólido
Do amor tórrido,
Feriu-se.

O filho também,
Saiu dali como veio.
A cada tentativa
De pôr o filho,
Erguia-se dela o medo,
E o ódio,
Os dois juntos,
O rapaz perdeu um osso,
Três dentes,
Os cabelos...

Ela encontrou um amigo,
Levou os beijos
Do cara de volta pra casa,
O marido entrou em inflamação,
Foi perdendo os sentidos,
Mas a amava,
Insistia nos filhos,
Entrava violento,
Saia igual veio,
Rápido e feroz.

Um dia,
Sem mais,
O rosto todo dele caiu,
Inflamado e aterrador,
Ele foi sair da cama,
E apoiou-se no osso de sua vagina,
Levou uma mão na cara,
Caiu no chão ao lado
Da cama.

Decidiu fazer um rosto
De ferro,
Desenhou bem certo seus contornos,
Olhando o rosto dela,
Buscou um melhor,
Fez os contornos mais perfeitos,
Colocou um pouco
De ouro,
E diamantes nos dentes.

Tocou-a com toda calma,
Ela não reconhecia isto,
Um dia o esposo caiu,
De cara no chão,
Implorando que ela fosse dele,
Lhe desse afeto,
O ferro estava pesado,
Ele não conseguia erguer-se,
De cara no chão,
Boca em seus pés,
Não elevava-se.

Esperou por sua misericórdia,
Seu amor,
Ou um sorriso que fosse,
Neste dia de sua espera,
O ódio a dominou
E ela foi embora,
Nunca mais o viu.

Mas creu que o rosto de ferro,
No mínimo havia se deteriorado,
Devido a posição mantida
Por muito tempo,
Então, o vendo entre o povo,
Também não o reconheceria,
Tampouco o procurou.

A Desaparecida

Senhora Mariane Cansou-se, Esperar ao lado Do telefone Não bastava. Pegou as chaves Do carro, Nem avisou o esposo Qu...