- então, pai.
Você me negou dinheiro.
Me negou a roupa,
E até a comida.
Ela gritou, desesperada.
Então, pegou um tronco
De madeira canela,
Ergueu ao alto
E o soltou no chão
Com raiva e desprezo.
Seu pai chegou por trás dela,
Irritado, pois estava
Sentindo-se assim desde antes.
- você fingiu que este tronco
Sou eu?
Ele gritou.
E juntou uma corda
Ao mesmo tempo do chão,
Dobrou-a,
E soltou a toda prova sobre suas costas.
- se dobre,
Se dobre que sou seu pai!
A coluna dela pendeu,
Ela desejou em seu coração,
Se ajoelhar naquela sujeira,
Então, elevou a cabeça
Para os céus e não cedeu.
- vagabunda,
Você não trabalha pra ganhar nada!
E soltou outra vez a corda,
Desta vez contra sua cabeça.
O barulho da corda
Rápido e feroz foi ensurdecedor.
Sua coluna teria estalado
Se fosse possível ouvir.
Seu coração teria voado
Para fora do peito,
Se ela não tivesse seus ossos,
Ainda intactos,
Ou ao menos não tão rachados.
Depois de dar alguns passos
Para a frente sem correr,
Pedindo a Allah forças
Provenientes do céu
Para não chorar,
Odiando a si mesma
Por ser tão fraca.
Sentindo o rosto queimar,
A pele toda arder,
Ela virou-se para trás e não o viu.
Ele estava de costas,
De calção verde e comprido,
Costas nuas e bronzeadas
Pelo sol.
Passou um resquício de ódio
Terrível nela,
Ela desejou correr
E escoiceá-lo,
Sonhou vê-lo comendo
A terra daquele chão,
Mas, olhou outra vez
Para o céu que agora
Estava nublando
E trazendo a noite.
E não o fez.
Juntou aquele tronco
E o jogou,
Esperou a corda,
Ela não veio,
Chutou o tronco
E sentiu o pé se partir ao meio,
Tudo doía,
Até a vagina.
Maldita vagina
A tudo queria doer.
Depois agachou-se,
E a corda veio,
Contra sua cabeça,
Ela não notou,
Pensou que era ainda a dor.
Desferiu socos
Feito uma louca naquele tronco,
Então, ele a pegou pelos ombros,
E a puxou no chão sujo
De terra, folhas, pedras e gravetos,
Ela ficou aterrorizada,
Seu corpo tremeu violento,
A bexiga pareceu se apequenar,
E depois foi como se explodisse.
O útero pareceu voar para a frente,
E o coice veio,
De seu pai e em cheio.
Ela já chorava,
Ela não viu nada,
Só sentiu:
-ah.
O ah, ecoou,
Saiu de dentro dela,
E foi até o céu,
Até o outro lado do rio,
Pareceu retornar de lá,
Demorado e voltar contra
Seu peito,
E veio a dor.
Profunda dor em seus braços,
Ela sentiu tudo muito quente,
Como se as lágrimas tivessem cor,
Sentiu cheiro de sangue,
- Marli, aonde está minha suiteira?
Ele indagou
Indo em direção ao paiol
A procura do objeto de tortura.
Ela veio correndo até lá
Procurar.
Ao ver a mãe de camiseta branca,
Comprida e grande,
A viu de negro por baixo,
Uma calça talvez,
Sentiu-se cega do olho direito,
Não via mais como antes.
A mãe procurou e encontrou.
Ela caiu sobre as pernas ajoelhadas,
Naquele instante,
Ela não quis apanhar.
Mas, ele sim.
Então, chacoalhou a suiteira
No céu,
Três vezes,
O barulho foi pior,
Sua barriga pareceu
Se desprender e cair na terra,
Ela desejou beijar a terra.
Mas, ergueu a cabeça pro céu,
E levantou-se,
A suiteira pegou em seus braços,
Fez barulho.
- aham.
Veio o gemido,
Depois, pegou outra vez,
Sobre suas costas.
- ahn.
O gemido enfraqueceu,
Seu ânus pareceu rasgar-se,
A buceta pareceu saltar
Para fora de suas pernas,
E uma dor estranha invadiu-a.
Então, ele ofereceu a mão,
E mandou que a beijasse,
- peça perdão.
Ele disse.
Ela baixou a cabeça
Para que ele arrancasse ela
Do pescoço
Através da suiteira.
De lá de trás o irmão gritou.
- perdão, pai.
Perdão, EU pequei.
Se jogou ajoelhado na terra,
Com força,
Andou pra frente.
O pai olhou o filho chorando,
E parou.
Ela continuou
Com a cabeça baixa.
Odiou a si mesma
Por ter sentido medo,
Ter pedido a morte,
Ela não lutou contra a própria vida,
Ela não o enfrentou,
Não teve forças
Para entrar em combate.
Olhou para o chão
E se viu ajoelhada.
Odiou-o com toda vida,
Mas não conseguiu falar,
A língua parecia enrolada.
Levantou-se,
Odiando tudo,
Odiando a si própria.
Pegou o tronco outra vez,
E o soltou.
Sentiu o dedo indicador
Esquerdo se quebrar,
Ou não,
Porquê havia apenas a dor.
Ergueu-se,
- então, este ali é você agora!
Ela gritou.
Correu até um tronco
De louro que estava plantado,
Se jogou contra ele
Com os dois pés,
Aí caiu de joelhos,
Juntou as duas mãos
E desferiu socos sem parar,
Desejou arrancar ele da terra,
Desejou explodir.
Sentiu a coluna explodir
Contra aquele tronco,
De repente,
Seu pai estava ali
Em pé
A segurando com a mão esquerda
No ombro esquerdo.
Com única mão,
E único aperto,
Ela viu todo o corpo se enrijecer.
E dor.
Muita dor.
Levantou e saiu.
- você vai precisar de um homem
De ferro para te segurar.
O pai gritou.
Ela andou até o quarto,
E caiu sobre a cama.
Anos passaram,
Homens a tocavam
Da mesma maneira,
Fortes demais,
E os filhos entraram
Em seu corpo
E saíram dele da mesma
Maneira,
Rápidos e esmigalhados.
Olhou para os céus,
E casou-se,
Aquele quis lhe meter o filho,
Deu-lhe uma cabeçada
Na hora do impulso sólido
Do amor tórrido,
Feriu-se.
O filho também,
Saiu dali como veio.
A cada tentativa
De pôr o filho,
Erguia-se dela o medo,
E o ódio,
Os dois juntos,
O rapaz perdeu um osso,
Três dentes,
Os cabelos...
Ela encontrou um amigo,
Levou os beijos
Do cara de volta pra casa,
O marido entrou em inflamação,
Foi perdendo os sentidos,
Mas a amava,
Insistia nos filhos,
Entrava violento,
Saia igual veio,
Rápido e feroz.
Um dia,
Sem mais,
O rosto todo dele caiu,
Inflamado e aterrador,
Ele foi sair da cama,
E apoiou-se no osso de sua vagina,
Levou uma mão na cara,
Caiu no chão ao lado
Da cama.
Decidiu fazer um rosto
De ferro,
Desenhou bem certo seus contornos,
Olhando o rosto dela,
Buscou um melhor,
Fez os contornos mais perfeitos,
Colocou um pouco
De ouro,
E diamantes nos dentes.
Tocou-a com toda calma,
Ela não reconhecia isto,
Um dia o esposo caiu,
De cara no chão,
Implorando que ela fosse dele,
Lhe desse afeto,
O ferro estava pesado,
Ele não conseguia erguer-se,
De cara no chão,
Boca em seus pés,
Não elevava-se.
Esperou por sua misericórdia,
Seu amor,
Ou um sorriso que fosse,
Neste dia de sua espera,
O ódio a dominou
E ela foi embora,
Nunca mais o viu.
Mas creu que o rosto de ferro,
No mínimo havia se deteriorado,
Devido a posição mantida
Por muito tempo,
Então, o vendo entre o povo,
Também não o reconheceria,
Tampouco o procurou.
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