terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Separação


Atitudes drásticas, sem embasamento necessário,

São dignas de uma pessoa que pensa muito pouco,

Ou que sinceramente, foi capaz de beijar sem sentimento,

Virar as costas e ir embora, fechar a porta com um estalo,

Como se gritasse aos quatro cantos, brigamos, acabou tudo,

Foi insuficiente o que nos levou a ficar juntos,

 

Todas as juras que ele me fez, todas as provas de amor,

Jogadas no lixo, como a caixinha de cartas que foi ao lixo,

Uma vida resumida em poucos gritos,

Alguns espasmos entre soluços de um choro contido,

O fim chegou, acabou tudo, não lamente, não erramos,

Simplesmente não deu certo, foi pouco tempo vivido,

 

Semanas ou meses distantes e já teremos esquecido,

Com certeza, talvez possa haver algo em nós de sofrimento,

Mas lhe juro, se a saudade vier, não perdurara por um ano,

Nunca houve amor entre nós, tudo que juramos um para o outro,

Você sabe, nunca passou de mentira, sim mentimos,

Não se sinta frustrado, nunca passou disso, um sonho falso,

 

Um sorriso incontido, um desejo de cruzar nossos destinos,

Passos em falsos rumo ao inseguro, não duraria mais que isso,

Foi bom, acabou, tudo certo, para quê viver de lamentos?

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Eu apenas concordava, por mais que pudesse parecer louco,

Eu a amei com toda a alma, me dediquei a ela, ao menos um pouco,

Ela simplesmente, briga, junta as roupas se despede sem um beijo,

 

Grita para que todos possam ouvir nossos segredos,

Me dilacera a alma, abusa de tudo, até por eu ter acreditado,

Me joga na cara meias palavras, frases avessas aos ouvidos,

Por Deus fosse para sofrer dessa forma, nunca antes tivesse amado,

Tivesse cruzado outro caminho, usado outra roupa, nunca tivesse sorrido,

Agora ela ria de mim, eu que a amei com o sentimento mais humano,

 

Talvez tenha chegado a me trair, que me importaria ter estado com outro,

Se entre quatro paredes, nunca foi suficiente estar conosco,

Estar presente no mesmo ambiente em que estávamos,

Ficar tranquila, sonhar um sonho a dois, ao meu lado,

Eu nunca a sentia junto a mim, mesmo no abraço mais apertado,

Eu sempre a senti se esquivar, ao menos um pouco,

 

Demorei para acreditar nisso, preferi duvidar de mim mesmo,

Mas agora tudo estava transparente e nitidamente pálido,

Feito um fantasma fazendo dos meus sonhos meros pesadelos,

Entre gritos desmedidos, ela abusou de mim, brincou com meus medos,

Ainda sujou meu nome em conversas vazias, contaram os amigos,

Eu a perdoei, conversei com ela, dei credito ao nosso diálogo,

 

Agora, ela havia feito as malas, com um taxi a esperar ao lado,

Nem mesmo me permitiu saber do seu paradeiro,

Para que a conduzisse até o endereço requerido,

Se nunca havia me amado, tudo bem, não pretendo abusar disso,

Mas esconder-se de mim, espalhar boatos aos vizinhos,

Eu a cedi um espaço em minha casa, eu cavei um vazio no meu peito,

 

Onde a guardei com todo o amor e agora a arrancaria de todo jeito,

Ela ousou, com aqueles olhos chorosos, - álibi dos seus desejos- ,

Abusar da confiança com a qual resguardei-a em meu abraço,

Fiz tudo que podia, tudo que estava no meu alcance, é claro,

Posso ter cometido algum erro, mas nunca cheguei a ser agressivo,

Ela, tantas e tantas vezes, brigou de unha, socos e mais um pouco,

 

Eu me sentia feito um louco, incapaz de reprimir, frustrado,

É difícil reagir quando se está demasiado estressado,

Eu preferia fugir de tudo aquilo, me trancar no escritório,

Nunca fui capaz de ousar feri-la, nunca fiz mais que acariciar seu rosto,

Uma louca a definiam, mas eu me neguei a acreditar nisso,

A amava, queria cuida-la, protege-la, cumprir com meu dever de marido,

 

Fazer tudo isso, dar tudo de si e chegar ao fim sem ser correspondido?

Me sinto deprimido, caído no vazio de um chão frio,

Talvez, eu não devesse ter me apaixonado tanto,

Quem sabe, nunca deveria ter amado desse jeito desmedido,

Me traiu como homem, não cumpriu com nosso juramento,

Agora, simplesmente, fecha a porta e vai, me trai como marido,

 

Eu gostaria de chorar, me sinto fraco, braços caídos,

Imóveis ao lado do meu próprio corpo, sem forças, padeço,

Como fui cair nessa armadilha de amor, que não mereço?

Me embriaguei em seus beijos até perder-me em seu corpo,

Hoje já nem sei quem sou eu e como eram meus passos,

Andar sozinho pela rua, sabendo de todos os comentários,

 

Ah doce amor, como pudesse ser assim tão traiçoeiro,

Por ti morreria envenenado e de ti hoje estou sobrecarregado,

Tirasse você inteira de mim, sobraria pouco para ser mantido,

Nunca fui o bastante para nós dois, reclamava do meu trabalho,

Que não conseguia sustentar a casa, os desejos, pois ganhava pouco,

Depois reclamou que eu vivia a trabalhar o tempo inteiro,

 

Nunca senti que estivesse satisfeita, nunca, nem um pouco,

Que desconsolo, dar amor e receber como retribuição o desgosto,

Hoje não sei seu telefone, que lugares frequenta ou seu endereço,

E por que teria que saber, não abriria a porta nem mesmo em seu retorno,

Ela jogou tudo fora, não sou capaz de aceitar arrependimento,

Basta o que eu sinto a me ferir com mão espalmada, dilacerar cada pensamento,

 

“Sonhei com nós”, ela mentia, me perdoarei por ter acreditado,

Mas não me perdoaria se aceitasse suas desculpas, como é costumeiro,

Ela vai embora, bate com toda a força a porta, me fere por dentro,

Me sinto trêmulo, vejo estremecer meus sonhos até vê-los espalhados,

Caídos ao solo seco, quebrados em mil pedaços, sem concerto,

Ela vai embora, depois volta com desculpas esfarrapas e eu, fui o tolo...

Meu Erro

Eu entreguei meus sentimentos através de uma promessa,

Nunca deixaria de honrar com a minha palavra,

Disse a ela, que entristecida, se recusava a me ouvir,

Permanecia calada, inerte, parecia que nem estava ali,

Estivesse onde estivesse, apenas desejei naquele instante,

Que não fosse longe demais ficando fora do meu alcance,

 

Eu sou austero, às vezes, impiedoso, me excedo nas palavras,

Mas em gestos, excesso algum, ela sabe que nunca houve,

Como farei para que me ouça se tudo que digo não a comove,

Será que pode ter me esquecido, nunca fui de perdoar erros,

Por isso, sempre fiz todo o possível para evita-los,

Então, por que ela fica tão arredia, será que cansou de nós?

 

Eu a amo, a desejo com toda a alma, na mesma intensidade de outrora,

Como reagiria se tivesse ela, abandonado nosso amor ao acaso,

Ou talvez, nem gosto de cogitar a ideia, ela, tenha me esquecido?

Esquecido, abandonado dentro da própria casa, por quem mais ama?

Como reagir a esta situação, como iniciar uma conversa dessas?

Terei que pensar, não posso deixar tudo perder-se feito os móveis pela casa,

 

A cada hora em um lugar diferente, como se ela se sentisse insatisfeita?

Me recuso a acreditar que possa perde-la, depois de tudo que vivemos,

Nunca ousei cogitar esta possibilidade, por teme-la em demasia,

Mas na noite passada, quando ela se pegou a chorar sem dizer nada,

Não procurou meu abraço, não disse o boa noite ao deitarmos na cama,

Eu a abracei mesmo assim, dormi entre seus cabelos macios,

 

Não consigo nem imaginar a ideia de perde-la, a amo e muito,

Nunca quis outra, nem iria querer, ela é tudo para mim, a amo, apenas isso,

Nunca fui tão bom com as palavras, no que se refere ao amor,

Sinto tamanha dificuldade em me expressar, mas me esforço,

Faço o possível e farei ainda melhor, não aceitarei um adeus tácito,

Ver morrer o amor que apenas imaginei viver em meus sonhos,

 

Nunca escondi de ninguém o amor que sentimos um pelo outro,

Nunca cogitei haver insegurança entre nós dois,

Mas posso ter errado, vou tomar uma atitude diferente,

Deus me livre de ver aquela porta fechar-se,

E eu nunca mais ter notícias dela, não sei o que faria,

 

Mas temo que ela não me aprovaria, bem sabe,

Que sem ela eu não sei viver, mas espero que sem mim ainda viva,

Lágrimas molham minha face, lembro de termos dito um ao outro,

Que não, nunca sobreviveríamos sozinhos,

Não posso fazer nenhuma besteira, é difícil admitir um erro,

Mas é inadmissível perde-la, ainda podemos ter nossos filhos,

 

Temos tantos sonhos juntos, não é possível que ela tenha esquecido,

E ainda se recuse a me dizer o porquê, sei que quando está nervosa,

Ela prefere pensar um pouco, mas seu silêncio afronta meus medos,

Não a deixei dormir tanto, a cada passo a acordava,

Senti medo que ela abandonasse a vida e me deixasse sozinho,

Não posso chamar o que vivi de noite, mas sim de pesadelo,

 

Muito pior do que aqueles em que sombras puxam seus pés,

Senti que abriam minhas mãos e a tiravam de mim, pelo vão dos dedos,

Lembro de me enroscar forte em seus cabelos, abraça-la, sem receio,

Trouxe comigo alguns fios que encontrei presos na escova,

Comprarei um medalhão, os guardarei lá dentro, tenho nossa foto na carteira,

Buscarei um em formato de mundo, para representar nosso amor,

 

Que do instante em que nos conhecemos, se tornou tudo,

Fez de segundos a hora mais importante em minha vida,

Comprarei também um para ela, logo será seu aniversário,

Ela vai acreditar que estarei presenteando-a adiantado,

Espero que se sinta feliz, precisamos muito conversar,

Pedirei a ela para juntar nossos fios de cabelo em um laço,

 

Como se fossem meus braços a abraça-la pela noite toda,

Eu gosto de ser um romântico a moda antiga,

Ela me aprovou dessa forma, sempre me admirou por isso,

Não me importaria com nada mais além de reconquista-la,

Mil vezes mais se fosse preciso, tudo bem ela estar nervosa,

É só um momento difícil, tenho certeza de que irá passar,

 

Que coisa horrível, sentir-se um intruso dentro da nossa própria casa,

Ver-se questionado por sua forma de amar,

Ver tudo que fez esvair-se comparado ao nada,

Pior que tudo isso seria ver nosso amor se acabando e não fazer algo,

Me questiono, se a sua maneira ela também esteja gritando por socorro,

Sei que com um pouco de diálogo, nos entenderemos,

 

Ainda vejo brilhar nos olhos dela a fagulha do amor,

Aquele que nos uniu e nos manterá juntos, para sempre, eu espero,

A amo, gostaria de saber qual foi o meu erro,

Pedir perdão, me redimir do que for preciso,

Fosse pouco o nosso amor não a guardaria comigo,

Me permito o silêncio, também preciso refletir sobre o assunto,

 

Quisera eu, que meus pensamentos aceitassem este desafio,

Inquietos, desejosos, só querem vê-la comigo, descarto a distância,

Em quilometragem, em sentimentos ou qualquer outra...

Carta a Mão

 
Vou corrigir minha falha, sim admito, houve um erro,

Por um deslize bobo, hoje pago um preço alto,

Escrevo esta carta com minha própria letra,

Ao final, não esquecerei de por minha assinatura,

Peço, então que sinta-se segura quanto ao que sinto,

Pois do tanto que a admiro, que a tenho em meus pensamentos,

 

Não conseguirei definir uma vírgula ao menos,

Minhas palavras embora repetitivas, nunca foram falsas,

É difícil expor um grande amor, quanto se ama tanto,

E sente dentro de si mesmo, um temor horrível de vê-la partir,

Digo isso com voz honesta e séria, apesar de não poder ver meu rosto,

Acredito que possa extrair isso a partir destas linhas

 

Que com tanto sentimento expresso meu carinho,

Espero que se lembre da sinceridade dos meus atos,

Para conquistar-te não moveria um único dedo,

Fosse incerto tudo que sinto em cada vez que a vejo,

Gostaria de chama-la a lembrança, da vez em que levantei a mão

Para acariciar seu rosto, aquele dia, a toquei com o coração,

 

Tive medo que se assustasse com meu entusiasmo,

Que não soubesse expressar o que sentia através da minha voz,

Tão rouca e falha naquele crucial momento,

Não ousei pedir-lhe um beijo, mas o desejei em cada segundo,

Não ousaria afrontar o momento, me exceder em fatal desejo,

No néctar de um beijo me arriscar ao gosto amargo do adeus,

 

Embora tenha acreditado contemplar no brilho dos seus olhos,

Como se fosse desenhado a mão em seu rosto, que retribuía o sentimento,

Por não ter duvidado disso em nenhum segundo, é que me atrevo a escrever-te,

Acredito que possa existir uma chance para este amor sublime,

Acredito em nós dois com um quê de inseguro, que me leva a desejar estar perto,

Querida é certo que se você estivesse do meu lado,

 

Nunca teríamos porque discutir ou criar tormentos desnecessários,

Gostaria de motivar razões para que você retribuísse meu amor,

Mas acredito que para ser amor deve ser espontâneo,

Eu poderia passar o restante do dia aqui a te expressar porque a amo,

Feito a chuva que em finas gotas caem na janela, eu a expressaria,

Sendo cada gota uma razão, e acredite: poderia secar o mar nessa hora,

 

Mas, porém, faltariam as linhas, talvez você se cansasse de lê-las,

E, eu, de forma alguma, gostaria de ser inoportuno,

Meu desejo é conquista-la e não acolher meios de afastar-te de mim,

Seu nome, me salta aos olhos, me pego a rabisca-lo por onde for,

Feito um tolo, sempre a procura-la no meio da multidão,

Infelizmente, você está longe de mim agora, então preciso pensar,

 

Esta distância que nos separa me fere sem se apiedar,

E a você, lhe causa algum desconforto, ou quem sabe a faça bem?

Talvez, você deseje minha carta, ou quem sabe nem chegue a ler,

Mas você vale a tentativa, este sentimento que sinto pulsar tão forte,

Vale cada linha, cada palavra, cada pensamento, vale desejar-te,

Apostar na expectativa de poder te abraçar, coisa que não fiz,

 

Mas teria feito com honra desmedida tivesse me dado a oportunidade,

Peguei sua mão, toquei seu rosto, vi seu sorriso brilhar tímido,

Tudo aconteceu da forma correta, como eu sempre quis,

Nada muito apressado, sem promessas falseadas, sem aquela coisa do beijo roubado,

Sem imposição de absolutamente nada, de nenhum dos lados,

Foram apenas gestos medidos pelos desejos que escolhemos viver,

 

Dizem que a sorte pode ser traiçoeira, mas desejo que a minha se recuse,

Amá-la-ia, assim mesmo, por uma vida inteira, mas gostaria de um abraço,

Como guardar para sempre um amor que não fora recíproco?

Seria sofrimento desmedido, se for para ferir ou ferir-se, me retiro,

Eu custo a acreditar nesta história, me soa feito um sonho bom,

Não imaginei que a amaria com tanto sentimento, mas aconteceu,

 

Quem é que escolhe o caminho traçado pelo amor? Você escolheu?

Me perdoe por estar sendo indiscreto, mas ao referir-me a sentimentos,

Prefiro que sejamos os mais sinceros que pudermos ser, não me interprete mal,

Espero, também, que não seja a hora equivocada, contenho meu sorriso,

Em busca de não demonstrar tanta felicidade, não quero que imagine

Que a vejo como um troféu, ou algo que se conquista sem esforço,

 

É inegável o quanto me sinto honrado por termos conversado,

Me desculpe pelas vezes em que perdi a voz, calado a te contemplar,

O amor deixa a gente bobo, me faltam as palavras como lhe disse linhas atrás,

Sobre o suor tão palpável na minha fronte, também me perdoe,

Não é todo dia que Deus nos põe no caminho a mulher da nossa vida,

Coragem não me falta para demonstrar de mil maneiras o quanto a amo,

 

Mas preciso de uma indicação sua, uma resposta sobre esta carta já será bem-vinda,

Me senti angustiado nas últimas semanas em que não tive notícias suas,

Fiquei aqui sentado, esperando, esperando, até tocar a caneta, e pensar,

Sei que posso fazer algo por nós e o farei, quem não perdoaria uma loucura por amor?

Não pense que escrevo nestas linhas palavras vazias,

Me sinto como se não tivesse mais idade para falar sobre essas coisas,

Identifiquei em você, que também não está acostumada a ouvi-las,

Contudo, talvez, algo te alente a alma e você me permita ficar.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Fotografia Antiga

 

Se o amor teve data e hora para descer a terra,

Você parece que nascera na estação certa,

E eu também, pois entre tantas pessoas,

Me deparei com você naquela linda manhã de primavera,

Não precisei mais do que um instante para te amar por uma vida,

Mas, agora distante, a cada vez que a saudade me toca,

 

Rememoro nossos dias de outono, tão belos que vivemos,

Parecia que nada nos separaria, eu acreditei em nossas promessas,

Que nem mesmo o tempo encontraria forças para tirar você de nós,

Mas, tão logo, chegara as chuvas de inverno você escapara,

Fugira do nosso amor como se nunca tivesse significado algo,

Acho que isso me pegara de surpresa, até agora me recuso a acreditar,

 

Que tão rápido quando o fogo se extingue, nosso amor fosse acabar,

Fosse culpa da chuva eu a teria protegido com um guarda-chuva,

Fosse pouco o amor, você não teria me beijado daquela forma,

Bom, eu pelo menos te beijei com todo o amor que eu tinha,

Se não me entreguei de forma mais profunda, acredite, em mim não havia...

Por mais que você duvide do amor que dividimos, eu nunca,

 

Nunca nem um dia sequer imaginei amar outro alguém melhor,

Talvez nenhum de nós tenha esperado este desenlace,

Quem sabe, você ainda pense em tudo que houve entre a gente,

Uma dúvida que ecoa em meu coração de uma forma singela,

Sempre me indaga sobre o fato de você se lembrar ou não do meu nome,

Eu ainda guardo aquela cartinha sua, com sua assinatura,

 

Releio cada palavra, revivo cada momento, fico sem fala,

Ela continua guardada, em um lugar muito importante,

Não permiti a ninguém que soubesse sobre isso, talvez não fosse do seu interesse,

Tanto tempo se passou, soube de fonte segura que você seguiu seus planos,

Que hoje há outro alguém no meu lugar, será que você esqueceu de nós?

Não imagina o quanto gostaria de saber disso, se nas manhãs chuvosas,

 

No instante em que a chuva toca a janela, como se fossem lágrimas,

Você ainda lembra daquele dia em que simplesmente fora embora,

Eu recordo do momento em que ela molhara seu rosto,

Quis acreditar que haviam lágrimas em seus olhos,

Cheguei a fechar os meus e pedir que houvessem, mas não,

Não houveram não, eu recordei cada momento, prestei atenção,

 

Não posso te definir como indiferente, mas, não foi o que eu esperava,

Lembro de ter esperado até o dia seguinte, e dia após dia, esperei sem cansar,

Mas não vieram notícias suas, além das que eu fui atrás,

Sempre soube que você sabia que eu te amava, mas você acertou em seguir sua vida,

Com certeza, hoje se encontre em uma vida plena,

Acredite, de ambas as partes nunca houvera arrependimento,

 

Ainda olho aquele retrato, apenas o retirei da parede, depois da carteira,

Mas o guardo comigo, porém, hoje, parece que ele não diz mais nada,

Permanece inerte a guardar uma imagem que parece ser falsa,

Aquele instante em que você se dispersara com olhos vagos para outro lugar,

Gostaria de saber sobre aquele momento, hoje ele parece mais significativo,

Pensando melhor, prefiro deixar quieto, seu sorriso ainda me encanta, isso basta,

 

Eu prefiro me recusar a dar o prazer a você de acreditar que esqueci de tudo,

Lembro de cada momento, com detalhes que antes não havia percebido,

Falando nisso, meus olhos ainda são aqueles mesmos de outrora,

Os quais você nem chegara a reparar, mas quanto ao brilho, está um pouco diferente,

Esta foto, de aspecto envelhecida merece ser guardada, eu estive lá,

Acredito que você também não tenha esquecido, como iria esquecer?

 

Sei que fui importante, mas foi tão pouco o valor que você me dera,

Hoje, olho para o mundinho em que você vive e penso: que bom,

Poderia ser eu aí com você, eu poderia ser essa pessoa que para você é nada,

Ouvi falar que o que pertence ao passado merece condenação ao esquecimento,

Eu duvido muito disso, gosto de rememora-lo, ver como estou diferente,

Às vezes, me pego a imaginar o que você pensaria sobre esse assunto,

 

Nunca conversamos sobre isso, nosso diálogo fora sempre tão escasso, não é?

Contudo quem sabe, aí em um cantinho da sala, nas horas vagas, você lembre,

Espero apenas, que não guarde a petulância de desejar ter-me de volta,

Não depois de ter dito que não valeria a pena lutar por nosso amor,

No que tange a assuntos referentes ao amor, é preciso muita cautela,

Mas, sobre mim, pouco importa como estou, sobre nós que bom que acabou,

 

Ultrapassamos aquela parte do romance americano em que o casal

Recebe tufadas de areia na cara, sorri, se abraça e ainda se beija,

Se existe o lugar ideal para as areias, eu abandono-as para o mar,

Lá a água sabe usa-la como a convier, mas em minha vida, não aceito,

Desculpa, não acredito em amor remendado de momentos,

Não confunda com ignorância o que estou a falar, talvez em demasia,

 

Meu tom não é ríspido, meu sentimento não é de intolerância,

A saudade que me busca e me faz recordar, não me guia a dor,

Do contrário, apenas me faz dar valor a tudo que hoje, sou,

Mas achar essa foto, guardada entre minhas coisas, confesso...

Foi uma surpresa e tanto, como é doce o amor que mantenho comigo.

domingo, 17 de janeiro de 2021

Moça Pensativa

Ela, olhou-o com olhos assustados, apesar de tantas promessas feitas,

Já não reconhecia seu namorado, decidiu ignorar todas as palavras ditas,

Virou as costas e encaminhou-se para a porta a passadas largas,

Sem dizer adeus, nem cair em lágrimas, segura de si mesma,

Se as promessas feitas entre beijos apaixonados foram insuficientes,

Menos fiadora de sentido seria travar uma briga sob olhos descrentes,

 

Que os observavam com curiosidade incontida, notícia do dia,

Deveriam estar a defini-los uns aos outros, fato este, inconcebível para ela,

Sempre fez de tudo para honrar seu nome, não seria por amor a um cafajeste

Que poria tudo a perder, como se fosse uma qualquer carente de mente,

Ele ainda sorria, como se duvidasse de sua capacidade de ir embora,

Jogava sua partida de bilhar como se isso fosse o auge de sua vida,

 

Mas ela já não se importava, não aceitaria discutições, ele nunca a via,

Nem ao menos percebia as investidas dos seus amigos sobre ela,

Já estava alcançando a porta quando alguém tocou com força o seu braço,

Ela parou, virou-se estupefata, ele estava em pé com seu sorriso de lado,

“Eu te amo, não gostaria que fosse embora, me deixar aqui dessa forma,

Me soaria demasiado ofensivo, eu a amo sempre fui fiel o que mais você desejaria?”

 

Ela não disse nada, fidelidade? Como ele ousava tocar nesta palavra,

Depois de traí-la tanto com suas atitudes, então trair era apenas questão de corpo?

Voar com a alma sabe se Deus para onde, enquanto a abraçava, não significava nada?

Desviar o olhar para todos os lados como se sempre estivesse a procurar algo,

De repente, passara a significar prova de amor? Então, o amor mudara sua definição,

E agora passara a ser confundido como mero movimento de lábios,

 

A proferir Eu te Amo sem sentimento, a repousar-se entre beijos em lábios afetados?

Não, isso era pouco demais para alcançar seu coração, insuficiente para fazê-la ficar,

Se desvencilhou com um movimento rápido, forte e preciso, pôs a mão no trinco,

Respirou por alguns segundos, abriu a porta e chamou um taxi, logo estaria em casa,

Não queria se estender em conversas evasivas, mil vezes ensaiadas, repetidas

Mas nunca ouvidas, nunca assimiladas, ela não era dada a regalias,

 

Não se renderia aos impulsos de suas amigas, recusaria conselhos,

Disse a si mesma: seria a dona da sua própria vida, a autora da sua história,

Sentada no taxi, algumas lágrimas vieram no rosto, como se para apagar o gosto,

Que com o mesmo efeito de um beijo falso, ressoaram sobre ela em palavras

Errôneas pronunciadas com roupagens de verdadeiras,

Suas mãos endurecidas pelo trabalho da roça pareciam saber o que fazer,

 

Secaram cada lágrima, com a forma de uma carícia que ela merecia,

Qual a validade de tanta soberba, se nem ao menos sabia reconhecer uma mulher?

Esconder-se por trás da bebida, para disfarçar atos desejados,

Era uma atitude simplista, de nada valia se não houvesse planejamento,

Em que baseava sua estima se tudo o que fazia não passava de reflexo

De pensamentos externos? Não sabia pensar por si mesmo, valorar o próximo,

 

Nunca passaria de fantoche nas mãos de estranhos metidos a espertos,

Ela relutou, antes de tomar sua atitude, refletiu, deveria precisar seus atos,

De maneira a evitar o máximo possível de erros, não se joga o amor pela janela,

Mas também, não se espera-o com a porta aberta, há riscos pelo caminho,

O futuro sempre guardava um quê de imprevisibilidade,

Ela precisava estar segura, preparar-se para o que poderia espera-la a frente,

 

Saiu do táxi, e uma sombra escondeu seu rosto, pagou a dinheiro,

Dirigiu-se para sua casa, sentou-se um pouco na escada, contemplar a vida,

Que passava sempre com aquela segurança conhecida, atônita, mas consciente,

Isso fazia com que ela acreditasse que existiria algo melhor, um pouco além,

Mas esperar sentada não parecia ser a melhor maneira, levantou-se, entrara...

Fora para seu quarto, abrira um livro, ficara em silêncio, dispersa de tudo,

 

Ela lembrara de ele ter engasgado, perdendo a voz, ela sabia que era valorizada,

Era vista como um troféu em que todos queriam tocar, irritados por ela se negar,

As demais soavam sempre tão frágeis, sempre apaixonadas e volúveis,

Sempre repetiam suas histórias com cada homem da cidade,

Gritando aos quatro cantos que a escreviam pela primeira vez,

E eles, tolos doentes por corpos fáceis, fingiam acreditar nisso,

 

Apenas para ganharem minutos de consolo em qualquer canto,

Isso a deixava inquieta, era como se não houvesse ninguém para segurar sua mão,

Os filmes que assistia, as músicas que ouvia e os livros que lia, lhe davam outra sugestão,

Suas amigas sempre com as melhores roupas, unhas feitas, maquiagem “da-hora”,

Corpos expostos, objetos de deleite aos que pagavam o preço,

Ela, nunca entregara-se a estes luxos, bem pudera, levava uma vida simples,

 

E as outras pareciam gostar disso, sempre buscando excluí-la, era difícil interagir com elas,

Não bastava definirem um comportamento, ainda queriam obriga-la a seguirem-nas,

Comportamento este, puramente instintivo, baseado em sexo, abordagens negativas

E despeito, quem haveria de amar seres vazios desse jeito?

Tanto eles, quanto elas “farinha do mesmo saco”, ela gostava de defini-los,

Mas, ali onde estava, ela não precisava de homem algum,

 

Bastava a si mesma, seria autossuficiente, seria o bastante para protege-la,

Almejava uma faculdade, desejava um caminho em que se sentisse plena,

Onde construiria seu chão com honra, negando-se a vender o próprio corpo,

Ela havia percebido entre as amigas, que, no instante em que colocavam preço em si mesmas,

Perdiam tudo na busca incessante pelo dinheiro, trocavam seus valores por trocados,

Perdiam pelo caminho desde as medidas do corpo, do cérebro e até da alma,

 

Isso, no começo a fizera sofrer, era difícil deparar-se com suas amigas em cada esquina,

Se soubessem elas, o quanto eram amadas, entenderiam a pena que ela sentia,

Mas naquela hora, para aquele tipo de pessoa que se tornaram, e que provavelmente,

Sempre tivessem sido, já não importava mais o amor, apenas o dinheiro fácil,

Ela sentira-se fracassar, até perceber que tudo não passava de chantagem,

Outra forma que adquiriram para extorquir, lucrar sobre os outros,

 

Manipular as pessoas que ainda amavam, só porque nelas, não havia mais nada,

Mentes vazias corrompidas pela ambição, só vislumbravam meios de lucro,

Prostitutas de carteiras cheias, que buscavam um valor que não tinham,

Repetindo entre si mesmas: “putas são aquelas que dão de graça”...

Coitadas, tão vazias, que em busca de se estabilizar frente a sociedade,

Conseguir percorrer as ruas que tanto precisavam para manterem-se,

 

Tentavam denegrir quem tinha valor e não colocava preço aos seus sentimentos,

Ela, olhava a todas com o olhar incrédulo, vendo seus corpos e mentes

Consumirem-se em seus próprios vazios, isso a deixava embasbacada,

Sexo com hora marcada, corpos a definharem em seus prazos de validade,

Homens insatisfeitos a comprarem momentos de prazer,

Onde fora parar a tal dignidade? Quisera balbuciar algo, não soubera o que dizer...

Homem na Areia da Praia

 

De fato, existem pessoas frívolas e fúteis capazes de tudo,

Com a explicita intensão de chamar a atenção,

Sem medir as consequências dos seus atos,

Tudo por um segundo de fama, uma gota a mais de emoção,

Mesmo que com isso, denigram imagens, ultrajem sentimentos,

Invadam a privacidade ou o que for preciso, por um segundo de holofotes,

Conheço bem está espécie, elas agridem tanto a si quanto aos outros,

Sustentando-se em verdades inventadas dentro de suas mentes,

 

Dizer isso é tão desnecessário que beira ao gauche,

Porém, até quando será possível negar-se a esta verdade?

Eles acreditam enganar, apenas porque conseguem êxito aparente,

Segundos de luzes sobre si mesmos e as sombras ressurgem,

Aquelas nas quais eles se abrigam, acreditando estarem seguros,

Um caminho construído em ladrilhos falsos queda ao fracasso,

Cedo ou tarde, ele se parte, até não restar nada além do esquecimento,

Joelhos machucados se concertam, diferente da honra quando dilacerada,

 

Uma queda ao chão estilhaçado e não lhes sobra nada,

Por ser mero reflexo, não tem base em que se reerguer,

Sendo sujeito detentor de vida, nada mais adequado que agir com a audácia

De quem busca algo em que acreditar e por que lutar, lutar para quê?

Talvez, para não constituir mero chão em que outros possam pisar,

Para ser mais que simples coadjuvante da sua própria história,

Eis um ponto chave que precisa ser levado em consideração,

Ele calou-se por um instante, levando a mão para sentir o coração,

 

Lágrimas brilharam em seus olhos, ocultando por um momento,

A luz do sol que brilhava no horizonte, teria ficado cego por alguns segundos,

Não tivesse controlado suas emoções, e buscando dentro de si, um pouco de razão,

É de se concordar, sobre o quanto é difícil ocultar a voz insistente da própria paixão,

Quando tudo ao redor grita de diferentes formas em busca de comoção,

Fazendo barulho ao seu entorno por estarem morrendo no vazio de um coração,

Ruas cheias de pessoas, que vazias, afundam-se dentro de si mesmas,

Andando rápidas de um lado para o outro, por não terem destino certo,

Deixando uma espécie de névoa de poeira atrás de si próprias,

Buscando ocultar seus rastros, perdidas e errantes em seus caminhos em falso,

 

Ele parou um pouco pensativo, estava a contar os passos pela calçada ladeada ao mar,

Apesar de tudo, a natureza ainda alcançava um efeito extraordinário em sua alma,

Fazendo com que ele se permitisse sonhar em algum dia, alcançar o amor,

Se sentia velho, fraco em sua busca fracassada, mas não desistiria dos seus sonhos,

Cedo ou tarde alguém chegaria, com capacidade e sentimentos suficientes

Para fazer com que ele mudasse sua vida, e se entregasse a este amor ardente,

Não se entregaria ao que os outros definiam exasperados: desespero,

Se fosse possível ao amor tomar forma ele o encontraria em seu destino,

 

Sem precisar se exasperar com nada, muito menos com si mesmo,

A exemplo de outros tantos, que afundavam-se em bebidas alcoólicas,

Como meio de facilitar as coisas, eles diziam entre sorrisos forçados,

Entregando-se a amores que se alcançavam o nascer do dia,

Não se podia definir que desta hora passavam, sexo casual com hora certa,

Isso nunca preencheria a vida de ninguém, disso ele tinha certeza,

Era inegável o quanto haviam mulheres bonitas que se aproximavam dele,

Mas com pouco tempo de conversa, algumas perguntas simples,

E a maquiagem saía sem precisar ficar borrada, e delas não restava absolutamente nada;

Isso era insuficiente para que ele desejasse-as em sua vida, basta ele dizia,

 

Afastava-se, apesar de não se considerar o mais bonito ou mais esperto,

Dava muito valor a si mesmo e isso sempre vinha à tona em seus olhos,

Então, porque criar jogos com conversas frívolas se isso não convencia a ninguém?

Nem sustentava casamento, namoro ou o que fosse que eles desejassem chamar,

Mesmo quando elas criavam aquelas conversinhas fiadas sobre o amor,

Ele se recusava até mesmo a beijá-las, negava-se a tudo de forma veemente,

Porque usar o artifício da mentira? Simplesmente porque eram vazias...

Uma evasiva sua, outro rapaz abria a carteira e elas partiam com seus amores de uma noite,

 

Enquanto ele não encontrasse um lampejo de amor em seus olhos nebulosos,

Permaneceria tateando no escuro, deveria haver uma luz que pudesse guia-lo,

Algo que não brilhasse somente para obter segundos de pura luxúria,

Alguém que soubesse ouvir, compreender e dar vida ao que ele acreditava,

Alguém que merecesse traçar um caminho seguro com ele, sem o inconveniente,

De dormir entre beijos e abraços apaixonados e acordar sozinho sem reconhecer aonde,

 

Desceu os degraus da escada que levava a praia e percorreu a areia,

Meio alheio ao seu redor, encantado com a brisa, as ondas, os pássaros a voar,

Não estava preparado para receber tal abordagem, de uma moça que diga-se de passagem,

O verde cristalizado dos seus olhos era de longe a qualidade mais proeminente,

Foi como se uma bala perdida, naquele instante encontrasse seu alvo,

Seu sorriso o pegara de surpresa era honesto, aberto e acolhedor,

Não soube precisar se o que fez seu coração bater tão descompassado

Pudesse se chamar amor, mas estava convicto de si mesmo, descobriria,

 

Ela possuía um ar inocente, de moça independente que sabe o que quer,

Um corpo bonito, uma alma encantadora, perfeita ele a quis descrever,

Ele sentiu os sonhos de antigamente tomando forma no horizonte,

Já não sentia o coração encoberto por sombras, como se fosse inerte,

Estava, de repente desperto, cheio de uma segurança inconfundível,

Ela era solteira, percebia-se pelos delicados dedos despidos de anel,

Ele se aproximou, com um pouco de cautela, escolheria as palavras,

Seria o primeiro a falar, usaria de sua perspicácia para encontrar a ideia certa.

sábado, 16 de janeiro de 2021

Moça Triste

 

Para ela, nunca haveriam olhos mais bonitos que os dele,

De um castanho cobre, cor do sol quando se esconde no horizonte,

Sempre andara altivo, como se buscasse algo mais a frente,

Parecia indiferente ao que acontecia ao seu redor, mas não a enganava,

Sempre que ela buscava um esbarrão, ou qualquer forma de contato,

Mesmo sob o efeito dos sobressaltos do seu coração, ela ainda ouvia algo,

 

Algo que ele não ousava pronunciar, mas que estava guardado em seu olhar,

Era difícil controlar o sentimento que a envolvia, tornar-se neutra diante dele,

Daria para admitir que ninguém que estivesse sob o seu efeito, poderia resistir com classe,

E este ninguém a definira por inteira, aquele olhar que guardava uma dor tão aguda,

A estimulava, a incitava a se aproximar, mesmo que algo dentro dela sugerisse,

Na verdade, soava mais como uma alerta que repetia insistente: não se aproxime...

 

Mas, quem resistiria ao pôr do sol que acontecia sempre na mesma hora,

E que por sinal, de forma desproposital a colocava diante dele, sempre no mesmo lugar,

É certo que de instante a instante, seu olhar se desviava a procura de encontra-lo,

Estivesse ou não este alerta ligado dentro dela, o brilho daqueles olhos castanhos

Desviariam qualquer atenção, apesar de que ele nunca parecia estar onde estava,

Era como se fugisse de algo, e ela, ao seu lado, embora parada, sempre a procura-lo,

 

Naquele momento não desejara nada além de encontrá-lo, chegara a acenar,

Ele se aproximara um pouco, respondera com um sorriso gentil,

Ela sentira esse gesto com um vestígio de empolgação, então havia um meio enfim,

O provocara com um sorriso e um movimento de cabelos, ele parecera gostar disso,

Apesar da declaração ser um tanto sutil era verdadeira, só não saberia expressar

Se fora recíproca, ela estava acima de qualquer orgulho,

 

O desejava muito para se ater a coisas pequenas e banais como, joguinhos de conquistas,

Estava quase convencida de que o amava, então para que tentar fingir que não?

Ele aparentava ser um sujeito honrado, se não houvesse amor entre os dois,

Poderia existir algo diferente como uma amizade sincera,

E bons amigos sempre são bem-vindos, ela enxergava isso em seus cativantes olhos,

Aquela dor profunda que havia neles despertava uma vontade querer protege-lo?

 

Nunca entendia porque nos romances as mulheres nunca protegiam quem amavam,

Por que deveriam sempre serem elas as protegidas? Ela queria soar diferente para ele,

Ser algo que ele sentisse orgulho de lembrar, ser aquele talvez que ele parecia buscar ao longe,

Apesar de ele estar ali sozinho, de alguma forma sempre fizera parecer que não,

Isso a intrigava, se ele havia deixado alguém por que motivo havia feito isso?

Havia uma singela marca de aliança no dedo que sugeria casamento e percebia-se paixão

 

Enraizada dentro dele, fosse ele, viúvo, mesmo jovem, não teria removido o anel, teria?

Ele não aparentava ter uma idade muito superior à dela, ou mesmo ser um homem fraco

Do tipo que foge das implicações que atitudes como um casamento em idade precoce

Acarretariam no âmbito social; em um ímpeto de coragem, tentando afastar o medo

Do que uma aproximação repentina poderia ocasionar, ela limpara a garganta,

Buscava em si as palavras certas, mas não encontrara nenhuma, ele baixou a cabeça e saiu,

 

Ela, continuara parada, vendo a noite se aproximar... seus cabelos estavam despenteados

Em um ato de rebeldia, como se gritassem a ele seus conflitos internos,

Aos quais ele parecera indiferente, mas nem mesmo isso retirara a suavidade

Daquele rosto, cujo sorriso parecia uma flor a se abrir na brisa do amanhecer,

Sempre guardava aquele quê de esperança, ao qual ela se agarrava com toda a alma,

Seria muita imprudência da sua parte aproximar-se, mesmo sem haver convite?

 

Talvez, ele sentisse os mesmos conflitos que ela, e, ainda guardava aquele algo além,

Ela ficara lá com seu ar pensativo, na busca de encontrar uma saída que os unisse,

Veio a noite, como se a tomasse pela mão e a conduzisse de volta para a sua casa,

Ela simplesmente partira, quando caíra em si mesma se encontrava deitada em seu sofá,

Ainda a pensar sobre o quanto ele era bonito, com aquele sorriso convidativo,

Proposta demasiada irresistível para ela ousar questionar tudo aquilo que sentia,

 

Ela queria cuidar dele, mesmo sem um propósito definido, amava-o,

Mas estava disposta a deixar tudo que sentia de lado,

Somente para ajuda-lo no que concerne ao que o afligia,

De repente, os medos dele também a assombravam,

Havia algo que os unia, era inegável, com o tempo ele perceberia isso,

Talvez ele tivesse notado seu desconforto,

Quem sabe também procurasse uma forma de se aproximar,

 

Do contrário já teria encontrado uma forma de evita-la,

Ela não se sentia tão segura de si mesma,

Seu rosto já estava marcado pelo tempo,

E aquela marca no dedo dele, não lhe transmitira nenhum conforto,

Apesar de, seus sentimentos serem sinceros, poderiam não ser bem recebidos,

E se ele quisesse simplesmente distanciar-se de tudo e de todos?

 

Esse pensamento borrava o sorriso dela em um tom apático, quase oculto,

Será que ela conseguiria se manter afastada de tudo que sentia?

Receava que não, acreditava que não poderia se manter inerte ao amor,

Havia um muro feito de gelo entre os dois, que o ocaso estava a derreter,

Ela poderia sentir isso a cada vez que se viam, através dos gestos esparsos,

Ganhara um sorriso, algo havia mudado, ela acreditava nisso,

 

Sem querer adormecera onde estava, sem tomar banho ou trocar a roupa,

- Eu tinha 16 anos na época – ouviu-o ressoar em um tom baixo,

Que possuía uma doçura que parecia acaricia-la, como se entrasse nela,

Uma espécie de carícia aos seus ouvidos, ela não se ouviu dizer nada,

Então, acordara assustada, como se fosse extraída de algo estranho,

Mas não conseguia sentir-se, era como se ainda estivesse dormindo...

Te Amo Pra Sempre

Pelos céus da meia noite, Não é cedo, Nem parece tarde, Até vislumbro um céu azul, Baby, prefiro dizer Que vejo você, De v...