segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Fotografia Antiga

 

Se o amor teve data e hora para descer a terra,

Você parece que nascera na estação certa,

E eu também, pois entre tantas pessoas,

Me deparei com você naquela linda manhã de primavera,

Não precisei mais do que um instante para te amar por uma vida,

Mas, agora distante, a cada vez que a saudade me toca,

 

Rememoro nossos dias de outono, tão belos que vivemos,

Parecia que nada nos separaria, eu acreditei em nossas promessas,

Que nem mesmo o tempo encontraria forças para tirar você de nós,

Mas, tão logo, chegara as chuvas de inverno você escapara,

Fugira do nosso amor como se nunca tivesse significado algo,

Acho que isso me pegara de surpresa, até agora me recuso a acreditar,

 

Que tão rápido quando o fogo se extingue, nosso amor fosse acabar,

Fosse culpa da chuva eu a teria protegido com um guarda-chuva,

Fosse pouco o amor, você não teria me beijado daquela forma,

Bom, eu pelo menos te beijei com todo o amor que eu tinha,

Se não me entreguei de forma mais profunda, acredite, em mim não havia...

Por mais que você duvide do amor que dividimos, eu nunca,

 

Nunca nem um dia sequer imaginei amar outro alguém melhor,

Talvez nenhum de nós tenha esperado este desenlace,

Quem sabe, você ainda pense em tudo que houve entre a gente,

Uma dúvida que ecoa em meu coração de uma forma singela,

Sempre me indaga sobre o fato de você se lembrar ou não do meu nome,

Eu ainda guardo aquela cartinha sua, com sua assinatura,

 

Releio cada palavra, revivo cada momento, fico sem fala,

Ela continua guardada, em um lugar muito importante,

Não permiti a ninguém que soubesse sobre isso, talvez não fosse do seu interesse,

Tanto tempo se passou, soube de fonte segura que você seguiu seus planos,

Que hoje há outro alguém no meu lugar, será que você esqueceu de nós?

Não imagina o quanto gostaria de saber disso, se nas manhãs chuvosas,

 

No instante em que a chuva toca a janela, como se fossem lágrimas,

Você ainda lembra daquele dia em que simplesmente fora embora,

Eu recordo do momento em que ela molhara seu rosto,

Quis acreditar que haviam lágrimas em seus olhos,

Cheguei a fechar os meus e pedir que houvessem, mas não,

Não houveram não, eu recordei cada momento, prestei atenção,

 

Não posso te definir como indiferente, mas, não foi o que eu esperava,

Lembro de ter esperado até o dia seguinte, e dia após dia, esperei sem cansar,

Mas não vieram notícias suas, além das que eu fui atrás,

Sempre soube que você sabia que eu te amava, mas você acertou em seguir sua vida,

Com certeza, hoje se encontre em uma vida plena,

Acredite, de ambas as partes nunca houvera arrependimento,

 

Ainda olho aquele retrato, apenas o retirei da parede, depois da carteira,

Mas o guardo comigo, porém, hoje, parece que ele não diz mais nada,

Permanece inerte a guardar uma imagem que parece ser falsa,

Aquele instante em que você se dispersara com olhos vagos para outro lugar,

Gostaria de saber sobre aquele momento, hoje ele parece mais significativo,

Pensando melhor, prefiro deixar quieto, seu sorriso ainda me encanta, isso basta,

 

Eu prefiro me recusar a dar o prazer a você de acreditar que esqueci de tudo,

Lembro de cada momento, com detalhes que antes não havia percebido,

Falando nisso, meus olhos ainda são aqueles mesmos de outrora,

Os quais você nem chegara a reparar, mas quanto ao brilho, está um pouco diferente,

Esta foto, de aspecto envelhecida merece ser guardada, eu estive lá,

Acredito que você também não tenha esquecido, como iria esquecer?

 

Sei que fui importante, mas foi tão pouco o valor que você me dera,

Hoje, olho para o mundinho em que você vive e penso: que bom,

Poderia ser eu aí com você, eu poderia ser essa pessoa que para você é nada,

Ouvi falar que o que pertence ao passado merece condenação ao esquecimento,

Eu duvido muito disso, gosto de rememora-lo, ver como estou diferente,

Às vezes, me pego a imaginar o que você pensaria sobre esse assunto,

 

Nunca conversamos sobre isso, nosso diálogo fora sempre tão escasso, não é?

Contudo quem sabe, aí em um cantinho da sala, nas horas vagas, você lembre,

Espero apenas, que não guarde a petulância de desejar ter-me de volta,

Não depois de ter dito que não valeria a pena lutar por nosso amor,

No que tange a assuntos referentes ao amor, é preciso muita cautela,

Mas, sobre mim, pouco importa como estou, sobre nós que bom que acabou,

 

Ultrapassamos aquela parte do romance americano em que o casal

Recebe tufadas de areia na cara, sorri, se abraça e ainda se beija,

Se existe o lugar ideal para as areias, eu abandono-as para o mar,

Lá a água sabe usa-la como a convier, mas em minha vida, não aceito,

Desculpa, não acredito em amor remendado de momentos,

Não confunda com ignorância o que estou a falar, talvez em demasia,

 

Meu tom não é ríspido, meu sentimento não é de intolerância,

A saudade que me busca e me faz recordar, não me guia a dor,

Do contrário, apenas me faz dar valor a tudo que hoje, sou,

Mas achar essa foto, guardada entre minhas coisas, confesso...

Foi uma surpresa e tanto, como é doce o amor que mantenho comigo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Busca aos Peixes

Masharey acordou, Subiu na alta cadeira Feita de pneu usados, E cantou alto: - estou no terreiroooo! Em forma de canto. Ap...