Mas é impossível esquecer um amor destinado ao para sempre,
Embora estivesse com a testa franzida em expressão
pensativa,
Ela estendeu a mão como se o sentisse seguro entre seus
dedos,
Então, apesar de reconhecer que pudesse ter errado com ele,
Se permitiu admitir que o amaria em cada pulsar do seu
peito,
É certo que esquecera sua altura, até mesmo a data do seu
aniversário,
Mas, quanto ao sabor do beijo, nunca fora capaz de deixar
para trás,
Ao contrário, era devido a ele que sentia forças para seguir
seu caminho,
Mesmo que, por vezes, acreditasse que nunca mais ficariam
juntos,
Mesmo que, chegasse a cogitar a possibilidade de ele tê-la
trocado por outra,
Mesmo quando ela tentara suprir sua ausência em outras
ideias errôneas,
Inconcretas com relação a tudo que sentia, mas plausível
para o momento,
Em que, realmente, não se sabe qual a decisão mais correta a
se tomar,
Mesmo que, sempre que tocasse outra boca ela fechasse os
olhos,
Tentando enganar o que sentia, em seu íntimo ele vinha e
tocava-a,
Ela sabia, dentro dela, que não sentia nada por nenhuma
outra pessoa,
Mas, mesmo assim, se permitia seguir adiante, a espera de encontra-lo,
Movida por uma dor excruciante na garganta, que mesmo
chamando por ele,
Se via sempre enganada por outro sabor, ácido descia dentro
dela e feria-a, por dentro,
Admitia o quanto seria fabuloso tê-lo presente em sua vida, poder
sentir sua pele,
Mas fingia não sofrer por ele, não naquele momento, e algo
dentro dela cria nisso,
Tentava imaginar quanto tempo demoraria até que ele voltasse
para a sua vida,
Mas deixava este pensamento para outra hora, tentava a todo
custo ignorá-lo,
Quando se ama alguém, muito mais que a si mesma, é difícil precisar
os próprios passos,
Acredita-se não estar errando, sabendo que cada passo andado
está em falso,
Como poderia estar correto quando se anda a contramão do que
se sente na alma?
Fosse como fosse, talvez, ele algum dia admitisse, também, sentir
sua falta,
Quando dera por conta, soubera por outras fontes que seu
aniversário havia passado,
Com três dias de atraso, ela cruzara seu caminho, lhe
dissera olá, e seguira,
Não soubera, ao certo, o que ele absorvia de tudo aquilo,
mas ela havia ficado com seu aroma,
Isso bastava, normalmente, depois de cruzar por ele,
sentia-se reanimada,
Mas, aquele dia, ela desejara toca-lo, por um minuto ao
menos, abraça-lo,
Mas ela não cedera – nem ele, e a dor dentro dela só piorava
até que um dia,
Bem, chegaria o dia em que não aguentaria mais a distância
entre os dois,
E algo bom se desenrolaria, era impossível ignorá-lo pelo
segundo que fosse,
Mesmo a distância o sentia perto, era como se nunca se
desvencilhassem,
O cheiro que absorvera dele, acalmaria seu pulsar acelerado
e carente de sentido?
Logo ela saberia, não queria admitir amar tanto e de forma
tão intensa,
Mas depois de se provar o beijo do amor da sua vida, há como
resisti-lo?
Ela, com certeza nunca teria essa resposta, pois nunca
tentaria evitar ama-lo,
Voltara o olhar para ele, tentando ignorar a vontade de
abraça-lo,
Tentando manter-se distante do seu calor, tentando evitar as
lembranças,
Parara a poucos metros de distância, embora não estivesse
segura quanto ao que sentia,
Estava segura quanto aos seus atos, não se jogaria aos seus
pés, implorando um beijo,
Não o olharia com os olhos lagrimejantes e o peito pulsante
em amor incontrolável,
A distância em que se encontravam, mesmo se tudo isso
acontecesse, ele não veria,
Havia um sol ofuscante àquela hora, isso dificultava a visão
exata, ela, então o olhara,
Da forma mais significativa que podia, consciente de não ser
percebida por ele,
Se os demais percebiam a química que pairava no ar ao redor
deles,
Ninguém havia comentado nada, na próxima vez em que se
cruzassem,
Ele comentaria qualquer atitude suspeita, agora o instante
era empenhado a outra coisa,
Rememorar cada segundo, imaginando-se em seus braços, como
em outrora,
Suspiros de apreciação, suspiros inquisitivos, suspiros
competitivos,
Eram trocados entre eles sem que chegassem perto um do
outro,
A distância segura, tudo lhes era permitido, inclusive jurar
amor em silêncio,
Era tudo simples demais, mas... insuficiente, ela o desejava
com sofreguidão,
A intensão nunca fora se distanciar da pessoa que mais havia
amado,
Então, por que tudo aquilo havia se desenvolvido em suas
emoções?
O foco deveria ser estarem juntos, estarem felizes como nos
primórdios,
Mas, estavam separados e tristes, então por que motivo isso
acontecia?
Com que base davam força a esta distância que feria a cada
um deles?
Se olhavam com um furor que queimava as barreiras da
distância,
Mas era insuficiente para vencer o orgulho e uni-los um ao
outro?
Bem, talvez, ele não a amasse tanto quanto ela, embora ela
se recusasse a crer nisso,
A testa dele estava franzida, ele esforçava-se para vê-la e
parecia admira-la,
Mesmo ante o sol ofuscante, eles buscavam-se no silêncio de
seus olhares,
A última coisa que queria, era dar mais um único passo
adiante,
Não enquanto estivesse distante de tudo que mais se
empenhava em esquecer,
E muito mais se convencesse do quanto o amaria por todo o
sempre,
Podia ouvi-lo falar, não havia relutância alguma na fala
dele,
Não naquela que ela imaginava, não naquela que a fazia se
agarrar a sua mão,
E percorrer por ruas cheias de pessoas e vazias de tudo que
mais queria...
O único motivo que fazia seu coração bater mais forte,
Seus pensamentos latejarem incoerentes, suas certezas se
bambearem,
Ele, seu abraço, seus gestos, o amor é mesmo um indiferente?
Lhe toca a pele e faz com que se ame para sempre só para te
obrigar a esquecer?
Lembre-se disso, parecia lhe ouvir dizer: a amarei por cada
instante,
A beijarei em cada vez que eu a ver, com aquele sentimento
da primeira vez,
Embora seus lábios estremecessem, pairando entreabertos para
ela,
Sua voz não saia, mas seus olhos falavam ela os ouvira
dizer: não ouvira?
Ela refletira por um segundo, baixara a cabeça para os pés,
insegura,
Alguns poucos dias por ano o sol brilhava naquele ângulo direto,
E ele escolhera justo o dia em que cruzariam um pelo outro,
Naquele instante magico poderiam falar tudo que sentiam, sem
serem... ouvidos?