segunda-feira, 5 de abril de 2021

Lágrimas No Chuveiro


Eu podia ver seu rosto muito claro em minha mente,

O amargo lamento embebe o gosto do beijo,

Mas de forma alguma consegue apagar o para sempre,

O som do seu riso ecoava em minhas lembranças,

Hora como se fossem carícias, hora feito gritos,

Açoite aos meus dias tranquilos, suspiros para noites de sonhos,

 

Me fazendo ter forças para levantar a cada amanhecer,

Tomar um banho demorado para me sentir um pouco,

Como se eu já não estivesse mais aqui, mas sim, com ele,

Precisava constatar que ainda existia, que acabara tudo,

Ouvi ele falar mais alto assim que fechei os olhos no chuveiro,

Ele parecia querer voltar para o tempo em que estivemos juntos,

 

Tentei abolir sem êxito o desejo de que estivesse perto,

Mais um dia se estenderia sem que eu pudesse esquecê-lo,

Lá se iria mais um ano, comigo aqui a espera-lo mais um pouco,

Sempre um dia a mais, agarrada a momentos como se estivesse vivendo,

Onde ele estaria? Eu não tive notícias quanto ao fato,

Mas nada me impedia de pensar que não teria nos esquecido,

 

Quando se vive o eterno em um segundo não há como apagar,

Mesmo que nunca mais se repita, mesmo que fique guardado lá atrás,

Com algumas lágrimas misturadas a água fria eu implorava por algo,

Algo que reavivasse nossos momentos, sua voz, estava se apagando,

O vídeo em que estávamos juntos, eu o perdi por infortúnio,

As fotos, já não diziam muito, meu tom de voz sôfrego

 

Dava a entender que eu perderia a disputa, ninguém viria,

Ele estava longe demais para me ouvir, eu sentia meu pulsar,

Com certeza meu coração ainda batia, então teria forças,

Resistiria, mesmo com a respiração pesada, não cederia,

O fato de poder recordar ainda me dava perspectiva,

Nunca fora fraca, não seria essa a hora em que me quedaria,

 

Enredada por ilusões? Há ninguém é permitida a entrega da vida,

Se fora bom, eu não iria negar o fato, mas se acabara, acabara,

Existem coisas que não voltam atrás, não importa o quanto se queira,

Existem as que são imutáveis e as que podemos atuar sobre elas,

Enquanto eu tivesse forças, meu pulso iria pulsar com intensidade

O bastante para mudar o teor em que eu avistava a minha face,

 

Passaria a me valorizar como pessoa e a todos que estavam ao meu redor,

Escutei um grunhido dentro do meu peito, desta vez, inofensivo,

Agora eu não me permitiria ser má comigo mesma,

Afastaria os pensamentos que me mantivessem presa a lembranças,

Não iria apaga-las, apenas fazer com que não interferissem contra,

Até o ponto de me fazer bem, as manteria, nem um segundo além,

 

Se havia algo que o mantinha longe de mim, que o impedia de voltar,

Por que eu me apegaria dessa forma, por que revive-lo a cada hora?

Já não reconhecia o meu semblante, do meu sorriso restara marcas,

Onde brilhara felicidade agora haviam sinais incontestáveis de lágrimas,

Eu havia perdido o grande amor da minha vida, e agora me perdia,

O preço por se amar para sempre é perder a si mesma?

 

A dor suspirava baixa por minhas narinas, se afastava aos poucos,

Por um minuto tudo ficara quieto, havia somente a água caindo,

Ouvia algumas lágrimas sôfregas caindo por entre a água fria,

Não eram as minhas, mas eu as via, alguém sofria e eu sentia,

Me esforçara para vê-las, tentara reconhecê-las, não as reconhecia,

Gostaria de poder fazer alguma coisa, reagir de alguma forma,

 

Minha angústia de ficar presa na preocupação de ter perdido,

Me impedia de tentar construir um futuro com que sonhar,

Mesmo sem poder avistar ou reconhecer aquele que chorava,

Algo forte o bastante me impelia para fora, eu captava algo,

O amor que eu vivera a tempos atrás estava bem protegido,

Não o perderia, o manteria seguro em meu peito,

 

Mesmo que deixasse de pensar nele por algum tempo,

Mesmo que me posicionasse de forma diferente a anterior,

Perder-se por amor é bonito nos livros, terrível para quem vive,

Pior ainda para os que contemplam o nosso sofrer,

Sem poder fazer nada para nos tirar daquela linha tênue,

Medo de perder o passado, receio de reviver no futuro,

 

A pré-ocupação, não nos permite viver o agora,

Está sempre presa a alguma ânsia de mudar alguma coisa,

Chama a isso ansiedade, outras vezes, utiliza outros nomes,

Havia uma voz mais alta e mais clara que as outras,

A qual eu podia escutar com relativa facilidade,

Esta voz me implorava para viver e vinha da minha alma,

 

Mais cinco minutos, disse para o meu reflexo no espelho,

Tive certeza de que eu era uma garota muito bonita,

Assim que vi um vestígio de sorriso surgir em meu rosto,

Seria interessante que eu pudesse abrir os olhos em vinte e sete minutos,

No entanto, duvido que desta vez eu poderia fugir deste sonho,

Me esforcei para entende-lo, havia outro alguém como eu, de olhos fechados?

 

Ou eu já havia decidido dividir meu sofrimento em duas metades,

Fosse isso, que eu conseguisse força o bastante para superar,

Fosse de outra forma, que eu pudesse reconhecer este alguém,

Eu não costumava me abrir sobre o que sentia,

Fiz um esforço para tentar entender as informações da noite,

Recordei de um jantar, murmúrios ao redor, minha voz ficava deslocada...

domingo, 4 de abril de 2021

Um Encontro Nada Casual

 



O interesse de uma pessoa não precisa prejudicar o de outra,

Naquela noite, eu percebera que algo havia mudado em mim,

E este algo me fazia ver as coisas sob outro prisma,

É difícil defender um posicionamento quando se está sozinha,

Eu estava em pé em frente ao público, mas prometi: não desistiria,

Tinha um texto em mãos, resultado de muitas horas de estudo,

 

Não deixaria todo o meu trabalho resultar em nada por medo,

As pessoas teriam direito a opinar e eu a responder em conformidade,

O que estava fora dos planos, fora aquele homem sentado à frente,

Ele me olhava em expectativa, parecia gostar e apoiar o que ouvia,

Nenhuma suposição precisa ser feita sobre o que nos motiva

A direcionar-nos a alguém em especial, principalmente nestes casos,

 

Em que o público no geral é o alvo, já que a questão embasa a totalidade,

O olhar dele não passaria despercebido nem mesmo nas sombras,

Nem mesmo se ele virasse de costas ou buscasse ofuscar-se,

Era muito bonito, no entanto, contemplava-me em posição rígida,

Com aquele teor de inteligência de onde se sabe que vem as encruzilhadas,

Em que seguir um caminho a outro pode terminar em horas de conversas,

 

Discussões sem hora para terminar, e isso, tinha um teor de apropriado,

De tudo o que eu dissera, não discordava de uma única palavra,

Seria fácil discorrer uma conversa por um longo período de tempo,

Estando em dúvida entre dois posicionamentos ambos poderiam ser exatos,

Olhava ao redor enquanto discorria as minhas teses e posicionava-me entre elas,

Não que fosse o tipo de pessoa que gosta de dar a palavra final,

 

Mas, queria encontrar propriedade em que alicerçar o que eu dizia,

Perder na primeira oportunidade seria no mínimo ingenuidade

E desleixo com relação as longas horas de analises e estudos de caso,

Por mais que tentasse disfarçar ele sempre se tornava o alvo,

Algo nele pedia para que eu me aproximasse e algo em mim queria isso,

Eu sentia um teor de importância nele mais do que em qualquer outro,

 

Queria ouvi-lo falar, entender o que ele teria a dizer sobre meu trabalho,

Juntei os papeis em ambas as mãos e coloquei-os de lado,

Olhei-o de forma direta, os estudos ficaram para segundo plano,

Desejara me aproximar, não em razão do trabalho, tinha outro propósito,

Continuara a minha fala, mas sem me ater ao que estava escrito,

Não conseguia ignorá-lo, nem por um segundo, o gosto era bom,

 

O gosto de saber que entre tantas pessoas alcançara a sua atenção,

Aquele momento era apenas meu, e eu entregava-o a ele,

Sem receio algum, apenas seguia a direção da minha emoção,

Sem saber quem ele era, com uma mínima ideia sobre o que fazia,

Com certeza, algo relacionado aos meus estudos, algo em minha área,

Ficara pensando em quanto tempo seria necessário para alcançar

 

Um beijo dos lábios que haviam se tornado alvo do meu desejo,

Isso não ocorria com frequência e eu não estava pronta para reagir,

Mas, enquanto eu falava e ele sorria em expectativa, eu pegava gosto,

Me sentia respeitada, imaginava que talvez precisasse de algum tempo,

O convidaria para tomar um café, discutir um livro, mudar o teor,

Queria converter o tom do trabalho em algo mais casual e satisfatório,

 

Na verdade, não queria conversar por muitas horas, queria resultados,

Beijá-lo, aproveitar cada minuto em seu corpo, cada abraço apertado,

Nós parecíamos compatíveis em grandes medidas, sem conflitos ou projeções,

Tudo dependeria de como formularia as suas questões,

Que abordagem utilizaria, porque eu lhe concederia tempo para opinar,

Então, o preparei, no tempo em que analisava as suas reações,

 

Em meu carro havia um banco vazio, em minhas horas tempo o bastante,

Tentei me afastar, me direcionar para outro âmbito, tudo estava evidente,

Ele percebera e soube chamar minha atenção, olhando as horas, ocupado,

Me parecera que se não houvesse minha interação ele sairia daquele local,

Ele parecia ser um homem decidido, daqueles que não gosta de perder tempo,

Lembrei que havia reservado um jantar, talvez, fosse bom ter companhia,

 

Minha voz ficava embargada, ela parecia agoniada, eu me esforçava,

Mas não sei se as coisas soavam tão boas quanto olhá-lo,

Eu ouvi um pigarro, ele olhava em tom altivo, me impulsionava,

Minhas pálpebras tremeram, e eu me apaixonava aos poucos,

O texto mudara o teor, vinham palavras diferentes a boca,

Embebidas em sentimentos, acho que o pedia em namoro,

 

Recordo de ter sorrido e ele também da mesma maneira,

Fosse um pedido que estivesse sendo feito, acho que aceitara,

No mesmo instante em que o fiz, recordo do consentimento,

Não recordo o que fora que pedi, mas sabia que era amor,

Desde que me coloquei naquele palco, desde que olhei-o,

Mesmo antes, de costas, senti um olhar sobre mim, fechei os olhos,

 

Os abri mas deixei-os baixo, ao levantá-los, não consegui desviar,

Acho que o destino programara o nosso encontro,

Não sei se o teria avistado em outro lugar, tudo fora tão casual,

Quanto o apaixonar instantâneo que surgira entre nós,

O trabalho em que me esforçara tanto para finalizar,

Agora produzia resultados muito mais peculiares,

 

Direcionavam minha vida a um abraço, a segurança de ter alguém,

Mesmo o Eu Te Amo nunca tendo saído dos meus lábios,

Sussurrei olhando-o nos olhos, Eu Te Amo e gostaria que fosse para sempre,

Então, baixei os olhos aos papeis, ajeitei-os com duas batidas na bancada,

Encarei-o, quando o vi em pé, me estendendo a mão em respectiva,

Fora dessa forma, sem aguardar nem ao menos ouvir sua fala.

sábado, 3 de abril de 2021

Amor De Uma Noite



Tinha muito medo de demonstrar o que eu sentia e chocar,

Eu o amava em demasia, mesmo ante a sua ausência,

Mesmo sabendo que, talvez, nunca mais iria vê-lo,

Nunca mais tocá-lo, ou quem sabe ouvir o som da sua voz,

Mas certamente, não o esqueceria nem com mil vidas,

Nem mesmo se já houvesse outra em meu lugar,

 

O lugar que fiquei por pouco tempo, mas que fora o bastante,

Para mantê-lo seguro em meu peito, para todo o sempre,

Talvez, o segredo que eu venha a confidenciar cause mudanças significativas,

Ao contrário da minha opinião, pois meu coração ressoa:

Ele já sabia, e ainda assim se fora embora sem voltar-se,

Sem tirar satisfação de como eu estaria, de como me sustentaria,

 

O êxito de amar alguém é não ter medida para o que se sente,

Mas, eu tive uma, a qual manterei comigo por toda a vida,

Recordo de o solo estar quente em razão do sol que se ausentava,

A tardinha se despedia e nós riamos sem parar, deslumbrados,

Imaginávamos se as nuvens permitiriam as estrelas brilharem,

Se a lua renasceria serena, com aquele seu teor enamorado,

 

Sem perceber, deitados naquele solo arenoso, demos as mãos,

Entrelaçamos os dedos de forma apertada, como uma jura de algo,

Algo que não desejamos confidenciar, mas que nos manteria juntos,

Por uma noite ao menos, eu imaginava em meu coração,

Mas em minha alma eu ouvia o para sempre através dos seus olhos,

Embora, eles não estivessem fechados, entoava o som de um pedido,

 

Eu não me recusaria, nem ele, a noite caía a nossa frente,

Mas o céu se recusava a isso, se mantinha inerte,

Era como se nada estivesse acontecendo, corriqueiro, nada além,

A maneira como ele se manteve impassível a tudo, confesso,

Nunca compreendi, eu estava imóvel, ele movia os dedos,

Um afago singelo sobre minha mão, eu sorria de modo significativo,

 

Estar com alguém ao seu lado, poderia ser libertador o suficiente,

Eu havia lido sobre isso em muitos textos diferentes,

A liberdade de poder amar me parecera crucial, desejei-o,

Indiferente do amanhã, sem ter vistas para os resultados,

Os interesses congênitos as vezes falam alto demais para ser calados,

Mesmo quando as vozes se calam a contemplar o infinito,

 

É difícil defender o posicionamento oblíquo, aquele sem perspectivas,

Que busca viver o momento, como se bastassem as promessas,

Aquele eu te amo ressoado entre um acariciar e outro,

No olhar desinteressado que parece nos desejar tanto,

Que não se possa resistir, que não se queira mais que estar perto,

Eu sabia que poderia me apaixonar de verdade e amá-lo,

 

O bastante para pensar nele por muito tempo, todavia,

Naquela época, não imaginava que amaria dessa forma,

Que nunca esqueceria, que lembraria dele em cada vírgula,

Que mesmo tendo colocado um ponto final, não o via,

A proximidade dele me deixara intensa a ponto de querer ser sua,

Sem justificativas, viver aquilo que sentia, provar sua boca,

 

O amanhã não me deixava inquieta, nem a ausência de palavras,

À tardinha caiu inofensiva, não disse adeus nem nada, apenas partira,

Com ela o sol, pareciam estar de mãos dadas, as estrelas sorriam,

Surgiam de uma a uma, como se estivessem a beijar nossas juras,

Aquelas que não dizíamos, embora estivéssemos a contemplá-las,

Antes que víssemos se a lua brilharia ou não, senti sua carícia,

 

Agora mais invasiva, soltara a minha mão e subia por meu braço,

Afagava meu rosto, colocava-se ao lado dos meus lábios,

Com o polegar pareciam abri-lo, eu respondia com um arfar,

E um suspiro incontido, ele levantara do solo quente e febril,

Beijara minha boca, com cautela e desejo, a noite caíra por completo,

Apesar de, não ter exato sentido sobre o fato, de olhos abertos,

 

Só conseguia fixar nele, no sentimento que me consumia por inteira,

Fechei os olhos sem perceber, tudo já havia sumido do meu redor,

Podia sentir os olhos dele em mim, meu corpo se movia eu o procurava,

Sentia ondas de desejo me tomarem, não tinha controle sobre meus afagos,

Puxei-o com força sobre mim, intensificamos as carícias,

Algo nos roubava o controle e as horas se perdiam distantes,

 

Futuro duvidoso, que ao sabor do seu beijo valia cada hora perdida,

Nos encontramos um no outro, isso me bastaria para sempre,

Era como se o amor que acabava de acontecer ecoasse na alma,

Não quedamos a razão, somente respondíamos em intensidade,

O medo, as dúvidas, tudo soava estúpido demais para ser ouvido,

Em nossas almas, nada além das nossas juras silenciadas ao peito,

 

Feliz, completa até o fundo da minha essência,

De olhos fechados, podia não apenas ver seu rosto mas todo o resto,

Era como se o seu corpo estivesse sendo desenhado de dentro para fora,

Eu o sentia responder aos meus afagos e isso me fazia única,

Aquela expressão distante que ameaçava leva-lo embora,

Não seria o bastante para apagar cada segundo do amor que vivemos,

 

Talvez, eu imaginasse que nos separaríamos, mas não reagi de acordo,

Minha mão não se comportava, diante dos seus afagos me via ruir em seus dedos,

Folheava as páginas de um jornal, alguns meses depois de tudo,

Já pensando em ligar para ele, contar-lhe minhas notícias,

Virei a página, percebi então que havia lido a descrição da morte de Paulo,

Havia uma foto, ele estava dentro de um carro esmagado, tudo acabara.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Amor de Toda a Vida



 

Feche os olhos, lhe pedi, tem coisas melhores a se fazer com a boca,

Por exemplo? Ele indagou confiante, com aquele seu teor de sempre,

Apenas faça o que eu digo, somente em seguida saberá a resposta,

Ele obedecera, relutante, tentava esconder o sorriso do semblante,

Levantei meus pés, e beijei-o em cheio na boca que tanto queria,

Sem conversinhas bobas, sem tempo para ironias ou fingimento,

 

Apenas beijei seus lábios com toda a vontade da minha alma,

Sem tocar nele, nem ele em mim, seus braços ficaram soltos,

Me afastei um pouco, o bastante para absorver seu cheiro,

Percorri seu rosto com beijos molhados, cheguei ao ouvido,

Coloquei minhas mãos sobre os seus ombros, puxei-o, até senti-lo,

Tão próximo a ponto de respirá-lo, de senti-lo em meu peito,

 

Corações pulsando juntos, em um mesmo sonho de amor,

Eu te amo, sussurrei ao seu ouvido, ele se movera um pouco,

Parecia surpreso com a confidência, eu não entendi o motivo,

Acreditava ter deixado claro meus sentimentos desde o início,

Ele sorriu sem jeito, desanuviando o rosto, um brilho intenso tomou-o,

Senti um sobressalto em meu peito, ele conseguia ficar ainda mais bonito!

 

Eu perto dele, me sentia perfeita, longe não era nem a sombra,

Era apenas um corpo sem vida no rosto, sem sonhos, posso dizer,

Mas ali, sentindo o seu calor, era como se fosse nosso último minuto,

Aquele que marca o todo sempre, aquele que se guarda na alma,

Lá onde parecia que tudo estava perfeito, onde nada mais caberia,

Houve um espaço para ele, um espaço que parecia não existir antes,

 

E que, sem ele, tenho certeza: não existiria; Abracei sua nuca,

Acariciei seus cabelos com a ponta dos dedos, sentia medo,

Medo de tocá-lo e ele desaparecer como se fosse mágica,

Medo de perde-lo, aquele espaço que ele havia aberto,

Nunca mais seria fechado, seu para sempre, parecera dizer,

Não no teor de promessas que podem ser quebradas,

 

Por qualquer motivo que seja, mas por algo físico, algo diferente,

Ele era único, e essa unicidade dele, não permitia troca,

Era como se, embora eu fosse inteira, só me completasse com ele,

Eu senti isso em seu pulsar descontrolado, ele também viu isso em mim,

Um grande amor, por mais que se queira, não pode ser guardado,

Mesmos os corações mais perfeitos, precisam de outro,

 

Descobri isso em seus olhos, em seu jeito controlado e seguro,

Tive certeza disso em seus beijos, em seus abraços me encontrei,

Em seu corpo me senti muito mais que em mim mesma, te amo,

Quero que fique para sempre em minha vida, meu amor, completei,

Ele me abraçou de um jeito forte, quase como se me ferisse,

Passando a impressão de que tudo entre nós duraria para sempre,

 

Eu acreditei nisso, sem precisar ouvir da sua boca, naquele instante,

Beijar era o mais importante, absorver cada parte dele, ser sua e nada mais,

Seu cheiro entrava através da minha pele e invadia a minha alma,

Sabe o tipo de homem que fica? Aquele que permanece mesmo distante?

Aquele homem forte que sabe o que faz? Todas as minhas respostas ele tinha,

Abracei ele e quis que não me soltasse mais, mesmo me sentindo fraca nele,

 

Naquele minuto, rompi todas as minhas defesas e me permiti ser de alguém,

Sem dúvidas, sua boca afagava a minha pele, suas mãos percorriam em mim,

Eu apenas obedecia às nossas carícias, duas vezes mais segura que antes,

Dois braços fortes me envolviam, me percorriam, me protegeriam de tudo,

Um alívio tomava conta da minha alma, não estaria mais sozinha,

Mas as carícias não cediam, procuravam-se mais intensas, exigiam de nós,

 

A impressão que se tinha é que as horas que se seguiriam nunca seriam suficientes,

Mas nossas forças não conseguiram alcançar as expectativas,

Cedemos um ao outro, exaustos e sedentos, caímos abraçados um no outro,

Assim, permaneceríamos até que o sol acordasse o dia que viria,

Mas ele dormia pouco, em poucas horas acordara, eu senti seus movimentos,

Acordei, procurando por seus lábios ainda com os olhos fechados,

 

Eu precisava tê-lo de volta, acreditar que tudo não fora um sonho,

Minha boca ansiava por a dele, a dele não resistia e cedia a minha,

Nossos corpos ainda estavam colados, nossos desejos negavam-se ao contraponto,

Eu sentia que nunca poderíamos acabar, que nunca bastaria,

Não tentei guardar segredo por nenhum minuto, te amo, repeti mais alto,

O que ele ouvira do que eu disse, talvez não passasse de um suspiro,

 

Cortei o beijo ao meio, não teria fim mesmo, afaguei seu rosto,

Ao lado do olho, ele aceitou o estimulo e abriu-os,

Seus olhos cor da noite, absortos em nossos carinhos,

Aproveitei o momento, encarei-o, com o coração aos saltos,

Eu te amo, falei ainda mais alto, te amo como em um sonho,

Te amo como nunca imaginei sentir - te amo e pronto,

 

No ápice de tudo que estávamos vivendo, ouvi a frase querida:

Te amo da mesma forma, minha querida; caí adormecida,

Inerte em seu braço, não precisei ouvir mais nada,

Embora ainda sentisse vontade de amá-lo, todavia, sem forças,

Talvez, àquela hora já fosse de manhã, não soube precisar,

Estava tremula, abri os olhos, me deparei com a parede assustada,

 

Havia sonhado, porém, dessa vez fora tão intenso,

Que soara verdadeiro, apertei o peito, em pranto,

Percebia afagos me percorrer, podia sentir o teor do seu calor,

Porém, estava sozinha, descoberta e desnuda,

Eu tinha a sensação de ter amado por uma noite inteira,

Mas tudo se esvaíra, foi nessa hora, que senti uma mão masculina...

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Meteu Sexo Em Meu Corpo

 



Pude perceber como as promessas mudam em espaço aberto,

Dentro do quarto sobre lençóis macios, é fácil jurar o eterno,

A sensação do beijo também se diferenciava, se apagava aos poucos,

As mãos que se buscavam unidas, se soltam por instinto,

Aos olhos de estranhos o amor cai em vão, esquecido,

Dos sorrisos que prometeram amor, resta o soslaio,

 

Qualquer coisa que faça distanciar, qualquer motivo que desprenda,

Acabou o beijo, não precisa mais carícias, para quê sustentar?

Quando a sensação passar e vier a necessidade de mais, então: procurar,

Eu podia sentir que o sol desanuviava meus pensamentos,

Sentia ele escapar e não queria, nem iria prendê-lo,

Tudo ao seu redor tinha importância maior que o que vivemos,

 

Quando caminhei ao seu encontro, sabia o destino certo,

Me direcionava a esmo, iria crepitar em fogo,

O que me incendiaria não seriam chamas, mas afagos,

Depois disso, tal como o fogo se apaga, tudo ficaria ao passado,

A escravidão de ser sua fornece eloquentes argumentos,

A prisão de sentir suas carícias me descumpre com empenho,

 

Me vejo duvidar de tudo que havia posto em jogo,

De cada ideia em que me apeguei para tentar esquecê-lo,

Mesmo sem tê-lo preso em meus dedos, me pego a duvidar do que vejo,

É como se ainda permanecesse comigo, chego a ouvir sua voz,

Entre as lembranças sinto que uma voz feminina se coloca contra nós,

A sinto vencer, não gosto da concorrência, morte ou distanciamento,

 

Não me interessam mais os argumentos, entre nós, nenhuma outra,

O que sinto a unir-nos é tão fraco que apaga-se ao menor suspiro,

Sabe o tipo de menino da mãe? Então, não faz em nada o meu tipo,

Colocar uma outra presença entre nós dois, não aceito,

Recordo o nosso último beijo, sua mãe ligara para ele e ele a atendeu,

Ela quis nos separar, ele cedeu, me colocou para escanteio,

 

Bola na trave, nenhum orgasmo, nada que me faça querer repetir,

Lembro do seu medo de me tocar, parecia que eu estava ferindo-o,

Justo eu, logo soube o motivo, ele já tinha a vagina em que se apegar,

Não era a minha, outra boca oferecia carinho, e ele aceitara e mais nada,

Nos despedimos, eu não disse adeus, não gosto dessas coisas,

Mas, aquele momento fora um nunca mais, sem beijo para sustentar,

 

Sem o compromisso do amor; as promessas feitas ficaram no quarto,

Trancadas, jogadas sobre a cama, talvez, os outros que entrassem lá,

As pudessem sentir, fechei os olhos, senti vergonha de me submeter,

O homem que busquei não era humano, era um filhinho nada além,

Parece que ouço a voz dela, feito um veneno, repulsa é o que sinto,

O que houve entre nós, não há como apagar, nem repetir-se,

 

Desejo nunca mais vê-lo, colocar uma voz feminina no meio do beijo?

Por Deus que ao beijá-lo, eu juro: senti o cheiro da vagina dela, vergonhoso,

Ele virara o rosto quando procurei seus lábios, assaltara meu corpo,

Não foi amor o que fizemos, colocara um preço em meus afagos,

Mas esquecera de pagar por eles, o veneno escorria em minha boca,

Me embriagava, estou cheia dele, me vejo salivar faminta,

 

Sabe quando você odeia um alguém? Quando tudo o que você sente

Se volta contra você? Com o teor que lhe jurei amor,

Muito mais intenso, lhe juro ódio, meus olhos castanhos sangue,

Se recusam a vê-lo de novo, espero conseguir ficar longe,

Espero poder evita-lo, sou frágil, existem coisas fora do meu alcance,

Ele usara a força contra mim, me ferira para me expulsar para fora,

 

Me expos no meio da rua, foi bom para ele e para ela,

Para mim o adeus, para eles a vitória, me possuíram,

Não bastou, me destruíra, sabe quando o beijo vira nojo?

Aqueles lábios moles demais para me sustentar, caíram,

Acho que ele nunca quis se aproximar, nem eu queria,

Outro corpo, outra alma, outra boca - eu não merecia,

 

Suficientemente perversa para mim mesma, me entregara,

Tornei-me bestial e ainda sou obrigada a ouvir a fala dela,

Oh, Deus: Dá-me uma arma, um tiro certeiro no meio da sua cabeça,

Por favor, seria possível? Não um que a mate de forma rápida,

Quero vê-la sangrar, sofrer minha dor, morte sôfrega,

Como a que senti, quando o vi me tratar daquela forma,

 

Ela me cumprimentara fingindo intimidade, comigo, por quê?

Eu deveria ter desistido antes de me aproximar, eu quis desistir,

Ele mais que eu, fora um erro, não teria que ter acontecido nada,

O tempo se encarregaria de apagar tudo, espero não matá-la,

Me senti humilhada, não consigo encontrar forma de retribuir,

Sabe quando a morte é benevolente? Por quê, eu insisti?

 

Agora as consequências me ferem, humilhada como mulher,

Rejeitada como pessoa, as mulheres são forçadas a atacar,

Algumas são mais preparadas que outras, restou evidente,

Minha dor é explícita, ele me ferira olhando em meus olhos,

Usada, jogada sobre uma cama, humilhada, sangrei na sua frente,

Ele ferira meu útero, me rejeitara, me tirara os sonhos,

 

Agora meu psicológico não consegue reagir, chorando minto,

Sorrindo adoeço, petrificada, morta por dentro,

De forma implícita, tudo está disforme, até mesmo o meu corpo,

Não sei, mas a minha imagem era mais bonita antes,

Tenho medo de chocar as pessoas com meu depoimento,

Ele não sente nada, invejava o quanto eu sentia - não me queria,

Queria ela, e a trouxe, jogara sua vagina em minha cara,

 

No geral, outras mulheres, talvez possam aceitar isso,

A ponto de considerar até mesmo normal e apropriado,

Mas eu, o amei, não concordei com seus modos grosseiros,

Ele era o homem dela, nunca seria meu, por quê aceitei?

Me submeter? Me mandara ficar de quatro, recusara meu rosto,

Meteu sexo em meu corpo, rejeitou me satisfazer, eu não gozei...


quarta-feira, 31 de março de 2021

Um Encontro, Fora Dos Planos

 



Pensamento seletivo, um encontro programado,

Alguns beijos, outros afagos, nada além disso,

O amor, embora belo e sonhador para meninas,

Havia sido deixado há muito tempo lá trás,

Não por ter me magoado, não por ter sofrido,

Sentimentos reprimidos, um beijo a mais, só isso,

 

A minha atenção com relação a esses incidentes,

Estes que sofri quando acreditei em amor perene,

Fora desviada para outras coisas, outros afazeres,

Para que me apaixonar quando é possível colher noites?

Vagar por entre lábios com juras sôfregas ao luar,

Apenas para contemplar o brilhar das estrelas,

 

Me permitir sonhar e mais nada, nem um abraço para afagar,

Muito menos mãos que me prendam em qualquer coisa,

Pensamentos adstritos em aproveitar o momento,

Tendenciosa a sentir de forma profunda sem forçar nada,

Se houver novo encontro, que bom, mais um beijo,

Se no outro dia trocar de rua para não avistar, beleza,

 

Retórica apropriada, mesmo que para alguns severa,

Escolher beijar uma boca sem definir o final da noite,

Embora pareça frio aos ouvidos de quem ouve a frase,

É perfeito para quem escolher viver sem cobrar nada,

Se ficar até o sol acordar, fora por desejo de estar perto,

Se for embora antes que a lua adormeça, não estará errado,

 

Se ao acordar escolher ficar mais um pouco, ou não,

Sem expectativas que definam o futuro com alguma obrigação,

Seja de ordem moral, ideológica ou o que for,

Apenas um beijo, alguns afagos, se continuar que seja amor,

O entusiasmo de viver sem conter ou inventar sentimentos,

Desde o início de conversa é bem estabelecido,

 

Se quiser dessa forma: que seja, de outra maneira não o obrigo,

A escolha de permanecer em minha vida é do outrem, também,

Que coloque a culpa em mim se ao amanhecer vier o arrependimento,

Não crie expectativas que eu não tenha estabelecido,

Coloque as cartas na mesa e eu escolho se entro ou não no jogo,

De forma limpa, para que não haja infortúnios posteriores,

 

Me aproximei dele, lhe estendi a mão em cumprimento,

Ele respondeu cortês, havia calor entre nós dois,

Todavia, tudo ocorreria conforme havia sido planejado,

Nenhum passo em falso, nem nada de tão surpreendedor,

Seus olhos tinham um brilho de mistério, ao me desviar,

Por algum motivo estranho, fiquei a lembra-los,

 

Uma pequena parte de mim, olhara para trás pelo espelho,

Ela parecia sentir algo que não queria me relatar,

Mas tive certeza que este tipo de ideia era algo inventado,

Alguma projeção estranha da qual queria me afastar,

Ele me encarara por um segundo, parecia ler meu pensamento,

Aumentara a velocidade o bastante para não me dar temor,

 

Insuficiente para me impedir de pensar sobre aquilo,

Havia algo diferente entre nós, e eu não sabia se queria prova-lo,

Mesmo que tudo parecesse estar de acordo com o combinado,

Mesmo que houvesse a lua no céu, por um segundo fechei os olhos,

Agora me sentia duas vezes mais insegura que antes,

A pessoa que entrara naquele carro, sairia dali diferente,

 

Algo havia se arraigado em meu peito, pétreo e adstrito,

Eu senti como se a carícia dele fosse capaz de remover isso,

E isto iria de encontro com tudo que havia imaginado para mim,

Esta coisa de sonhos havia sido abandonada ao passado,

Eu tinha certeza quanto a isso, até aquele instante, ali não tive mais,

Paixão era coisa de adolescente, pensamentos equivocados,

 

Nada além disso, beijar uma boca, abraçar um alguém,

Olhar em seus olhos e imaginar que seria para sempre,

Nunca fora assim e nunca seria, eu sabia disso,

Não tinha como acreditar nisso tudo, de novo,

Me machucara o bastante no passado, fora o suficiente,

Ligações perdidas, outras não atendidas e até bloqueios,

 

Quando o sentimento muda a ponto de ferir, deve ser reprimido,

O problema é quando ele é demasiado intenso,

Quando até o reprimir machuca, houvesse uma forma de ler pensamentos,

Talvez sofresse menos, quem sabe, não tivesse acreditado tanto,

Dói em demasia querer ouvir uma voz e não ter quem te atenda,

Fere de morte, amar tanto e saber que não é retribuída,

 

Acordar ao início do dia com o coração cheio de esperanças,

E assim como as nuvens encabulam o sol, não ser retribuída,

Não ter quem lhe faça uma surpresa, ou diga que a ama,

Foram tantas as investidas em busca de ser compreendida,

Aceita, amada, que perdi as forças em algum lugar lá atrás,

E agora, um estranho surgia pondo tudo na balança,

 

E ainda, me fazendo duvidar sobre se algum dia eu amara,

Perto dele, tudo se enevoava e parecia pequeno,

Mesmo o sofrimento caía em vão, desejei ver a luz do dia,

Arrisquei olhar para ele, então, desejei que estivesse ao meu lado,

Olhei para o meu celular e almejei receber uma chamada,

Mãos trêmulas procurei meu número, desejei confidenciá-lo...


terça-feira, 30 de março de 2021

À Espera



Eu hesitei enquanto abria a porta serena,

Passei a língua sobre os dentes para senti-los,

Era tudo tão perfeito que parecia que eu não existia,

Depois de tanta espera, marcamos nosso encontro,

Senti cada dente, quase feri a língua, mas constatei,

Estava acordada, mesmo que parecesse sonho,

 

Olhei para o lado direito, com mãos tremulas,

Vi a luz brilhar no teto, a esta hora havia lua,

E com ela, o homem que tanto esperei encontrar,

A sala estava organizada com orquídeas coloridas,

De forma discreta para fomentar nosso clima,

Que a julgar pelo teor das nossas conversas,

 

Estava no ponto de explodir em clímax,

Agora sentia ainda mais certeza que antes,

Era uma espécie de alívio poder encontrar alguém,

Poder falar sobre o amor e ter quem compreenda,

Poder sonhar acordada e de olhos bem abertos,

A sonhar com o sabor do beijo sobre a boca sedenta,

 

Abri meu melhor sorriso sentia a impaciência em meus lábios,

Não me importava mais em proteger meu segredo,

O amava e queria demonstrar isso a ele, com alegria,

Com a ansiedade da menina que conhece seu primeiro amor,

Pois, era assim que eu me sentia, e ele deveria tomar conhecimento,

Essa questão sobre ser amor a unir-nos um ao outro,

 

Já havia sido discutida, ainda no início da conversa,

Então, não haveriam empecilhos, nenhum desassossego,

Em conversas mais recentes o enfoque fora nossas almas,

Sobre o quanto combinávamos um com outro,

Nos gostos musicais, nossos autores favoritos, os gêneros literários,

Haviam muitos assuntos, juntos nunca faltara diálogo,

 

Havia tanto para conhecer que falávamos sobre tudo,

Já nos conhecíamos o suficiente para saber agradar,

Saber o que dizer e o que fazer para produzir conforto,

O que me angustiava, me deixava apenas um pouco insegura,

Mexia com minha imaginação, seria o primeiro beijo,

A forma como eu faria o primeiro afago, como agradá-lo,

 

Deveria ser restrita a outras coisas essas dúvidas corriqueiras,

Quando se ama em demasia, a gente se preocupa com isso,

Embora, não quisesse admitir, essas questões me tiraram o sono,

Eu aproveitava o tempo para ficarmos conversando até mais tarde,

Tentava identificar nas entrelinhas de que maneira cativá-lo,

Cada pessoa é única, não há um pergaminho a identificar,

 

Deve ser coisa de pele mesmo, algo que se aprende com o afagar,

Com o tempo juntos, com o buscar da alma em cada olhar,

Bem, não quero retomar as dúvidas e me angustiar com elas,

Ele estava a porta, a minha espera, logo tudo se dissiparia,

Iria focar nos resultados, entre sorrisos, pipoca e um bom filme,

Um beijo roubado e um sonho a ser construído com ele,

 

Eu parecia ouvir o ruído dos passos ali fora, sobre a escada,

Ele também deveria estar ansioso para me encontrar,

Havia uma brisa fria que soprava, a noite de inverno estava sôfrega,

Ao longe, eu havia avistado uma neblina, será que sofria?

Fosse a neblina chuva do inverno, as estrelas estariam a chorar,

Esperava que ao final da noite, não fosse eu a sofrer com elas,

 

Faltava meia hora para o instante em que ele chegaria,

Ele havia se adiantado e eu gostava dessa forma,

Ele me conhecia o bastante para saber e considerar isso,

Respeito e consideração colocam um pilar sobre as dúvidas,

Eu contava os segundos para vê-lo, e ele também,

O cheiro do meu perfume se intensificava com o suor,

 

Estava sendo incapaz de controlar a ansiedade de vê-lo,

Tinha boas razões para o fato, gostava dele, esperava-o,

Talvez, a mais tempo do que queria admitir e aceitar,

Negar este fato, seria uma tentativa de negar a mim mesma,

Abandonar o coração como se pudesse viver sem ele,

Como se não precisasse dele para ouvi-lo sussurrar seu nome,

 

Fugir do amor é um teorema ao qual não queria me apegar,

Uma falha que feria de forma vista a olhos nus,

Mas, sua presença ou ausência ao nosso encontro

Formaria um comprometimento decisivo,

Sem que pairasse qualquer sombra de dúvidas sobre nós,

As juras já haviam sido feitas, faltava agora, o comparecimento,

 

Nenhumas das nossas conversas pairaram em obscuridade,

Me nego ao fato de que possa não dar certo,

Se havia amor entre nós dois não haveriam contrafeitos,

Embora, nunca tenha entendido o porquê de apenas eu ceder,

Às vezes, em que ele se esquivava, se colocava distante de nós,

Sabia com tanta propriedade sobre minha irmã,

 

Não conhecia tanto de mim, me julgava pelas atitudes dela,

Parecia que se aproximava de mim com objetivo nela,

Buscava nela utilidades e em mim, via o que exatamente?

A perda da chance única pela ausência de oportunidades?

Então, ele nunca soube me ver, eu sou eu e ela é ela,

Confunde uma a outra, a protege de uma forma estranha,

 

Ouvi uma nova batida na porta, agora incerta,

Meu coração pulsava tirânico em meu peito,

Ressoava como um açoite sobre a minha alma,

Fiz um esforço, permitiria sua entrada e pronto,

Ao abrir a porta de olhos baixos, olhei para cima,

Uma estrela brilhava no céu, no chão: um estranho.

Cobrança de Aluguel

Quinze dias na casa nova. Cidade nova. Saudades do pai. Não haveriam novas notícias. Ele estava distante, Estava onde não h...