terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Carta a Mão

 
Vou corrigir minha falha, sim admito, houve um erro,

Por um deslize bobo, hoje pago um preço alto,

Escrevo esta carta com minha própria letra,

Ao final, não esquecerei de por minha assinatura,

Peço, então que sinta-se segura quanto ao que sinto,

Pois do tanto que a admiro, que a tenho em meus pensamentos,

 

Não conseguirei definir uma vírgula ao menos,

Minhas palavras embora repetitivas, nunca foram falsas,

É difícil expor um grande amor, quanto se ama tanto,

E sente dentro de si mesmo, um temor horrível de vê-la partir,

Digo isso com voz honesta e séria, apesar de não poder ver meu rosto,

Acredito que possa extrair isso a partir destas linhas

 

Que com tanto sentimento expresso meu carinho,

Espero que se lembre da sinceridade dos meus atos,

Para conquistar-te não moveria um único dedo,

Fosse incerto tudo que sinto em cada vez que a vejo,

Gostaria de chama-la a lembrança, da vez em que levantei a mão

Para acariciar seu rosto, aquele dia, a toquei com o coração,

 

Tive medo que se assustasse com meu entusiasmo,

Que não soubesse expressar o que sentia através da minha voz,

Tão rouca e falha naquele crucial momento,

Não ousei pedir-lhe um beijo, mas o desejei em cada segundo,

Não ousaria afrontar o momento, me exceder em fatal desejo,

No néctar de um beijo me arriscar ao gosto amargo do adeus,

 

Embora tenha acreditado contemplar no brilho dos seus olhos,

Como se fosse desenhado a mão em seu rosto, que retribuía o sentimento,

Por não ter duvidado disso em nenhum segundo, é que me atrevo a escrever-te,

Acredito que possa existir uma chance para este amor sublime,

Acredito em nós dois com um quê de inseguro, que me leva a desejar estar perto,

Querida é certo que se você estivesse do meu lado,

 

Nunca teríamos porque discutir ou criar tormentos desnecessários,

Gostaria de motivar razões para que você retribuísse meu amor,

Mas acredito que para ser amor deve ser espontâneo,

Eu poderia passar o restante do dia aqui a te expressar porque a amo,

Feito a chuva que em finas gotas caem na janela, eu a expressaria,

Sendo cada gota uma razão, e acredite: poderia secar o mar nessa hora,

 

Mas, porém, faltariam as linhas, talvez você se cansasse de lê-las,

E, eu, de forma alguma, gostaria de ser inoportuno,

Meu desejo é conquista-la e não acolher meios de afastar-te de mim,

Seu nome, me salta aos olhos, me pego a rabisca-lo por onde for,

Feito um tolo, sempre a procura-la no meio da multidão,

Infelizmente, você está longe de mim agora, então preciso pensar,

 

Esta distância que nos separa me fere sem se apiedar,

E a você, lhe causa algum desconforto, ou quem sabe a faça bem?

Talvez, você deseje minha carta, ou quem sabe nem chegue a ler,

Mas você vale a tentativa, este sentimento que sinto pulsar tão forte,

Vale cada linha, cada palavra, cada pensamento, vale desejar-te,

Apostar na expectativa de poder te abraçar, coisa que não fiz,

 

Mas teria feito com honra desmedida tivesse me dado a oportunidade,

Peguei sua mão, toquei seu rosto, vi seu sorriso brilhar tímido,

Tudo aconteceu da forma correta, como eu sempre quis,

Nada muito apressado, sem promessas falseadas, sem aquela coisa do beijo roubado,

Sem imposição de absolutamente nada, de nenhum dos lados,

Foram apenas gestos medidos pelos desejos que escolhemos viver,

 

Dizem que a sorte pode ser traiçoeira, mas desejo que a minha se recuse,

Amá-la-ia, assim mesmo, por uma vida inteira, mas gostaria de um abraço,

Como guardar para sempre um amor que não fora recíproco?

Seria sofrimento desmedido, se for para ferir ou ferir-se, me retiro,

Eu custo a acreditar nesta história, me soa feito um sonho bom,

Não imaginei que a amaria com tanto sentimento, mas aconteceu,

 

Quem é que escolhe o caminho traçado pelo amor? Você escolheu?

Me perdoe por estar sendo indiscreto, mas ao referir-me a sentimentos,

Prefiro que sejamos os mais sinceros que pudermos ser, não me interprete mal,

Espero, também, que não seja a hora equivocada, contenho meu sorriso,

Em busca de não demonstrar tanta felicidade, não quero que imagine

Que a vejo como um troféu, ou algo que se conquista sem esforço,

 

É inegável o quanto me sinto honrado por termos conversado,

Me desculpe pelas vezes em que perdi a voz, calado a te contemplar,

O amor deixa a gente bobo, me faltam as palavras como lhe disse linhas atrás,

Sobre o suor tão palpável na minha fronte, também me perdoe,

Não é todo dia que Deus nos põe no caminho a mulher da nossa vida,

Coragem não me falta para demonstrar de mil maneiras o quanto a amo,

 

Mas preciso de uma indicação sua, uma resposta sobre esta carta já será bem-vinda,

Me senti angustiado nas últimas semanas em que não tive notícias suas,

Fiquei aqui sentado, esperando, esperando, até tocar a caneta, e pensar,

Sei que posso fazer algo por nós e o farei, quem não perdoaria uma loucura por amor?

Não pense que escrevo nestas linhas palavras vazias,

Me sinto como se não tivesse mais idade para falar sobre essas coisas,

Identifiquei em você, que também não está acostumada a ouvi-las,

Contudo, talvez, algo te alente a alma e você me permita ficar.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Fotografia Antiga

 

Se o amor teve data e hora para descer a terra,

Você parece que nascera na estação certa,

E eu também, pois entre tantas pessoas,

Me deparei com você naquela linda manhã de primavera,

Não precisei mais do que um instante para te amar por uma vida,

Mas, agora distante, a cada vez que a saudade me toca,

 

Rememoro nossos dias de outono, tão belos que vivemos,

Parecia que nada nos separaria, eu acreditei em nossas promessas,

Que nem mesmo o tempo encontraria forças para tirar você de nós,

Mas, tão logo, chegara as chuvas de inverno você escapara,

Fugira do nosso amor como se nunca tivesse significado algo,

Acho que isso me pegara de surpresa, até agora me recuso a acreditar,

 

Que tão rápido quando o fogo se extingue, nosso amor fosse acabar,

Fosse culpa da chuva eu a teria protegido com um guarda-chuva,

Fosse pouco o amor, você não teria me beijado daquela forma,

Bom, eu pelo menos te beijei com todo o amor que eu tinha,

Se não me entreguei de forma mais profunda, acredite, em mim não havia...

Por mais que você duvide do amor que dividimos, eu nunca,

 

Nunca nem um dia sequer imaginei amar outro alguém melhor,

Talvez nenhum de nós tenha esperado este desenlace,

Quem sabe, você ainda pense em tudo que houve entre a gente,

Uma dúvida que ecoa em meu coração de uma forma singela,

Sempre me indaga sobre o fato de você se lembrar ou não do meu nome,

Eu ainda guardo aquela cartinha sua, com sua assinatura,

 

Releio cada palavra, revivo cada momento, fico sem fala,

Ela continua guardada, em um lugar muito importante,

Não permiti a ninguém que soubesse sobre isso, talvez não fosse do seu interesse,

Tanto tempo se passou, soube de fonte segura que você seguiu seus planos,

Que hoje há outro alguém no meu lugar, será que você esqueceu de nós?

Não imagina o quanto gostaria de saber disso, se nas manhãs chuvosas,

 

No instante em que a chuva toca a janela, como se fossem lágrimas,

Você ainda lembra daquele dia em que simplesmente fora embora,

Eu recordo do momento em que ela molhara seu rosto,

Quis acreditar que haviam lágrimas em seus olhos,

Cheguei a fechar os meus e pedir que houvessem, mas não,

Não houveram não, eu recordei cada momento, prestei atenção,

 

Não posso te definir como indiferente, mas, não foi o que eu esperava,

Lembro de ter esperado até o dia seguinte, e dia após dia, esperei sem cansar,

Mas não vieram notícias suas, além das que eu fui atrás,

Sempre soube que você sabia que eu te amava, mas você acertou em seguir sua vida,

Com certeza, hoje se encontre em uma vida plena,

Acredite, de ambas as partes nunca houvera arrependimento,

 

Ainda olho aquele retrato, apenas o retirei da parede, depois da carteira,

Mas o guardo comigo, porém, hoje, parece que ele não diz mais nada,

Permanece inerte a guardar uma imagem que parece ser falsa,

Aquele instante em que você se dispersara com olhos vagos para outro lugar,

Gostaria de saber sobre aquele momento, hoje ele parece mais significativo,

Pensando melhor, prefiro deixar quieto, seu sorriso ainda me encanta, isso basta,

 

Eu prefiro me recusar a dar o prazer a você de acreditar que esqueci de tudo,

Lembro de cada momento, com detalhes que antes não havia percebido,

Falando nisso, meus olhos ainda são aqueles mesmos de outrora,

Os quais você nem chegara a reparar, mas quanto ao brilho, está um pouco diferente,

Esta foto, de aspecto envelhecida merece ser guardada, eu estive lá,

Acredito que você também não tenha esquecido, como iria esquecer?

 

Sei que fui importante, mas foi tão pouco o valor que você me dera,

Hoje, olho para o mundinho em que você vive e penso: que bom,

Poderia ser eu aí com você, eu poderia ser essa pessoa que para você é nada,

Ouvi falar que o que pertence ao passado merece condenação ao esquecimento,

Eu duvido muito disso, gosto de rememora-lo, ver como estou diferente,

Às vezes, me pego a imaginar o que você pensaria sobre esse assunto,

 

Nunca conversamos sobre isso, nosso diálogo fora sempre tão escasso, não é?

Contudo quem sabe, aí em um cantinho da sala, nas horas vagas, você lembre,

Espero apenas, que não guarde a petulância de desejar ter-me de volta,

Não depois de ter dito que não valeria a pena lutar por nosso amor,

No que tange a assuntos referentes ao amor, é preciso muita cautela,

Mas, sobre mim, pouco importa como estou, sobre nós que bom que acabou,

 

Ultrapassamos aquela parte do romance americano em que o casal

Recebe tufadas de areia na cara, sorri, se abraça e ainda se beija,

Se existe o lugar ideal para as areias, eu abandono-as para o mar,

Lá a água sabe usa-la como a convier, mas em minha vida, não aceito,

Desculpa, não acredito em amor remendado de momentos,

Não confunda com ignorância o que estou a falar, talvez em demasia,

 

Meu tom não é ríspido, meu sentimento não é de intolerância,

A saudade que me busca e me faz recordar, não me guia a dor,

Do contrário, apenas me faz dar valor a tudo que hoje, sou,

Mas achar essa foto, guardada entre minhas coisas, confesso...

Foi uma surpresa e tanto, como é doce o amor que mantenho comigo.

domingo, 17 de janeiro de 2021

Moça Pensativa

Ela, olhou-o com olhos assustados, apesar de tantas promessas feitas,

Já não reconhecia seu namorado, decidiu ignorar todas as palavras ditas,

Virou as costas e encaminhou-se para a porta a passadas largas,

Sem dizer adeus, nem cair em lágrimas, segura de si mesma,

Se as promessas feitas entre beijos apaixonados foram insuficientes,

Menos fiadora de sentido seria travar uma briga sob olhos descrentes,

 

Que os observavam com curiosidade incontida, notícia do dia,

Deveriam estar a defini-los uns aos outros, fato este, inconcebível para ela,

Sempre fez de tudo para honrar seu nome, não seria por amor a um cafajeste

Que poria tudo a perder, como se fosse uma qualquer carente de mente,

Ele ainda sorria, como se duvidasse de sua capacidade de ir embora,

Jogava sua partida de bilhar como se isso fosse o auge de sua vida,

 

Mas ela já não se importava, não aceitaria discutições, ele nunca a via,

Nem ao menos percebia as investidas dos seus amigos sobre ela,

Já estava alcançando a porta quando alguém tocou com força o seu braço,

Ela parou, virou-se estupefata, ele estava em pé com seu sorriso de lado,

“Eu te amo, não gostaria que fosse embora, me deixar aqui dessa forma,

Me soaria demasiado ofensivo, eu a amo sempre fui fiel o que mais você desejaria?”

 

Ela não disse nada, fidelidade? Como ele ousava tocar nesta palavra,

Depois de traí-la tanto com suas atitudes, então trair era apenas questão de corpo?

Voar com a alma sabe se Deus para onde, enquanto a abraçava, não significava nada?

Desviar o olhar para todos os lados como se sempre estivesse a procurar algo,

De repente, passara a significar prova de amor? Então, o amor mudara sua definição,

E agora passara a ser confundido como mero movimento de lábios,

 

A proferir Eu te Amo sem sentimento, a repousar-se entre beijos em lábios afetados?

Não, isso era pouco demais para alcançar seu coração, insuficiente para fazê-la ficar,

Se desvencilhou com um movimento rápido, forte e preciso, pôs a mão no trinco,

Respirou por alguns segundos, abriu a porta e chamou um taxi, logo estaria em casa,

Não queria se estender em conversas evasivas, mil vezes ensaiadas, repetidas

Mas nunca ouvidas, nunca assimiladas, ela não era dada a regalias,

 

Não se renderia aos impulsos de suas amigas, recusaria conselhos,

Disse a si mesma: seria a dona da sua própria vida, a autora da sua história,

Sentada no taxi, algumas lágrimas vieram no rosto, como se para apagar o gosto,

Que com o mesmo efeito de um beijo falso, ressoaram sobre ela em palavras

Errôneas pronunciadas com roupagens de verdadeiras,

Suas mãos endurecidas pelo trabalho da roça pareciam saber o que fazer,

 

Secaram cada lágrima, com a forma de uma carícia que ela merecia,

Qual a validade de tanta soberba, se nem ao menos sabia reconhecer uma mulher?

Esconder-se por trás da bebida, para disfarçar atos desejados,

Era uma atitude simplista, de nada valia se não houvesse planejamento,

Em que baseava sua estima se tudo o que fazia não passava de reflexo

De pensamentos externos? Não sabia pensar por si mesmo, valorar o próximo,

 

Nunca passaria de fantoche nas mãos de estranhos metidos a espertos,

Ela relutou, antes de tomar sua atitude, refletiu, deveria precisar seus atos,

De maneira a evitar o máximo possível de erros, não se joga o amor pela janela,

Mas também, não se espera-o com a porta aberta, há riscos pelo caminho,

O futuro sempre guardava um quê de imprevisibilidade,

Ela precisava estar segura, preparar-se para o que poderia espera-la a frente,

 

Saiu do táxi, e uma sombra escondeu seu rosto, pagou a dinheiro,

Dirigiu-se para sua casa, sentou-se um pouco na escada, contemplar a vida,

Que passava sempre com aquela segurança conhecida, atônita, mas consciente,

Isso fazia com que ela acreditasse que existiria algo melhor, um pouco além,

Mas esperar sentada não parecia ser a melhor maneira, levantou-se, entrara...

Fora para seu quarto, abrira um livro, ficara em silêncio, dispersa de tudo,

 

Ela lembrara de ele ter engasgado, perdendo a voz, ela sabia que era valorizada,

Era vista como um troféu em que todos queriam tocar, irritados por ela se negar,

As demais soavam sempre tão frágeis, sempre apaixonadas e volúveis,

Sempre repetiam suas histórias com cada homem da cidade,

Gritando aos quatro cantos que a escreviam pela primeira vez,

E eles, tolos doentes por corpos fáceis, fingiam acreditar nisso,

 

Apenas para ganharem minutos de consolo em qualquer canto,

Isso a deixava inquieta, era como se não houvesse ninguém para segurar sua mão,

Os filmes que assistia, as músicas que ouvia e os livros que lia, lhe davam outra sugestão,

Suas amigas sempre com as melhores roupas, unhas feitas, maquiagem “da-hora”,

Corpos expostos, objetos de deleite aos que pagavam o preço,

Ela, nunca entregara-se a estes luxos, bem pudera, levava uma vida simples,

 

E as outras pareciam gostar disso, sempre buscando excluí-la, era difícil interagir com elas,

Não bastava definirem um comportamento, ainda queriam obriga-la a seguirem-nas,

Comportamento este, puramente instintivo, baseado em sexo, abordagens negativas

E despeito, quem haveria de amar seres vazios desse jeito?

Tanto eles, quanto elas “farinha do mesmo saco”, ela gostava de defini-los,

Mas, ali onde estava, ela não precisava de homem algum,

 

Bastava a si mesma, seria autossuficiente, seria o bastante para protege-la,

Almejava uma faculdade, desejava um caminho em que se sentisse plena,

Onde construiria seu chão com honra, negando-se a vender o próprio corpo,

Ela havia percebido entre as amigas, que, no instante em que colocavam preço em si mesmas,

Perdiam tudo na busca incessante pelo dinheiro, trocavam seus valores por trocados,

Perdiam pelo caminho desde as medidas do corpo, do cérebro e até da alma,

 

Isso, no começo a fizera sofrer, era difícil deparar-se com suas amigas em cada esquina,

Se soubessem elas, o quanto eram amadas, entenderiam a pena que ela sentia,

Mas naquela hora, para aquele tipo de pessoa que se tornaram, e que provavelmente,

Sempre tivessem sido, já não importava mais o amor, apenas o dinheiro fácil,

Ela sentira-se fracassar, até perceber que tudo não passava de chantagem,

Outra forma que adquiriram para extorquir, lucrar sobre os outros,

 

Manipular as pessoas que ainda amavam, só porque nelas, não havia mais nada,

Mentes vazias corrompidas pela ambição, só vislumbravam meios de lucro,

Prostitutas de carteiras cheias, que buscavam um valor que não tinham,

Repetindo entre si mesmas: “putas são aquelas que dão de graça”...

Coitadas, tão vazias, que em busca de se estabilizar frente a sociedade,

Conseguir percorrer as ruas que tanto precisavam para manterem-se,

 

Tentavam denegrir quem tinha valor e não colocava preço aos seus sentimentos,

Ela, olhava a todas com o olhar incrédulo, vendo seus corpos e mentes

Consumirem-se em seus próprios vazios, isso a deixava embasbacada,

Sexo com hora marcada, corpos a definharem em seus prazos de validade,

Homens insatisfeitos a comprarem momentos de prazer,

Onde fora parar a tal dignidade? Quisera balbuciar algo, não soubera o que dizer...

Homem na Areia da Praia

 

De fato, existem pessoas frívolas e fúteis capazes de tudo,

Com a explicita intensão de chamar a atenção,

Sem medir as consequências dos seus atos,

Tudo por um segundo de fama, uma gota a mais de emoção,

Mesmo que com isso, denigram imagens, ultrajem sentimentos,

Invadam a privacidade ou o que for preciso, por um segundo de holofotes,

Conheço bem está espécie, elas agridem tanto a si quanto aos outros,

Sustentando-se em verdades inventadas dentro de suas mentes,

 

Dizer isso é tão desnecessário que beira ao gauche,

Porém, até quando será possível negar-se a esta verdade?

Eles acreditam enganar, apenas porque conseguem êxito aparente,

Segundos de luzes sobre si mesmos e as sombras ressurgem,

Aquelas nas quais eles se abrigam, acreditando estarem seguros,

Um caminho construído em ladrilhos falsos queda ao fracasso,

Cedo ou tarde, ele se parte, até não restar nada além do esquecimento,

Joelhos machucados se concertam, diferente da honra quando dilacerada,

 

Uma queda ao chão estilhaçado e não lhes sobra nada,

Por ser mero reflexo, não tem base em que se reerguer,

Sendo sujeito detentor de vida, nada mais adequado que agir com a audácia

De quem busca algo em que acreditar e por que lutar, lutar para quê?

Talvez, para não constituir mero chão em que outros possam pisar,

Para ser mais que simples coadjuvante da sua própria história,

Eis um ponto chave que precisa ser levado em consideração,

Ele calou-se por um instante, levando a mão para sentir o coração,

 

Lágrimas brilharam em seus olhos, ocultando por um momento,

A luz do sol que brilhava no horizonte, teria ficado cego por alguns segundos,

Não tivesse controlado suas emoções, e buscando dentro de si, um pouco de razão,

É de se concordar, sobre o quanto é difícil ocultar a voz insistente da própria paixão,

Quando tudo ao redor grita de diferentes formas em busca de comoção,

Fazendo barulho ao seu entorno por estarem morrendo no vazio de um coração,

Ruas cheias de pessoas, que vazias, afundam-se dentro de si mesmas,

Andando rápidas de um lado para o outro, por não terem destino certo,

Deixando uma espécie de névoa de poeira atrás de si próprias,

Buscando ocultar seus rastros, perdidas e errantes em seus caminhos em falso,

 

Ele parou um pouco pensativo, estava a contar os passos pela calçada ladeada ao mar,

Apesar de tudo, a natureza ainda alcançava um efeito extraordinário em sua alma,

Fazendo com que ele se permitisse sonhar em algum dia, alcançar o amor,

Se sentia velho, fraco em sua busca fracassada, mas não desistiria dos seus sonhos,

Cedo ou tarde alguém chegaria, com capacidade e sentimentos suficientes

Para fazer com que ele mudasse sua vida, e se entregasse a este amor ardente,

Não se entregaria ao que os outros definiam exasperados: desespero,

Se fosse possível ao amor tomar forma ele o encontraria em seu destino,

 

Sem precisar se exasperar com nada, muito menos com si mesmo,

A exemplo de outros tantos, que afundavam-se em bebidas alcoólicas,

Como meio de facilitar as coisas, eles diziam entre sorrisos forçados,

Entregando-se a amores que se alcançavam o nascer do dia,

Não se podia definir que desta hora passavam, sexo casual com hora certa,

Isso nunca preencheria a vida de ninguém, disso ele tinha certeza,

Era inegável o quanto haviam mulheres bonitas que se aproximavam dele,

Mas com pouco tempo de conversa, algumas perguntas simples,

E a maquiagem saía sem precisar ficar borrada, e delas não restava absolutamente nada;

Isso era insuficiente para que ele desejasse-as em sua vida, basta ele dizia,

 

Afastava-se, apesar de não se considerar o mais bonito ou mais esperto,

Dava muito valor a si mesmo e isso sempre vinha à tona em seus olhos,

Então, porque criar jogos com conversas frívolas se isso não convencia a ninguém?

Nem sustentava casamento, namoro ou o que fosse que eles desejassem chamar,

Mesmo quando elas criavam aquelas conversinhas fiadas sobre o amor,

Ele se recusava até mesmo a beijá-las, negava-se a tudo de forma veemente,

Porque usar o artifício da mentira? Simplesmente porque eram vazias...

Uma evasiva sua, outro rapaz abria a carteira e elas partiam com seus amores de uma noite,

 

Enquanto ele não encontrasse um lampejo de amor em seus olhos nebulosos,

Permaneceria tateando no escuro, deveria haver uma luz que pudesse guia-lo,

Algo que não brilhasse somente para obter segundos de pura luxúria,

Alguém que soubesse ouvir, compreender e dar vida ao que ele acreditava,

Alguém que merecesse traçar um caminho seguro com ele, sem o inconveniente,

De dormir entre beijos e abraços apaixonados e acordar sozinho sem reconhecer aonde,

 

Desceu os degraus da escada que levava a praia e percorreu a areia,

Meio alheio ao seu redor, encantado com a brisa, as ondas, os pássaros a voar,

Não estava preparado para receber tal abordagem, de uma moça que diga-se de passagem,

O verde cristalizado dos seus olhos era de longe a qualidade mais proeminente,

Foi como se uma bala perdida, naquele instante encontrasse seu alvo,

Seu sorriso o pegara de surpresa era honesto, aberto e acolhedor,

Não soube precisar se o que fez seu coração bater tão descompassado

Pudesse se chamar amor, mas estava convicto de si mesmo, descobriria,

 

Ela possuía um ar inocente, de moça independente que sabe o que quer,

Um corpo bonito, uma alma encantadora, perfeita ele a quis descrever,

Ele sentiu os sonhos de antigamente tomando forma no horizonte,

Já não sentia o coração encoberto por sombras, como se fosse inerte,

Estava, de repente desperto, cheio de uma segurança inconfundível,

Ela era solteira, percebia-se pelos delicados dedos despidos de anel,

Ele se aproximou, com um pouco de cautela, escolheria as palavras,

Seria o primeiro a falar, usaria de sua perspicácia para encontrar a ideia certa.

sábado, 16 de janeiro de 2021

Moça Triste

 

Para ela, nunca haveriam olhos mais bonitos que os dele,

De um castanho cobre, cor do sol quando se esconde no horizonte,

Sempre andara altivo, como se buscasse algo mais a frente,

Parecia indiferente ao que acontecia ao seu redor, mas não a enganava,

Sempre que ela buscava um esbarrão, ou qualquer forma de contato,

Mesmo sob o efeito dos sobressaltos do seu coração, ela ainda ouvia algo,

 

Algo que ele não ousava pronunciar, mas que estava guardado em seu olhar,

Era difícil controlar o sentimento que a envolvia, tornar-se neutra diante dele,

Daria para admitir que ninguém que estivesse sob o seu efeito, poderia resistir com classe,

E este ninguém a definira por inteira, aquele olhar que guardava uma dor tão aguda,

A estimulava, a incitava a se aproximar, mesmo que algo dentro dela sugerisse,

Na verdade, soava mais como uma alerta que repetia insistente: não se aproxime...

 

Mas, quem resistiria ao pôr do sol que acontecia sempre na mesma hora,

E que por sinal, de forma desproposital a colocava diante dele, sempre no mesmo lugar,

É certo que de instante a instante, seu olhar se desviava a procura de encontra-lo,

Estivesse ou não este alerta ligado dentro dela, o brilho daqueles olhos castanhos

Desviariam qualquer atenção, apesar de que ele nunca parecia estar onde estava,

Era como se fugisse de algo, e ela, ao seu lado, embora parada, sempre a procura-lo,

 

Naquele momento não desejara nada além de encontrá-lo, chegara a acenar,

Ele se aproximara um pouco, respondera com um sorriso gentil,

Ela sentira esse gesto com um vestígio de empolgação, então havia um meio enfim,

O provocara com um sorriso e um movimento de cabelos, ele parecera gostar disso,

Apesar da declaração ser um tanto sutil era verdadeira, só não saberia expressar

Se fora recíproca, ela estava acima de qualquer orgulho,

 

O desejava muito para se ater a coisas pequenas e banais como, joguinhos de conquistas,

Estava quase convencida de que o amava, então para que tentar fingir que não?

Ele aparentava ser um sujeito honrado, se não houvesse amor entre os dois,

Poderia existir algo diferente como uma amizade sincera,

E bons amigos sempre são bem-vindos, ela enxergava isso em seus cativantes olhos,

Aquela dor profunda que havia neles despertava uma vontade querer protege-lo?

 

Nunca entendia porque nos romances as mulheres nunca protegiam quem amavam,

Por que deveriam sempre serem elas as protegidas? Ela queria soar diferente para ele,

Ser algo que ele sentisse orgulho de lembrar, ser aquele talvez que ele parecia buscar ao longe,

Apesar de ele estar ali sozinho, de alguma forma sempre fizera parecer que não,

Isso a intrigava, se ele havia deixado alguém por que motivo havia feito isso?

Havia uma singela marca de aliança no dedo que sugeria casamento e percebia-se paixão

 

Enraizada dentro dele, fosse ele, viúvo, mesmo jovem, não teria removido o anel, teria?

Ele não aparentava ter uma idade muito superior à dela, ou mesmo ser um homem fraco

Do tipo que foge das implicações que atitudes como um casamento em idade precoce

Acarretariam no âmbito social; em um ímpeto de coragem, tentando afastar o medo

Do que uma aproximação repentina poderia ocasionar, ela limpara a garganta,

Buscava em si as palavras certas, mas não encontrara nenhuma, ele baixou a cabeça e saiu,

 

Ela, continuara parada, vendo a noite se aproximar... seus cabelos estavam despenteados

Em um ato de rebeldia, como se gritassem a ele seus conflitos internos,

Aos quais ele parecera indiferente, mas nem mesmo isso retirara a suavidade

Daquele rosto, cujo sorriso parecia uma flor a se abrir na brisa do amanhecer,

Sempre guardava aquele quê de esperança, ao qual ela se agarrava com toda a alma,

Seria muita imprudência da sua parte aproximar-se, mesmo sem haver convite?

 

Talvez, ele sentisse os mesmos conflitos que ela, e, ainda guardava aquele algo além,

Ela ficara lá com seu ar pensativo, na busca de encontrar uma saída que os unisse,

Veio a noite, como se a tomasse pela mão e a conduzisse de volta para a sua casa,

Ela simplesmente partira, quando caíra em si mesma se encontrava deitada em seu sofá,

Ainda a pensar sobre o quanto ele era bonito, com aquele sorriso convidativo,

Proposta demasiada irresistível para ela ousar questionar tudo aquilo que sentia,

 

Ela queria cuidar dele, mesmo sem um propósito definido, amava-o,

Mas estava disposta a deixar tudo que sentia de lado,

Somente para ajuda-lo no que concerne ao que o afligia,

De repente, os medos dele também a assombravam,

Havia algo que os unia, era inegável, com o tempo ele perceberia isso,

Talvez ele tivesse notado seu desconforto,

Quem sabe também procurasse uma forma de se aproximar,

 

Do contrário já teria encontrado uma forma de evita-la,

Ela não se sentia tão segura de si mesma,

Seu rosto já estava marcado pelo tempo,

E aquela marca no dedo dele, não lhe transmitira nenhum conforto,

Apesar de, seus sentimentos serem sinceros, poderiam não ser bem recebidos,

E se ele quisesse simplesmente distanciar-se de tudo e de todos?

 

Esse pensamento borrava o sorriso dela em um tom apático, quase oculto,

Será que ela conseguiria se manter afastada de tudo que sentia?

Receava que não, acreditava que não poderia se manter inerte ao amor,

Havia um muro feito de gelo entre os dois, que o ocaso estava a derreter,

Ela poderia sentir isso a cada vez que se viam, através dos gestos esparsos,

Ganhara um sorriso, algo havia mudado, ela acreditava nisso,

 

Sem querer adormecera onde estava, sem tomar banho ou trocar a roupa,

- Eu tinha 16 anos na época – ouviu-o ressoar em um tom baixo,

Que possuía uma doçura que parecia acaricia-la, como se entrasse nela,

Uma espécie de carícia aos seus ouvidos, ela não se ouviu dizer nada,

Então, acordara assustada, como se fosse extraída de algo estranho,

Mas não conseguia sentir-se, era como se ainda estivesse dormindo...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Primeiro Encontro

Ela o conhecera certo dia, pegou seu número de telefone,

Adicionou-o em sua rede social e conversavam constantemente,

Passaram-se os dias, depois semanas e então seguiram os meses,

As mensagens eram mais esperadas que o próprio alvorecer,

Instante em que ela saia para correr na praça, apenas para poder

Vê-lo passar em direção ao trabalho, em seu carro esporte,

 

Ele sempre acenava e ela o brindava com seu melhor sorriso,

Isso ocorria lá pelas 09:00 horas, em meia hora ela lhe mandava um café,

Aquele que imaginava que ele gostava, pois nunca havia recusado,

Mas neste dia, desejou ser diferente, enviou também um cravo,

Vermelho, cor dos seus lábios e macio, como deveriam ser seus beijos,

Teria enviado um pedido para saírem juntos, mas ele era tão reservado,

 

Ela não entendia ao certo o porquê, sua casa era pouco movimentada,

Parecia que ninguém mais o visitava além da família, ela percebia isso,

Não era imaginação sua, o fato de ele não lhe dar tanta atenção,

Não significava nada além de distração, mero deslize de homem,

Afinal ele tampouco a havia dispensado, sempre passavam horas conversando,

Uma amiga havia sugerido que ligasse para ele, para testá-lo,

 

Mas ela acreditava que isso não era conveniente, pois para que o persuadir,

Ou, tentar força-lo a ter algo com ela, o amor não se obriga, se conquista,

Também lhe sugeriram enviar uma moça bonita, bem vestida, sua amiga

De preferência, para fingir conquista-lo para ver até onde ele iria,

Mas isso não seria interferir em sua vida particular, aliás, se ela gostava dele

Deveria procurar entende-lo e estreitar a relação de forma que pudesse

 

Conhece-lo e com isso, verificar até onde poderiam ir com aquilo,

Era certo que ela o amava como nunca havia amado outra pessoa,

Tão certo como sabia, mesmo sem querer, que jamais iria esquece-lo,

Mas isso não significava que deveria força-lo a ama-la,

Enquanto pensava nisso, se convencia que, tão provável quanto o sol

Que a tocava iria em algumas horas adormecer aquele lugar

 

Para iluminar outro ponto do planeta, era o fato de que, talvez,

Nunca tivesse a oportunidade de ficar sozinha com ele,

Nem ao menos para uma conversa, pois as coisas realmente

Estavam lentas entre eles, era o que suas amigas a diziam,

Mas a realidade de suas conversas era outra, sempre haviam

Mil mensagens em seus celulares, encontro entre seus olhares,

 

Um áudio de bom dia no início do dia, outro de boa noite

Antes de dormir, era a maneira que tinham de ficarem perto

Conversavam o bastante para sentirem suas vozes adormecerem,

Então, pouco antes de fecharem os olhos, ressoavam um ao outro o boa noite,

Quando ela sentia medo de dormir sozinha por algum motivo bobo,

Ela segurava o celular em seu peito e sentia que ele estava junto,

 

Mas ela ansiava por seu toque, nunca confessara a ninguém, mas chorava,

Às vezes, recusava atende-lo, fingindo que estava no banheiro,

Mas logo depois se arrependia, por mais que houvesse essa espécie de distância

Ainda assim ela o amava, e ele também, não é? Caso contrário porque desperdiçaria

Tanto tempo com ela, sempre comentando sobre a rotina do dia-a-dia,

O sol acordava depois dormia dia após dia, até que certo dia,

 

Logo depois do cravo, o convidou para irem a um pub, curtir uma banda

Nova na cidade, que tocava um rock muito bom, eles tinham esse gosto em comum,

Ele aceitou no mesmo instante, ela nem acreditara, finalmente: proximidade,

Combinaram o horário, 11:00 horas da noite, queriam tomar uma bebida antes,

Ela contava os segundos, depois os minutos, mas abandonava as horas,

Pareciam engessadas, como se tivessem desistido dela, imagine então os dias,

 

Por Deus que havia algo errado com o tempo, sem falar na escolha da roupa,

Nada parecia se encaixar direito, nada parecia adequado, isso a deixava insegura,

É sabido que sua insegurança não tinha nem uma relação com o fato

De que as mensagens diminuíram o ritmo, até o boa noite da noite anterior ele esquecera,

Ela, por consequência, acordara mais tarde naquela manhã,

Ao tomar seu café, desacostumada com o horário tardio, um tanto desatenta,

 

Batera com o dedo na mesa e quebrara a unha, não soube o motivo,

Mas chorou, ela havia cuidado tão bem de suas mãos, e agora o que faria?

Marcaria hora no salão? Mas ela preferia algo mais singelo, não seria exagero?

Ela sempre se orgulhara de ser uma moça simples, agora tudo havia mudado,

De um instante para o outro o improvável estava tão palpável, menos as mensagens,

Ela pensou em tirar uma foto e enviar para ele, mas talvez ele risse dela,

 

Fosse como fosse, ela ainda o amava e sempre o amaria, ele não iria magoa-la,

Iria? Será que ele criaria uma situação que pudesse constrange-la?

Ser rejeitada em público não parecia uma ideia convidativa, mas tampouco

Ter o primeiro encontro de forma privada parecia mais atrativo,

Ela sabia sobre sua conduta, conhecia seu trabalho, acompanhava a sua vida,

Mas e se ela se recusasse a beijá-lo, se por qualquer motivo se desentendessem,

 

Claro que ele não ficaria agressivo, jamais viu o brilho do ódio no castanho dos seus olhos,

E tinha certeza, de forma muito convicta, jamais veria em momento algum,

E a banda de rock era uma atração interessante, o ambiente era convidativo,

Lá com certeza estariam alguns dos seus amigos, eles dois poderiam sentarem-se

Arredios em alguma mesa, e mesmo que seus amigos se juntassem,

Ela poderia analisar melhor a forma como ele fosse reagir,

 

Pois eles também eram importantes, roeu o restante da unha, o que ela importaria

Diante da luz da noite? Se ele, gostasse dela o mínimo que fosse, isso não significaria,

Caso não gostasse, melhor ainda, talvez, ele fizesse disso um motivo para despistá-la,

E ela o entenderia, finalmente chegara o grande dia, roupa escolhida, mini saia curta,

Blusa coladinha, cabelo arrumado, brincos e etc., tudo conforme mandava o itinerário,

Não queria ser a mais bonita, - seguiria as regras das amigas, não haveria erro, -

Não seria adequado para um primeiro encontro, ou será que seria? Bem, o certo é que

 

Também, não queria ser a mais feia, para que isso? Gostava de ser valorizada por seu caráter,

Pelo seu sorriso, pela sua inteligência, o corpo nunca foi o seu primeiro alvo,

Mas nem menos importante; oito horas da noite, e ela estava pronta, e ele nada, nem notícias,

Haviam se comunicado menos, e de forma quase evasiva, nove horas alguém bate à porta,

Ela dá um pulo, corre para atende-la, flores chegaram endereçadas a ela, sem remetente,

Ela sorriu, jogou-se no sofá, é claro que eram dele, isso era inesperado, mas demasiado gentil,

 

Nada mais educado que retribuir os gestos que ela tanto o fez durante o tempo em que...

Bem... estavam se conhecendo, achava que poderia definir desta forma o que houve até

Aquele instante, de repente a certeza de que agora tudo mudaria entre eles,

Fez com ela sem querer, quebrasse mais uma unha, será que sua noite estava fadada

Ao fracasso? Será que uma unha poderia conter tanto significado? Não, não era isso,

Lágrimas brotaram em seus olhos, mas não borraram a maquiagem,

 

Ainda bem, pensara ela. Daquele momento para a frente,

Ela checara a porta de instante a instante, será que ele havia esquecido do seu encontro?

Será que ela deveria mandar mensagem? Ao menos um boa noite ou coisa assim?

Não queria parecer insistente, nem fazer o tipo de mulher fácil que grudava no pé,

Fosse como fosse, ela preferira esperar, aguardar, mas sempre havia uma batida na porta,

Ela decidira deixa-la aberta, sentou-se, olhou-a, achou-a inadequada daquela forma,

 

Levantou-se e fechou-a, tomando o cuidado de tranca-la... 9:30, e ouviu um barulho,

Eram palmas, só poderiam ser masculinas, era ele, não havia esquecido,

Quem seria tão desalmado a ponto de deixar uma mulher como ela a esperar?

Esperou um instante, respirou várias vezes, não queria deixar transparecer o nervosismo

Que ela sentia consumi-la por dentro, mas jamais admitiria, não seria adequado,

Ao abrir a porta, ele estava a espera-la, com um sorriso de dar inveja a qualquer um,

 

Ele valia a pena cada segundo, valeria anos, se a consequência fosse uma vida juntos,

Ele estava parado na calçada, ela no último degrau dos três que haviam,

Desta forma estavam da mesma altura, ela estendeu a mão para um abraço,

Ele a envolveu e o beijo aconteceu ali mesmo, a causa provável de tudo isso,

Aos olhos dela: casamento, a prova circunstancial eram seus olhos,

Seus sorrisos, a forma como ambos pareciam orgulhosos um do outro...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Ponteiros do Relógio

Quando o relógio se afastou das 03 da madrugada,

Ela já sentia falta, uma saudade que aperta, sufoca,

Até vê-la debulhada em lágrimas, lagrimas de um coração que ama,

E que teve que ver seu namorado viajar para um lugar

Desconhecido e distante dela, outro país ele dissera,

Abraçou-a, tão apertado que ela ainda o sentia,

 

Depois se afastou segurando-a pelos ombros,

Depositando um beijo em sua testa, encarou-a melancólico,

Deslizando as mãos sobre seus braços imóveis,

Até tocar seus dedos e vê-los mover-se em um ímpeto

Incontrolável de segurá-lo, mantê-lo ao seu lado,

Mil coisas absurdas passavam por sua mente,

 

E a pior de todas, medo de perde-lo, medo da distância,

Seria uma viagem a trabalho, vislumbrando um futuro bom

Para os dois, mas a ideia de não tê-lo a toda hora, lembrando-a

O quanto era amada, a aturdia, ele soltou seus dedos,

Ela não, continuou onde estava, vendo o partir para longe,

Se sentia boba, seriam poucos dias, mas um vento frio soprava,

 

Ela podia senti-lo penetrar seus ossos, e ela havia esquecido o casaco,

Antes que pudesse estremecer, antes mesmo de dar-se conta disso,

Ele desceu do avião privado e mexeu em algo dentro de uma mala,

Ela ficou embasbacada quando o viu retirar o casaco dela,

Com o perfume dele e tudo o mais, ele havia avaliado o clima,

E pensado nela, como sempre fizera desde que ela o conhecera,

 

Seriam apenas minutos de viagem até ele chegar ao outro país,

Ele lhe sorriu sem fazer barulho, abrindo a boca perfeita

Que ela amararia por toda a vida, repousou o casaco sobre seus ombros,

E lhe deu um novo beijo na testa, um meigo beijo de amor,

Ela sorriu, com o coração apertado mas sorriu, então pôs as mãos nos bolsos,

E encontrou as chaves do carro, nem disso ela havia lembrado, mas ele sim,

 

Pensou em tudo, como sempre fizera, o mesmo homem que a havia conquistado,

Ainda estava lá, e sempre estaria, ela caminhou em direção ao veículo,

Com os olhos semicerrados em oração, olhou para o céu e pediu a Deus: proteja-o,

Abriu a porta do motorista, que ela amava vê-lo abrir para ela,

E sentou-se na direção, imaginando que seria ele quem a conduziria,

Como ele sempre fazia, pois, ele nunca se desvencilharia do seu lado,

 

Chegou em casa, olhou em seu pulso, 03 e 15 da madrugada, ela precisaria dormir,

Sem ele, como faria? Quem acariciaria seus cabelos e sussurraria aos seus ouvidos,

Sem saber como, pegara no sono e dormira um pouco, apenas lembrava

Que após as 05 horas da manhã, ela havia desistido de contar as horas,

Acordara as 10 da manhã, estava a morder um pedaço de pão com nata e açúcar

Quando o correio chegou, correu para atender, havia um objeto para ela,

 

Ela mordeu o lábio, olhou para ele e sorriu um tanto tremula,

Será que seu amor havia chegado bem? E por que ele não havia mandado notícias?

Era uma caixinha, grandinha, mas bastante leve, o que será que poderia conter?

Ela preferiu abrir no sofá, pegou o café, terminou o pão, sorriu consigo mesma,

Era do seu namorado, ele havia lembrado dela, pulou de alegria,

Derramando todo o café no tapete persa, será que o havia manchado?

 

Isso não importaria, mesmo que tivesse sido comprado em sua viagem romântica,

Abriu a caixinha, tomando cuidado para não macular o papel bonito,

Guardá-lo-ia em sua caixinha de lembranças como fazia com tudo que ele lhe dava,

Havia uma foto dele na chegada, ele estava em pé, em frente ao avião,

Sem casaco, deveria estar com frio, pensou ela, mordeu o lábio,

Poxa, como ele era lindo, em pé em contraste com o céu azulado,

 

Ele parecia mais perfeito ainda, seu coração dera um salto,

Desejou abraça-lo, jogar-se nos seus braços, senti-lo beijar sua cabeça

De encontro ao peito dele, para só depois de horas em seu abraço,

Horas para eles, mas conforme o relógio apenas segundos,

Afastar-se um pouco, olhar em seus olhos e abrir a boca com um sorriso,

De um jeito automático, pronta para o beijo esperado e demorado

 

Que se seguiria, como sempre houve entre os dois, o relógio esperto,

Correu para as onze horas, e ela ainda estava ali parada a olha-lo,

Contemplando-o através daquela foto, imaginando-o com ela,

Seu cachorro correu para o seu colo, acomodando-se,

Ao vê-lo molhado, foi que percebeu que chorava silenciosa,

Beijou-o, abraçou-o fortemente, acreditou que ele a entendia,

 

Afinal papai havia viajado e agora estava longe, mas logo voltaria,

Havia um papel de embrulho sobre algo na caixa, ela a colocou

Sobre o cãozinho, e tremula, pela curiosidade incontida,

Abriu-o com cuidado, para sua surpresa, ele havia passado na floricultura,

E a presenteado com uma rosa vermelha, ele sempre a surpreendia,

Em cada passo que dava pensava nela, a imagem dela, que sentia-se deslocada,

 

Perdida sem ele ao seu lado, ela guardaria essa flor por toda a vida,

Tirou uma foto dela segurando-a de encontro ao rosto, e depois beijando-a,

Após, lembrou de colocar o cãozinho deles junto, nada mais perfeito,

Com exceção da distância que a feria por dentro, a saudade caia sobre ela

Como uma sombra e por mais que as luzes estivessem acesas,

Ela sentia-se perdida, deslocada, nem reconhecia mais sua própria casa,

 

De repente ela teve certeza que o amor os uniria por toda a vida,

Não fosse isso, sua ausência nem seria sentida, fora tão pouco tempo

Longe um do outro, 07 horas, segundo marcava o relógio frio sobre o seu braço,

Apesar de senti-lo quente em seu pulso, odiava aquele ponteiro inquieto,

Ela reconhecia a frieza dele, a cada segundo em que ousava seguir

Indiferente ao fato de seu namorado estar distante dela, retirou-o,

 

Em pouco tempo, ele ficou gélido, e as horas, seguiam-se,

Ele era mesmo um indiferente, de forma inegável,

Ela sempre soube, toda vez que suplicava para que as horas não passassem

Nos momentos em que estavam juntos, ele nunca se importara, nem mesmo na vez

Em que deliberadamente, ela o deixou cair no chão, ainda assim, ele ousara

Recordar que era hora do seu namorado sair para trabalhar, e ela também,


Ele ficava ensurdecido aos beijos dos dois, mesmo quando seus olhos

Imploravam para que o tempo parasse, mesmo quando se abraçavam 

Desatentos ao seu redor, mesmo que o mundo acabasse,

Ela tinha certeza, aquele maldito relógio ainda marcaria as horas,

De alguma forma, fosse qual fosse, ele encontraria um jeito...

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...