quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Dois Namorados

 


Ela teria levado a cabeça aos joelhos e chorado,

Soluçado tremula por entre as lagrimas,

Imaginando que cada motivo de sua dor

Estivesse escorrendo estampado em sua cara,


A perder-se por entre as curvas do seu corpo,

Indo a qualquer outro lugar que não fosse a alma,

Mas, ele estava em pé ao seu lado e em silêncio,

Repousava a mão sobre o seu ombro em carícia,


De vez em quando acariciava o seu cabelo macio,

De um jeito especial entre o pescoço e a nuca,

Desculpa, ela falou por entre soluços,

Um engolir em seco e sem lágrima alguma,


Mas que, com maestria entoava a sua dor,

Parecia denunciar a ele o quanto ela sofria,

Ainda não havia percebido o quanto ele é bom,

Tentava se adequar a imagem que tinha,


Mas ele sempre surpreendia de um jeito melhor,

Veio os segundos, depois as horas, ele não foi embora,

Ela manteve a cabeça altiva enquanto via o sol,

Ele fazia reflexos sobre o seu rosto que ansiava,


Havia uma beleza inesperada por trás dos óculos escuros,

Sentiu que se apaixonava e perguntou-se se era vista,

Existem sentimentos que por mais evidentes são silenciosos,

Os dedos que repousavam sobre o seu ombro se apertaram,


Ela se via pequena diante da opulência dos seus braços,

Era como se tivesse sido feita para estar naquele lugar,

Uma voz veio atrás dela, Frederico sentiu o peito acelerado,

Enquanto seu rubor se tornava visível sob a luz solar,


Ele compartilhava um segredo com a mulher dos seus sonhos,

A amava e queria estar perto para protege-la,

Já fazia parte da sua vida agora se oferecia para dirigir a moto,

A deixaria em sua casa, abrigada, depois de um banho, em sua sala,


Tirou o casaco que o resguardava do ar frio e seco,

E colocou gentilmente sobre os braços dela,

Enquanto a vestia tocava em sua pele em cada ângulo,

Aproveitando a carícia para afugentar o que sentia,


Não queria agir em erro como efeito de escravismo de desejos,

Sabia tanto sobre si mesmo quanto sobre ela,

Entendia como precisava agir por tudo que nutria seu amor,

Um suspiro escapou do peito dela, ganhando a boca sôfrega,


Parecia conter algo profundo que agora ganhava caminho,

Pontilhava-se por entre os raios do dia as suas palavras,

Trazendo-as de sílaba a sílaba até juntar em seus lábios

Cada frase que teria que dizer sem errar em nada,


Depois de pensar um pouco, moveu a cabeça e os olhos,

Olhou-o de lado, de forma profunda e apaixonada,

Que grande alegria um amor pode causar ao sentimento,

Cada coisa simples ganha vida e empolga a alma,


Os enfeites da árvore de natal, as flores colocadas num canto,

Mas nada se comparou com o que viu em seu olhar,

Seus lábios se entreabriram a espera-lo em impulso,

A voz dele ainda sussurrava e mexia profundamente com ela,


O perfeito se tornava imperfeito diante deste amor,

O impossível não tinha o sabor que ela viu em sua boca,

Desejou prova-la e teria implorado se fosse necessário,

Mas bastou tocar nos dedos dele que tinham uma mecha de cabelo sua,


Em cumplicidade inesperada ela apertou-os com carinho,

Usou toda a força que tinha em seu braço que não era muita,

Pois queria prendê-lo ali, queria mantê-lo até o tempo do eterno,

O medo de perder estremecia em seu peito e ressoava,


Mil palavras se formaram agora, e seu nome saiu alto

E foi mais uma delas, a segunda e mais importante delas,

Eu te amo, eu acho que ela conseguiu dizer antes do beijo,

Porque depois só conseguia dizer amor me leva para casa,


Por favor, preciso que fique comigo, então beijou-o, de novo,

Houve uma brisa suave agora, parecia que sonhava,

Uma pequena lufada de vento mudou as nuvens no firmamento,

E uma espécie de luz amarela ressurgiu de lá,


Parecia que algo místico os estava abençoando, foi lindo,

Tirei uma foto do casal, desejei boa sorte e fui feliz neste dia,

Poderia ter oferecido ajuda e pego as chaves do carro,

Mas não fiz isso, mesmo gostando deles junto não tentei ajudar.

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Um Sussurro a Afagar o Ouvido

 


Não sei ao certo a direção que estou seguindo,

Mas, sinto que pela primeira vez estou no caminho,

E que, não tão logo adiante, está a minha casa,

Não há ninguém ao meu lado,


Mas, eu sinto dedos em meus braços,

É como se eu estivesse protegida

Por esta estranha sensação que não sei explicar,

Talvez não fosse mesmo para termos nos conhecido antes,


Penso tratar-se de alguém que não está longe,

Antes da curva do monte de onde vejo minha casa,

Ali, em pé, andando sobre a estrada de pedra, está ele,

Eu cerro os punhos com força, quero segurar a sensação,


Neste gesto, sinônimo de perigo, eu tento lhe manter,

Porque eu me importo, porque algo em mim se importa,

Pelo fato de saber que sou tocada por alguém,

E que este alguém me interessa de forma apaixonada,


Confesso, que as vezes, parece um pouco difícil entender,

Mas, na maioria do tempo deixo o coração me levar,

Meu rosto não tem ânimo, está triste,

Mas algo dentro de mim me incentiva a seguir,


Me sinto emburrada, em teimosia movida por saudade,

Crio um bloqueio e me apego a ele em demasia,

Tiro os olhos da estrada onde estou e miro o horizonte,

Por um instante não penso em nada,


Fico num silencio tremulo e desinteressante,

Será que para tudo na vida precisa existir uma explicação?

Imagino que este rubor que me sobe a face possa responder,

Ouço meu coração dizer com um pulsar em defensiva,


O silêncio se abate sobre mim por um tempo,

Parece se camuflar pelas sombras das árvores que me ladeiam,

Mas logo algumas palavras são sussurradas ao meu ouvido,

Como as folhas que caem por sobre as pedras,

Sem alarde, sua voz não é mais que um afago ao ouvido,


Tal como um sopro contra um muro de cimento,

Sem surtirem muito efeito, confesso entristecida,

Não importa o que me diz, prefiro não ouvir,

As coisas caem no vão do caminho sem sentido,


As folhas, tadinhas, são levadas pelas chuvas,

Enquanto as palavras seguem o caminho das lágrimas,

Se eu as tivesse, mas água alguma há ao meu redor,

Então ficam ali estagnadas, folhas e palavras - inertes-,


Sem força alguma contra as folhas ou as palavras,

Vez que me calo, sem dizer coisa alguma,

Elas ficam ali e não tardam a ecoar dentro de mim,

Me fazem repensar, refletir com um sorriso satisfeito,


Eu confio nele, sempre concluo este fato,

Gosto do efeito das folhas brincando ao vento,

Da mesma maneira que gosto do jeito como ele se esforça,

E fala na minha orelha entre beijos insatisfeitos,


Penso que ele quer mais de mim e me esforço,

Demoro um pouco, mas me movo em reação,

Fosse eu vazia, seus esforços não teriam efeito,

Mas não sou uma pedra no que refere-se a ele,


Sinto algo muito profundo que me move em sua direção,

Em mim, se algum dia houve lugar vago, está repleto,

Sinto orgulho do que ele faz mesmo se me contradiz,

Não gosto de estar contrafeita mas gosto do resultado,


Sempre me espanto com o quanto o vejo gostar de mim,

Então, seguro o choro e tento falar: amor, estou chegando,

Demora um pouco, mas tomo a decisão mais correta,

Sinto dor, estou ferida pelo caminho árduo,


Mas, nesta mesma hora, meu amor, volto para nossa casa,

É quando o vejo, meio que por encanto, está andando,

De um lado para o outro, imagino se me espera,

Então, digo para mim mesma, que sei: ele está lá.

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Um Olhar E Um Cheiro

 


Uma voz que soava a brisa fria do inverno,

Mas que, de alguma forma, suava acolhedora...

Ele soltou um suspiro de prazer intenso,

Ora, mas que astucioso, sorria ainda mais bonito,


Um sorriso sincero nos lábios e no rosto a seriedade,

Havia um quê de mistério que eu gostava nele,

Olhei-o da forma mais discreta que pude,

Eu o desejava e isso se desenhava em minha face,


Que sorte tenho eu em encontrar alguém que me entende,

Eu lhe disse: meu amor, entende porém, não acostume,

Não pretendo ser para sempre da forma que sou agora,

Pelo menos, minha vida, me esforço para não sufocar,


Me refiro ao que sinto, meu amor – e ele me olha em tom acusador,

Me refiro ainda ao que sou e ao que você refreia,

Ele faz um meneio vigoroso com a cabeça mas cala a voz,

Faço o que posso para que seja você mesmo e isso é bom,


Se houver alguma essência de lavanda, usa-a em minha dignidade,

Gosto de chamar a atenção ao que me orgulha,

Querido, não te esqueces de quem caminha ao meu lado – você;

Por vezes, penso que não sabes o quanto você envaidece


A mulher que há em mim, ela se apaixona por você sempre,

Porque em cada dia te reconhece mais um pouco e mais o quer,

Há algum erro em achar alguém perfeito?

Querido, te confesso dois temores: amar muito e o de perde-lo,


Já tentou se colocar em pé com a dignidade ferida?

Meu amor, isso não acontece com alguém que tem você,

Você é uma espécie de troféu, quem já teve não quer perder,

Me insinuo um pouco, a voz soa tremula e oscilante


Conforme faço caras e bocas brincando com o sorvete,

O vento ainda sopra contra o sol que arde na pele,

Tento desanuviar o pensamento, e peço um beijo,

Minhas pálpebras se pesam, me vejo divagar em devaneios,


Seu tom continua sincero, olhos certos e boca tremula,

Parece não perceber que sua postura dificulta um pouco,

Eu continuo em silêncio. Vejo que não sei o que faço,

Aperto os dedos uns contra os outros, luto emudecida,


Sou o que ele quer que eu seja mas me vejo mais que isso,

Ou então, não entendo muito o que ele pensa,

Por trás daquela fachada de quem sabe muito bem o que quer,

Ele tenta me fazer imaginar insegurança, eu duvido dela,


Há sempre uma voz ao lado dele da qual eu discordo,

Penso em tudo que fui e fiz, repenso muita coisa,

O sorriso feliz se desfaz como que por encanto,

Me distraio, puxo outro assunto em silêncio, sem dizer nada,


Há sempre algo de belicoso em mim e eu mordo o lábio,

Fossem veneno as minhas palavras o que fariam agora?

Chego mais perto dele, encaro olho a olho,

Meu queixo está ereto, meu semblante altivo, a boca tremula,


Cheiro seu queixo, chego aos seus lábios e me afasto,

Não imagine que não cogitei diversas possibilidades,

Mas havia algo importante por trás, melhor repensar um pouco,

O gosto dele estava esmorecendo na lembrança,


O nó se desatava na garganta, algo nele o deteve,

O homem que julguei tão forte tinha um ponto fraco e caia,

Não desejei saber mais sobre ele, me afastei um pouco mais,

Olhei para o colo dele, na altura do seu peito,


Havia uma mulher lá, não era eu, joguei o cabelo para o lado,

E me afastei mais ainda, a ponto de não vê-lo,

Nem sempre vale a pena olhar muito para os lados...

domingo, 24 de outubro de 2021

Saudade


Lá parte o dia escuro e arredio,

Logo ali chega a lua entre estrelas e uma melancolia,

Eu estou na área, sentada no chão

Com os pés para fora esperando a chuva,


Meu rosto é acariciado pelo vento,

O nariz agraciado com um cheiro bom,

Por trás daquelas nuvens se exalta o céu,

Entre o indeciso e o exasperado pela falta da lua,


De quando em quando ela ressurge com uma estrela ao lado,

Não sei se quer trazer esperança ou brincar com as sombras,

A árvore a minha frente treme, eu de vestido tremo com ela,

Mas ainda não tenho como pensar nele sem o risco de lágrimas,


Por mais que raios e trovões ganhem o horizonte,

Mesmo que o sol fuja estremecido por densas nuvens,

Porém, me esforço para enganar o que sinto,

Juro acreditar no meio sorriso que esboço em meu rosto,


Desenho até uma coloração nos lábios e reflito o olhar baixo,

Procuro não olhar fixo para não demonstrar nada,

Nada abala a minha serenidade,

Mesmo a árvore que rompe-se para ganhar o chão,


Por que tenho que ser um reflexo do que sou por dentro?

Preciso ser mais que um espelho que entrega o conteúdo,

Soar como uma espécie de lago que apenas reflete a superfície,

Esconder no fundo de mim tudo que sinto e, talvez, penso;


Algumas árvores se sacodem ao vento,

Ressoam uma espécie de música gutural e agitada,

Ao longe algumas gotas de chuva açoitam-nas mais ainda,

Não sei se o tempo sofre e eu sofro junto,


Ou tudo não passa de invenção minha,

Meu vestido faz desenhos no ar, parece que brinca,

Me vejo nua em aparência e sentimentos,

Desnuda do seu abraço, sou a mesma folha solta ao vento;


Um esquilo percorre um tronco de árvore depois pula alto,

Eu não, eu fico onde estou a contemplar o meu redor,

Procuro não sentir muito, estagnada em minha dor,

A saudade quando aperta forte tenta desatar laços,


Se esforça e não consegue romper nosso amor,

Aqui em meu peito ainda há o seu lugar, seu cheiro

E algo além desta saudade;

No momento procuro não pensar muito nisso,


Nem traduzir esta saudade para evitar o choro presunçoso,

Aquele que sempre achava que iria te comover,

Que acreditava no poder de trazê-lo a qualquer custo,

Acomodo a cabeça no alicerce da área, ilesa e ferida por dentro,


Eu te amo, digo em voz alta, sem esperança de que ouça,

Testo meus reflexos, procuro ver como me sinto,

O amo do mesmo jeito que não tivesse ido,

O esquilo me olha de um jeito inocente eu desvio,


Não quero a intimidade de contar o quanto o amo,

Ouço, um tanto ao longe, o latido de um cachorro,

Parece assustado com algo, não desejo saber o motivo,

Logo poderia admitir que também me sinto assustada,


Ele havia partido a horas e dias e eu o amava da mesma forma,

A casa parece ranger diante do que vem,

Eu ainda não me movo, o céu parece perder a lua,

Algo desaba lá de cima e não são estrelas,


Mas, mesmo de onde estou posso ver que é a chuva,

Meu vestido se enlaça em minhas pernas,

Parecem carícias para esta que sofre de amor,

Ao meu lado, a solidão do escuro tudo envolve,


Mas a potência raivosa da tempestade duradoura se enfraquece,

Logo que o meu gato vem procurar abrigo em meu colo,

O Zé Raio, nome que escolhemos juntos,

Fruto de um amor que foi vivido a dois,

A chuva chega até onde estou e me permito chorar nosso amor.


sábado, 23 de outubro de 2021

Eu Te Amo Meu Amor

 

Olha bem meu amor, eu acredito em sonhos,

Mas sempre que contemplo seus olhos,

Lhe juro que vejo algo diferente,

É como se fosse pouco o para sempre,


Sinto que a terra sob os meus pés foge para longe,

Sonhar já não é mais o bastante,

Então, seus braços se estendem na minha direção,

Me falta o ar, me vejo pegar em sua mão,


Só então, um tapete verde e florado se estende,

Volta para mim o chão, encontro a base,

Mas em ti já não estou na superfície,

Me vejo além do contemplar a face,


Me sinto dentro como você está em mim,

Arraigado a minha alma e ao meu sentir,

Sem ti, querido amor, parece que não há por vir,

Contigo sou algo além do mero querer existir,


Ao ouvir sua voz, quase caio das pernas,

Um tombo alto para quem ganha os céus no teu olhar,

Minha mente se torna um trevo de indagações,

Diversos caminhos se estendem nenhum longe de nós,


Acima dos escombros das minhas divagações,

Olho nos olhos que me resgata de tudo isso e digo:

Ora, querido, eu te amo e você sabe disso;

Por mais que repita mil vezes, meu amor não se torna repetitivo,


Essa confissão diz poucas frases mas revela a alma,

Com meus olhos cerrados me vejo verter lágrimas,

A felicidade em mim toma a forma de um abraço seu,

Sorrio e choro, estou acolhida em seus braços agora,


Cairia de joelhos nesta grama a verter o amor que sinto

Não fosse a sua mão me agarrar ao abrigo que você é,

Paro, estagnada em seu peito, ali vejo tudo que quero,

Não trata-se de que sonhar seja pouco apenas não basta,


Ora, meu amor, veja bem de que bastam os seus lábios longe dos meus?

Se fui capaz de conquistar seus beijos uma única vez,

Querido amor, apenas desejo que, também, o seja para sempre,

Começo a soluçar, molho sua camisa preta, digo repetidamente:


Amor, eu te amo seja agora mais meu que ontem,

A força volta as minhas pernas e sobem para as mãos de forma suave,

Aperto-o junto a mim, desejo que não seja uma miragem,

O vento o toca com a suavidade de uma brisa,


Acaricio a sua face removo o que houver de dúvida,

Querido amor, espero que queira perdoar o meu temor,

Tento ser melhor do que fui, mas você sabe, sou quedada a erros,

Nem o afago da brisa ou o tilintar da chuva nas folhas


São notórios a ponto de me fazer parar - apenas seu abraço -,

Meu amor, mesmo a chuva na flor mais linda ou o seu desabrochar,

Me fariam te querer menos ou desviar única vez dos seus olhos,

Não é pouco o meu esforço em agradar,


Querido, me entenda, eu te amo e por nós eu vou tentar,

O tomo eu meus braços, sugo seus beijos para dentro de mim,

Embebida em seus lábios, afago seus cabelos ali mesmo, no jardim,

Carinhos e mais afagos se divagam em seu corpo,


Querido talvez eu não faça tanto, mas me entrego ao máximo,

As dúvidas, se eu as senti, acabo de dividi-las em mil pedaços,

Se se jogam mil caminhos ao dispor,

Não restaria um único incapaz de me levar a outro que não seja meu amor,


Meu amor, tome cuidado, não se embriague das dúvidas em meu beijo,

Eu te disse, achei que as senti um momento atrás,

É certo que foi um instante antes de você me beijar,

Mas se as dividi, também não duvido que as transferi,


Nos beijos em que me entrego, querido amor, vou inteira para ti,

Parte da minha dúvida soluça, acreditou existir,

Parte dela nega a si própria, penso que se contradiz.

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Querido, Você É Perfeito

 

A função da minha alma depois de te ver partir,

Foi regar meus olhos com lágrimas de saudade,

Viver para mim mesma passou a ser vazio de sentir,

Antes que vivia para ti havia sorrisos em minha face,


Hoje, me vejo e penso: por Deus que será de mim

Se de onde repousaram nossos beijos nada mais há de vir?

Palavra nenhuma mais sai dos meus lábios trêmulos,

Sorriso nenhum mais brilha em meu rosto ingênuo,


Engasgo no pensamento esbravejo contra mim mesma,

Se era tão pouco o momento porque tive que me apaixonar?

Enquanto eu faço uma viagem ao nosso passado,

Lembranças atravessam o presente e pedem um futuro,


Que será de mim se quando me vejo derrotada,

Penso que em nós dois não há mais possibilidade?

Querido, estou sobre os meus joelhos caída no assoalho,

Minhas mãos estão soltas ao meu lado, nem escondo a face,


Esta camiseta que uso está molhada e não é suor,

Um fluxo de vento remexe os meus cabelos soltos,

Me vejo vencida, cá estou eu, querido, abatida de tanta dor,

Seus beijos e promessas ainda ecoam em minha memória,


Querido, dou um passo a frente, lhe juro: eu tento esquecer,

Mas sua fala parece que ressoa ao ouvido e me busca,

Lá fora o sol parte no horizonte diz que encerrou o dia,

Eu nem me importo mais se é noite de lua, estou sozinha,


E porque este vento sopra se ninguém sabe seu paradeiro?

Ousa acariciar meus cabelos revoltos de saudade sua,

Aqueles que estão como deixastes, do mesmo jeito,

A espera de que volte a acariciar da mesma maneira que fazia,


Querido, hei eu de procurar outra pessoa sabendo que era perfeito?

Sai o vento sem direção, a caminhar por destino incerto,

Pensar não deve fazer parte do ponteiro de seu relógio,

Às vezes, ele parece que zomba de mim, estilhaça o silêncio,


Faz uma carícia ao ouvido e depois some sem roteiro,

Pudesse ao menos trazer seu cheiro mas vejo nele tudo,

Pássaros, flores e até folhas, mas querido, nada de você,

Mas soprando ao meu ouvido ele te busca indeciso,


É quando eu duvido da sua certeza quanto a não darmos certo,

Antes deste abuso de você achar que tem razão sobre o adeus,

Eu brincava com estes episódios, ria de tudo que via,

Com lágrimas no rosto ou não, eu juro, até me divertia,


Mas, agora que o tempo do adeus distancia a sua volta,

Querido, tudo perdeu a graça, me contraio aqui em nada,

Tentando me recompor, lembrei-me do seu abraço,

Elevei um pouco o tom de voz e pronunciei seu nome alto,


Este amor que sinto não está previsto nas histórias da rua,

Há quem resista tanto tempo amando como o amo,

Sem fazer nada que possa trazê-lo de volta para a casa?

Eu, que sempre fora forte, agradável, estou em desalinho,


Confesso pela primeira vez libertei-me das aparências

E fiz xixi nas calças, pus a mão na roupa e chorei outra vez,

Querido, o efeito não é de bebida mas é devastador assim mesmo,

Sua falta, tem um nome e minha alma gosta de chama-la,


Saudade, diz ela e se não diz ela entra sem cerimônia,

Não adianta trancar a porta, cá esta ela com suas lembranças,

Muitos dos meus sentimentos livres estão em desespero,

É paixão, angústia, descontento tudo misturado em mim,


Mas raramente eles me deixam assim tão triste como estou,

Acho que eles têm um pacto com a saudade

Onde se comprometem de não deixa-la sozinha comigo,

Penso que temam que eu possa esquecer,


Imagina, eu e a saudade nesta sala de mãos dadas...

Bem, mas junto dela sempre há uma lágrima ou um sorriso,

Pensando bem, ela nunca vem sozinha mesmo e você?


quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Te Amo Meu Esposo

 


O véu do dia se abateu no horizonte,

Marcando o infinito num fogo reluzente,

Depois disso, eu o vi sobre mim me fitando,

Não desejei mais ver nada ao meu entorno,


Somente os braços dele que se mantinham fixos,

Em distância segura para se recostar em meu peito,

Meu corpo agora continha o peso de amar,

Era sereno, feito a brisa que vinha trazer o luar,


Era intenso como o véu de estrelas ao seu redor,

Quando ele me beijou meu teto deixou as alturas

E caiu suavemente em seus lábios macios e grossos,

Franzi as sobrancelhas indecisa quanto a amar tanto,


Então beijar era assim mesmo, tocar o firmamento,

Com a ponta dos dedos sabendo que seu mundo

Agora estava sobre você e lhe beijava com brandura,

Sentia meus lábios desenhando-se entre os dele,


Meu corpo pedia abrigo no seu e o mantinha,

Ergui meu dedo como se quisesse tocar a montanha

Atrás de nós, num piscar de olhos tudo mudou,

Ao senti-lo no meu peito, vi a terra ficar plana,


O tapete que eu tinha sob meus pés foi removido

Pelo doce suave em sua boca macia,

Eu pedia a ele e o mundo nos respondia no espaço de um beijo,

Agora meu corpo era mantido por ele e suas carícias,


O horizonte se jogava aos meus pés, desorientado,

Nunca antes havia presenciado algo como nós dois,

Tudo o que eu desejava estava ao meu alcance, seu corpo,

Fechado entre o meu corpo e o infinito ao nosso dispor,


Neste instante, acariciei seu rosto e enchi-me de orgulho,

O negro do infinito se manchava num dourado tênue,

Mas nada comparava-se ao azul límpido do seu olhar,

Nem mesmo o rio de águas cristalinas que fazia sua curva,


Esqueci o encanto anterior e não medi esforços,

Beijei sua boca o mais que pude, ouvia disparos ao longe,

Já não me assustava com isso, era meu coração falando,

Mas rouco de desejo não podia-se ouvir tanto dele,


Ao menos, naquela hora não foi nossa prioridade,

Foram-se duas vidas e ficaram dois corpos sedentos,

Entregues ao desejo incontido que corroía seus medos,

Entre estímulos e sussurros ao ouvido,


Carícias percorriam soltas caminho outrora proibidos,

Buscando e entregando um amor desconhecido,

Entre os suspiros soltos no ar da noite enluarada,

Quem nos contemplasse ao longe diria: seria um apenas?


Ora, teimaria o outro: são dois amando-se em plena noite,

Tivesse um terceiro duvidaria, tal era a intensidade dos beijos,

Que ao longe, não distinguia-se mais que um vulto,

Estava as portas do ápice de um amor pleno,


Querido, por favor, lhe rogo: não me abandone,

Disse eu oportuna entre uma carícia proibida e um beijo,

Denunciava que sua alma estava saturada de uma pretensão,

Que quanto mais entregava mais sentia – a pura redenção,


Mostrava minha face apaixonada, aquela desconhecida,

As horas foram passando mais depressa que as carícias,

Chegou o clarão do sol colocando um véu alaranjado no céu da lua,

Pedia a ela para dormir que agora vinha o dia,


Solicitava que se afastasse até o ponto de ver as estrelas,

Pois ali, sozinha, ela não poderia ficar,

Antes dos primeiros raios de sol os pardais acordaram,

Fizeram uma sinfonia, acordaram o orvalho,


Que escorreu por entre as folhas até cair em nossos rostos,

Pingou na face esquerda dele e percorreu-a até se achegar em mim,

Nossos corpos suados não distinguiam tanto assim,

Parecia-me que era um carinho e não outra coisa,


Esquecidos do nosso amor, os pássaros voavam ao amanhecer,

Pensei comigo que estava amando e não queria parar,

O beija-flor, tocou uma flor ao meu lado,

Nós ainda nos beijávamos,


Beijar sua boca esplêndida: meu privilégio e armadilha,

Se pensava sair ilesa depois dos seus afagos me enganei,

Apaixonei-me e não desejava outra coisa senão sua boca,

O sol se aconchegava ao dia enquanto a lua se despedia.

Cobrança de Aluguel

Quinze dias na casa nova. Cidade nova. Saudades do pai. Não haveriam novas notícias. Ele estava distante, Estava onde não h...