Ela trafegava pela rua,
Sentia-se mal,
Lágrimas lhe vinham no olhar,
Decidiu parar o carro ali
Não preocupou-se com
Onde estava.
Apenas ligou a seta de direção,
Chegou até o acostamento
E parou.
Dali olhou para longe,
E de distante foi aproximando
Os olhos.
Vou cada prédio,
Olhou cada pessoa,
Analisou coisas que não percebia,
Como tudo mudava tão depressa,
Como o calor é intenso
Quando o carro pára,
Como as pessoas seguem apressadas,
Fazendo coisas sem sentido,
Como se houvesse uma força,
Um algo que direcionasse tudo.
Depois olhou para o céu,
Viu nuvens chegar,
Trazer um chuvisco
E depois ir,
E o sol retornar.
Vou crianças,
Uma veio até ela
Com os olhos grandes e abertos,
Chegou na janela
E pediu dinheiro,
Ela fechou a janela antes,
A menina de uns três anos
Tentou subir na porta,
Falando sem parar,
Ela abriu a janela
E a mandou embora.
- procura sua mãe.
Depois, continuou a olhar.
Resignada por ser incomodada.
Olhou o asfalto longe,
E o acompanhou com os olhos
Até chegar no carro.
Viu um rapaz jovem
Pegar o braço da menina
E a levar para longe,
Ele não se parecia com ela,
Ela pensou em sair para fora,
Mas foi mais forte
E permaneceu onde estava.
Uma mulher chegou pedir a hora,
Ela não tinha relógio,
Um casal passou de mãos dadas,
Um casal passou discutindo alto.
Depois, ela deu partida no carro
E seguiu a rua movimentada,
Soube menos ainda para onde iria,
Mas sentia-se mais tranquila.
A cidade mudou,
Cresceu,
A feira da vizinha fechou,
Virou um prédio alto,
A vizinha se mudou.
As casas antigas foram substituídas,
A videolocadora fechou,
Se tornou uma sala de cinema.
A lojinha de roupa fechou,
Se tornou shopping,
O crepe do Senhor Gilmar fechou,
Se tornou sorveteria,
A casinha de churros da Senhora Miranda,
Tornou-se floricultura
Mas está para fechar as portas também.
O mercado de 12 horas
Foi substituído por um
Que permanece aberto
Por mais tempo
E vende café forte.
Os ônibus diminuíram
Parece que cada pessoa
Comprou seu próprio carro,
O combustível só aumentou,
Mas ela aprendeu a pôr ar nos pneus.
Nisto, chegou ao posto de combustível,
Com coragem, força e um quê de prepotência,
Afirmou em alto tom:
- não, não vou abastecer,
Vou apenas pôr ar nos pneus.
O rapaz sorriu.
- quer ajuda?
Ele indaga.
- não, eu faço sozinha.
Com isso,
Abre a porta do carro e sai,
Pega o aparelho,
Marca o número 30,
Vai até o pneu,
Retira o ventil e encaixa o aparelho.
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