sábado, 1 de fevereiro de 2025

Adormecer

Assim como um pai
Nunca sossega a cabeça
No travesseiro
Sem antes dar
Uma última olhada no filho,
Puxar o cobertor,
Verificar vestígios de febre,
E sintomas de gripe nele.

O sol
Neste dia se foi tranquilo.

Durante o dia,
Ele manteve-se inerte,
Evitou ressecar as folhas
Da Camélia do Dona Antônia,
Desistiu de secar as últimas flores
Do ipê roxo florido
Da Dona Agenir.

Permaneceu o dia todo
Escondido por entre nuvens esparsas
De um céu cinza amarelado.

E quando encerrava seu destino,
Ficou parcialmente encoberto
Por entre uma densa camada
De nuvens cinza claro,
De lá ele espiava por entre frestas,

Feito um pai
Que se preocupa com o filho,
E saiu e voltou diversas vezes
Desta camada de céu nublado,
Como se estivesse
Se escondendo sobre os cobertores
Deste filho,
E de lá de cima cuidasse seu belo rosto.

Em seguida,
Numa espiadela
Ele dá sua última olhada,
Rapidamente apaga a luz,
O céu vai do cinza claro
Para tons escuros,
E some lá em cima.

Ali embaixo,
O filho dorme aquecido
E seguro.
No quarto ao lado
Descansa o pai adormecido.

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