terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Medo

Houve a época
Do rompante,
Tudo era explosivo,
Desde as falas aos métodos.

Num instante
Parecia que a felicidade
Estava perfeita,
No outro se diluída
No puro ódio,
E sorte daquele
Que fugia de um soco.

O soco se tornou cumprimento,
O tapa na cara
Era o sobreaviso,
O coice era o estímulo
Que forçava o seguir
Em frente.

Era um tal de pulseiras
Amigas para sempre,
E no outro dia
Não sinto sua falta,
Nem se aproxime.

Houve explosão demais,
Frases faladas
Sem serem pensadas,
Atos violentos perdoados,
E nunca esquecidos.

Agora resta choro,
Repensar o tempo,
Curar feridas,
Restabelecer dos erros.

Cara,
Meu pai me batia muito,
Ele me fez sangrar
Através de socos,
E meios ofensivos.

Ele me bateu de cinto,
De galhos de árvores,
De madeira fina e até grossa,
De corda,
De suiteira,
Um objeto feito do couro do boi.

Olha,
Ele não bateu com tudo que pode.
Cara,
Me desculpa dizer isto,
Mas chegou a hora de contar,
Ele corrompeu meu corpo,
Fraturou ossos a tapas,
Socos e pedradas...

Quando olhei nos olhos dele,
Eu só pensei que eu não merecia isso.
Eu quis morrer,
Quis fugir de casa
E ter qualquer fim
Que me pudesse longe dele.

Muito longe.
Eu não o matei
Porquê o amava.
Sim.
Eu lhe cultivei amor.
E isto me impediu
De qualquer ato agressivo.
Minha mãe me rejeitou.

Alegou tudo que pôde.
Meu irmão,
Mais novo que eu dois anos,
Me deu socos,
Pontapés, tapas,
Ele me bateu a valer.

Eles me afugentaram
Para dentro de mim,
Quando me deu conta
Eu não sabia me defender,
Só sinto medo de proximidade,
Medo quando dizem que me amam
E pânico se me odeiam.

Minha irmã
Assediou todos
Os rapazes com que estive.
Foram poucos, claro.
Eles deram socos
Em meu rosto,
No meu corpo,
Nos meus músculos e ossos.

Me deformaram.
Doeu.
Dói lembrar.
Eu sinto dores terríveis em meu corpo.
Sinto medo
E ódio de tê-los perto.
Precisava falar.
Não lhes tenho confiança.

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