quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Passa o Bimestre

O bimestre corria normal,
Aulas chatas,
Livros rasurados, rabiscados,
Recortados, páginas coladas,
Sabe-se lá se por homenagem
Do colega
Ao retirar uma foto sua escondido,
Fazer uma colagem com a dele,
E a achar que você iria
Querer uns cópia colada
No seu livro de estudos
Com assinatura.

Demonstração de extremo
Mal gosto,
Não há outra definição.
Ou então,
Aquela punhetada maldita,
Que ele lhe fez
Pedindo seu caderno emprestado
Para copiar matéria perdida,
Por causa daquela sua maldita calça
Que te aperta a bunda,
Deixa a mostra a celulite
E lhe faz parecer uma minhoca
Presa na lama.

Bem, não tarda
Abandona-se a leitura,
A professora fala mal,
Você já acha que a audição está ruim,
Por fim,
A turma vai unindo as classes
Até formar uma junção
De alguns,
Quase todos,
Unidos no final da sala,
Classes coladas,
Não sei porquê as carteiras e cadeiras
Se chamam classe,
Se também classe define a turma toda,
Mas,
Isto pertence àquele mundo
Onde os professores moram,
E ninguém quer estar por perto,
Muito menos compreende.
Unidos,
Combina-se faltar aula,
Convidar mais alguns amigos,
Comprar bebida e se reunir
Em algum lugar curtir.

Os garotos dos carros são convidados,
É proibido ir a pé,
Mas alguns amam quebrar proibições.
Se reúne no mato,
Distanciado de todos,
Só os jovens,
E o som cola o volume no total,
Muitos carros,
Muito som,
Bebidas de toda espécie,
Caminhotes abertas
E garotas rebolando na capota.

Garotos colados nelas.
E algumas droga,
Já sabe,
Alguma droga.
O vizinho de quilômetros ouve
A badernagem,
Fica amedrontado,
Já idoso e solitário,
Dorme sua última noite,
Aliás, nesta ele fechou os olhos
Pra sempre.

Foi feliz,
No volume máximo do som.
Paredão.
Polícia nenhuma é convidada,
Lá só vai pessoas legais.
É proibido os pais.
Ninguém é de ninguém.

Pra decidir acabar com tudo,
Uma garota chega atrasada na aula,
Começa a faltar,
Apresenta problemas
E se decide estuprada.
Pronto.
Agora a polícia sabe
O local dos encontros.

O som alto passa a estar proibido.
E as páginas grudadas no livro
Se multiplicam,
Mas nisto ela não implica.
Garota estúpida.

Saio da sala batendo a porta,
Bato o portão,
Faço todos os barulhos
Nem chegou até meu gatinho
Que me espera no carro,
E uma tarada corre pra ele a solta,
Barriga a mostra:
“estou grávida.”

Saio na surdina,
Finjo não ver,
Me faço até de surda,
Opto pelo velho
E antigo ônibus.

Deito no último banco,
Mochila de travesseiro,
Ligo o walkman,
Coloco a fita do Rammstein,
E baterias que me tolerem.

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