domingo, 23 de fevereiro de 2025

Tarde Com o Namorado

- E aí,
Vamos almoçar juntos?
Eu pedi,
Chegando na janela
Da caminhonete
E beijando meu namorado.
Ele veio me esperar
Em frente a escola,
Isto é o que há de mais legal.

- certo. Podemos
Passar a tarde juntos.
Eu pulei de alegria,
Alcancei seu rosto
E o beijei
Enquanto o segurava
Com as duas mãos,
Apertando-o.

- eu disse
Que iria fazer trabalho escolar
Na casa de uma colega,
Então, temos todo o tempo.
- que bom. Entra.
Ele disse,
Fazendo sinal
Para eu ir para a outra porta.

Porém, abri a porta dele
Subi em seu colo,
Beijei seus boca
Com gosto,
Já não me importava
Com mais nada,
Mas a professora de matemática
Sim.

Chegou sem avisar
E fechou a porta
Com toda força,
Irritadiça.
Depois bateu na janela.
- hei.
Juízo, vejam a hora.
Aqui não é lugar.
Eu fiquei estupefata,
Que vergonha,
Mas, eu estava tão afoita,
- me desculpa
A felicidade me dominou
Professora.

Eu disse, rubra e feliz.
- nada disso.
Isto é errado.
Depois virou as costas
E saiu.
Eu beijei ele
Só mais uma vez
E passei pro outro banco.
Depois beijei seus rosto.
Finalmente, juntos.

Nada melhor que o colo
Do namoradinho
Depois de cinco horas
De aula chata pra caramba.
Aturar tanto estudo,
Tanta leitura,
Tanto cálculo,
Decorar conteúdo,
Entender assuntos didáticos
Era definitivamente horrível,
Tão horrível quanto necessário.

- as vezes,
Saio da aula
E sinto que minha cabeça
Vai estourar.
Eu falei tocando
Minha cabeça,
Tirando o suor da testa.
- pega um salgadinho,
Você deve estar com fome.

Ele falou,
Me indicando o banco traseiro.
Eu peguei.
Abri e o fiz estourar.
- verdade,
Eu sinto muita fome.
Estudar exige muito.
Quanto mais me esforço
Não parece mais fácil.
Meti a mão no salgado
Com vontade.

Enchi a mão,
Levantei a cabeça pra cima
Com a boca aberta
E joguei salgado lá
Como se fosse a trilhadeira
Do pai de malhar milho,
Joguei tudo que podia
E empurrei com os dedos
E mordi claro,
Não queria passar mal do estômago.

- toma.
Come um pouco.
Ofereci a ele.
Ele pegou e não se importou
De comer enquanto dirigia.
- você me trouxe frutas?
Eu adoro frutas.
Indaguei.
- claro,
Há uma sacola nos seus pés.

Peguei uma faca de mesa,
Uma laranja
E descasquei rápida
E esfomeada,
Comi cinco.
Descasquei pra ele,
Ele comeu muito também.
Fomos para uma estrada de roça,
Nos metemos naquele mato,
E fomos indo casa vez mais para dentro.

O pai dele preferia que ele
Estivesse no trabalho
Naquele horário,
Então, poderíamos dizer
Que fugimos
Mas não verdade
Fomos curtir próximo da cidade,
Contudo, não nela.

Longe de todos os pais
E sozinhos.
Olhei para traz
A mata parecia se fechar atrás de nós,
Cipós caiam na estrada,
Havia pedras tão grandes
No caminho
Que daria para jurar
Que ninguém passou ali
Ou conseguiria passar
Sem deixar uma parte
Do motor do carro para trás.

E continuamos indo.
Uma espécie de capim
Crescia na estrada de cascalho,
A estrada aos poucos
Foi sumindo,
E ele foi indo.
Não se via nada além
De árvores,
Algumas árvores com flores,
Alguns frutos esparsos,
Barulho de pássaros,
Algumas borboletas.

Era tudo lindo.
De repente,
O pneu bateu numa pedra,
Fez um solavanco,
E eu me feri a costela.
- aí, que dor!
Eu gritei.

Com medo.
Então, olhei para o lado
E não havia ninguém.
Só ele.
- que droga.
Espero não ter furado o pneu.
Vamos caminhar um pouco.
- não parece ter lugar para fazer o retorno.

A estrada só segue um sentido.
E cabe só um carro.
Eu disse assustada
Enquanto abria a pesada porta
E me jogava para fora
Num salto.
Ele logo pegou minha mão,
E fomos pra frente.

O sol ficou intenso.
Não tínhamos água.
Tinham só mais
Duas laranjas.
Encontramos uma pedra
Alta e quadrada,
Mais ou menos.
Sentamos lá.

Fiquei no meio das pernas dele.
De costas,
Ouvindo os ruídos.
Estava tudo tão perfeito.
As horas pareciam voar.
Não havia nada mais perfeito.
- obrigada por me trazer aqui.

Está maravilhoso.
Eu disse.
Apertando suas pernas.
Eu gostava de estar recostada nele,
Mas acima de tudo,
Gostava de toca-lo,
Eu não saberia dizer por quê
Mas tinha sempre a impressão
De quê ele sumiria.

Num instante
Aconteceria algo
Que me tiraria dele pra sempre.
Que num minuto estaríamos juntos,
Mas no outro
Nunca mais.
E nunca mais de verdade.
Então, virei o rosto.

Acariciei sua orelha,
Beijei seus face,
Beijei seus boca
Depois fiquei ali.
Havia capim.
Flores silvestres.
Árvores.
E parecia ter macacos
Pulando nos galhos.
Foi lindo ver.

Parecia ter muitos.
Eles pulavam tão alto
E sem medo.
Se jogavam de árvores grossas
Para galhos finos,
Os galhos dobravam-se
E eles se seguravam no tronco
Da árvore seguinte.

Tinham cinco dedos
Bem definidos.
Braços de aparência
Que não se esticavam
Por inteiro,
Eles pareciam estar num balanço.
Subiram rápido o tronco
Até a copa da árvore,
E de lá se jogavam para a próxima,
Sem medo de cair,
Tiravam folhas e comiam.

Se escondiam entre os galhos.
Haviam 06,
Ao menos estes foram vistos
Perfeitamente.
Então, me virei de frente
Para meu namorado Briten,
E toquei seu rosto,
Acariciei seus cabelos.
Foi aí que ocorreu o inesperado.

- Aí.
Que dor terrível.
Ele gritou se empurrando para a frente.
- uma cobra!
Há uma cobra grudada
Em sua perna.
Eu gritei
Ao avistar o bicho.
Me afastei para trás.

Encontrei algumas pedras
Na estrada,
Juntei assustada
E joguei contra ela.
-pegue na boca dela com força.
Aperte até ela soltar.
Que eu apedrejou ela.
Gritei.
Ele urrava de dor.

Depois fez o que eu disse.
Assim que soltou,
Eu soltei a maior pedra
Que pude pegar
E esmaguei sua cabeça.
Saiu sangue.
Peguei mais pedras.
Joguei-as.
Pulei de medo
Tocando meu corpo
Devido ao medo.

Senti pavor.
Olhei pra todo lado.
Parecia não existir lugar
Onde uma cobra
Não pudesse se refugiar
E me atacar
Sem que eu nunca a encontrasse.
Chorei de medo.
- vamos embora, hein?!

Gritei.
- vamos esperar.
Mickelah,
Estou com muito medo.
Eu não posso me mover.
Ele estava ereto.
Olhos arregalados.
A perna começava a inchar.

- você precisa ir.
Precisamos encontrar um médico.
Eu não sei ajudar.
Eu não conheço remédio.
Disse assustada.
- tá certo.
O carro não está longe,
Mas vamos pegar um atalho,
Eu tenho medo de voltar
Por onde viemos.

Nisto, eu lhe dei apoio
Com meu ombro
E fomos por cima.
Inacreditavelmente,
Pelo lado oposto de onde veio a cobra,
Mas não por baixo
De onde não veio nada,
Lá parecia mais sugestivo.

Devido ao peso,
Eu caminhava de cabeça baixa,
Para apoia-lo também em
Minha nuca,
Ele também abaixou a cabeça
Para cuidar cobras
E devido a dor
Andava quase de olhos fechados.
Então, quando percebemos
Estávamos enroscados
Em uma teia de aranha grossa,
Com várias aranhas nela.

Eu gritei.
Ela pulou em meu rosto.
Eu gritei mais.
-uma araaaa-nha.
Peguei ela com a mão.
E não me atrevi a olhar.
Ele empurrou ela
E matou-a com os pés.
Contudo, eu fui correr da teia
E não pude.
Ela era muito forte.

Me prendeu.
Fui voltar e não pude.
Ela se contorceu na minha roupa,
No meu rosto.
Na minha boca.
- Allah. Estou presa!!!
Meu namorado conseguiu se soltar.
- garota. Há uma aranha no seu cabelo.
Ele não usou meu nome,
E quando não me chamava pelo nome o assunto, realmente, era sério.

Ele tirou a aranha do meu cabelo
Jogou no chão
Com um tapa
E a matou esmagada.
Eu tremi tanto de medo
Que perdi toda a minha força,
Cai de joelhos
E a teia da aranha me manteve.
Foi pior.
Foi horrível.

Ele correu na minha frente
E me puxou por um braço.
Um galho se soltou do alto
E caiu seco em nossa frente,
Se quebrando
Em muitos pedaços,
Aranhas pularam nele.

Eu quis correr,
Eu juro,
Tudo que quis foi correr.
Tudo que fiz
Foi apontar o dedo.
E tremer.
Ele foi corajoso.
Me honra tê-lo escolhido
Para namorado.
Ele foi esplêndido.

Passou para a minha frente
E começou a matar todas elas
Com uma perna.
Uma aranha enorme surgiu do chão.
Pulou na perna dele
E grudou em sua calça
Com um barulho estranho
E suas oito patas
Unidas e contraídas nele.

- Allah.
Nos socorra.
Ele gritou.
Eu juntei um galho seco
E bati nela.
Ela correu aos pulos
Sem duas de suas pernas.
Aquelas pernas
Nem lhe faziam diferença.
Ela pulava alto
Fazia barulhos.

Era enegrecida
E tinha partes vermelhas.
Era peluda.
Senti que seus pelos voaram
E vieram de contato
Com nossas peles.
Me vi coçar e arder.
Na verdade,
Nos vi morrer.
Então, avistamos a caminhonete.
Fomos devagar
Devido ao medo.

Entramos nela,
Fechamos as janelas
E voltamos muito depressa
Em marcha ré,
Sem fazer desvios
Ou manobras.
Apenas voltamos.

Nisto,
Batemos a traseira
Em uma árvore,
Coisas, galhos e folhas
Caíram sobre a caminhonete
Mas fomos pra frente,
Endireitamos e seguimos na ré.

Ele começou a perder a perna.
Então, eu acelerava com a minha.
E mexia o volante
Também.
Enfim, saímos no asfalto.
Quando olhei para o retrovisor
Eu tinha uma flor azul no cabelo.

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