Em questão de pouco tempo,
Ele deixou mais um de seus presentes
Sobre a cama de lençóis vermelhos,
Travesseiros compridos e macios,
Colcha também vermelha
Docemente estendida com uma
Das pontas dobradas,
A convite.
- Olá. Querida, por quê você não usa
Este lindo vestido que lhe presenteio?
Ela se vira da janela,
Veste branco transparente,
Rendas e bordados infantis.
- como posso manchar
Com minha dor
Presentes tão lindos?
Não me sinta apta.
Ela respondeu
Dando passadas longas
E barulhentas até o embrulho,
Já sabia de que se tratava:
Roupas e roupas.
Não entendia o motivo
De recebê-las.
Pegou o embrulho com uma mão,
Puxou o laço com a outra
Retirou o vestido estilo verão
Quase outono,
Deixou cair o hidratante corporal
No chão
E rolar até próximo aos pés dele.
- você mantém-me
Tão as escondidas
Que não me sinto sua,
Nem o vejo meu.
Ela soltou-se sobre a cama,
Retirou algumas fitas da roupa,
E deixou-se sobre a colcha.
- faz tanto tempo que este quarto
Te guarda
Que já a vejo como parte dele,
Sempre que a procuro
Você está aqui.
Já nem a imagino em outro canto.
Ele diz, imóvel.
Seguro e alto.
Impassível vestindo vermelho e dourado.
- se eu estiver em qualquer lugar
Você não me encontraria,
Me procura para a cama,
Em público não me vê,
Se estou a cuidar do jardim
Já não me encontra.
Precisa de bilhete?
Convite?
Ela ergue sua delicada mão
E abre seu zíper,
Apalpa sua calça.
- que droga.
Sinto sua falta.
Mas você é tão esquivo e ocupado.
Ele retira os sapatos prata,
Sem abaixar-se.
Olha as meias douradas,
Depois senta-se no colo dele,
De leve.
Toca seu rosto e sorri.
- pois é, eu trabalho muito.
Ela chora,
Empapa o rosto,
Ensopa a roupa.
- não. Você tem muitos amigos.
Muita cerimônia.
Ele sai do colo dela.
E puxa sua cabeça para ele
E lhe faz carinhos.
Lá fora o sol marca três horas
De calor intenso,
E poucas nuvens
No céu azul e translúcido.
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