sábado, 15 de fevereiro de 2025

Na Estrada

Aqui na roça
Quando chover
E a lotação passa
Pra levar a escola,
A gente vai de botão
Pra enfrentar o barro
E guarda chuva
Por causa da ferrugem
Do ônibus.

Lá pela metade do caminho
O ônibus desliza
Próximo ao morro
E teria caído,
Mas os garotos
Quebraram as janelas,
Pularam para fora,
E se penduraram no ônibus
Com as mãos a se agarrar
E os pés para impulsionar.

Mas, as vezes,
Eles odeiam o motorista
Aí eles erram a localização
Do impulso
E ao invés de empurrar para frente
Empurram para o morro,
Os garotos são fortes,
Se quatro ou cinco deles
Empurram com as mãos
Para cuidar,
 Não sujar,
E ajudar eles são capazes
De remover o ônibus
Quando está atolado
Na lama da chuva forte.

Eles discutem entre si
Então juntam lama
Nas mãos
E jogam um no rosto do outro.
Mas, nós nunca abandonamos
O ônibus,
Mesmo se ele desliza
Na estrada de terra
E pouco cascalho.

Se nos comprometemos
Com a família de irmos a aula,
Nós vamos,
Nem que seja
Com o Senhor Juvenal
Puxando o ônibus a trator
Na frente
E nós atrás empurrando.
Na verdade,
Uma vez apenas,
Nós levamos o ônibus até o asfalto,
E lá o deixamos,
Mas todo o lamaçal
Já havia passado,
E a gente foi pra aula.

De burrinho,
Acompanhando o ônibus 
No trajeto para a aula
Não pode mais,
Isto é coisa de nordestino.

Lá eles tem água de côco,
Aqui só nos resta a enchente,
O Seu Antonio contou que a água 
Alcançou o poço artesiano,
Agora pra tomar água 
É só depois que ela estiver limpa...
Precisa esperar o nível do rio baixar.
O rio que está alcançando a estrada,
Impede passagem,
E outras coisas,
Menos nossas idas a aula.

A tia está assustada a rezar,
Disse que desta vez não passa,
De a enchente levar a casa.
O tio disse que não dá outra.

Lá na minha prima 
Os peixes subiram a sanga,
Ela disse que vai pescar da janela,
Meu primo disse que vai pescar de bodoque,
Vamos ver se o outro vai buscar 
Os peixes de carrinho de rolimã...

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