quarta-feira, 19 de março de 2025

Fante, no diário

“Residência nova , ok.
Cidade nova, ok.
Amizades antigas,
Melhor que ok.”
Chamei o amigo
Antigo da minha família,
Ele estava ocupado
Trabalhando entre grades,
Mas, “ham, vô, vô. Sim.”

Eu viro,
Preparo meu celular
Modelo 2008,
No ano de 2010,
Para desligar,
Olhou para o sofá amarelo,
Sujo na beirada,
E penso em limpar,
O que usar,
Como tirar a mancha,
Olhou para o banheiro
E penso no que tenho para usar,
Então, olho o celular de volta,
E, “oh, está ainda ligado”,
Levo ao ouvido
Para testar se está ligado,
E se possui alguém na linha.

“pro seu pai?
Pro seu pai eu vou!”.
Retiro do ouvido,
E penso “oh, pro meu pai
Ele irá?”
Será que ele ainda falava comigo
Ou se referia a alguém da rua?
Ou quem sabe é um trabalho...

Aperto na tecla de desligar.
Mediante tantos pensamentos
Esqueço o que pensava
Anteriormente,
E lembro que preciso sair,
Me deslocar até aquele lugar.
Olhou meus pés descalços,
Penso em cada calo,
Na dificuldade de ir caminhando,
E me preparo,
Chego ao espelho imaginário
Da madeira do roupeiro,
Me vejo a dois metros,
Depois penteando o cabelo
Me aproximou,
E “bem, conforme a imagem
Escurecida,
Tudo indica que estou bem”.

Penso se uso batom,
Ou quem sabe abro o olhar
Através de um lápis
Ou rímel,
Lembro que não tenho
Tanta maquiagem disponível,
Opto por não usar
E economizar
Para nova data
Em que fosse necessário o uso.

Então, penso:
Em que seria necessário?
Não sei,
Talvez para um beijo”.
Um beijo.
Um beijo.
Um beijo de quem?
Quem valeria o meu vestígio
De maquiagem
Em memorável data?
Não sei.

Calçada com sapatos cobertos
E salto baixíssimo,
Eu saio para fora da porta,
Certifico-me de fechar a porta,
Me voltou e verifico
Se fechei bem,
Vejo o estado da porta,
O vidro intacto,
O quanto está limpo,
Como limpar melhor,
Se realmente é necessário
E o que tenho disponível
Para isto.

Olho a tinta amarela,
Vejo a cor,
Se está igual em toda porta,
Vejo as dobradiças,
Retorno e vejo de volta
O trinco.
Ok.
Está fechada.

A princípio não abre sozinha,
Em princípio,
Em moderada força,
Também não iria abrir.
Então, posso ficar tranquila
Caso chova e eu esteja fora,
A intensidade da chuva
A manteria intacta,
E o vento?
Olhou para ela de volta,
Olho para o que tenho dentro...

Sim.
Resiste ao vento.
Saio no meu mínimo quintal,
Tão quente as britas
Que me queimam os pés,
Não vejo ninguém,
Algumas pessoas cruzam,
Olham e comentam,
Eu não compreendo
O que dizem.

Outras passam de carro,
Passa alguns táxis,
Passa um ônibus,
O motorista olha
Com atenção,
Eu não me movo.
Chega, então, o amigo.
Magro, cabelos masculinos
Compridos, fartos,
Escuros, barba rala e esbranquiçada.

Camiseta comprida cinza,
Pelos no corpo,
Eu não sei porquê,
Mas olho pra ele
E vejo que possui pelos
No corpo.
Ok.

Afastado pensamento desnecessário,
Vou,
Olhou por último vez a porta,
Olhou pelo canto do olho
A janela,
Meu coração se aperta,
Vejo os vizinhos,
Olho a porta,
Suspiro de cabeça baixa,
Olho meus pés e vou.

Entrou no carro,
Nós cumprimentamos,
Ele entende
Que é medida necessária eu ir,
Ele não sabe onde,
Mas tem o endereço.
Chegamos ao local,
Atrás de mim
Está localizada uma universidade,
Não sei porquê,
Mas tenho a certeza
De que jamais eu entraria lá,
Odeio estás certezas
Que me dão agonia
E um aperto no coração.

Me viro de frente
E está com grades fechadas
O local em que eu preciso ir.
Me viro rápida,
Antes que ele saia do carro,
O vejo colocar um pó
Entre seus dedos
E aspirar aquilo
A portas fechadas,
Ouvindo música.

Fico em sobressalto,
Mas caminho dois passos,
Saio da calçada onde estava,
Chego ao asfalto
E bato duas vezes
Uma vez baixo
E aumento a força das batidas
Com a frente do punho
No vidro do carro.

Ele ouve,
Se assusta e abre.
- o quê é?
Ele indaga.
-Está fechado.
Eu digo amedrontada.
Está aqui no papel
Meu horário de chegada
Então, deveria estar aberto.

Eu digo,
Mostro o papel e a hora escrita.
- hum.
Você marcou em casa?
Ele indaga olhando o papel,
Eu imagino se ele
Realmente consegue ver,
Olho para o céu azul
E penso se o ver importa.
- sim.
Marquei do celular.

Ele compreende.
Digite no celular.
- meu irmão está vindo.
Eu preciso dele para abrir a porta.
Eu me assusto,
Penso por quê?
Ele irá abrir a força?
Ou ele está a trabalho?
Me assusto,
Será que se trata de um furto
Ou outro crime e eu estou
Aqui sem saber de nada
E saio criminosa.

Sinto mais medo.
O irmão chega rápido,
Sem esforço algum.
Ri.
Abraça o outro.
Bate três palmas,
Alguém abre.
Eu me assusto demais,
Foi rápido
E o que quis dizer?
Vem uma mulher loira
E gorda,
Vestida de branco,
Eu entrego os papéis,
Ela não diz nada e sai.

Eu fico emudecida,
Então, eu não deveria dizer nada?
Eu não deveria entrar?
Olho para o local
E penso que local é este?
Por que estou aqui?
Olho para o amigo do meu pai
E penso:
“que bom,
Tenho um relacionamento,
Tenho um namorado,
Não estou sozinha “.

Ele me olha como se
Soubesse o que penso
E diz:
- não!
Você sabe que sou casado
E tenho um filho de dezoito anos?
Eu meneio a cabeça
Em negativo.

Não sei porquê motivo,
Mas seu que ele não se
Relacionaria comigo,
Menos ainda seu filho,
Menos, também, seu irmão.
Meu coração fica apertado,
E quase sinto dor.
E penso: por quê?

Olho para o lado com atenção
E ali naquele lugar está
Escrito saúde,
A moça de branco fecha às grades,
Chaveia com cuidado,
Eu sinto medo terrível.
Entrou no carro
E sou levada de volta.

Acordo na manhã
De 2025 e há uma mulher
Falando de dentro do meu
Travesseiro
Ela repete incessantemente
Um nome masculino,
Eu penso por quê?
Me assusto.

Pegou o travesseiro
Finjo que não olho o colchão,
Eu olho.
Chacoalhou o travesseiro
Fingindo que estou
Organizando a cama,
Tenho atenção nestes atos.
Não resisti e olho o colchão.

Deito,
Olho para nosso filho
No travesseiro ao lado,
Sinto medo.
Aí indago a ele:
“Filho vamos visitar a vovó?”.
Então, viemos.

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