quinta-feira, 27 de março de 2025

A Ruína do Templo

Entre o povo,
Iniciou a construção
Do melhor templo.

Cada família doou
O que tinha de recursos
Sem que, com isso,
Prejudicasse seu sustento.

Enquanto, isto,
O povo se reunia na praça,
Lendo o Alcorão e rezando,
Todas as noites.

A cada noite iam pessoas diferentes,
Algumas iam todos os dias.
Em família, abraçados
E unidos rezando.

Não tardou,
Com a ajuda de todos
O templo ficou pronto,
As orações foram
Transferidas para lá,
Contudo, outros continuaram
Indo até a praça.

Sebastião, no templo,
Gostou de um homem,
Ele cobrava por sexo,
Pois estava carente de alimento.

Sebastião, transou com ele,
Beijou sua boca,
Pagou a dinheiro.

Outros sabendo
Do ocorrido,
Feriram suas esposas,
E imitaram Sebastião.

Este homem, Horschide,
Não conseguiu emprego,
Mas tirou sustento
De sua família através de sexo.

O Alcorão rejeitou este ato.
Sebastião arrancou a página
Que dizia isto,
E guardou no bolso.

Seguiu-se a leitura.
A esposa de Sebastião,
Rosadesfokhada,
Soube do ato dele,
Sentiu repúdio,
Procurou no Alcorão
Uma forma de defender-se,
Nada viu.

Mas tratou de vir antes
De todos no templo,
E falar de Sebastião
Para todos que pôde.

Alguns rejeitaram a atitude
E não procederam assim,
Outros buscaram está forma de vida.
O prostíbulo foi erguido
Em três dias.

O templo ganhou adeptos
Dentro e fora,
E sexo em seus compartimentos,
E em suas paredes.

Zendara ouviu os gemidos,
Encerrou a leitura
E foi verificar o que era,
Encontrou Seu Fenveito,
Com duas das leituras mais
Assíduas.

Começaram a um fuxicar
Da vida do outro,
Houve muito o que falar.
Vendo o comércio fechado,
E todo povo no templo
Em oração,
Alguns se desviaram.

Um quebrou a porta a
Socos e chutes,
E outros que passaram
Ajudaram a roubar.

Viram moças indo a igreja,
E as cercaram.
Estupraram-nas,
Com violência,
Ameaças e morte.

Mas, o Alcorão
Nunca deixou de ser lido,
E discutido em família.
Algumas se reuniram lá
E escreveram músicas
Com desejos e agradecimento para Allah.

Outros foram escolhidos
Para cantar,
E outros para os instrumentos.
Sebastião tocava a sanfona.

Seu filho,
Criança e leitor de doze anos
Cantava.
Allah é bom,
Allah é bom,
Allah é bom e perdoador,
Ele guia o oprimido,
Salva o compassivo,
E descarta o violento.

Allah é bom,
Allah é perdoador,
Allah é misericordioso,
Allah nos abraça
Em seu amor,
Allah, mora conosco?

Aqui é sua casa.
Allah vive em nós,
Allah, querido,
Bondoso e perdoador.

Dona Genaire,
Passou pela vizinha
Leiturista do templo,
E a viu com pouca roupa
Para o inverno rigoroso,
Ela a ignorou,
Dentro da igreja sentou longe,
Falou tudo que pôde.

Sobrando roupas no armário,
Dona Genaire a pôs no fogo,
E algumas levou até o templo,
Com uma lista de família necessitadas,
Leu todos os nomes,
E depois doou,
Sorrindo na frente de todos.

Para o bom ato,
Nada melhor que o público
Para dar credibilidade,
E expor o necessitado,
A espera da piedade dos outros,
E de suas benevolências
Através do fornecimento
De algum meio para o sustento.

Casa família de lá,
Reuniu doações,
E trouxe listas,
Mesmo a do Vanquireo,
Que só tinha um casaco
E dividia entre a esposa
E dois filhos.

Doações reunidas
Dentro da igreja,
Em frente ao altar,
Nomes lindos,
Gente chorando,
Outros com vergonha,
Muitos agradecendo,
E poucos ajudando com
Os volumes de doações.

Certa vez,
O filho de Sebastião
Não quis ir rezar.

Naquela noite estranha,
Uma estranha vontade dominou
A vontade de muitas pessoas,
Algumas esparsas entre a família,
Outras a família inteira,
E não foram rezar.

Iniciada a leitura,
Os corações ficaram tristes,
Mas não sabiam porquê,
Não foram até lá.

Nesta noite
Houve um barulho terrível,
A igreja começou a ruir,
O povo começou a olhar
De um para o outro,
E o melhor dentre eles,
Eram as prostitutas,
Vestidas em suas roupas
Sugestivas,
E Dona Marcira que bateu
Em todos ali
Por ciúmes das garotas,
Já que transou com cada um
Dos presentes no decurso
De seus trinta e oito anos.

Sentou-se ela lá atrás,
E de lá apontava o dedo,
Dizia um nome,
E mandava chinelada.
A igreja berrou
Como se ganhasse vida,
E os Alcorão suaram
Na mão de cada um,
Parecia chorar.

Quando foram fugir
Do barulho intenso,
Tijolos desceram do céu,
E impediam passagem,
Os mais corajosos
Juntaram os Alcorão
E jogaram contra os tijolos.

Os tijolos moveram-se
E se tornaram anjos de fogo,
Anjos da morte,
Abriram suas bocas e
Relataram: morte.

Todo o povo tremeu,
Correu,
E começou a matar um ao outro,
E a parede iniciou a se partir,
Então, tentaram seduzir
Os anjos,
E apedreja-los com os Alcorão,
Mas os anjos eram imunes,
Não deixaram um único sair dali.

Eles os chamaram de deuses,
Alegaram que iriam adora-los,
Alguns prostraram-se
Para os anjos da morte.

Mas não houve movimento
Nenhum deles,
“Mentirosos vocês só adoram
Vossas paixões”.

E nisto o templo ruiu,
Caiu todo o teto
Sobre eles,
Caíram as paredes
E soterrou todos.

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