Acordei.
Abriu os olhos.
O relógio no celular
Marcou treze horas.
Estranho.
Treze?
Era madrugada?
Estava escuro,
A lua que brilhava
Quando fui dormir,
Havia se apagado.
Olhei através da janela aberta
E haviam estrelas.
Sorri.
Mais calma.
Muitas estrelas brilhavam.
Voltei a dormir,
Sonhei que estava numa moto,
No carona,
E cheguei jantar em algum lugar,
Estavam preparando o jantar
Usando de talher
O braço de uma pessoa.
Era o meu?
Olhei para o meu
E ele parecia intacto?
Então, era um talher de madeira?
No formato de uma mão,
Com dedos quebrados...
Senti medo,
Estava com inimigo
Ao meu lado,
Eu parecia não reconhecer isto.
Um sobressalto
E eu acordo.
Olhou o relógio são 05 da manhã.
Quase dia eu penso.
Vejo neblina através da janela,
Ao meu lado
Está o meu menino o Bruce.
Vou ao banheiro.
Retorno.
Durmo.
Acordo com sensação ruim
No peito,
Um vazio profundo,
Acordo chupando algo,
Me indagou
O quê?
Um seio.
O seio da minha mãe.
Então, estou com fome?
Não.
Levanto e vejo que não.
Duas galinhas invadem a horta,
Danificam a salada
Que já não estava boa.
Eu desejo mata-las.
Me canso disto.
Sofro correndo por dentro da horta
Atrás das malditas galinhas,
Quando saio de lá,
Encontrou minha orquídea
No chão,
Toda roída por elas.
Junto pedras e apedrejo.
Sinto ódio de estar sozinha.
Sinto ódio profundo.
Desejo que meu esposo
Esteja comigo
Junto a trave de fechar a janela
E bato.
Bato intenso e forte.
Só desejo quebra-lo.
Arrancar-lhe o sangue.
Sinto ódio e arrependimento.
Um casamento regado
A ódio e arrependimento.
Saio de casa.
Pego o Bruce,
O cartão de crédito e o Al-Qhuran
E saio.
Chego na casa do meu pai
Para pegar o carro emprestado,
E ele me esnoba.
Eu desejo mata-lo.
Olhou para aquele rosto
Flácido, feio e caído
E desejo rasgar.
Fazer verter sangue.
Junto as chaves e vou.
Chorando o ódio.
Pego a BR282 de Santa Catarina,
Brasil.
Me dirijo até minha mãe.
Ódio guia meus braços,
Acelera até o fim
E deixa o banco do carro
Longe.
Penso que o ódio
Está estampado em minha cara,
Acho que estou vestindo
Sangue da menstruação
Que jorra entre minhas pernas,
E ódio.
Vou.
No caminho
Vem um caminhão
Na pista contrária,
Eu estou rápida
Regada a ódio.
Ele simplesmente dobra,
Entra numa rua de estrada de terra,
Dobra todo e inteiro.
Não há para onde ir,
Eu estou indo em cheio,
E rápida,
Penso no amante e me acalmo.
O imagino em meu lugar,
Aí penso que eu sou ele.
Fico calma,
Me ajeito no banco,
Esqueço o ódio do corno...
Então, na pista contrária
Vem um caminhão guincho
Com um carro em cima,
Ele está rápido e inteiro lá,
O outro ainda dobrado
Minha frente,
Eu lembro o rosto dele,
Como um vulto
Rápido e seguro,
Ligo o alerta e desacelero.
Acalmo o coração.
Não choro.
Não penso em outra coisa
Que não seja
Salvar meu filho
Ao meu lado.
Me vejo entre as rodas
Daquele caminhão
Andando na minha frente,
Imagino um acidente
E os danos no carro
E penso em como sair.
Depois, só penso
Que não entrarei entre aquelas rodas,
Quatro rodas escuras e cheias,
Quatro pneus enormes,
E o caminhão sobre elas...
Penso em sair da pista.
Acho que não teria tempo
O bastante para frear
Então, iria para o mato.
Desconhecido e perigoso mato.
Se fosse para qualquer outro lado
Iria bater em cheio no caminhão.
Mas, aí eu freio mais,
Até o final.
E o caminhão se desloca
A tempo de nada acontecer,
O do meu lado não sai da pista,
Não se desequilibra.
Apenas bruxinha bem alto.
Meu coração parece retornar,
Eu me sinto respirar,
Olho para meu filho
Ele está bem,
Olhou para meu peito,
Eu estou bem.
Olhou para trás
E há outro carro.
Não o vi anteriormente.
Ele não pareceu frear
Em nenhum momento.
Desisto de pensar nele.
Estamos todos salvos.
Acho que houveram
Outros carros atrás do caminhão
Guincho,
Eu ignoro.
E pareço sentir dores
No meus ossos direitos.
Mas, estamos bem.
Nada nos houve.
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