domingo, 27 de abril de 2025

A Agricultora

- boa tarde!
Indagou um homem
Vestido de terno e gravata,
Assim que Erica abriu a porta.
- quem é?
Ela indagou
Dando um passo
Sobre a escada.
-sou advogado.
Estou com a ordem
De despejo em mãos!
Ele disse.
Subindo até ela
E lhe entregando um documento
Assinado por advogado.
Ela pegou e o olhou,
Com os olhos marejados de lágrimas.
- como assim?
Ela perguntou,
Escorando-se na parede
Da casa por ter perdido
Suas forças.
- você financiou
E não pagou,
Aí atrás está o valor
De sua dívida,
Os juros,
E a sua penhora.
Ele explicou.
Falando rápido
E gesticulando.
- eu financiei porquê
Meu esposo morreu,
Eu não tive dinheiro
Para pagar o velório,
Enfeite da igreja,
Aquisição de caixão,
Roupa sob medida,
E lugar no cemitério...
- na verdade, senhora.
Não nos importa
Os motivos de seu financiamento,
Dívida é dívida,
Precisa ser paga.
Ele interrompeu-a.
- Meu Allah.
Ela respondeu,
Gesticulando próximo
Ao rosto para encontrar ar.
Suas pernas trêmulas,
Pareciam se deslocar
De pavor.
“Perder a casa?”
Iria para onde?
“uma dívida em seu nome?”
Isto era mesmo
Um ato de desonra.
- tem quinze dias.
Quinze dias.
Nenhum dia a mais,
Ou a polícia será
Enviada e a senhora
Há responde processo.
O homem disse,
Passando por trás do carro escuro,
E abrindo a porta de entrada...
- a senhora não responde
A um processo por assassinato?
Ele indagou
Com a porta aberta,
Olhando-a seriamente.
- não foi seu esposo que foi encontrado morto
Sem motivos sentado a mesa
De sua casa?
Ele perguntou
Entrando no carro.
- Allah.
Eu não o matei.
Eu o amava.
Eu juro...
Ele ligou o carro,
Não a ouviu
Nem menos se importou.
Ela escorregou da parede,
Desceu até o degrau da escada
Feita em madeira,
Que há um ano
Ela e o esposo Roberto
Fizeram juntos,
Usando um serrote,
Madeira da propriedade
E pregos...
Escorregou,
Caiu sentada
E chorou.
Estava tudo perdido,
Como comprovaria
Que nunca feriu o esposo.
É certo que,
Quando ele partiu,
Há nove meses,
Talvez até,
Ela deveria ter buscado
Substituí-lo por outro homem.
Principalmente, quando
O gado de leite aumentou
A produção,
Mas ela preferiu ficar sozinha,
Triplicar o trabalho
E resolver tudo como podia.
Nisto cumpriu.
Rezou por seu esposo,
Pediu a Allah que o protegesse,
Se apegou ao seu cheiro
Pela casa,
Manteve as lembranças.
Soube, através dele mesmo
Que encontrou outra,
Ainda podia recordar a conversa.
- chega,
Cala a boca!
Então, estapeou-a no rosto!
- estou cansado de você,
Você é uma fraca!
Você não transa bem,
Não me satisfaz em nada!
Nisto pegou uma mala
E saiu de carro.
Fez um sinal com a mão
De dentro do carro,
Erguendo um dedo
Para a casa e baixando
Rumo ao chão.
Cantou pneu
Na estrada da frente de casa,
Fazendo voar pedra
Na porta,
Nas flores
E nela.
Depois foi.
Beijando uma fotografia
De uma mulher
E colocando no painel
Do carro.
Ela o viu fazer isso.
Ele nunca agiu assim
Tão apaixonado
Com relação a eles dois.
Ela ficou embasbacada.
Boquiaberta.
Ele foi.
Simplesmente, foi.
Ela soluçou tanto
Naquele dia,
Quanto agora.
Chorando capciosamente.
#
- e então?
Enriqueao indagou
Tocando a face de Larissa.
- tudo pronto.
Neste exato momento
Tudo se encaminha
A meu favor.
Ele riu alto.
-Parabens, Larissa.
Seu sonho foi destruir
Roberto e você conseguiu?
Ele beijou-a ternamente,
Por muito tempo,
Depois se afastou.
- Claro, Erik.
Sua mãe acusou ele
De ser seu pai,
Eu não o perdoei
Por se afastar de você,
Jamais irei perdoa-lo.
Ela respondeu,
Ajeitando a camiseta
Sobre seus ombros largos.
- verdade,
Mamãe teve uma imensidão
De namorados e homens,
No geral,
Mas ela se apegou aquele nome.
Ele respondeu se sentando.
- Ora, querido.
Foi simples demais.
Não bastou todo o dinheiro
Retirado dele por meio de minha relação...
Que nojo de ter de beija-lo,
Só de pensar me embrulha o estômago...
Ela olhou o namorado,
Distanciou-se um pouco.
- mas o dinheiro que tirei
Não foi pouco,
Depois quis mais,
Muito mais.
O trouxe pra cá.
Mas logo,
Senti tanto ódio daquele velho,
Que me obriguei a envenena-lo,
Então, lhe fiz um seguro de vida.
Me garanti!
Ele riu alto.
- você trabalhar com seguros,
Foi ótimo!
Ele disse, sorvendo um gole de chá.
E mexendo o açúcar
Da xícara dela.
- sim.
Financiamentos e penhor,
E seguros...
Dinheiro, né baby,
Dinheiro fácil.
Ela respondeu,
Lhe tomando a xícara e bebendo.
- ela me rejeitou,
Que idiota,
Assim, me sinto
Menos responsável
Pela bolada...
Ele disse,
Olhando para a janela de vidro.
- verdade, você se irritou muito,
Pela rejeição daquela velha roceira....
Depois de um momento de silêncio,
Ela indagou:
- vai mesmo se apropriar
Daquela propriedade idiota
Por despeito?
Você superfaturou todo o velório,
Com seu amigo, heim?
Ela falou rindo,
Roçando os dedos em sua face.
-ela vai ir presa,
Aquilo iria para leilão igual.
Você esqueceu que devolveu
O esposo envenenado
Para ela?
Ele indagou
E se aproximou beijando
Sua face,
Depois saindo.
- sim, falei com o juiz da cidade.
Ele foi encontrado morto
Com ela,
E o laudo constou envenenamento...
 Só falta sair sentença.
Acho que irei levar uma flor
No cemitério,
Aquele merece uma flor.
Ela disse
E riu.
Erick saiu para fora
De casa.
#
- senhora, Erica Enriquera?
Indagou dois policiais
Armados com documentos
Nas mãos.
- sim?
Ela respondeu abrindo a porta.
- estamos com sua ordem
De prisão em mãos.
Você foi condenada por assassinar
Seu esposo através de veneno!
Venha conosco para a viatura,
Você será levada ao presídio local.
Ele respondeu,
Lhe entregando o papel
Para ser assinado.
- assine. Depois disso,
Junte as suas mãos nas costas,
A senhora é considerada
Perigosa.
Será conduzida algemada.
Eles revistaram ela.
Percorrendo com suas mãos
Seu corpo todo,
Cabelo, pescoço,
Partes íntimas,
Dentro da boca...
Depois a algemaram,
Abriram o camburão
E a colocaram lá.
- na entrada do presídio
A senhora liga para alguém
Que feche sua casa.
No presídio a senhora
Não precisará de nada.
Ele falou fechando a porta
Em sua cara.

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