Uma brisa varia o chão,
Ela não se importava,
Não fez mais que levantar
As mãos,
E posiciona-las
Em frente aos olhos.
Com uma barra de chocolate
Em uma das mãos,
Ela mordia delicadamente,
Sentindo o cheiro
E o gosto.
A barra derretia
Sobre o vestido branco
Transparente e esvoaçante,
Um pouco caiu sobre seu
Seio volumoso,
Marcando sua comissão de frente.
Ela parecia inerte ao seu redor,
Percorreu com a barra derretida
Seus lábios do superior
Ao inferior,
E seguiu sobre a língua,
Com a boca entreaberta.
Chupou o chocolate
Como se fosse o último gosto,
Seguia sobre a calçada
Em seu salto alto dourado
E preto,
Salto fino.
O vestido dançava
Sobre sua silhueta,
Lhe definindo e se separando,
Ela seguia reta,
Mais próxima da rua.
Havia quem mostrasse irritação,
Uma moça vestida
Num biquíni sobre uma saia,
Veio reto a ela,
Esbarrou em seu braço
Sem pedir desculpas.
Isto a retirou da barra
De chocolate,
Por pouco tempo,
Logo ela desviou
E continuou o caminho.
Sua boca ficou grossa
De chocolate,
Várias camadas de lábios
Pareciam estar sobre aquela boca
Molhada e seca nas bordas.
Seu posicionamento
Parecia ferir,
Tamanha desatenção
Do que fazia.
Simplesmente percorria
A calçada.
Uma luz amarela
De um Porsche cegou-a,
Por um minuto,
Vindo de encontro com seu olhar,
As luzes pareceram piscar
Para ela.
Ela também não se interessou.
Quando o Porsche passou
Por ela,
Seu vestido tremeu
Feito uma parede
Prestes a cair,
Reto e aos poucos,
Ela mordiscou o chocolate.
Passou a língua sobre os lábios,
O chocolate grudou,
Ela riu,
E nisto soltou a mão
Para baixo,
O restante da barra
Veio parar direto em sua cintura
Sobre o vestido branco,
Grudou ali
Feito chiclete.
Ela puxou,
De instantâneo,
Juntou o vestido
Para tirar o chocolate
Com a boca,
E o soltou dando-se conta
Do ato,
Envergonhada.
Foi obrigada a deixar
O chocolate ali,
Mordeu a barra que derretia.
Ela não tinha pressa.
Um rapaz passou bem
Perto dela,
Ficou a olhando insistentemente,
Mas ela não demonstrou interesse.
Uma buzina soou distante,
Alta e eloquente,
Fez muito barulho,
Mas, ela não olhou.
Só ouviu.
Ouviu alto e demorado.
Num instante,
Houve um grito temeroso,
Um grito a hora da morte,
No tempo em que ela
Desviou o olhar de sua direção,
Viu um rapaz ser empurrado
De um prédio em construção.
A uma altura aproximada
De 30 metros,
Iria cair sobre a calçada.
Não teria escapatória,
Tudo foi muito rápido.
Então, na altura de quinze metros,
Um homem de aparência
Gorda e velho,
Estendeu o braço para alcançar
O rapaz.
Alcançou por um momento,
Este homem estava agarrado
As estruturas do prédio,
Logo, contudo,
Não teve forças
O bastante para manter
O rapaz sobre seu braço.
O rapaz voltou a cair,
E assim foi ao chão.
Ela levantou o olhar
Assombrou a expressão,
Mas não disse nada.
Seguiu adiante.
Neste momento,
Um outro homem
Passa correndo
E bateu com a mão
Em seu chocolate.
Ela se irritou
E jogou o que restou fora.
- que droga.
Ela disse em resposta.
Estagnada com o rosto
Em direção a seguir,
Feito um retrato,
Com pouca cerimônia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário