quarta-feira, 9 de abril de 2025

Éramos Dois

Quais dos benefícios
De Allah renegados,
Tu homem?

Eu enganei,
Menti para mim mesmo
Quando jurei que amei,
Fiz um aceno
E passei.

A verdade é que nunca esqueci,
Não deixei de amar,
E neste sentimento
Eu quase morri.

Ele partiu,
Certo dia,
Olhou para mim
E disse adeus!
Acabou tudo.

Chega deste amor absurdo!
Eu não entendi,
Mas não busquei revidar,
Desejou o adeus,
Eu concedi
É assim que acaba,
Pra ele,
Por quê pra eu
Não houve fim!

Ele não veio mais,
Passaram as horas,
Passaram os dias,
E nos dias os meses.

Eu busquei,
Eu fui um louco
Atrás dele.

Eu invadi aquele hospital,
Empurrei a porta,
E me coloquei lá dentro
De qualquer forma.

A guarda levantou
Da cadeira,
Sacou a arma.

O médico se aproximou,
Eu o segurei pelos ombros:
- meu irmão está aí.
Eu sei que está.
Ele está desacordado,
Imobilizado,
Sem documentos
Ou memória.

O médico me olhou
E sorriu.
- qual é o nome dele?
Ele pediu.
E fez sinal
Pro guarda não atirar.

- não adianta eu falar,
Ele não sabe quem é.
Ele caiu da moto
E se perdeu.
Eu gritei atordoado.

- como você sabe
Que ele está aqui?
Ele indagou.
- porquê eu o amo.
Eu sei.

Meu coração diz,
Ele está vivo.
Eu preciso encontra-lo.
Eu gritei feito um louco,
Um homem quando
Perde o irmão
Fica doido.
Sem explicação.

-eu preciso proteger ele.
Querem mata-lo.
Eu preciso cuidar dele.
Eu gritei.
Chacoalhei aquele médico.
- ele não está aqui.
Ele disse.

Me pegou pelos ombros
E repetiu.
Olhando dentro dos meus olhos.
- ele não está aqui.
Então, eu saí atordoado.

Juntei nossas fotos,
Colei por toda parte,
Busquei na polícia,
No rádio,
N televisão,
Nos achados e perdidos.

Eu comprei um auto falante,
E fiz a carteira de habilitação,
Peguei um carro emprestado
E saí gritando
Sem direção.

- cadê meu irmão?
Eu fui até a igreja,
Fiz procissão,
Pedi a Allah,
Juntei as mãos.

Busquei no alto,
No gordo e no magro,
No baixo,
No motoqueiro
E no bombeiro.

Escrevi em cada dia
Para ele uma frase,
A cada semana
Uma música,
A cada mês,
Uma novela,
No final das contas
Um filme.

Um dia,
Um senhor distinto,
Chegou em meu portão,
Carregando um saco
Cheio de papéis,
Jogou em frente a minha casa
E os queimou todos.

- eu morri,
Desgraçado.
Eu morri.
Me esquece.
Maldito.

Gritou para mim.
Eu saí,
De toalha enrolada
Na cintura,
Sem cueca.

Olhei tudo aquilo
E não reconheci.
O homem se jogou
Contra meu portão,
Dando socos e ponta pés,
Me jurando de morte.

- vou te matar!
Me deixe em paz.
Maldito!
Eu não te perdoo.

Caiu um fios da careca,
E isto me rememorou
Aquele indivíduo de cabelos:
- meu irmão.
Meu irmão!
Eu gritei.

A toalha caiu no chão
Logo que eu levantei
As mãos pro alto
Gritando de felicidade.
- maldito!
Maldito!
Traidor!
Você arrombou minha esposa!
Ele gritou.

Me apontando o indicador.
Olhei para onde direcionava.
Para o malandrão.
- apequenou meu irmão.
Eu me casei,
Veja.

O rapaz juntou uma
Pedra do chão,
Aquele maldito chão
Que não limpei.
- minha ex.
Ele gritou.
- minha ex?
Gritou de novo.

E soltou uma pedra
Em minha direção.
Eu corri.
Abandonei a toalha,
Chacoalhei os quadris
E corri.

- maldito!
Me esquece!
Ele gritou atirando pedras
Contra minha parede.

- esqueci!
Eu respondi
Olhando pelo vidro
Da porta fechada.

A labareda de fogo
Tomou conta de tudo.
Fez fumaça.
Sujou a calçada.

O que Allah trouxe
Para o meu djim,
Foi meu pequeno brincalhão,
Com este no meu poderio
Eu não preciso de outro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contadora

Toc, toc, toc, Ouviu-se o barulho De saltos impacientes Sobre a escada do prédio, Parecia querer esmagar A distância. In...