Ligou o carro,
Dirigiu pela avenida,
Vidros abertos,
Óculos escuros sobre os olhos,
Queria manter o ar misterioso,
Mais ver que ser visto,
Porém, nunca não ser notado.
Algo em sua mente
Lhe pedia que fosse lembrado,
Cerveja em mãos,
Volume alto,
Metallica no aparelho,
Velocidade contida no velocímetro...
De repente, uma curva,
Em um bar
Ele viu uns garota,
Ela comia um xixi salada,
Esfomeada e risonha.
Seu coração pulsou forte,
Algo pediu que se aproximasse,
Mas, ele estava em linha reta,
Precisaria entrar na quadra,
Demoraria um tempo
Sem vê-la
E este tempo lhe pareceu tão crucial,
Que seu coração se comprimiu
E a respiração falhou.
Ligou o pisca,
Dobrou a esquina e seguiu,
Rápido e sem ver mais nada,
Avistou ela,
De costas.
Ela passava maionese
No xis e sorria.
Um arrepio percorreu sua coluna,
Ela virou-se para trás,
Seus olhares de entre cruzaram.
Ele diminuiu a velocidade,
Quase parou,
Seguiu a linha reta,
Parou próximo a calçada,
Sem parar de olha-la.
Ela despertou a lembrança
De um amor antigo,
Uma boca que já beijou
A tanto tempo,
E que nunca foi capaz de esquecer,
Mesmo com tantos anos,
Ele não lembrava quantos,
Sua mente era tão fresca
Que pareciam minutos,
Quando lhe doía a memória,
Passava então, horas.
Abriu o porta luvas,
Retirou seu retrato,
Comparou a garota que comia,
Eram parecidas,
Havia algo de similar
E ele quis apostar nisto.
Saiu do carro,
Recolocou a foto,
Fechou a porta,
Foi até ela,
Não tardou,
Sentou ao seu lado,
Pediu um xis,
A acompanhou no cardápio.
Então, entrou no bar
Uma garota morena,
Cabelos cacheados,
Olhos escuros da noite,
Vestida de biquíni,
E uma cobertura sobre ele,
Algo de crochê quase transparente.
Ela olhou-o,
E seu corpo estremeceu,
De imediato
Ele levou a mão ao rosto
De Melissa,
A garota que recordava-o de Andressa,
Ele quis manter Melissa,
O arrepio parecia lhe dizer
Que outra vez,
Não duraria.
Seria como foi anteriormente,
Não teria futuro.
Então, sem motivo,
Ele lhe pediu um beijo,
Por menor motivo
Beijou sua boca.
Foi guiado ao amor antigo,
Enxergou Melissa sobre
Lençóis amarelos de seda,
A seda caindo de seu corpo,
Ele deitado de lado,
Vendo sua coluna a mostra,
Depois seu bumbum.
Então, se viu beijando
Aquele corpo esguio e perfeito
Que um dia lhe jurou amor.
E no próximo ano
Engravidou de outro rapaz,
Um colega de faculdade,
Preferiu o outro,
Apresentou exames
E no mesmo dia
Disse adeus,
Sem nunca arrepender-se.
Nunca a importou
As mil viagens que Referson
Fez até a faculdade
Em busca dela,
As flores que enviou
Através da floricultura,
Os cartões lido em voz alta,
Pelo cara do Amor Falado...
Ela teve o filho,
Casou-se na igreja,
Fez celebração,
E o convidou.
Na cerimônia,
Ele teve coragem de lutar
Por seu amor...
- O que você deseja
Pra me trazer até aqui Referson?
Ela indagou vestida de branco,
Um vestido curto,
Com cinta liga e meias transparentes até o bumbum,
Sapatos de salto branco,
Toda de branco.
- você está perfeita, Melissa!
Ele disse, com três flores
Vermelhas entre os dedos.
- certo que estou,
É meu casamento com Jerônimo,
Seu amigo,
Homem que eu amo.
Ela respondeu segura
Com seus lábios em batom branco,
O blush branco brilhava a luz
Da, lâmpada da sala,
Quando ela fechava os olhos,
A maquiagem branca
Lhe dava ares de estrela
No olhar.
- eu ainda a amo.
Ele disse ali a dois metros dela,
Parado em pé,
Seguro em seu smoking preto.
- eu o esqueci a tanto tempo,
O queria chamar para apadrinhar
Nosso menino,
Mas desta forma,
Não vejo alternativa,
Terei de te afastar da família...
Ela disse, com seus lábios trêmulos.
- por quê?
Ele interrompeu.
- por quê?
Você confunde o que houve
Com o que acabou.
Acabou e fim!
Ela disse,
Levou a mão em espasmo
Em sua direção,
E seguiu outra saída,
O deixando lá trancado,
A espera-la pelo resto da cerimônia.
Transcorreram-se seis horas
E ele não percebeu
Que ela saiu por dentro,
E não por onde entrou com ele.
A porta ficou trancada,
Aquela que ela usou.
E ele ficou.
Quando saiu,
Se deparou com a faxineira,
Fazendo a limpeza.
- senhor, o que faz aqui?
A cerimônia acabou a três horas!
Não há ninguém mais!
Ela disse.
Ele levou a mão ao rosto,
Se ajoelhou naquele chão,
Virou-se para o altar,
E clamou por ela.
- senhor, a noiva foi embora,
Saíram em família.
Foram viajar para outro país.
A faxineira disse.
Ele quis morrer.
Então, puxou a nuca
De Andressa com suas mãos.
E apertou os lábios dela
Nos seus.
Não queria perde-la,
Ela era tão similar,
Tão inacreditavelmente parecida...
- Ai, você me feriu!
Gritou Andressa,
Empurrando-o para longe.
- que horror.
Ela retornou a falar,
Depois saiu e foi para o banheiro.
- foi mal, hein, amigo.
Disse a garota morena
Casualmente com seu sorriso brando.
Ele conseguiu rir,
E isto lhes pareceu descortinar
Sua mente.
- que embaraço!
Ele falou.
-sou Referson!
Disse,
Depois levantou-se
E lhe estendeu a mão
Em cumprimento.
- Ranera.
Eu estou um pouco pior,
Estava olhando a vitrine,
Um rapaz passou de motocicleta,
E levou minha bolsa...
Ela disse trêmula.
- que terrível.
Referson respondeu
E saiu do lugar,
Olhou-a de cima a baixo
Para se certificar
De que estivesse bem.
- horrível, perdi documentos,
Dinheiro e tudo...
Estou com medo.
Ela disse, assustada.
- eu a levo para casa.
Ele respondeu.
De alguma forma,
Odiou a lembrança de Melissa,
De outra forma,
Rejeitou Andressa
Por quere-la apenas
Para despertar um gatilho
De esperança
De um relacionamento
Que fracassou há tantos anos.
Puxou o cardápio,
Deixou dinheiro para a conta,
E algum acréscimo,
Sem esperar a garota
Retornar do banheiro
Ele foi embora,
Não se importou
Com a boa educação
Ou nada.
- vamos!
Ele falou.
E pegou Ranera pelo pulso.
Com a outra mão
Abriu a porta do carro
Por meio da chave.
- você realmente irá me ajudar?
Ela indagou,
Tocando em seu ombro.
- é claro.
Ele respondeu,
Beijando seus lábios
No meio da rua.
Ranera estremeceu,
Não esperava contato sentimental,
Não depois de ser roubada
Daquela forma tão bruta
E assustadora.
- meu braço ficou preso
Na alça da bolsa,
Veja, estou vermelha de dor,
Eu fui ferida...
Ela ainda disse.
Ele a puxou para seu peito,
A pegou no colo
E a tirou dali.
- eu irei te proteger.
Falou.
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