Aos trinta e quatro anos,
Sem filhos,
Você já pensa
Se será capaz de chegar
Ao momento da concepção.
Você se pega a engordar,
Olhar o espelho,
E se imaginar
Quantos meses de gravidez
Estaria.
Mesmo assim,
Você não deixa de comer,
Fazer os pratos que te agradem
E, as vezes, sonhar
Se existiria alguém compatível,
Dentre tantos feios,
Um feio que se goste,
Que lhe satisfaça em algum quesito.
Porquê gosta estou,
Enjoada com relação a homens,
Também,
Homem por concepção
Encontrou poucos,
Quase todos a linda distância.
Se você deseja engravidar,
Será que deve tentar
Com todos
Ou escolher um pouco,
A questão é quando
Você não possui tanta opção.
Porquê gorda e enjoada,
Vai sobrando poucos
Pra se querer,
Eu olho fotos de bebês
E penso terei um meu?
Como será quando o tiver?
Eu preciso dar valor
Aos poucos que há em meu número,
Selecionar é para as jovens
E bonitas,
Me enojam o passar dos anos,
Um dia abandonei meu casamento,
Não foi hoje que me arrependi.
Convivo com um monstro,
Esposo,
Um monstro rico,
Eu feia pobre...
Destino fadado.
Sucesso garantido,
Mas, como engravidar?
Sinto repugnância
De olhar no rosto,
Eu prefiro esfaquear minha barriga,
Perder todo o ar,
A me rebaixar,
A qualquer um daqueles
Monstros asquerosos.
Eu disse a ele,
Faça um castelo de ouro,
Fez,
Mas não me encorajo,
Devo ser burra,
Fadada a pobreza,
Mas, não suporto me rebaixar.
Sinto nojo,
Soberano,
Gente da nobreza,
Eu pobre,
Da roça...
Me rebaixar
Ou nunca ter filhos...
Não ser chamada de mãe,
Carregar um bebê no colo,
Mas, ter um com cara de macaco?
Não sou tão pontual
Com minha aparência
Pra conviver com um feio.
Se alguém quiser desculpas,
Bem, inicialmente foram os atos,
Hoje quis me comprar com dinheiro,
Fez tudo a ouro,
Mas eu ainda estou
Jogada na pobreza,
Preferia-os mortos!
Tanto dinheiro me compra,
São prédios a ouro,
Mas não compra meu futuro,
Eu não serei mãe.
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